🔴 SD EXPLICA: COMO GARANTIR 1% AO MÊS NA RENDA FIXA ANTES QUE A SELIC CAIA – VEJA AQUI

Ana Paula Ragazzi

ELE VENCEU

Como o desrespeitado gestor coreano Mu Hak You tomou o poder na Gafisa

Quem investir na Gafisa deixa de ser dono de uma fatia de uma companhia de capital pulverizado para ser um mero acionista minoritário. Troca de comando pode provocar ruptura em momento crucial para empresa.

Ana Paula Ragazzi
26 de setembro de 2018
8:55 - atualizado às 11:10
Montagem com bandeira da Coreia do Sul em em meio a prédios de São Paulo
Montagem da bandeira da Coreia do Sul cravada em meio a prédios de São Paulo - Imagem: Shutterstock

Há 20 anos escrevo sobre os personagens, companhias e operações do mercado de capitais brasileiro. A primeira vez que ouvi falar do investidor coreano Mu Hak You, dono da gestora de recursos GWI, foi há 12 anos, numa reportagem de um jornal especializado. Desde então, nunca achei que ele conseguiria atingir o objetivo que parecia perseguir: assumir o controle dos negócios de uma empresa brasileira.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Pois aconteceu. Numa assembleia que durou o dia todo nesta terça-feira (25), a GWI destituiu o conselho de administração da construtora e incorporadora Gafisa e elegeu um novo, em que ocupa cinco das sete cadeiras.  A Gafisa é - ou era- uma empresa sem controlador definido e, num caso assim, esse poder é, na prática, exercido pelo conselho.

Se você é um dos 10 mil acionistas pessoas físicas da companhia, saiba que a partir de agora a empresa, que tenta se reerguer após a recessão e os distratos que derrubaram o setor no Brasil, será comandada por um grupo de pessoas que nunca exerceu essa função. A GWI até tem um braço de real estate, mas o setor residencial é um “bicho diferente” - ninguém da companhia ou do mercado vê o gestor de recursos, seu filho, e os três outros funcionários da GWI que agora vão ditar a estratégia da empresa, como capacitados para a função.

Nos corredores da Gafisa o que se ouvia nos últimos dias era que se Mu Hak conseguisse tomar a gestão,  o esperado era uma renúncia de diretores e de outros conselheiros que não estivessem alinhados a ele. Se isso se confirmar, será uma ruptura num momento que pode ser crucial para o futuro da empresa. Uma boa lição para quem acha que investir em ações se resume a alguns cliques e embolsar dividendos, sem acompanhar o que , de fato, acontece na operação e nas  assembleias.

Acionistas ausentes

Mu  Hak só assumiu a Gafisa pelo total descuido de todos os acionistas da empresa. Até o ano passado, o quórum das assembleias da construtora estava na casa dos 20%. Ou seja, ninguém parecia muito interessado no que acontecia por lá, à exceção de uns poucos acionistas estrangeiros.  A GWI começou a comprar ações da Gafisa  em outubro de 2017.   Em janeiro de 2018,  já tinha 27% das ações e chamava uma assembleia para alterar uma cláusula do estatuto da empresa conhecida como poison pill (pílula de veneno). Em companhias sem a figura de um controlador, essa cláusula costuma definir que se um acionista alcançar um percentual relevante de ações, que na prática lhe dê a capacidade de definir os rumos do negócio, ele deve fazer uma oferta por toda a companhia, acrescida de um prêmio.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

No caso da Gafisa, 30% disparavam a oferta e a GWI, com o surpreendente - ou inocente- apoio de outros acionistas estrangeiros, conseguiu elevar esse percentual para 50%. Já ali, até o mais bobo dos acionistas enxergaria que a GWI tinha interesse em assumir a empresa.  Ainda que nunca tivesse ouvido falar na gestora, uma simples pesquisa em um site de buscas denunciaria os planos.

Leia Também

Passado de investidor ativista

Mu Hak ficou conhecido no mercado em 2006, após  a proeza de conseguir um assento no conselho das Lojas Americanas, à época ainda comandada pelo trio Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles.  Lá saíram as primeiras reportagens sobre ele. Após trabalhar anos em bancos de investimento no Brasil, ele pegou o dinheiro dele e juntou com o da comunidade coreana do bairro do Bom Retiro, em São Paulo, e montou a GWI em 1997.

