Pista livre: Ibovespa acelera e chega aos 110 mil pontos com alívio no exterior e otimismo local
O tom mais otimista visto no exterior, combinado com a percepção de recuperação da economia local, impulsionou o Ibovespa ao nível de 110 mil pontos pela primeira vez na história

Que o Ibovespa está numa via rápida, você já está cansado de saber: com o avanço da agenda de reformas e a perspectiva de retomada da economia, o principal índice da bolsa brasileira pisou no acelerador em 2019, firmando-se acima dos 100 mil pontos.
Mas engana-se quem pensa que a estrada dos mercados financeiros está livre de obstáculos. De tempos em tempos, surgem alguns perigos no trajeto: buracos, guerras comerciais, carros quebrados, tensões no cenário político brasileiro...
Com esses entraves, o Ibovespa preferia não arriscar demais: mantinha uma velocidade alta, mas sem se exceder — é melhor ir com calma e não correr o risco de se acidentar. Para ir ainda mais rápido, era preciso encontrar pistas livres.
Pois, nesta quarta-feira (4), o caminho se abriu para a bolsa brasileira: muitos dos fatores de risco que obrigavam o Ibovespa aliviar o ritmo saíram do campo de visão — e, ciente da oportunidade única, o índice pisou fundo.
Aproveitando a combinação entre alívio na guerra comercial, dados econômicos mais fortes na China e otimismo com a economia local, o Ibovespa fechou o pregão em ata de 1,23%, aos 110.300,93 pontos, na máxima do dia — é a primeira vez que o índice terminou acima dos 110 mil pontos.
A "tempestade perfeita" também foi sentida no mercado de câmbio, embora em menor intensidade: o dólar à vista chegou a cair 0,51% na mínima do dia, a R$ 4,1841, mas terminou a sessão em ligeira baixa de 0,08%, a R$ 4,2023.
Leia Também
Com o resultado desta quarta-feira, o Ibovespa engatou a terceira alta consecutiva, acumulando ganhos de 1,91% na semana. O dólar à vista também registra três das seguidos de alívio — a baixa registrada pela moeda americana desde segunda-feira é de 0,91%.
Trânsito pacífico
Lá fora, os agentes financeiros repercutiram as últimas novidades no front da guerra comercial. De acordo com a Bloomberg, Estados Unidos e China estão próximos de chegar a um acerto quanto às tarifas a serem retiradas por ambas as partes, de modo a pavimentar o caminho para o fechamento da primeira fase do acordo entre as potências.
Com essa informação em mente, as bolsas globais respiraram aliviadas. Nos Estados Unidos, o Dow Jones (+0,53%), o S&P 500 (+0,63%) e o Nasdaq (+0,54%) fecharam em alta, após duas sessões no campo negativo; na Europa, as principais praças acionárias também ganharam terreno.
Vale lembrar, no entanto, que o noticiário referente às negociações entre americanos e chineses tem sido bastante volátil, com sucessivas ondas de alívio e de tensão. Além disso, a recente postura mais agressiva adotada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, ainda inspira alguma cautela aos agentes financeiros, apesar do clima mais ameno nesta quarta-feira.
Enquanto isso, na China...
...os setores de serviços e de indústria continuam se recuperando, após a perda de tração vista na primeira metade do ano. O índice de gerente de compras (PMI, na sigla em inglês) do gigante asiático subiu a 53,2 em novembro, atingindo o maior nível em 21 meses — leituras acima de 50 indicam expansão da atividade.
O novo sinal de fortalecimento da economia chinesa amenizou as dúvidas quanto aos impactos negativos que a disputa comercial com os EUA poderia estar trazendo ao país. A expansão no PMI ainda trouxe otimismo ao setor de commodities, uma vez que a China é um importante consumidor de produtos desse tipo, em especial o minério de ferro.
Nesse cenário, as ações de siderúrgicas e mineradoras fecharam em alta nesta quarta-feira e contribuíram para dar ânimo ao Ibovespa. Foi o caso de CSN ON (CSNA3), com ganho de 2,74%; Usiminas PNA (USIM5), avançando 2,44%; Gerdau PN (GGBR4), valorizando 1,23%; e Vale ON (VALE3), subindo 0,99%.
O ambiente benéfico para as siderúrgicas também foi gerado pela notícia, publicada pelo Valor Econômico, de que a CSN irá promover aumentos de 10% nos preços do aço, a partir de 2020 — a Gerdau já havia anunciado elevações nos valores do aço longo.
