Como o Facebook tornou Eduardo Saverin o mais jovem entre os bilionários brasileiros
Saverin estava na hora certa e no lugar certo ao investir e se tornar co-fundador da rede social. Aos 37 anos, ele acumula uma fortuna de US$ 10,7 bilhões
Sorte é um elemento recorrente na biografia das pessoas mais ricas do mundo. Algumas delas já nasceram cercadas de muito dinheiro, com a bola na marca do pênalti. Outras fizeram fortuna sozinhas, trabalhando duro, mas sem desperdiçar aquela forcinha do destino.
No quesito sorte, o paulistano Eduardo Saverin é destaque entre os bilionários da revista Forbes: estava na hora certa e no lugar certo quando Mark Zuckerberg começou a esboçar, em 2004, o que seria o Facebook, a maior rede social do mundo, com mais de 2,2 bilhões de usuários ativos e valor de mercado de US$ 554 bilhões.
Hoje, aos 37 anos, com uma participação pequena na empresa da qual foi co-fundador, Saverin é dono de uma fortuna de US$ 10,7 bilhões.
- O Seu Dinheiro publica aos domingos a segunda temporada da série Rota do Bilhão, que conta a história dos homens maiores bilionários do Brasil. Você pode receber cada episódio em seu e-mail se cadastrando aqui.
O momento certo, para ele, era fevereiro de 2004. E o lugar certo, um dormitório da Universidade Harvard, onde também morava Mark Zuckerberg, na época com seus 20 anos de idade. Foi de lá que eles lançaram o site chamado TheFacebook, que só funcionava no campus e era restrito aos estudantes da universidade.
Os alunos podiam escrever um perfil, publicar fotos, espiar a página de outros estudantes. Foi um sucesso e, no mês seguinte, a plataforma já tinha se expandido para Stanford, Columbia e Yale.
Dos 15 anos do Facebook, Saverin participou ativamente apenas no primeiro ano e meio. Em Harvard desde 2001, o brasileiro estudava Economia e se tornou presidente da Harvard Investment Association, um clube dedicado a ensinar alunos a investir.
Leia Também
Sua habilidade com finanças fez com que Mark, um nerd e geninho da programação, o convidasse para o projeto do Facebook. Os dois tinham se conhecido dois anos antes em uma fraternidade de alunos. Livros que contam a história do Facebook relatam que Saverin teria cuidado de uma galinha durante dias e até levado o bicho para a sala de aula para ser aceito no grupo.
Para colocar o site no ar, Mark precisava de dinheiro e foi do bolso do brasileiro que saíram os primeiros recursos para o caixa do Facebook: US$ 1 mil. O primeiro endereço comercial do negócio foi a casa dos pais de Eduardo Saverin em Miami.
Os dois se dividiram assim: Mark, o criador e programador, teria uma participação de 70% e o sócio, 30%. Com o sucesso da plataforma, outros dois colegas chegaram para completar a equipe: Dustin Moskovitz, chefe da programação, e Chris Hughes, diretor de divulgação.
Em 2005, os três se mudaram para o Vale do Silício, na Califórnia, em busca de investidores, mas Saverin preferiu ficar em Harvard e concluir o curso de Economia. Mesmo de longe ele continuava trabalhando, chegou até a criar uma conta para a empresa com US$ 18 mil do próprio bolso, mas já não estava em sintonia com outros sócios.
Naquele ano, quando o Facebook já tinha 1,5 milhão de usuários, Mark Zuckerberg contratou Sean Parker, um dos fundadores do Naspter, um programa de compartilhamento de arquivos que viralizou no início dos anos 2000, para executar funções que seriam de Eduardo Saverin. Foi de Parker, por exemplo, a ideia de mudar o nome de Thefacebook para apenas Facebook.
O brasileiro se irritou com as decisões que começavam a ser tomadas sem sua participação e com a contratação de alguém que estava ocupando seu lugar. Mark também já não estava contente com o sócio e tratou de escanteá-lo. Sem entender direito o que estava fazendo, Saverin foi induzido a assinar uma papelada que diluía sua participação no Facebook.
Em mensagens que se tornaram públicas mais tarde, Mark Zuckerberg escreveu: “Ele deveria criar a empresa, obter financiamento e fazer um modelo de negócios. Falhou em todos os três. Agora que eu não vou voltar para Harvard, não preciso me preocupar em ser espancado por bandidos brasileiros”.
Quando Saverin se deu conta, já era tarde e não mandava mais em nada. Uma das cenas mais famosas do filme A Rede Social, que conta a história da empresa, mostra Saverin tendo um ataque de fúria dentro da sede do Facebook e arremessando o notebook de Zuckerberg antes de ir embora de vez.
Em uma de suas poucas entrevistas, o brasileiro disse que isso nunca aconteceu e que essa não passou de uma cena hollywoodiana. Saverin entrou na Justiça e anos depois fez um acordo com o antigo sócio que lhe garantiu uma participação minoritária na companhia.

