🔴 [EVENTO GRATUITO] MACRO SUMMIT 2024 – FAÇA A SUA INSCRIÇÃO

Cotações por TradingView
Eduardo Campos
Eduardo Campos
Jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo e Master In Business Economics (Ceabe) pela FGV. Cobre mercado financeiro desde 2003, com passagens pelo InvestNews/Gazeta Mercantil e Valor Econômico cobrindo mercados de juros, câmbio e bolsa de valores. Há 6 anos em Brasília, cobre Banco Central e Ministério da Fazenda.
Crédito

Inadimplência, despesas e tributos explicam crédito caro no Brasil

Banco Central apresenta decomposição do spread bancário e lucro dos bancos, apesar de ter aumentando, segue como menor parcela no custo do dinheiro

Montagem com fachada de agências dos bancos Santander, Itaú, Bradesco e Banco do Brasil
Fachada de agências dos bancos Santander, Itaú, Bradesco e Banco do Brasil - Imagem: Montagem Andrei Morais / Estadão Conteúdo / Shutterstock

O Banco Central (BC) apresentou a decomposição do custo do crédito e do spread bancário, a famigerada diferença entre a taxa de captação dos bancos e quanto o tomador paga na ponta final. Apesar de ser contra intuitivo, o lucro dos bancos não se apresenta como principal explicação, apesar de ter ampliado sua participação na margem.

Considerando valores médios entre 2016 e 2018, o componente de inadimplência respondeu por 37,2% do spread, seguido por despesas administrativas, com 27,4%, tributos e FGC (20,6%) e, por último, está a margem financeira, com 14,9%.

spread bancário

A comparação de 2017 com 2018 mostra redução na contribuição da inadimplência, de 38,67% para 33,55%. As despesas administrativas subiram de 27,45% para 28,18%, tributos de FGC também aumentaram de 19,76% para 21,62%, e o lucro teve aumento de 14,12% para 16,65%.

Segundo o BC, o aumento da participação de tributos e FGC dentro do spread é reflexo da queda da inadimplência, que elevou a rentabilidade das operações.

O que os dados nos mostram é que os bancos se apropriaram de parte do ganho com a queda da inadimplência, outra parte virou despesa e impostos e parte semelhante do que virou lucro foi repassada para o spread total do ICC, que teve leve queda de 12,75 pontos para 12,49 pontos percentuais.

spread bancário

O BC considera seu Indicador do Custo do Crédito (ICC) para fazer as estimações. O ICC estima o custo médio, sob a ótica do tomador, de todas as operações de crédito ainda em aberto no sistema, independentemente da data de contratação do crédito, incorporando informações tanto do fluxo quanto do estoque de operações.

De 2017 para 2018, o ICC caiu de 20,25 pontos para 19,26 pontos percentuais. A explicação, aqui é dada pelo custo de captação, que teve queda em linha com o ciclo de corte de juros, seguido pela redução da inadimplência, que foi parcialmente compensada por aumento na tributação e da margem financeira. Dessa estimativa do ICC o BC retira o custo de captação e faz a estimativa do spread do ICC.

O BC também fez algumas simulações hipotéticas com esses principais componentes. Se a inadimplência em 2018 tivesse sido zero, o spread do ICC seria 8,2%, em vez de 12,5%. No caso de Despesas administrativas, o impacto seria uma redução de 3,9 pontos. Finalmente, caso não houvesse Margem financeira, o spread do ICC seria 4,2 pontos menor.

Pessoa física paga mais

Outra desagregação feita pelo BC mostra que o spread médio da carteira de crédito para a pessoa física foi substancialmente maior do que o da carteira das empresas, com média de 17,45 pontos contra 7,23 pontos.

A explicação está na margem financeira que é bastante superior nas operações com pessoas físicas, o que faz com que a margem represente cerca de 19,6% do spread médio verificado no período para as famílias, contra 2,8% das empresas.

A inadimplência da carteira de pessoas física também é mais elevada (média de 5,4 ponto contra 3,9 ponto.), bem como as despesas administrativas e custos tributários.

Dentro da carteira de empresas, o BC nota que há um volume de empréstimos para empresas de grande porte, que geralmente têm menor risco de crédito e captam recursos de instituições financeiras em operações de grande valor, o que reduz o custo administrativo por unidade monetária emprestada.

Além disso, nesse segmento há concorrência entre funding interno e externo e entre recursos bancários e provenientes do mercado de capitais.

Para as empresas médias e, principalmente, para micro e pequenas os spreads são mais próximos aos verificados na carteira de pessoa física.

A meia entrada

O BC também fez a decomposição do ICC para as carteiras de crédito livre e direcionado, também conhecido como "meia entrada", pois quem tem acesso paga menos e os demais têm de arcar com esses custo. Os principais exemplos de crédito direcionado são a carteira do BNDES, financiamentos imobiliários e rurais.

Na carteira de crédito livre, o ICC médio entre 2016 e 2018 é de 36,06 pontos percentuais, enquanto no direcionado fica em 8,81 pontos. Segundo o BC, isso reflete as limitações de taxas impostas por regulamentação específica no direcionado.

Por outro lado, há uma limitação na oferta de crédito, pois, para que essa modalidade seja economicamente viável, serão concedidas somente operações em que os componentes do ICC do crédito direcionado sejam, em média, menores que os observados no crédito livre.

Mesmo com essa ponderação, temos que o lucro do banco ao emprestar no direcionado é zero, na verdade levemente negativo (0,03), o que tem de ser compensado no crédito livre.

Dessa forma, diz o BC, para que o capital das instituições financeiras alocado para crédito tenha remuneração ajustada ao risco que viabilize a oferta desse produto financeiro, é necessário que a rentabilidade da carteira de crédito livre seja superior ao que poderia ser na hipótese de ausência de carteira de crédito direcionado com rentabilidade próxima de zero.

Os dados estão no Relatório de Economia Bancária (REB) que pode ser acesso aqui.

Compartilhe

SOBE MAIS UM POUQUINHO?

Campos Neto estragou a festa do mercado e mexeu com as apostas para a próxima reunião do Copom. Veja o que os investidores esperam para a Selic agora

15 de setembro de 2022 - 12:41

Os investidores já se preparavam para celebrar o fim do ciclo de ajuste de alta da Selic, mas o presidente do Banco Central parece ter trazido o mercado de volta à realidade

PREVISÕES PARA O COPOM

Um dos maiores especialistas em inflação do país diz que não há motivos para o Banco Central elevar a taxa Selic em setembro; entenda

10 de setembro de 2022 - 16:42

Heron do Carmo, economista e professor da FEA-USP, prevê que o IPCA registrará a terceira deflação consecutiva em setembro

OUTRA FACE

O que acontece com as notas de libras com a imagem de Elizabeth II após a morte da rainha?

9 de setembro de 2022 - 10:51

De acordo com o Banco da Inglaterra (BoE), as cédulas atuais de libras com a imagem de Elizabeth II seguirão tendo valor legal

GREVE ATRASOU PLANEJAMENTO

Banco Central inicia trabalhos de laboratório do real digital; veja quando a criptomoeda brasileira deve estar disponível para uso

8 de setembro de 2022 - 16:28

Essa etapa do processo visa identificar características fundamentais de uma infraestrutura para a moeda digital e deve durar quatro meses

FAZ O PIX GRINGO

Copia mas não faz igual: Por que o BC dos Estados Unidos quer lançar um “Pix americano” e atrelar sistema a uma criptomoeda

30 de agosto de 2022 - 12:08

Apesar do rali do dia, o otimismo com as criptomoedas não deve se estender muito: o cenário macroeconômico continua ruim para o mercado

AMIGO DE CRIPTO

Com real digital do Banco Central, bancos poderão emitir criptomoeda para evitar “corrosão” de balanços, diz Campos Neto

12 de agosto de 2022 - 12:43

O presidente da CVM, João Pedro Nascimento, ainda afirmou que a comissão será rigorosa com crimes no setor: “ fraude não se regula, se pune”

AGORA VAI!

O real digital vem aí: saiba quando os testes vão começar e quanto tempo vai durar

10 de agosto de 2022 - 19:57

Originalmente, o laboratório do real digital estava previsto para começar no fim de março e acabar no final de julho, mas o BC decidiu suspender o cronograma devido à greve dos servidores

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

O ciclo de alta da Selic está perto do fim – e existe um título com o qual é difícil perder dinheiro mesmo se o juro começar a cair

2 de agosto de 2022 - 5:58

Quando o juro cair, o investidor ganha porque a curva arrefeceu; se não, a inflação vai ser alta o bastante para mais do que compensar novas altas

PRATA E CUPRONÍQUEL

Banco Central lança moedas em comemoração ao do bicentenário da independência; valores podem chegar a R$ 420

26 de julho de 2022 - 16:10

As moedas possuem valor de face de 2 e 5 reais, mas como são itens colecionáveis não têm equivalência com o dinheiro do dia a dia

AGRADANDO A CLIENTELA

Nubank (NUBR33) supera ‘bancões’ e tem um dos menores números de reclamações do ranking do Banco Central; C6 Bank lidera índice de queixas

21 de julho de 2022 - 16:43

O banco digital só perde para a Midway, conta digital da Riachuelo, no índice calculado pelo BC

Fechar
Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies