A batalha de acionistas que se anunciava na Qualicorp depois do anúncio do polêmico acordo que colocou R$ 150 milhões no bolso do presidente caminha para uma solução diplomática.
Ontem à noite, enquanto o país conhecia o resultado do primeiro turno das eleições, a administradora de planos de saúde coletivos anunciou uma série de medidas para melhorar a governança corporativa.
O acordo incluiu o compromisso de José Seripieri Filho, presidente e fundador da Qualicorp, de reinvestir a bolada recebida em ações da própria empresa. Ele também abriu mão da remuneração variável a que tinha direito neste ano.
A Qualicorp anunciou ainda uma mudança na composição do conselho de administração, com a entrada de Rogério Calderón Peres. Ele é representante da XP Gestão, segundo principal acionista da empresa. A gestora havia ameaçado entrar na Justiça para buscar reparação contra o acordo.
Perto das 12h, as ações da Qualicorp eram negociadas em alta de cerca de 8%, também embaladas pela euforia que tomou conta do mercado depois do resultado do primeiro turno das eleições presidenciais.
Entenda o caso
As ações da Qualicorp reagiram com uma queda violenta de 30% na semana passada ao anúncio do pagamento a Seripieri, conhecido no mercado com Júnior. Originalmente, os únicos compromissos do executivo em troca do dinheiro era permanecer com suas ações - ele detém 15% do capital da empresa - e não competir com a companhia por um prazo de seis anos. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu um processo administrativo para apurar a operação.
O negócio foi aprovado pelo conselho de administração da Qualicorp. Seripieri faz parte do conselho, mas não participou da reunião que decidiu sobre o acordo. A partir de agora, todas as operações com as chamadas “partes relacionadas” na empresa, o que inclui executivos e acionistas, precisarão ser aprovadas também pelos acionistas.