Dados fracos da China ditam rumo dos mercados
Forte desaceleração na indústria e no varejo chinês realça o impacto da guerra comercial na atividade e o interesse do país em retomar as negociações com os EUA

Dados fracos de atividade na China realçam o interesse do país em retomar as negociações comerciais com os Estados Unidos. Mas enquanto ontem o alívio na guerra comercial abriu espaço para uma recuperação do mercado financeiro, hoje, os números da segunda maior economia do mundo podem resgatar a aversão aos ativos de risco, aguçando a volatilidade.
A produção industrial chinesa desacelerou a 4,8% em julho, em base anual, após crescer 6,3% em junho. Trata-se da menor alta da indústria no país desde 2002. O resultado ficou bem abaixo da previsão de +5,9%. Já as vendas no varejo avançaram 7,6% no mês passado, na mesma base de comparação, desacelerando-se da alta de 9,8% em junho.
A previsão era de aumento de 8,5% no comércio varejista. Além disso, os investimentos em ativos fixos acumulam alta de 5,7% de janeiro a julho, também abaixo da estimativa (+5,8%) e perdendo tração em relação ao acumulado no primeiro semestre deste ano (+5,8%). Em conjunto, os números mostram o impacto das tensões comerciais na atividade do país.
Os dados atenuaram o desempenho das bolsas na Ásia, que, ainda assim, fecharam em alta, reagindo à notícia da véspera de que os EUA resolveram adiar a implantação da tarifa de 10% sobre US$ 300 bilhões em bens chineses. Tóquio liderou os ganhos, com quase 1%, Xangai subiu um pouco (+0,4%), enquanto Hong Kong ficou de lado.
Os mercados na região também reagiram à notícia de que as autoridades chinesas seguem firme no plano de visitar Washington em setembro para tratar pessoalmente da questão comercial com os EUA. A decisão mostra que as negociações seguem caminhando, apesar da recente ameaça tarifária feita pelo presidente Donald Trump no início deste mês.
Já no Ocidente, as bolsas europeias e os índice futuros das bolsas de Nova York estão no vermelho, reagindo aos novos sinais de desaceleração da economia global. Além dos números fracos na China, que derrubaram Wall Street, o dólar e o petróleo, a queda do PIB alemão no segundo trimestre deste ano, em -0,1%, também impacta o velho continente.
Leia Também
Jogo de cartas
Esse vaivém do mercado financeiro, oscilando ao sabor do noticiário em torno da guerra comercial, mostra que os investidores estão sensíveis. A magnitude da reação à ameaça tarifária de Trump, no início do mês, indica que o sentimento foi exagerado para o lado negativo, abrindo, então, espaço para uma recomposição de preços.
Trump resolveu “trucar” a disputa comercial com a China em agosto, anunciando a implantação de uma tarifa de 10% sobre US$ 300 bilhões em produtos chineses, sobretaxando, assim, todas as importações do país asiático aos EUA. Foi o suficiente para abalar o mercado financeiro, elevando o temor quanto à desaceleração econômica global.
Mas o que fez o mercado piorar, depois fez subir. Bastou os EUA adiarem até meados de dezembro a nova tarifa para os investidores resgatarem o apetite por ativos de risco, que ficaram mais amassados também por causa dos protestos pró-democracia em Hong Kong e da crise na Argentina às vésperas das eleições presidenciais no país vizinho.
Da mesma forma que a ameaça de Trump aconteceu menos de 24 horas depois de o Federal Reserve frustrar as expectativas e não indicar um ciclo de corte de juros, o recuo do presidente ocorreu no mesmo dia em que o núcleo da inflação ao consumidor dos EUA (CPI), que exclui itens voláteis como alimentos, atingiu o maior nível em seis meses.
Tal comportamento sugere que as pressões inflacionárias nos EUA não são tão moderadas quanto se supõe. E isso pode limitar cortes adicionais pelo Fed, embora o mercado alimente apostas de uma nova queda nos juros norte-americanos em setembro. O problema é que a tentativa de Trump em controlar a política do Fed representa um perigo ao mercado.
Mas ao conceder um período de carência a produtos chineses elencados em muitas listas de presentes de Natal - como smartphones, laptops e brinquedos - Trump não só evita um aumento de preços aos consumidores em plena época de fim de ano como também deixa notória sua estratégia de jogador. Afinal, não passava de mais um blefe.
E essa vulnerabilidade do presidente norte-americano é um dos principais receios dos chineses para chegar a um acordo comercial com Washington. Pequim teme que Trump simplesmente mude de ideia em relação aos termos que forem alcançados. Atualmente, cerca de US$ 250 bilhões em produtos chineses são afetados por sobretaxa de 25%.
Ontem, além do adiamento da nova rodada de tarifas, também animou o mercado financeiro o anúncio oficial de que o vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, conversou por telefone com o representante do comércio, Robert Lighthizer, e o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin. Uma nova teleconferência está planejada para daqui a duas semanas.
Agenda fraca só aqui
A agenda econômica no Brasil segue mais fraca nesta quarta-feira, trazendo apenas os dados do Banco Central sobre a entrada e saída de dólares do país até o início deste mês. Os números serão divulgados em novo horário, às 14h30, e podem lançar luz sobre o fluxo de capital estrangeiro no mercado financeiro, em meio às retiradas na Bolsa brasileira.