Já os papéis da Petrobras foram beneficiados pela alta firme do petróleo no exterior. O contrato do Brent com vencimento em fevereiro avançou 3,58%, e o WTI para janeiro valorizou 4,15%. Nesse cenário, as ações PN da estatal (PETR4) subiram 2,35%, enquanto as ONs (PETR3) tiveram ganho de 1,22%.
Essa alta expressiva do petróleo foi influenciada pela percepção de que Estados Unidos e China estão mais próximos de uma certo no front da guerra comercial, mas não só isso.
A reunião semanal da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados — grupo conhecido como Opep+ — teve início hoje, e há a expectativa quanto a um acerto para o corte na oferta da commodity. A Petrobras, assim, pegou carona nesse contexto.
Dias melhores
Além do noticiário mais favorável no exterior, também há um importante componente doméstico para a manutenção do Ibovespa em alta e do dólar em baixa. Nesta manhã, foi divulgado o crescimento de 0,8% na produção industrial do país em outubro ante setembro.
O resultado ficou ligeiramente abaixo da expectativa dos analistas, mas, ainda assim, contribui para o quadro de recuperação da economia doméstica — ontem, foi reportado o crescimento de 0,6% no PIB do Brasil no terceiro trimestre.
Além disso, os resultados das vendas da Black Friday superaram as projeções do mercado, o que, combinado com uma série de indicadores antecedentes positivos, apontam para a continuidade do movimento de retomada da atividade local.
Recuperação dos bancos
Outro setor entre os destaques do Ibovespa foi o de bancos, impulsionado pelo otimismo dos investidores em relação às perspectivas para a economia doméstica.
Nesse segmento, os papéis PN do Itaú Unibanco (ITUB4) apresentaram o melhor desempenho nesta quarta-feira, com ganho de 3,60%. Bradesco PN (BBDC4) subiu 2,58%, Banco do Brasil ON (BBAS3) teve alta de 1,45% e as units do Santander Brasil (SANB11) valorizaram 1,74%.
Top 5
Veja as cinco ações de melhor desempenho do Ibovespa nesta quarta-feira:
- BTG Pactual units (BPAC11): +4,42%
- Weg ON (WEGE3): +3,61%
- Itaú Unibanco PN (ITUB4): +3,60%
- Tim ON (TIMP3): +2,77%
- CSN ON (CSNA3): +2,74%
Confira também os papéis com as maiores quedas do índice:
- Raia Drogasil ON (RADL3): -2,93%
- JBS ON (JBSS3): -2,82%
- Suzano ON (SUZB3): -2,67%
- Marfrig ON (MRFG3): -2,57%
- BR Distribuidora ON (BRDT3): -2,15%
Alívio no câmbio
A possibilidade de avanço nas negociações comericias entre EUA e China diminuíram fortemente a aversão ao risco no mercado de câmbio. Como resultado, o dólar perdeu terreno em escala global, com os investidores optando por aumentar a exposição às demais moedas.
O índice DXY, que mede o desempenho do dólar em relação a uma cesta de divisas fortes — como o euro, a libra esterlina e o iene japonês, entre outras — teve uma baixa de 0,13%.
Na comparação com as divisas emergentes, o tom é o mesmo: o dólar perde força ante o peso mexicano, o rublo russo, o peso chileno, o rand sul-africano e o peso colombiano — e o real pega carona no contexto global, amparado também pelo otimismo doméstico.
Juros em queda
O alívio visto no dólar à vista provocou ajustes negativos nas curvas de juros, tanto na ponta curta quanto na longa. Veja abaixo como se comportaram os principais DIs nesta quarta-feira:
- Janeiro/2021: de 4,70% para 4,68%;
- Janeiro/2023: de 5,90% para 5,82%;
- Janeiro/2025: de 6,49% para 6,42%;
- Janeiro/2027: de 6,81% para 6,73%.
