Mercados se desviam de incertezas políticas

O noticiário político rouba a cena no mercado financeiro global, em meios às preocupações com a paralisação do governo dos Estados Unidos (shutdown), que entra hoje no 27º dia, e com a saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit), após a sobrevida dada a Theresa May no cargo de primeira-ministra. Mas os investidores tentam se esquivar desses dramas.
Em alusão à célebre frase de James Carville durante a campanha presidencial do então candidato Bill Clinton, no início dos anos 90, “é a economia” (!) que segue no centro das atenções. Mas o cenário econômico também está repleto de incertezas.
Durante a sessão asiática, as bolsas da região tentaram acompanhar os ganhos exibidos na véspera em Wall Street, mas foram prejudicadas por relatos de que os EUA estão investigando a chinesa Huawei por supostamente roubar segredos comerciais de empresas norte-americanas. Foi o suficiente para zerar a alta.
No final, Tóquio, Xangai e Hong Kong registraram leves baixas, reacendendo as preocupações sobre as relações entre os dois países. Autoridades de Washington e Pequim se esforçam para chegar a um acordo comercial, antes do fim da trégua tarifária, em março. Uma negociação de alto nível está marcada para este mês.
Em Nova York, os índices futuros apagaram o sinal positivo, deixando indefinida a direção para o dia. Até então, os balanços dos bancos Goldman Sachs e Bank of America sustentavam os negócios. Hoje, é a vez dos resultados trimestrais de Morgan Stanley e Netflix. Nos demais mercados, o petróleo e o dólar medem forças.
Os investidores ainda tentam manter um “rali de alívio”, apostando no apoio dos principais bancos centrais, à medida que a economia global se desacelera. A perspectiva de que os estímulos monetários serão mantidos - ou, pelo menos, o processo de retirada deles será interrompido - tenta manter o apetite por risco.
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Não é bem assim...
Apesar da percepção de que o cenário econômico não está tão ruim assim, é crescente o receio quanto ao impacto na atividade norte-americana da paralisação do governo dos Estados Unidos. O chamado shutdown entra hoje no 27º dia, ainda sem sinais de desfecho, em meio ao impasse entre o presidente Donald Trump e os democratas sobre a verba para a construção de um muro na fronteira com o México.
Cálculos da Casa Branca indicam que o shutdown pode retirar 0,5 ponto percentual (pp) Produto Interno Bruto (PIB), se durar ao longo deste mês. E os investidores não vão poder ignorar essa pausa recorde na administração federal por muito mais tempo, apoiando-se apenas no tom mais suave (“dovish”) do Federal Reserve em relação a novas altas na taxa de juros norte-americana.
Afinal, o shutdown é apenas mais um erro político de Trump que pode impactar a economia. O outro erro vem da guerra comercial travada pelos EUA contra a China e os efeitos dessa disputa tanto na economia chinesa quanto no crescimento econômico global.
Mas no centro das atenções políticas, prossegue o drama britânico do Brexit, o que deprime a libra esterlina nesta manhã. Theresa May venceu ontem a moção de desconfiança contra ela e irá continuar no cargo de primeira-ministra. Um dia após a derrota esmagadora, ela obteve uma vitória apertada, por apenas 19 votos, com 325 a favor e 306 contra.
O placar significa que a maioria do Parlamento britânico confia na capacidade de May para permanecer liderando o governo e, principalmente, na habilidade dela para negociar a saída do Reino Unido da União Europeia. Ela tem até a próxima segunda-feira para propor um novo acordo para o Brexit e já negocia com a oposição, a apenas 10 semanas antes do prazo final.
Em compasso de espera
No Brasil, a espera por novidades sobre a reforma da Previdência encurta o fôlego de alta do mercado financeiro. Uma vez que a proposta da equipe econômica só deve ser conhecida no fim deste mês, falta um gatilho para os ativos locais esticarem o rali deste início de ano.
A previsão é de que as novas regras para a aposentadoria sejam apresentadas ao presidente Jair Bolsonaro na semana que vem, antes da viagem ao fórum de Davos. Porém, ele só deve “bater o martelo” sobre as medidas na volta da estreia internacional, onde estará nos holofotes da elite financeira e política mundial.
Assim, os negócios locais devem ficar carentes de notícias relevantes nos próximos dias. Com isso, a Bolsa brasileira e do dólar devem ter um desempenho mais correlacionado ao do exterior, após a recente divergência doméstica frente ao mercado internacional.
Ao menos no curtíssimo prazo. Em fevereiro, quando o Congresso volta às atividades, a tendência é de que haja um novo “descolamento” do mercado brasileiro em relação ao exterior. Afinal, é no Legislativo que os investidores poderão captar o apoio político à agenda de reformas do governo Bolsonaro.
Agenda econômica sem destaques
Na agenda econômica do dia, destaque para o índice da atividade brasileira, calculado pelo Banco Central. O IBC-Br deve rondar a estabilidade pelo segundo mês consecutivo em novembro em relação a outubro, o que reforça os sinais de que a economia doméstica ficou praticamente parada na reta final de 2018.
Já na comparação com novembro de 2017, o indicador deve avançar pela sexta vez seguida, em +1,7%. Os resultados efetivos serão divulgados às 8h30. No exterior, destaque para a leitura final do índice de preços ao consumidor (CPI) na zona do euro em dezembro, às 8h.
No calendário econômico norte-americano, estão previstos dados sobre a construção de moradias no país em dezembro; os pedidos semanais de auxílio-desemprego e o índice regional de atividade na Filadélfia. Se confirmados, todos esses indicadores dos EUA devem ser divulgados às 11h30.
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