Sempre operou da mesma forma. Aproveitou-se de preços baixos das ações, fez enormes posições geralmente alavancadas e foi buscar a participação no conselho para interferir na gestão. Nunca conseguiu ser ouvido -ou porque foi pego pela volatilidade do mercado, e teve de se desfazer das posições alavancadas, ou porque esbarrou em controladores que lhe fizeram oposição. O último caso ruidoso dele foi uma tentativa malsucedida de retirar do comando da Saraiva um dos integrantes da família fundadora.  Antes disso, já havia tentado ter voz na B2W, Profarma e Marfrig. A cada novo investimento, o mercado só esperava para ver o momento da derrocada e esperar até quando ele ia insistir.

Mas, na Gafisa, diante de uma base acionaria pulverizada e desinteressada, a única oposição possível foi a da administração. O conselho tentou de tudo: manifestou-se contra a troca de integrantes, lançou procurações, incentivou o voto à distância e alertou os demais acionistas que um deles tentava assumir o controle da empresa sem pagar nada por isso. Mas Mu Hak chegou à assembleia de terça-feira com quase 40% das ações, percentual que, sozinho, praticamente definiu a assembleia.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Até hoje, Mu Hak não disse porque a empresa precisaria de um novo conselho nem porque entende que ele e sua equipe são as pessoas mais qualificadas para geri-la nesse momento em que ela começa a dar sinais de sair da crise. Não apontou quais os erros da gestão que justificariam a troca, sequer informou os atuais administradores sobre suas intenções _ eles só foram comunicados que seriam destituídos. Quando houve a tentativa de defesa, questionou  a atitude da gestão  com gastos com comunicação e advogados para evitar que ele assumisse a empresa, alegando que a gestão queria se perpetuar no poder. Nunca houve uma conversa entre o acionista e a atual gestão em busca de um entendimento.

Hoje à exceção da GWI, todos os demais acionistas da Gafisa acordam com um carimbo de minoritário. Já o gestor coreano aparentemente realizou seu sonho e vai ter a oportunidade de mostrar para o mercado que deve ser respeitado - ou não.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
OTIMISMO NO RADAR

Onde estão as melhores oportunidades no mercado de FIIs em 2026? Gestores respondem

18 de dezembro de 2025 - 17:41

Segundo um levantamento do BTG Pactual com 41 gestoras de FIIs, a expectativa é que o próximo ano seja ainda melhor para o mercado imobiliário

PROVENTOS E MAIS PROVENTOS

Chuva de dividendos ainda não acabou: mais de R$ 50 bilhões ainda devem pingar na conta em 2025

18 de dezembro de 2025 - 16:30

Mesmo após uma enxurrada de proventos desde outubro, analistas veem espaço para novos anúncios e pagamentos relevantes na bolsa brasileira

ONDA DE PROVENTOS

Corrida contra o imposto: Guararapes (GUAR3) anuncia R$ 1,488 bilhão em dividendos e JCP com venda de Midway Mall

18 de dezembro de 2025 - 9:29

A companhia anunciou que os recursos para o pagamento vêm da venda de sua subsidiária Midway Shopping Center para a Capitânia Capital S.A por R$ 1,61 bilhão

HORA DE COMPRAR

Ação que triplicou na bolsa ainda tem mais para dar? Para o Itaú BBA, sim. Gatilho pode estar próximo

17 de dezembro de 2025 - 17:22

Alta de 200% no ano, sensibilidade aos juros e foco em rentabilidade colocam a Movida (MOVI3) no radar, como aposta agressiva para capturar o início do ciclo de cortes da Selic

TOUROS E URSOS #252

Flávio Bolsonaro presidente? Saiba por que o mercado acendeu o sinal amarelo para essa possibilidade

17 de dezembro de 2025 - 12:35

Rodrigo Glatt, sócio-fundador da GTI, falou no podcast Touros e Ursos desta semana sobre os temores dos agentes financeiros com a fragmentação da oposição frente à reeleição do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva

ESTRATÉGIA DO GESTOR

‘Flávio Day’ e eleições são só ruído; o que determina o rumo do Ibovespa em 2026 é o cenário global, diz estrategista do Itaú

16 de dezembro de 2025 - 15:07

Tendência global de queda do dólar favorece emergentes, e Brasil ainda deve contar com o bônus da queda na taxa de juros

RECUPERAÇÃO RÁPIDA

Susto com cenário eleitoral é prova cabal de que o Ibovespa está em “um claro bull market”, segundo o Santander

16 de dezembro de 2025 - 10:50

Segundo os analistas do banco, a recuperação de boa parte das perdas com a notícia sobre a possível candidatura do senador é sinal de que surpresas negativas não são o suficiente para afugentar investidores