WEG (WEGE3) tem preço-alvo cortado pelo JP Morgan após queda recente; banco diz se ainda vale comprar a ‘fábrica de bilionários’
Preço-alvo para a ação da companhia no fim do ano caiu de R$ 66 para R$ 61 depois de balanço fraco no primeiro trimestre
Um mês da ‘libertação’: guerra comercial de Trump abalou mercados em abril; o que esperar desta sexta
As bolsas ao redor do mundo operam em alta nesta manhã, após a China sinalizar disposição de iniciar negociações tarifárias com os EUA
Ibovespa deu uma surra no S&P 500 — e o mês de abril pode ter sido apenas o começo
O desempenho do Ibovespa em abril pode ser um indício de que estamos diante de uma mudança estrutural nos mercados internacionais, com implicações bastante positivas para os ativos brasileiros
As maiores altas e quedas do Ibovespa em abril: alívio nos juros foi boa notícia para ações, mas queda no petróleo derrubou petroleiras
Os melhores desempenhos são puxados principalmente pela perspectiva de fechamento da curva de juros, e azaradas do mês caem por conta da guerra comercial entre EUA e China
Ficou com ações da Eletromidia (ELMD3) após a OPA? Ainda dá tempo de vendê-las para não terminar com um ‘mico’ na mão; saiba como
Quem não vendeu suas ações ELMD3 na OPA promovida pela Globo ainda consegue se desfazer dos papéis; veja como
Diretor do Inter (INBR32) aposta no consignado privado para conquistar novos patamares de ROE e avançar no ambicioso plano 60-30-30
Em entrevista ao Seu Dinheiro, Flavio Queijo, diretor de crédito consignado e imobiliário do Inter, revelou os planos do banco digital para ganhar mercado com a nova modalidade de empréstimo
Rodolfo Amstalden: Falta pouco agora
Depois de lambermos a lona no início de janeiro, a realidade acabou se mostrando um pouco mais piedosa com o Kit Brasil
Gafisa (GFSA3) recebe luz verde para grupamento de 20 por 1 e ação dispara mais de 10% na bolsa
Na ocasião em que apresentou a proposta, a construtora informou que a operação tinha o intuito de evitar maior volatilidade e se antecipar a eventuais cenários de desenquadramento na B3
Balanço da Weg (WEGE3) frustra expectativa e ação despenca 10% na bolsa; o que fazer com a ação agora
Lucro líquido da companhia aumentou 16,4% na comparação anual, mas cresceu menos que o mercado esperava
Santander (SANB11) divulga lucro de R$ 3,9 bi no primeiro trimestre; o que o CEO e o mercado têm a dizer sobre esse resultado?
Lucro líquido veio em linha com o esperado por Citi e Goldman Sachs e um pouco acima da expectativa do JP Morgan; ações abriram em queda, mas depois viraram
Mexendo o esqueleto: B3 inclui Smart Fit (SMFT3) e Direcional (DIRR3) na última prévia do Ibovespa para o próximo quadrimestre; veja quem sai para dar lugar a elas
Se nada mudar radicalmente nos próximos dias, as duas ações estrearão no Ibovespa em 5 de maio
Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado
Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos
Azul (AZUL4) volta a tombar na bolsa; afinal, o que está acontecendo com a companhia aérea?
Empresa enfrenta situação crítica desde a pandemia, e resultado do follow-on, anunciado na semana passada, veio bem abaixo do esperado pelo mercado
Para Gabriel Galípolo, inflação, defasagens e incerteza garantem alta da Selic na próxima semana
Durante a coletiva sobre o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do segundo semestre de 2024, o presidente do Banco Central reafirmou o ciclo de aperto monetário e explicou o raciocínio por trás da estratégia
Prio (PRIO3): banco reitera recomendação de compra e eleva preço-alvo; ações chegam a subir 6% na bolsa
Citi atualizou preço-alvo com base nos resultados projetados para o primeiro trimestre; BTG também vê ação com bons olhos
Tupy (TUPY3): Com 95% dos votos a distância, minoritários devem emplacar Mauro Cunha no conselho
Acionistas se movimentam para indicar Cunha ao conselho da Tupy após polêmica troca do CEO da metalúrgica
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Trump quer brincar de heterodoxia com Powell — e o Fed que se cuide
Criticar o Fed não vai trazer parceiros à mesa de negociação nem restaurar a credibilidade que Trump, peça por peça, vem corroendo. Se há um plano em andamento, até agora, a execução tem sido tudo, menos coordenada.
Tony Volpon: EUA, novo mercado emergente
Não tenham dúvidas: chegamos todos na beira do abismo neste mês de abril. Por pouco não caímos.
Azul (AZUL4) chega a cair mais de 10% (de novo) e lidera perdas do Ibovespa nesta segunda-feira (28)
O movimento de baixa ganhou força após a divulgação, na última semana, de uma oferta pública primária