Dólar sustentou a linha dos R$ 4, mas isso pode durar pouco tempo
Dólar teve uma das maiores quedas semanais do ano ao recuar 2,7%. Vetores locais e externos colocam moeda americana sob ataque

Os vendedores bem que tentaram, mas os comprados também defenderam sua posição. Assim, o dólar comercial encerrou a semana com firme queda de 2,7%, maior desde o fim de janeiro, mas sustentou a mítica linha dos R$ 4. No entanto, alguns vetores sugerem que essa “muralha”, que é respeitada desde 16 de agosto, está para cair.
Note que não fiz (e nem farei) uma afirmação de que o dólar vai para baixo dos R$ 4 na semana que vem. O câmbio é conhecido por humilhar os melhores economistas e operadores, imagina o estrago que faria em um mero escriba.
No âmbito local, o que se ouve nas mesas e nas conversas com os traders é que o mercado teria adquirido nova dinâmica, com a aprovação final da reforma da Previdência e expectativa de firme entrada de dólares com os leilões do excedente do pré-sal, previsto para 6 de setembro.
No lado do fluxo de verdade, no entanto, não temos e nem devemos ter noticias de entradas de dólar tão cedo. Por enquanto, o quadro é de saída líquida de US$ 6,8 bilhões em outubro até o dia 22, o que eleva a fuga de dólar em 12 meses para cima dos US$ 40 bilhões, algo inédito desde 1999.
Podemos ver a formação de preço como fluxo mais expectativa. Então, uma forma de avaliar como essa mudança de expectativas vira “skin in the game”, ou “pele em jogo”, é olharmos as posições futuras na B3.
Ao longo da semana, os fundos locais foram grandes vendedores de dólar futuro e cupom cambial (juro em dólar). Até ontem, último dado disponível, o estoque vendido, que pode ser visto como aposta de queda do dólar, tinha subido a US$ 5,147 bilhões, de US$ 4 bilhões no dia 18. O gringo continua carregando cerca de US$ 31 bilhões em posição comprada e os bancos estão vendidos em outros US$ 26,5 bilhões.
Leia Também
A grande "briga" entre comprados e vendidos será na quinta-feira, dia 31, que marca a formação da Ptax, taxa referencial calculada pelo BC, que liquida os contratos futuros.
Dólar sob fogo
Além desse ventos locais, temos outros vetores globais que não podem ser desprezados e que, por vezes, podem se mostrar ainda mais relevantes para a formação de preço.
Para ajudar nessa avaliação global da moeda, uso aqui um relatório da consultoria GaveKal, que nos conta que o “valorizado dólar está finalmente começando a parecer vulnerável”.
Segundo a consultoria, nos últimos 11 dias úteis, o DXY, que mede o desempenho do dólar ante uma cesta de moedas, acumula queda de 1,5%. “Uma série de fatores está pesando e se isso persistir, o dólar pode assistir a uma pronunciada queda nos próximos meses.”
Vamos aos fatores:
- O Federal Reserve (Fed), banco central americano, está “imprimindo” mais dinheiro que seus pares. Há três meses, o BC americano vinha reduzindo o tamanho do seu balanço, mas agora volta a comprar títulos, seja pelo “QE que não é QE”, que é a compra de US$ 60 bilhões por mês em títulos, seja pelas massivas operações no mercado de “repo”, necessárias para manter a liquidez no mercado interbancário e a taxa de juros dentro da meta. Para dar uma base, o Banco Central Europeu (BCE), que chama seu programa de compra de ativos de “QE” sem medo, vai comprar cerca de US$ 22 bilhões por mês. Além disso, a expectativa majoritária é de nova redução do juro básico na reunião do Fed da semana que vem.
- O risco de um Brexit sem acordo diminuiu, o que dá suporte à libra esterlina e ao ao preço do euro.
- O presidente americano, Donald Trump, fez um recuo tático na guerra comercial. Vale lembrar que a incerteza com relação a esse tema tem dado suporte ao dólar pelos últimos dois anos.
- Elizabeth Warren aumentou as chances de ser candidata pelo partido Democrata, algo que é negativo para o dólar. A política desenhada por ela resultaria em aumento de custos no mercado americano (mais impostos, regulação bancária mais estrita, etc) e redução custos de importação, já que ela tenderia a rever tarifas. É o exato oposto da política de Trump, que resultou em um fortalecimento secular do dólar.
Tanto a Gavekal quanto eu fazemos a seguinte ressalva: todos esses vetores podem se reverter. O Fed pode mudar sua política, Trump pode voltar a atacar os chineses e o Brexit, bom esse é o mais imprevisível deles.
O fato é que nas últimas semanas, mais precisamente desde a reunião de líderes e grandes formadores de opinião de mercado no Fundo Monetário Internacional (FMI), a narrativa mudou. Deixamos de ouvir e ler sobre os temores de uma recessão global e passamos a ver mais artigos e ouvir mais opiniões sobre uma desaceleração suave da economia americana.
Os EUA vinham crescendo com mais vigor que os outros pares, atraindo capital global, algo que fortalece o dólar. Agora, com os EUA perdendo ímpeto, mas sem gerar pânico de recessão, o dólar perde um pouco de atratividade, de força relativa. Esse ciclo, se confirmado, abre espaço para os mercados emergentes, Brasil entre eles, voltarem a atrair capital.
Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado
Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Tony Volpon: EUA, novo mercado emergente
Não tenham dúvidas: chegamos todos na beira do abismo neste mês de abril. Por pouco não caímos.
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Se errei, não erro mais: Google volta com o conversor de real para outras moedas e adiciona recursos de segurança para ter mais precisão nas cotações
A ferramenta do Google ficou quatro meses fora do ar, depois de episódios nos quais o conversor mostrou a cotação do real bastante superior à realidade
Vale (VALE3) sem dividendos extraordinários e de olho na China: o que pode acontecer com a mineradora agora; ações caem 2%
Executivos da companhia, incluindo o CEO Gustavo Pimenta, explicam o resultado financeiro do primeiro trimestre e alertam sobre os riscos da guerra comercial entre China e EUA nos negócios da empresa
Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale
Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal
Dona do Google vai pagar mais dividendos e recomprar US$ 70 bilhões em ações após superar projeção de receita e lucro no trimestre
A reação dos investidores aos números da Alphabet foi imediata: as ações chegaram a subir mais de 4% no after market em Nova York nesta quinta-feira (24)
Subir é o melhor remédio: ação da Hypera (HYPE3) dispara 12% e lidera o Ibovespa mesmo após prejuízo
Entenda a razão para o desempenho negativo da companhia entre janeiro e março não ter assustado os investidores e saiba se é o momento de colocar os papéis na carteira ou se desfazer deles
Por que o ouro se tornou o porto seguro preferido dos investidores ante a liquidação dos títulos do Tesouro americano e do dólar?
Perda de credibilidade dos ativos americanos e proteção contra a inflação levam o ouro a se destacar neste início de ano
Fim da linha para o dólar? Moeda ainda tem muito a cair, diz economista-chefe do Goldman Sachs
Desvalorização pode vir da relutância dos investidores em se exporem a investimentos dos EUA diante da guerra comercial com a China e das incertezas tarifárias, segundo Jan Hatzius
A culpa é da Gucci? Grupo Kering entrega queda de resultados após baixa de 25% na receita da principal marca
Crise generalizada do mercado de luxo afeta conglomerado francês; desaceleração já era esperada pelo CEO, François Pinault
Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar
China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam
Ação da Neoenergia (NEOE3) sobe 5,5% após acordo com fundo canadense e chega ao maior valor em cinco anos. Comprar ou vender agora?
Bancos que avaliaram o negócio não tem uma posição unânime sobre o efeito da venda no caixa da empresa, mas são unânimes sobre a recomendação para o papel
Bolsa nas alturas: Ibovespa sobe 1,34% colado na disparada de Wall Street; dólar cai a R$ 5,7190 na mínima do dia
A boa notícia que apoiou a alta dos mercados tanto aqui como lá fora veio da Casa Branca e também ajudou as big techs nesta quarta-feira (23)
Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia
Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell
Ibovespa pega carona nos fortes ganhos da bolsa de Nova York e sobe 0,63%; dólar cai a R$ 5,7284
Sinalização do governo Trump de que a guerra tarifária entre EUA e China pode estar perto de uma trégua ajudou na retomada do apetite por ativos mais arriscados
Banco Central acionou juros para defender o real — Galípolo detalha estratégia monetária brasileira em meio à guerra comercial global
Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Gabriel Galípolo detalhou a estratégia monetária do Banco Central e sua visão sobre os rumos da guerra comercial
Bitcoin engata alta e volta a superar os US$ 90 mil — enfraquecimento do dólar reforça tese de reserva de valor
Analistas veem sinais de desacoplamento entre bitcoin e o mercado de ações, com possível aproximação do comportamento do ouro
Dólar fraco, desaceleração global e até recessão: cautela leva gestores de fundos brasileiros a rever estratégias — e Brasil entra nas carteiras
Para Absolute, Genoa e Kapitalo, expectativa é de que a tensão comercial entre China e EUA implique em menos comércio internacional, reforçando a ideia de um novo equilíbrio global ainda incerto