‘Vai ter reação, eles vão tirar’, diz Bolsonaro, sobre capitalização na reforma
Presidente sugeriu deixar a introdução do modelo de capitalização, que prevê a adoção de contas individuais para os novos entrantes no mercado de trabalho, para um “segundo turno”
O presidente da República, Jair Bolsonaro, admitiu nesta sexta-feira, 5, em café da manhã com diretores de redação de jornais que a proposta de capitalização na reforma da Previdência poderá não ser aprovada pelo Congresso Nacional.
"Vai ter reação. Eles (parlamentares) vão tirar", disse Bolsonaro. O presidente sugeriu deixar a introdução do modelo de capitalização, que prevê a adoção de contas individuais para os novos entrantes no mercado de trabalho, para um "segundo turno".
É a sinalização de que a discussão da proposta, uma das mais polêmicas, poderá ficar para um segundo momento depois de aprovada a reforma da Previdência. "Minha sugestão é deixar menos complicado", afirmou.
O presidente manifestou confiança na aprovação da reforma.. Mas reiterou que "reforma boa é a que passa". "O teto (idade) e o tempo de serviço são o mais importantes", disse o presidente, que tem feito uma série de conversas, nas ultimas semanas, com a imprensa.
BPC e rural
Além da capitalização, o presidente reconheceu as dificuldades para aprovar as mudanças no benefício de assistência social para idosos pobres (BPC) e nas regras da aposentadoria rural. Mas ao responder pergunta sobre a possibilidade de desidratação da reforma, o presidente afirmou: "Tem que perguntar para o Rodrigo Maia."
Em Campos do Jordão, o ministro da Economia, reconheceu que o BPC tem "enorme chances de cair" no Congresso.
'Forçar a barra'
Após realizar reuniões com várias lideranças dos partidos na quinta-feira, 4, o presidente voltou a afirmar que não há "cargos" na negociação da reforma.
E deu um recado: "Não temos intenção de forçar a barra (com Congresso), com exceção da Previdência."
Bolsonaro disse que já deu muitas "caneladas" na vida, mas não considera necessário viver se desculpando por isso, ao comentar os problemas enfrentados para obter apoio no Congresso.
Na última quinta-feira, 4, o presidente se reuniu com presidentes de partidos e pediu ajuda para votar a reforma da Previdência. Bolsonaro afirmou que iniciará uma nova etapa no relacionamento com deputados e senadores, mas fez questão de negar a distribuição de cargos em troca de votos.
Pedido de desculpas
Também ontem, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, afirmou que Bolsonaro se desculpara com dirigentes dos partidos por "caneladas" dadas nos últimos dias.
Houve, por exemplo, um embate público entre Bolsonaro e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Ao lado de Lorenzoni e dos ministros Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) e Augusto Heleno Ribeiro (Gabinete de Segurança Institucional), Bolsonaro afirmou que não se falou a palavra "cargo" durante os encontros mantidos nesta quinta-feira com presidentes de partidos no Planalto.
No café com jornalistas, Bolsonaro disse que o governo vai costurar apoio por projetos na Câmara e no Senado, sem toma lá, dá cá. "Não temos, com exceção da Previdência, a intenção de forçar a barra no Congresso", argumentou. O presidente contou que alguns dirigentes de partidos reclamaram do fato de não terem retorno de ministros e dos bancos públicos, mas disse que se trata de uma situação fácil de ser resolvida.
Questionado sobre o fogo amigo no governo, Bolsonaro admitiu haver "caneladas internas" e disse ter pedido a ministros que não deem respostas apressadas, para não provocar mal-entendidos.
*Com Estadão Conteúdo
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