RANKING

Estas 17 ações superaram os juros no governo Lula 3 — a principal delas entregou um retorno 20 vezes maior que o CDI

15 de dezembro de 2025 - 19:05

Com a taxa básica de juros subindo a 15% no terceiro mandato do presidente Lula, o CDI voltou a assumir o papel de principal referência de retorno

SMALL CAP QUERIDINHA

Alta de 140% no ano é pouco: esta ação está barata demais para ser ignorada — segundo o BTG, há espaço para bem mais

15 de dezembro de 2025 - 19:02

O banco atualizou a tese de investimentos para a companhia, reiterando a recomendação de compra e elevando o preço-alvo para os papéis de R$ 14 para R$ 21,50

HAJA MÁSCARA DE OXIGÊNIO

Queda brusca na B3: por que a Azul (AZUL4) despenca 22% hoje, mesmo com a aprovação do plano que reforça o caixa

15 de dezembro de 2025 - 17:23

As ações reagiram à aprovação judicial do plano de reorganização no Chapter 11, que essencialmente passa o controle da companhia para as mãos dos credores

HORA DE COMPRAR?

Ibovespa acima dos 250 mil pontos em 2026: para o Safra é possível — e a eleição não é um grande problema

15 de dezembro de 2025 - 16:05

Na projeção mais otimista do banco, o Ibovespa pode superar os 250 mil pontos com aumento dos lucros das empresas, Selic caindo e cenário internacional ajudando. O cenário-base é de 198 mil pontos para o ano que vem

TIME LATAM

BTG escala time de ações da América Latina para fechar o ano: esquema 4-3-3 tem Brasil, Peru e México

15 de dezembro de 2025 - 14:18

O banco fez algumas alterações em sua estratégia para empresas da América Latina, abrindo espaço para Chile e Argentina, mas com ações ainda “no banco”

LEVANTAMENTO

A torneira dos dividendos vai secar em 2026? Especialistas projetam tendências na bolsa diante de tributação

15 de dezembro de 2025 - 6:05

2025 caminha para ser ano recorde em matéria de proventos; em 2026 setores arroz com feijão ganham destaque

CHUVA DE PROVENTOS CONTINUA

As ações que devem ser as melhores pagadoras de dividendos de 2026, com retornos de até 15%

15 de dezembro de 2025 - 6:05

Bancos, seguradoras e elétricas lideram e uma empresa de shoppings será a grande revelação do próximo ano

LEI MAGNITSKY

Bancos sobem na bolsa com o fim das sanções contra Alexandre de Moraes — Banco do Brasil (BBAS3) é o destaque

12 de dezembro de 2025 - 17:14

Quando a sanção foi anunciada, em agosto deste ano, os papéis dos bancos desabaram devido as incertezas em relação à aplicação da punição

GIGANTE NA ÁREA

TRXF11 volta a encher o carrinho de compras e avança nos setores de saúde, educação e varejo; confira como fica o portfólio do FII agora

12 de dezembro de 2025 - 11:31

Com as três novas operações, o TRXF11 soma sete transações só em dezembro. Na véspera, o FII já tinha anunciado a aquisição de três galpões

VERSÃO TUPINIQUIM

BofA seleciona as 7 magníficas do Brasil — e grupo de ações não tem Petrobras (PETR4) nem Vale (VALE3)

11 de dezembro de 2025 - 19:21

O banco norte-americano escolheu empresas brasileiras de forte crescimento, escala, lucratividade e retornos acima da Selic

COM EMOÇÃO

Ibovespa em 2026: BofA estima 180 mil pontos, com a possibilidade de chegar a 210 mil se as eleições ajudarem

11 de dezembro de 2025 - 17:01

Banco norte-americano espera a volta dos investidores locais para a bolsa brasileira, diante da flexibilização dos juros

FIIS HOJE

JHSF (JHSF3) faz venda histórica, Iguatemi (IGTI3) vende shoppings ao XPML11, TRXF11 compra galpões; o que movimenta os FIIs hoje

11 de dezembro de 2025 - 14:31

Nesta quinta-feira (11), cinco fundos imobiliários diferentes agitam o mercado com operações de peso; confira os detalhes de cada uma delas

O TEMPO ESTÁ ACABANDO

Concurso do IBGE 2025 tem 9,5 mil vagas com salários de até R$ 3.379; veja cargos e como se inscrever

10 de dezembro de 2025 - 15:00

Prazo de inscrição termina nesta quinta (11). Processo seletivo do IBGE terá cargos de agente e supervisor, com salários, benefícios e prova presencial

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar