🔴 A TEMPORADA DE BALANÇOS DO 1T25 JÁ COMEÇOU – CONFIRA AS NOTÍCIAS, ANÁLISES E RECOMENDAÇÕES

Victor Aguiar

Victor Aguiar

Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e com MBA em Informações Econômico-Financeiras e Mercado de Capitais pelo Instituto Educacional BM&FBovespa. Trabalhou nas principais redações de economia do país, como Bloomberg, Agência Estado/Broadcast e Valor Econômico. Em 2020, foi eleito pela Jornalistas & Cia como um dos 10 profissionais de imprensa mais admirados no segmento de economia, negócios e finanças.

Sem medo da corda bamba

Balança, mas não cai: apesar das instabilidades, Ibovespa tem a quarta semana de alta

O Ibovespa fechou o pregão desta sexta-feira no campo positivo, terminando a semana com um ganho acumulado de 1,27%. O novo corte na Selic e as indicações de que esse ciclo deve continuar deram ânimo à bolsa brasileira

Victor Aguiar
Victor Aguiar
20 de setembro de 2019
10:30 - atualizado às 14:28
Homem cruzando uma corda bamba no mirante de Taft Point, no Parque Nacional Yosemite, na California
Homem cruzando uma corda bamba no mirante de Taft Point, no Parque Nacional Yosemite, na California - Imagem: Jeff P/Flickr

O percurso do Ibovespa parecia especialmente ameaçador nesta semana. As decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos e as incertezas do noticiário referente à guerra comercial faziam a corda bamba dos mercados  chacoalhar como nunca — nesse cenário, uma queda não seria surpreendente.

O que já parecia difícil em teoria ficou ainda mais complicado na prática: uma rajada de vento vinda do Oriente Médio trouxe instabilidade extra ao trajeto. Ataques às refinarias da Aramco na Arábia Saudita provocaram um frenesi no mercado de câmbio e mexeram com o equilíbrio das bolsas.

Mas, passo a passo, o Ibovespa foi conseguindo avançar. As pernas chacoalharam em alguns momentos, mas o principal índice da bolsa brasileira não se intimidou pelos desafios. Pelo contrário: fechou o pregão desta sexta-feira em alta de 0,46%, aos 104.817,40 pontos e, com isso, acumulou ganho de 1,27% na semana.

Essa foi a quarta semana consecutiva em que o Ibovespa registra desempenho positivo: em 23 de agosto, o índice estava ao redor dos 97 mil pontos. Em linhas gerais, esse avanço contínuo se deve aos desdobramentos mais amigáveis das disputas entre Washington e Pequim e à expectativa de corte de juros no Brasil e nos EUA.

E, nessa semana, os dois fatores tiveram desenvolvimentos majoritariamente positivos. Assim, o Ibovespa seguiu com coragem para continuar caminhando na corda bamba — e, pelo menos por enquanto, sem dar sinais de desequilíbrio.

Tempestade de areia

No início da semana, os agentes financeiros foram pegos de surpresa pelos ataques a duas refinarias da Aramco, comprometendo a capacidade de produção de petróleo da Arábia Saudita. Rebeldes do Iêmen assumiram a autoria da ação, mas os governos americano e saudita acusaram o Irã de estar por trás do ocorrido.

Leia Também

Independente de quem foi o autor, fato é que a situação provocou forte volatilidade no mercado de commodities: na segunda-feira, os contratos do Brent e do WTI para novembro dispararam mais de 14%. Nas bolsas, o tom foi de cautela, em meio aos temores de uma nova escalada nos atritos geopolíticos no Oriente Médio.

No Brasil, a disparada do petróleo impulsionou as ações da Petrobras. Assim, o Ibovespa conseguiu se equilibrar: a maior aversão global ao risco foi compensada pelos ganhos dos papéis da estatal — e o índice como um todo não sofreu com grandes oscilações por causa do temor externo.

No dia seguinte, a dinâmica foi a contrária: sinais de que a produção saudita de petróleo não seria tão afetada fez os preços da commodity recuarem, o que fez a aversão ao risco diminuir e os papéis da Petrobras caírem. Novamente, os dois fatores se anularam, deixando o Ibovespa sem maiores volatilidades.

