O pesadelo do Smiles: ações em queda, menos resgates e desaceleração no faturamento
As ações do Smiles operam em forte baixa nesta terça-feira, com os mercados reagindo mal às fracas projeções da empresa para 2020

Num passado não muito distante, o setor de empresas de fidelidade parecia destinado a uma expansão rápida — e o Smiles, programa associado à aérea Gol, despontava como o player a ser batido nesse segmento. A prova desse otimismo podia ser vista na bolsa de valores: as ações ON da companhia (SMLS3) chegaram às máximas históricas em outubro de 2017, sendo negociadas acima do nível de R$ 80,00.
Passados pouco mais de dois anos, esse futuro promissor do Smiles parece cada vez mais distante. O receio toma conta dos investidores e as cotações dos papéis da empresa não param de cair — um fenômeno que ganhou ainda mais força nesta terça-feira (3), com a divulgação de projeções muito pouco animadoras pela própria companhia.
Em comunicado ao mercado, o Smiles admitiu que prevê uma desaceleração no faturamento bruto e uma queda nas margens de resgates de milhas — dois fatores fundamentas para a saúde de uma companhia do setor de fidelidade. O mercado, obviamente, não reagiu bem aos números.
As ações ON do Smiles despencaram 8,85%, a R$ 30,91, o pior desempenho entre todos os ativos do Ibovespa. É a menor cotação para os papéis desde 15 de outubro de 2018, uma data marcante na história da companhia — falaremos disso em breve.
Desde o início de 2019, as ações do Smiles acumulam perda de 24,24%, a terceira maior baixa da carteira do Ibovespa — apenas Braskem PNA (BRKM5) e CVC ON (CVCB3) têm desempenhos piores, com quedas de 37,72% e 33,84%, respectivamente.
O que aconteceu para que o sonho do Smiles virasse um pesadelo?
Leia Também
Futuro sombrio
Indo direto ao fator mais recente de pessimismo: o Smiles prevê um crescimento de 11% a 12,5% no faturamento com a venda de milhas e outros serviços em 2019 — nos primeiros nove meses do ano, a expansão foi de 17,9% na base anual. Para 2020, contudo, as projeções são bem mais modestas: um aumento de 5% a 10% em relação às estimativas para esse ano.
Os números indicam uma tendência clara de desaceleração no Smiles. Em 2017, o faturamento bruto total cresceu 11,3% na base anual e, em 2018, a expansão chegou a 19,3% em um ano.
A empresa diz que as projeções levam em conta o ambiente competitivo no setor de fidelidade, tanto em relação aos programas de outras companhias aéreas quanto às empresas formadas pelos bancos de varejo no Brasil. Além disso, o Smiles cita as estimativas de crescimento de capacidade dos fornecedores de passagens aéreas — no caso, a Gol.
As projeções para a margem de resgates são ainda mais desanimadoras. Para 2019, o Smiles prevê que o indicador ficará entre 37% e 38,2%; para 2020, a linha deve cair para um nível entre 25% e 30%.
Novamente, também há uma tendência de piora ao longo dos anos: em 2017, a margem de resgates era de 40,8% e, em 2018, de 41,6%.
O Smiles justifica as estimativas mais pessimistas pelo mix de passagens oferecido pela Gol, pelos preços mais altos dos bilhetes aéreos no mercado brasileiro e pelos custos mais altos associados à compra de passagens de companhias internacionais, entre outros fatores.

Relações turbulentas
Por mais que o Smiles tenha apresentado alguma desaceleração em 2018, o fator determinante para a perda de confiança do mercado ocorreu em 15 de outubro do ano passado. Nessa data, a Gol anunciou um plano de reorganização societária que, entre outros pontos, previa a incorporação da empresa através de uma operação que envolvia troca de ações.
O anúncio caiu como uma bomba: apenas naquele pregão, as ações da companhia de fidelidade despencaram impressionantes 38,83%. Além da polêmica reorganização societária, a Gol também comunicou que não renovaria a parceria com o Smiles além do prazo atual de validade, de 2032.
Desde então, os planos da Gol sofreram com inúmeros questionamentos — desde objeções da B3 até manifestações contrárias de entidades de investidores. Até que, em junho deste ano, ambas as empresas desistiram da operação, o que jogou mais uma camada de dúvida no colo do Smiles.
Afinal, sem ser incorporada pela Gol e sem a perspectiva de renovação com sua principal parceira aérea, qual seria o apelo do Smiles?
Pois as desconfianças do mercado foram ratificadas pelas projeções fracas para o ano de 2020 — e pelas próprias justificativas do Smiles, citando fatores ligados à Gol em mais de uma vez, dando a entender que a relação entre as parceiras está bastante abalada.

