Ibovespa tem o melhor pregão em mais de dois meses e sobe 2,76%; dólar cai a R$ 4,04
Sinais de maior alinhamento entre governo e Congresso deram ânimo aos mercados locais. O Ibovespa teve mais um dia de alta firme, recuperando o patamar dos 94 mil pontos, enquanto o dólar à vista caiu mais de 1%

Todo mundo entende, de maneira intuitiva, o funcionamento de uma mola. Ela se contrai ao sofrer uma pressão, mas volta a se expandir caso haja um alívio nessa força compressora.
Pois bem: o Ibovespa tem se comportado como uma mola. O índice recuou forte nos últimos dias, esmagado por fatores internos e externos. Mas, neste início de semana, a carga desses pontos de tensão está mais leve — abrindo espaço para um movimento rápido de recuperação.
Somente nesta terça-feira (21), o principal índice da bolsa brasileira teve ganhos de 2,76%, encerrando o pregão aos 94.484,63 pontos — em termos percentuais, foi o melhor pregão desde 11 de março, quando subiu 2,79%. E olha que o Ibovespa já tinha avançado 2,17% ontem.
Com as altas recentes, o índice reverteu uma parte relevante das perdas acumuladas em maio. Vale lembrar que, na última sexta-feira, o Ibovespa fechou aos 89.992,73 pontos, o que representava uma perda de 6,6% desde o início do mês. Agora, a queda em maio é de 1,94%.
O dólar à vista, que ontem teve um dia estável, também passou por uma forte despressurização hoje, fechando em queda de 1,36%, a R$ 4,0478 — a maior baixa percentual numa única sessão desde 2 de janeiro, quando a moeda americana caiu 1,83%.
E por que as molas do mercado passaram por esse alívio generalizado nesta terça-feira? Bom, grande parte da resposta está aqui dentro: basta olhar para o noticiário político.
Leia Também
Rodolfo Amstalden: Falta pouco agora
Redução nos riscos
Os agentes financeiros vinham numa sequência de dias de estresse. Afinal, no fim da semana passada, o ruído político em Brasília aumentou consideravelmente: a relação entre governo e Congresso estava deteriorada e um grupo de deputados sinalizava a entrega de uma proposta alternativa para a reforma da Previdência.
Mas esse quadro de tensão extrema perdeu força nesta semana, com o governo e as lideranças na Câmara dos Deputados mostrando discursos mais alinhados. E esse movimento de redução na percepção de risco deu novos passos nesta terça-feira.
Em primeiro lugar, notícias de que algumas Medidas Provisórias (MP) defendidas pelo governo e que estava próximas de caducarem serão cotadas pelo Congresso animaram o mercado, que entendeu o possível avanço das pautas como um sinal de que a relação entre os poderes em Brasília está mais harmônica.
Entre os temas cuja tramitação voltou ao foco está a MP que abre o setor aéreo a 100% do capital estrangeiro — o tema pode ser votado ainda nesta terça-feira pelo plenário da Câmara e pelo Senado. Segundo o Broadcast, também há a perspectiva de que a Câmara vote neste quarta-feira (22) a MP da reforma administrativa, que reorganiza os ministérios.
Quanto à tramitação da reforma da Previdência, o presidente da comissão especial da Câmara, Marcelo Ramos, garantiu a manutenção do prazo original, com apresentação do relatório do deputado Samuel Moreira até o ia 15 de junho.
"Tivemos uma onda de melhora na percepção política", diz Ari Santos, gerente da mesa de operações da H. Commcor. "As notícias da semana passada acabaram culminando numa realização muito forte, mas essa semana começou um pouco melhor".
Um segundo ponto é o posicionamento mais "moderado" do presidente Jair Bolsonaro. Fontes ouvidas pelo Broadcast afirmam que ele não participará das manifestações convocadas para o próximo domingo (26), em apoio ao seu mandato.
Essa postura do presidente contribuiu para trazer alívio às negociações, uma vez que as falas "contra a classe política" vinham trazendo desconforto ao mercado e eram entendidas como um entrave à articulação política em prol das pautas econômicas e da reforma da Previdência.
"Hoje, o mercado acompanha a percepção de melhora do clima, que pode ocasionar numa aproximação entre governo e Congresso", pondera Santos.
Dólar respira
O dólar à vista finalmente teve um dia de alívio, embora siga acima da faixa dos R$ 4,00. E, além da redução na percepção de risco político no Brasil, o tom do mercado global de câmbio também cooperou para esse movimento.
Lá fora, a moeda americana ganhou terreno em relação às divisas fortes, mas recuou na comparação com as emergentes, como o peso mexicano, o rublo russo, o peso colombiano e o peso chileno — e esse contexto externo deu um empurrão extra para o real nesta terça-feira.
As curvas de juros acompanharam o dólar e tiveram queda firme nesta terça-feira. Os DIs para janeiro de 2021, por exemplo, caíram de 6,97% para 6,87%, os com vencimento em janeiro de 2023 recuaram de 8,19% para 8,05%, e os para janeiro de 2025 foram de 8,79% para 8,63%.
Idas e vindas
No exterior, as tensões comerciais entre os governos americano e chinês seguem elevadas, mas uma "trégua" acertada por Washington animou os principais mercados acionários do mundo nesta terça-feira.
Ontem, o governo dos Estados Unidos relaxou temporariamente as restrições comerciais impostas à empresa chinesa Huawei — a maior fabricante global de equipamentos de telecomunicações. A medida vale por 90 dias e tem como objetivo minimizar os problemas para os clientes americanos da companhia.
Essa sinalização deu força às bolsas de Nova York: o Dow Jones subiu 0,77%, o S&P 500 avançou 0,85% e o Nasdaq teve ganho de 1,08%, recuperando parte das perdas de ontem. Na Europa, o tom foi igualmente positivo: o índice Stoxx 600 fechou o dia em alta de 0,54%.
Contudo, a tensão comercial entre as duas potências segue elevada. O fundador da Huawei fez pouco caso da medida e afirmou que o relaxamento das punições por parte do governo americano "não tem importância", uma vez que a companhia havia feito um estoque de microchips, antecipando-se para um cenário como o atual.
Bancos no azul
Um dos setores que mais contribuiu para o bom desempenho do Ibovespa nesta terça-feira foi o dos bancos, cujas ações avançaram em bloco desde o início do pregão.
Nesse segmento, destaque para os papéis ON do Banco do Brasil (BBAS3), que avançaram 5,71%. Itaú Unibanco PN (ITUB4) subiu 3,84%, Bradesco ON (BBAS3) teve alta de 4,32%, Bradesco PN (BBDC4) terminou com ganhos de 4,12% e as units do Santander Brasil (SANB11) valorizaram 3,51%.
Mais cedo, o Safra soltou um relatório em que analisa o atual contexto dos bancos brasileiros e o desempenho recente dos papéis do setor. A instituição elevou a recomendação do Itaú Unibanco, de neutro para "outperform" (compra), elevando o preço-alvo de R$ 38,50 para R$ 40,00.
O Banco do Brasil, por outro lado, foi mantido em "outperform" e com preço-alvo de R$ 63,50, sendo apontado pelo Safra como a melhor escolha dentre os bancos brasileiros. o Bradesco também permaneceu com classificação "outperform", mas teve o preço-alvo elevado de R$ 36,70 para R$ 40,00.
Por fim, o Santander Brasil viu seu preço-alvo ser aumentado para R$ 53,00 a unit, mas a recomendação do Safra para o ativo permaneceu em neutro.
Petrobras avança
Os papéis da Petrobras também aparecem na ponta positiva do Ibovespa nesta terça-feira, apesar do desempenho tímido do petróleo: o WTI fechou em queda de 0,17%, enquanto o Brent subiu 0,29%.
Também em relatório, o Safra informou o início da cobertura para as ações da Petrobras com recomendação de compra — as ações ON (PETR3) e PN (PETR4) da estatal têm preços-alvo de R$ 33,40 e R$ 31,80, respectivamente.
Nesse contexto, Petrobras ON avançou 2,60%, enquanto Petrobras PN teve alta de 3,80%.
CSN segue forte
Os ativos ON da CSN (CSNA3) avançaram 7,99% e lideraram as altas do Ibovespa, beneficiando-se das dificuldades enfrentadas pela Vale — apesar de atuar primariamente no ramo de siderurgia, a CSN também possui operações de mineração relevante.
Assim, em meio à incerteza que ronda a Vale em relação ao possível rompimento da barragem Sul Superior da mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais (MG), o mercado acaba optando buscando uma outra opção de investimento no setor de mineração — e a CSN é a empresa que mais se aproxima.
As ações ON da Vale (VALE3) também operam em alta nesta terça-feira, mas terminaram com ganhos mais modestos, de 1,41%.
Céu de brigadeiro
Com a perspectiva de votação da MP do setor aéreo, as ações da Gol e da Azul despontaram entre as maiores altas do Ibovespa nesta terça-feira. Além disso, o forte alívio no dólar também deu força aos ativos das empresas, uma vez que elas possuem boa parte de seus custos denominados na moeda americana.
Ao fim do pregão, os papéis PN da Gol (GOLL4) tinham ganho de 6,95%, o segundo melhor desempenho do índice. Azul PN (AZUL4), por sua vez, subiu 5,48%.
Frigoríficos em queda
As ações do setor de frigoríficos, que contabilizaram ganhos expressivos nas últimas semanas, apareceram entre os destaques negativos do Ibovespa nesta terça-feira, na contramão do restante do índice. Foi o caso de JBS ON (JBSS3), que caiu 6,54%; de BRF ON (BRFS3), com baixa de 5,59%; e de Marfrig ON (MRFG3), em queda de 1,95%.
Rajada para o alto
Fora do Ibovespa, quem está se deu bem hoje foi a Taurus Armas. A empresa entende que o decreto assinado pelo presidente Bolsonaro em 7 de maio, flexibilizando o acesso de civis ao porte de armas, pode facilitar a compra do fuzil T4 pela população.
Segundo a fabricante de armas, já há uma fila de espera de 2 mil clientes para o produto. Como resultado, as ações ON da Taurus (FJTA3) subiram 4,84%, enquanto os papéis PN (FJTA4) avançaram 7,60%.
Fundos imobiliários: ALZR11 anuncia desdobramento de cotas e RBVA11 faz leilão de sobras; veja as regras de cada evento
Alianza Trust Renda Imobiliária (ALZR11) desdobrará cotas na proporção de 1 para 10; leilão de sobras do Rio Bravo Renda Educacional (RBVA11) ocorre nesta quarta (30)
Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado
Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos
Azul (AZUL4) volta a tombar na bolsa; afinal, o que está acontecendo com a companhia aérea?
Empresa enfrenta situação crítica desde a pandemia, e resultado do follow-on, anunciado na semana passada, veio bem abaixo do esperado pelo mercado
Prio (PRIO3): banco reitera recomendação de compra e eleva preço-alvo; ações chegam a subir 6% na bolsa
Citi atualizou preço-alvo com base nos resultados projetados para o primeiro trimestre; BTG também vê ação com bons olhos
Bolsa de Metais de Londres estuda ter preços mais altos para diferenciar commodities sustentáveis
Proposta de criar prêmios de preço para metais verdes como alumínio, cobre, níquel e zinco visa incentivar práticas responsáveis e preparar o mercado para novas demandas ambientais
Tupy (TUPY3): Com 95% dos votos a distância, minoritários devem emplacar Mauro Cunha no conselho
Acionistas se movimentam para indicar Cunha ao conselho da Tupy após polêmica troca do CEO da metalúrgica
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Tony Volpon: EUA, novo mercado emergente
Não tenham dúvidas: chegamos todos na beira do abismo neste mês de abril. Por pouco não caímos.
Azul (AZUL4) chega a cair mais de 10% (de novo) e lidera perdas do Ibovespa nesta segunda-feira (28)
O movimento de baixa ganhou força após a divulgação, na última semana, de uma oferta pública primária
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Nova temporada de balanços vem aí; saiba o que esperar do resultado dos bancos
Quem abre as divulgações é o Santander Brasil (SANB11), nesta quarta-feira (30); analistas esperam desaceleração nos resultados ante o quarto trimestre de 2024, com impactos de um trimestre sazonalmente mais fraco e de uma nova regulamentação contábil do Banco Central
Prio (PRIO3): Conheça a ação com rendimento mais atrativo no setor de petróleo, segundo o Bradesco BBI
Destaque da Prio foi mantido pelo banco apesar da revisão para baixo do preço-alvo das ações da petroleira.
Negociação grupada: Automob (AMOB3) aprova grupamento de ações na proporção 50:1
Com a mudança na negociação de seus papéis, Automob busca reduzir a volatilidade de suas ações negociadas na Bolsa brasileira
Evasão estrangeira: Fluxo de capital externo para B3 reverte após tarifaço e já é negativo no ano
Conforme dados da B3, fluxo de capital externo no mercado brasileiro está negativo em R$ 242,979 milhões no ano.
Smart Fit (SMFT3) entra na dieta dos investidores institucionais e é a ação preferida do varejo, diz a XP
Lojas Renner e C&A também tiveram destaque entre as escolhas, com vestuário de baixa e média renda registrando algum otimismo em relação ao primeiro trimestre
Ação da Azul (AZUL4) cai mais de 30% em 2 dias e fecha semana a R$ 1,95; saiba o que mexe com a aérea
No radar do mercado está o resultado da oferta pública de ações preferenciais (follow-on) da companhia, mais um avanço no processo de reestruturação financeira
Ibovespa: Dois gatilhos podem impulsionar alta da bolsa brasileira no segundo semestre; veja quais são
Se nos primeiros quatro meses do ano o Ibovespa tem atravessado a turbulência dos mercados globais em alta, o segundo semestre pode ser ainda melhor, na visão estrategista-chefe da Empiricus
Se errei, não erro mais: Google volta com o conversor de real para outras moedas e adiciona recursos de segurança para ter mais precisão nas cotações
A ferramenta do Google ficou quatro meses fora do ar, depois de episódios nos quais o conversor mostrou a cotação do real bastante superior à realidade
OPA do Carrefour (CRFB3): de ‘virada’, acionistas aprovam saída da empresa da bolsa brasileira
Parecia que ia dar ruim para o Carrefour (CRFB3), mas o jogo virou. Os acionistas presentes na assembleia desta sexta-feira (25) aprovaram a conversão da empresa brasileira em subsidiária integral da matriz francesa, com a consequente saída da B3
Vale (VALE3) sem dividendos extraordinários e de olho na China: o que pode acontecer com a mineradora agora; ações caem 2%
Executivos da companhia, incluindo o CEO Gustavo Pimenta, explicam o resultado financeiro do primeiro trimestre e alertam sobre os riscos da guerra comercial entre China e EUA nos negócios da empresa