O polêmico acordo anunciado pela administradora de planos de saúde coletivos Qualicorp que colocou R$ 150 milhões no bolso de José Seripieri Filho, fundador e presidente da empresa, já começou a ser investigado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a xerife do mercado de capitais.
O negócio provocou revolta entre os acionistas minoritários da empresa, que não foram consultados sobre a operação. Em carta aos cotistas, a XP Gestão anunciou que pretende buscar reparação dos prejuízos de todas as formas, inclusive na Justiça.
O sentimento se traduziu nas ações da companhia, que despencarem quase 30% ontem na bolsa. Hoje pela manhã, os papéis recuavam mais 3%, mas viraram e no começo da tarde registravam alta de pouco mais de 5%.
Após o episódio, o BTG Pactual decidiu reduzir a recomendação da empresa para neutra. Para os analistas do banco, as ações estão baratas, mas as questões de governança devem pesar mais neste momento.
A CVM abriu ontem mesmo um processo administrativo contra a Qualicorp para apurar o caso. Pelo acordo, a empresa se comprometeu a pagar R$ 150 milhões à vista a Seripieri Filho, também conhecido no mercado como Júnior.
Em troca, ele basicamente não precisa fazer nada. Basta não vender suas ações - ele detém uma participação de 15% - e não competir com a companhia pelos próximos seis anos.
Alinhado?
Em entrevista ao site "Brazil Journal", Júnior alegou que o acordo alinha os interesses dele e da Qualicorp. Ele disse que tem ideias para novos produtos na área de saúde e que agora pretende desenvolver dentro da empresa. Antes do negócio, nada impedia que ele vendesse suas ações e abrisse um negócio concorrente.
Mas para um gestor de ações que acompanha a Qualicorp, havia outras formas de alinhar os planos de Junior e os da companhia. Por exemplo, com a criação de um pacote de remuneração atrelado ao desempenho da empresa nos próximos anos.