Ceticismo
Em relatório, o analista Vitor Mizusaki, do Bradesco BBI, mostrou-se decepcionado com as projeções do Smiles para o futuro. As estimativas de crescimento no faturamento para 2019, de 11% a 12,5%, são inferiores às previsões do banco, de alta de 13%.
Quanto à margem de resgates, o Bradesco BBI trabalhava com um cenário de 40% para 2019 e 2020 — muito acima das projeções do Smiles, de 37% a 38% neste ano e de 25% a 30% no ano que vem.
Como resultado da decepção, o analista cortou o preço-alvo para as ações do Smiles ao fim de 2020, de R$ 44,00 para R$ 35,00 — o que ainda implica num potencial de alta de 12% em relação à cotação atual. O Bradesco BBI manteve a recomendação "neutra" para os papéis.
"O pesadelo está se tornando realidade", conclui Mizusaki.
Um mês da ‘libertação’: guerra comercial de Trump abalou mercados em abril; o que esperar desta sexta
As bolsas ao redor do mundo operam em alta nesta manhã, após a China sinalizar disposição de iniciar negociações tarifárias com os EUA
Ibovespa deu uma surra no S&P 500 — e o mês de abril pode ter sido apenas o começo
O desempenho do Ibovespa em abril pode ser um indício de que estamos diante de uma mudança estrutural nos mercados internacionais, com implicações bastante positivas para os ativos brasileiros
As maiores altas e quedas do Ibovespa em abril: alívio nos juros foi boa notícia para ações, mas queda no petróleo derrubou petroleiras
Os melhores desempenhos são puxados principalmente pela perspectiva de fechamento da curva de juros, e azaradas do mês caem por conta da guerra comercial entre EUA e China
Ficou com ações da Eletromidia (ELMD3) após a OPA? Ainda dá tempo de vendê-las para não terminar com um ‘mico’ na mão; saiba como
Quem não vendeu suas ações ELMD3 na OPA promovida pela Globo ainda consegue se desfazer dos papéis; veja como
Diretor do Inter (INBR32) aposta no consignado privado para conquistar novos patamares de ROE e avançar no ambicioso plano 60-30-30
Em entrevista ao Seu Dinheiro, Flavio Queijo, diretor de crédito consignado e imobiliário do Inter, revelou os planos do banco digital para ganhar mercado com a nova modalidade de empréstimo
Gafisa (GFSA3) recebe luz verde para grupamento de 20 por 1 e ação dispara mais de 10% na bolsa
Na ocasião em que apresentou a proposta, a construtora informou que a operação tinha o intuito de evitar maior volatilidade e se antecipar a eventuais cenários de desenquadramento na B3
Balanço da Weg (WEGE3) frustra expectativa e ação despenca 10% na bolsa; o que fazer com a ação agora
Lucro líquido da companhia aumentou 16,4% na comparação anual, mas cresceu menos que o mercado esperava
Santander (SANB11) divulga lucro de R$ 3,9 bi no primeiro trimestre; o que o CEO e o mercado têm a dizer sobre esse resultado?
Lucro líquido veio em linha com o esperado por Citi e Goldman Sachs e um pouco acima da expectativa do JP Morgan; ações abriram em queda, mas depois viraram
Mexendo o esqueleto: B3 inclui Smart Fit (SMFT3) e Direcional (DIRR3) na última prévia do Ibovespa para o próximo quadrimestre; veja quem sai para dar lugar a elas
Se nada mudar radicalmente nos próximos dias, as duas ações estrearão no Ibovespa em 5 de maio
Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado
Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos
Azul (AZUL4) volta a tombar na bolsa; afinal, o que está acontecendo com a companhia aérea?
Empresa enfrenta situação crítica desde a pandemia, e resultado do follow-on, anunciado na semana passada, veio bem abaixo do esperado pelo mercado
Prio (PRIO3): banco reitera recomendação de compra e eleva preço-alvo; ações chegam a subir 6% na bolsa
Citi atualizou preço-alvo com base nos resultados projetados para o primeiro trimestre; BTG também vê ação com bons olhos
Tupy (TUPY3): Com 95% dos votos a distância, minoritários devem emplacar Mauro Cunha no conselho
Acionistas se movimentam para indicar Cunha ao conselho da Tupy após polêmica troca do CEO da metalúrgica
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Azul (AZUL4) chega a cair mais de 10% (de novo) e lidera perdas do Ibovespa nesta segunda-feira (28)
O movimento de baixa ganhou força após a divulgação, na última semana, de uma oferta pública primária
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Nova temporada de balanços vem aí; saiba o que esperar do resultado dos bancos
Quem abre as divulgações é o Santander Brasil (SANB11), nesta quarta-feira (30); analistas esperam desaceleração nos resultados ante o quarto trimestre de 2024, com impactos de um trimestre sazonalmente mais fraco e de uma nova regulamentação contábil do Banco Central
Ibovespa: Dois gatilhos podem impulsionar alta da bolsa brasileira no segundo semestre; veja quais são
Se nos primeiros quatro meses do ano o Ibovespa tem atravessado a turbulência dos mercados globais em alta, o segundo semestre pode ser ainda melhor, na visão estrategista-chefe da Empiricus
OPA do Carrefour (CRFB3): de ‘virada’, acionistas aprovam saída da empresa da bolsa brasileira
Parecia que ia dar ruim para o Carrefour (CRFB3), mas o jogo virou. Os acionistas presentes na assembleia desta sexta-feira (25) aprovaram a conversão da empresa brasileira em subsidiária integral da matriz francesa, com a consequente saída da B3
JBS (JBSS3) avança rumo à dupla listagem, na B3 e em NY; isso é bom para as ações? Saiba o que significa para a empresa e os acionistas
Próximo passo é votação da dupla listagem em assembleia marcada para 23 de maio; segundo especialistas, dividendos podem ser afetados