Em 2010, graças a essa fatia do Facebook, Eduardo Saverin estreou na lista de bilionários da Forbes, entre as pessoas mais ricas dos Estados Unidos, já que tinha cidadania americana. Ele deixou o Brasil, em 1992, aos 10 anos, quando seus pais migraram com os três filhos para Miami.
“Era um sonho que decidi alimentar porque o Brasil estava em crise, o Collor tinha congelado a poupança, não estava nada fácil”, disse Roberto Saverin, pai de Eduardo, em entrevista à revista Veja em 2012.
A família tem uma veia empreendedora. Roberto era dono de uma companhia exportadora de remédios em Miami e seu pai, Eugênio Saverin, um judeu romeno, fundou em 1952 no Brasil uma fábrica de roupas infantis chamada Tip Top Têxtil - o negócio passou para as mãos de outra família na década de 80, mas a marca existe até hoje.
Nada de aposentadoria
Tímido, com um sotaque paulistano que por vezes se mistura com o de americano, Eduardo Saverin é um sujeito reservado, daquele tipo que não gosta de dar entrevistas e muito menos se expor nas redes sociais. Seu perfil no Facebook passa meses sem uma nova postagem.
Depois de dar a volta ao mundo com um amigo de Harvard em 2009, Saverin se mudou para Singapura, onde vive até hoje com a mulher e o filho pequeno.
Meses antes de o Facebook abrir o capital, em maio de 2012, o brasileiro foi destaque na imprensa dos EUA por ter renunciado à cidadania americana, supostamente para não ter que pagar milhões em impostos sobre ganho de capital - o que ele nega. Na época, foi chamado de ingrato e traidor.
Na cidade-Estado, conhecida como Pérola da Ásia, com 5,6 milhões de habitantes, Eduardo Saverin se estabeleceu e voltou a empreender. De lá, ele comanda a B Capital, uma empresa de capital de risco que já levantou dois fundos no total de US$ 800 milhões para investir em empresas de diversos setores, em qualquer continente.
Fundada em 2015, por Saverin e Raj Ganguly, um ex-executivo da Bain Capital, a empresa também tem escritórios na Califórnia e em Nova York, além de uma parceria com a Boston Consulting Group, que presta consultoria para as empresas investidas.
A B Capital pretende investir os recursos do fundo em cerca de 40 negócios que já tenham receita superior a US$ 10 milhões. Seu slogan, “inovação sem fronteiras”, reflete a ideia dos fundadores de que a inovação pode vir de qualquer lugar do mundo e não apenas do Vale do Silício.
“A maioria das empresas em que investimos tem um ângulo B2B. Quando a empresa ainda tem uma ideia em um guardanapo, é difícil apresentá-lo a algumas das maiores empresas do mundo”, disse Eduardo Saverin recentemente à revista Forbes.
O brasileiro ainda não tem entre as empresas que investiu nenhuma história que se aproxime do fenômeno Facebook. Um de seus primeiros investimentos foi numa startup da área da saúde, a Evidation Health, que ele conta, começou pequena e hoje tem como clientes algumas das maiores farmacêuticas do mundo.
A B Capital também fez aportes em empresas como a startup de patinetes elétricos Bird, a empresa de seguros CXA, a fintech indiana Mswipe e a companhia de logística NinjaVan. “Nosso modelo é sobre arregaçar as mangas e se envolver profundamente, onde os empreendedores precisam da gente e onde possamos agregar valor”, diz Saverin.
Por enquanto, empresas brasileiras não estão na lista do co-fundador do Facebook, embora ele já tenha declarado que adoraria ter negócios em seu país natal.
Hoje, ele se reveza entre viagens, a rotina em seu escritório em Singapura, a família e seus hobbies: xadrez e o estudo de fenômenos meteorológicos (é fascinado por furacões, tsunamis e afins).
Aos 37 anos, com uma fortuna quatro vezes maior que a de Abilio Diniz aos 82, Eduardo Saverin não é apenas a quarta pessoa mais rica do Brasil, mas também a segunda mais rica de Singapura. A tranquilidade financeira, no entanto, não o faz pensar em aposentadoria.
“Não importa quão sortudo ou abençoado eu possa ser, nunca vou me aposentar em uma praia”, diz o brasileiro. “Ainda estamos muito aquém do desenvolvimento das tecnologias que irão impactar o mundo.”

De seguro pet a novas regiões: as apostas da Bradesco Seguros para destravar o próximo ciclo de crescimento num mercado que engatinha
Executivos da seguradora revelaram as metas para 2026 e descartam possibilidade de IPO
Itaú com problema? Usuários relatam falhas no app e faturas pagas aparecendo como atrasadas
Usuários dizem que o app do Itaú está mostrando faturas pagas como atrasadas; banco admite instabilidade e tenta normalizar o sistema
Limpando o nome: Bombril (BOBR4) tem plano de recuperação judicial aprovado pela Justiça de SP
Além da famosa lã de aço, ela também é dona das marcas Mon Bijou, Limpol, Sapólio, Pinho Bril, Kalipto e outras
Vale (VALE3) fecha acima de R$ 70 pela primeira vez em mais de 2 anos e ganha R$ 10 bilhões a mais em valor de mercado
Os papéis VALE3 subiram 3,23% nesta quarta-feira (3), cotados a R$ 70,69. No ano, os ativos acumulam ganho de 38,64% — saiba o que fazer com eles agora
O que faz a empresa que tornou brasileira em bilionária mais jovem do mundo
A ascensão de Luana Lopes Lara revela como a Kalshi criou um novo modelo de mercado e impulsionou a brasileira ao posto de bilionária mais jovem do mundo
Área técnica da CVM acusa Ambipar (AMBP3) de violar regras de recompra e pede revisão de voto polêmico de diretor
O termo de acusação foi assinado pelos técnicos cerca de uma semana depois da polêmica decisão do atual presidente interino da autarquia que dispensou o controlador de fazer uma OPA pela totalidade da companhia
Nubank (ROXO34) agora busca licença bancária para não mudar de nome, depois de regra do Banco Central
Fintech busca licença bancária para manter o nome após norma que restringe uso do termo “banco” por instituições sem autorização
Vapza, Wittel: as companhias que podem abrir capital na BEE4, a bolsa das PMEs, em 2026
A BEE4, que se denomina “a bolsa das PMEs”, tem um pipeline de, pelo menos, 10 empresas que irão abrir capital em 2026
Ambipar (AMBP3) perde avaliação de crédito da S&P após calote e pedidos de proteção judicial
A medida foi tomada após a empresa dar calote e pedir proteção contra credores no Brasil e nos Estados Unidos, alegando que foram descobertas “irregularidades” em operações financeiras
A fortuna de Silvio Santos: perícia revela um patrimônio muito maior do que se imaginava
Inventário do apresentador expõe o tamanho real do império construído ao longo de seis décadas
UBS BB rebaixa Raízen (RAIZ4) para venda e São Martinho (SMTO3) para neutro — o que está acontecendo no setor de commodities?
O cenário para açúcar e etanol na safra de 2026/27 é bastante apertado, o que levou o banco a rever as recomendações e preços-alvos de cobertura
Vale (VALE3): as principais projeções da mineradora para os próximos anos — e o que fazer com a ação agora
A companhia deve investir entre US$ 5,4 bilhões e US$ 5,7 bilhões em 2026 e cerca de US$ 6 bilhões em 2027. Até o fim deste ano, os aportes devem chegar a US$ 5,5 bilhões; confira os detalhes.
Mesmo em crise e com um rombo bilionário, Correios mantêm campanha de Natal com cartinhas para o Papai Noel
Enquanto a estatal discute um empréstimo de R$ 20 bilhões que pode não resolver seus problemas estruturais, o Papai Noel dos Correios resiste
Com foco em expansão no DF, Smart Fit compra 60% da rede de academias Evolve por R$ 100 milhões
A empresa atua principalmente no Distrito Federal e, segundo a Smart Fit, agrega pontos comerciais estratégicos ao seu portfólio
Por que 6 mil aviões da Airbus precisam de reparos: os detalhes do recall do A320
Depois de uma falha de software expor vulnerabilidades à radiação solar e um defeito em painéis metálicos, a Airbus tenta conter um dos maiores recalls da sua história
Os bastidores da crise na Ambipar (AMBP3): companhia confirma demissão de 35 diretores após detectar “falhas graves”
Reestruturação da Ambipar inclui cortes na diretoria e revisão dos controles internos. Veja o que muda até 2026
As ligações (e os ruídos) entre o Banco Master e as empresas brasileiras: o que é fato, o que é boato e quem realmente corre risco
A liquidação do Banco Master levantou dúvidas sobre possíveis impactos no mercado corporativo. Veja o que é confirmado, o que é especulação e qual o risco real para cada companhia
Ultrapar (UGPA3) e Smart Fit (SMFT3) pagam juntas mais de R$ 1,5 bilhão em dividendos; confira as condições
A maior fatia desse bolo fica com a Ultrapar; a Smartfit, por sua vez, também anunciou a aprovação de aumento de capital
RD Saúde (RADL3) anuncia R$ 275 milhões em proventos, mas ações caem na bolsa
A empresa ainda informou que submeterá uma proposta de aumento de capital de R$ 750 milhões
Muito além do Itaú (ITUB4): qual o plano da Itaúsa (ITSA4) para aumentar o pagamento de dividendos no futuro, segundo a CFO?
Uma das maiores pagadoras de dividendos da B3 sinaliza que um novo motor de remuneração está surgindo
