O dólar comercial opera em alta nesta quarta-feira (13), e as conversas nas mesas de operação giram em torno da possibilidade de alguma intervenção do Banco Central (BC), já que a moeda se aproxima dos R$ 4,20, que marca a máxima histórica nominal. Por volta das 10h30, o dólar subia 0,24%, a R$ 4,1767, depois de fazer máxima a R$ 4,1857 (veja nossa cobertura de mercados).
Em 27 de agosto, o BC entrou vendendo dólares das reservas pela primeira vez desde fevereiro de 2009, quando a moeda flertou, justamente, com os R$ 4,20. Mas como já dissemos, as atuações do BC não buscam defender uma linha específica de preço ou mudar a tendência do mercado, mas sim suavizar eventuais movimentos de estresse. Tal estratégia é conhecida como “leaning against the wind” ou “inclinar-se contra o vento” em tradução literal.
Nos últimos dias, não só o real, mas outras moedas da América Latina estão sob pressão pela instabilidade política no Chile, onde o peso testa mínimas históricas contra o dólar, e Bolívia. Além disso, há um contexto de renovadas dúvidas com o acordo comercial entre China e Estados Unidos e apreensão, também, com as manifestações em Hong Kong.
No lado doméstico, os vetores também são desfavoráveis a um real mais forte. A baixa participação de estrangeiros nos leilões do pré-sal obrigou parte do mercado a rever apostas com relação à entrada de dólares no mercado.
Fora isso, os meses de novembro e dezembro são sazonalmente negativos em termos de fluxo, pois empresas e investidores fecham balanços e aumentam as remessas de moeda para fora do país.
Nos últimos anos, o BC fez leilões de linha com compromisso de recompra para atender à demanda pontual de fim de ano. Mas como sua estratégia de atuação no cambial mudou, com troca de derivativos (swaps) por operações à vista, é possível que vejamos maiores volumes de vendas à vista até o fim de 2019.