No noticiário político, chama atenção a aprovação na Câmara do texto principal da medida provisória (MP) da Liberdade Econômica, que reduz a burocracia e limita o poder de regulação do Estado. A MP também muda regras trabalhistas, reduzindo o repouso semanal remunerado aos domingo para um a cada quatro semanas, passando a ser regra trabalhar aos domingos.
Já no exterior, destaque para a leitura preliminar do Produto Interno Bruto (PIB) na zona do euro no segundo trimestre deste ano, logo cedo, juntamente com os números da produção industrial em junho. Os dados devem reforçar os sinais de desaceleração na região, diante dos efeitos da guerra comercial, com a atividade perdendo tração na virada do semestre.
Nos EUA, os preços de importação e de exportação em julho (9h30) adicionam ingredientes à disputa comercial do país com a China. Ainda no calendário norte-americano, saem os estoques semanais de petróleo bruto e derivados nos EUA (11h30).
Trump pressionou, Bezos recuou: Com um telefonema do presidente, Amazon deixa de expor tarifas na nota fiscal
Após conversa direta entre Donald Trump e Jeff Bezos e troca de farpas com a Casa Branca, Amazon desiste de exibir os custos de tarifas de importação dos EUA ao lado do preço total dos produtos
Gafisa (GFSA3) recebe luz verde para grupamento de 20 por 1 e ação dispara mais de 10% na bolsa
Na ocasião em que apresentou a proposta, a construtora informou que a operação tinha o intuito de evitar maior volatilidade e se antecipar a eventuais cenários de desenquadramento na B3
Fundos imobiliários: ALZR11 anuncia desdobramento de cotas e RBVA11 faz leilão de sobras; veja as regras de cada evento
Alianza Trust Renda Imobiliária (ALZR11) desdobrará cotas na proporção de 1 para 10; leilão de sobras do Rio Bravo Renda Educacional (RBVA11) ocorre nesta quarta (30)
Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado
Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos
Nova Ordem Mundial à vista? Os possíveis desfechos da guerra comercial de Trump, do caos total à supremacia da China
Michael Every, estrategista global do Rabobank, falou ao Seu Dinheiro sobre as perspectivas em torno da guerra comercial de Donald Trump
Donald Trump: um breve balanço do caos
Donald Trump acaba de completar 100 dias desde seu retorno à Casa Branca, mas a impressão é de que foi bem mais que isso
Trump: “Em 100 dias, minha presidência foi a que mais gerou consequências”
O Diário dos 100 dias chega ao fim nesta terça-feira (29) no melhor estilo Trump: com farpas, críticas, tarifas, elogios e um convite aos leitores do Seu Dinheiro
Ironia? Elon Musk foi quem sofreu a maior queda na fortuna nos primeiros 100 dias de Trump; veja os bilionários que mais saíram perdendo
Bilionários da tecnologia foram os mais afetados pelo caos nos mercados provocado pela guerra tarifária; Warren Buffett foi quem ficou mais rico
Trump pode acabar com o samba da Adidas? CEO adianta impacto de tarifas sobre produtos nos EUA
Alta de 13% nas receitas do primeiro trimestre foi anunciado com pragmatismo por CEO da Adidas, Bjørn Gulden, que apontou “dificuldades” e “incertezas” após tarifaço, que deve impactar etiqueta dos produtos no mercado americano
Bolsa de Metais de Londres estuda ter preços mais altos para diferenciar commodities sustentáveis
Proposta de criar prêmios de preço para metais verdes como alumínio, cobre, níquel e zinco visa incentivar práticas responsáveis e preparar o mercado para novas demandas ambientais
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Trump quer brincar de heterodoxia com Powell — e o Fed que se cuide
Criticar o Fed não vai trazer parceiros à mesa de negociação nem restaurar a credibilidade que Trump, peça por peça, vem corroendo. Se há um plano em andamento, até agora, a execução tem sido tudo, menos coordenada.
Tony Volpon: EUA, novo mercado emergente
Não tenham dúvidas: chegamos todos na beira do abismo neste mês de abril. Por pouco não caímos.
Trump vai jogar a toalha?
Um novo temor começa a se espalhar pela Europa e a Casa Branca dá sinais de que a conversa de corredor pode ter fundamento
Acabou para a China? A previsão que coloca a segunda maior economia do mundo em alerta
Xi Jinping resolveu adotar uma postura de esperar para ver os efeitos das trocas de tarifas lideradas pelos EUA, mas o risco dessa abordagem é real, segundo Gavekal Dragonomics
Bitcoin (BTC) rompe os US$ 95 mil e fundos de criptomoedas têm a melhor semana do ano — mas a tempestade pode não ter passado
Dados da CoinShares mostram que produtos de investimento em criptoativos registraram entradas de US$ 3,4 bilhões na última semana, mas o mercado chega à esta segunda-feira (28) pressionado pela volatilidade e à espera de novos dados econômicos
Huawei planeja lançar novo processador de inteligência artificial para bater de frente com Nvidia (NVDC34)
Segundo o Wall Street Journal, a Huawei vai começar os testes do seu processador de inteligência artificial mais potente, o Ascend 910D, para substituir produtos de ponta da Nvidia no mercado chinês
Próximo de completar 100 dias de volta à Casa Branca, Trump tem um olho no conclave e outro na popularidade
Donald Trump se aproxima do centésimo dia de seu atual mandato como presidente com taxa de reprovação em alta e interesse na sucessão do papa Francisco
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
7 livros ainda não editados em português e por que ler já, de Murakami a Laurie Woolever
De bastidores políticos à memórias confessionais, selecionamos títulos ainda sem tradução que valem a leitura