O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), tido como uma prévia da inflação oficial, mostrou variação positiva de 0,58% em outubro, firme avanço sobre a alta de 0,09% em setembro, e maior leitura para o mês desde 2015 (0,66%).
A elevação era esperada em função do dólar alto influenciando os preços no período, mas, ainda assim, a surpresa foi positiva, pois o indicador ficou abaixo da mediana de 0,63% da “Projeções Broadcast”. No ano, o indicador acumula alta de 3,83% e sobe 4,53% no acumulado em 12 meses.
Segundo o especialista em commodities da Tullett Prebon, Marco Franklin, a alimentação em domicílio explica parte do aumento e refletiu a alta de produtos in natura, que deverão subir mais até o fim do mês, assim como aves e carnes, que captam a entressafra e uma acomodação de oferta depois dos problemas enfrentados pela BRF Foods, que elevaram a oferta interna. Ainda assim, a variação ficou abaixo da estimada pelas coletas de preços.
Para o IPCA fechado do mês, o Franklin projeta variação ao redor de 0,60%. Para novembro, o IPCA deve refletir com mais intensidade o movimento recente de queda do dólar e do preço do petróleo.
Tendência da inflação
Uma forma de olhar a tendência da inflação é observar os núcleos de preços, que tiram itens mais voláteis. Essas medidas são acompanhadas de perto pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) para definição da taxa básica de juros, a Selic.
Mesmo com a alta da inflação, os núcleos continuam apontando um cenário sem pressão inflacionária, diz a CM Capital Markets em nota a clientes. Algumas medidas oscilam na linha dos 2,3% quando medidas em 12 meses, próximas ao piso da meta.
Tal comportamento da inflação reforça a expectativa de que o Copom manterá a Selic inalterada em 6,5% ao ano no seu encontro do dia 31 de outubro.
Olhando para 2019
Também em nota, o Banco Fibra comunicou uma alteração na expectativa para a condução da política monetária em 2019, e passou a estimar juros estáveis no próximo ano. Até então, a instituição via necessidade de elevação do juro.
Tal previsão considera que a elevada ociosidade da economia pode acomodar uma recuperação da atividade sem gerar pressão inflacionária significativa.
Além disso, expectativas estão ancoradas ao redor da meta, sobretudo em prazos mais longos, ficando em 4,22% para 2019, 4% em 2020 e 3,78% para 2021.
A instituição também cita um recuo das medidas de núcleo, que se mostram compatíveis com atingimento do centro da meta para a inflação.
No lado do câmbio, o Fibra espera moderada depreciação do real nos próximos meses, sobretudo em 2019, por conta do cenário externo mais desafiador para os mercados emergentes. O banco mantém a projeção de dólar a R$ 4,20 no fim do próximo ano.
Para dar um parâmetro, a mediana do mercado, captada pelo Focus, mostra Selic de 8% no fim de 2019, com dólar a R$ 3,80.