Nada fora do script na decisão desta quinta-feira do Federal Reserve (Fed), banco central americano. A taxa básica foi mantida entre 2% e 2,25% ao ano, e novos ajustes graduais são esperados.
Apesar do conteúdo bastante neutro do comunicado apresentado após a reunião, a reação do dólar e dos juros nos EUA nos permite dizer que a interpretação é de um tom duro (hawkish) na comunicação. O DXY, que mede o comportamento do dólar ante uma cesta de moedas, acentuou alta para a linha dos 96,5 pontos. No mercado de ações, no entanto, a reação foi pouco expressiva, com o Dow Jones orbitando a estabilidade e o S&P 500 seguindo em baixa, na casa dos 0,3%.
O próximo encontro do Fed acontece nos dias 18 e 19 de dezembro, seguido de novas projeções para inflação e crescimento e de uma coletiva de imprensa do presidente Jerome Powell. Para essa reunião, o consenso de mercado é de novo aperto de 0,25 ponto percentual. O ajuste de alta começou no fim de 2016.
A única mudança no comunicado apresentado hoje em comparação com o de setembro está na avaliação com relação aos investimentos (business fixed investment) que apresentaram “moderação” em comparação com o rápido crescimento visto no começo do ano.
O consumo das famílias continua com desempenho forte e a inflação permanece em linha com a meta de 2%, com um balanço de risco equilibrado. O Fed não tratou da recente volatilidade dos mercados, algo que deve ficar para a ata, nem da piora nas condições financeiras no mercado americano.
A grande questão é até onde vai esse movimento de alta do juro americano e qual impacto disso na economia mundial. A discussão que se desenrola dentro do Fed é se será necessário, ou não, deixar a política monetária restritiva para que a inflação não escape da meta de 2% em um ambiente de crescimento acelerado.
Essa questão importa e muito para o Brasil e demais economias emergentes, pois quanto mais longe o Fed for no seu ajuste, maior a realocação de capital para os EUA, que garante um ganho maior e em dólar para os investidores que aportarem recursos por lá. Para 2019, as projeções se alternam entre outras três ou quatro altas.
Quem não gostou e vai continuar não gostando dessa atuação do Fed é o presidente Donald Trump, que tem feito repetidos ataques ao presidente Jerome Powell.