Tremores centrais

Na quarta-feira (18), tivemos o dia D para os mercados: durante a tarde, seria conhecida a decisão de juros dos Estados Unidos; no início da noite, seria a vez do Brasil ter novidades no front da política monetária.

E, em linhas gerais, tudo correu conforme o planejado: o Fed cortou os juros americanos em 0,25 ponto, enquanto o Copom reduziu a Selic em 0,50 ponto — movimentos em linha com as estimativas do mercado financeiro.

No entanto, diferenças nas sinalizações emitidas pelas duas autoridades monetárias geraram trepidações na corda bamba. Nos Estados Unidos, o Fed deu a entender que a porta estava aberta para novas reduções de juros no futuro, mas o presidente da instituição, Jerome Powell, adotou um tom menos enfático em sua coletiva de imprensa.

Sempre que questionado a respeito dos próximos passos do BC americano, Powell ressaltou que a instituição irá agir de acordo com os sinais emitidos pelos dados econômicos, sem se comprometer de antemão com novos cortes. Essa postura mais hesitante acabou decepcionando os agentes financeiros no exterior.

No entanto, o Ibovespa não foi afetado por essa dose maior de cautela vista lá fora, já que, por aqui, o Copom adotou uma postura contrária à do Fed: o BC brasileiro foi enfático ao sinalizar que novas reduções na Selic irão ocorrer neste ano, o que fez muitos bancos e instituições financeiras revisarem para baixo suas previsões para a taxa básica de juros a fim do ano.

Em geral, a Selic mais baixa diminui a rentabilidade dos investimentos em renda fixa atrelados à taxa de juros. Assim, quem quer ter rendimentos mais elevados precisa buscar alternativas que envolvam riscos maiores — e a bolsa tem exatamente esse perfil. Desse jeito, apesar do exterior mais tenso, o Ibovespa continuou caminhando.

Guerra comercial chacoalhando

Por fim, a guerra comercial foi o destaque da sessão desta sexta-feira. E tivemos uma peça em dois atos: durante a manhã, o clima era de otimismo em relação às negociações entre EUA e China. Mas, durante a tarde, a cautela voltou a reinar entre os mercados.

Desde quinta-feira, uma delegação chinesa estava em Washington para acertar as bases da nova rodada formal de negociações entre os dois países, prevista para outubro.

E, nesse contexto, uma sinalização do governo americano trouxe otimismo aos agentes financeiros: nesta manhã, o escritório do representante de comércio dos EUA excluiu temporariamente 437 produtos chineses da lista de importações do país asiático que sofre com tarifas extras para entrar em território americano.

Essa nova orientação aumentou a perspectiva quanto ao sucesso das conversas preliminares, abrindo terreno para que a rodada formal de negociações seja realizada no mês que vem — e que, de fato, seja atingido algum tipo de acerto entre as duas potências.

Só que, no início da tarde, toda essa percepção mais favorável foi por água abaixo, com a notícia de que a delegação chinesa encerrou os diálogos antes do previsto. Assim, o que antes parecia um sinal promissor no front da guerra comercial acabou virando um fator de tensão para os mercados financeiros.

Por aqui, essa virada de humor fez o Ibovespa perder força e se afastar das máximas — no melhor momento do dia, o índice bateu os 105.044,50 pontos (+0,68%). No entanto, o mercado acionário brasileiro conseguiu se sustentar no campo positivo, ao contrário das bolsas americanas.

Nos EUA, o Dow Jones (-0,59%), o S&P 500 (-0,49%) e o Nasdaq (-0,80%) fecharam o dia em baixa. Na semana, os três índices acumularam desempenhos negativos.

Dólar pressionado

No mercado de câmbio, o dólar à vista até passou por um leve movimento de despressurização nesta sexta-feira e fechou em queda de 0,22%, a R$ 4,1537. No entanto, a moeda americana acumulou alta de 1,64% na semana — na sexta-feira passada, a divisa estava cotada a R$ 4,08.

Há dois vetores que ajudam a explicar esse movimento do mercado de câmbio local: em primeiro lugar, há a redução no diferencial de juros entre Brasil e EUA, já que o corte nas taxas promovido pelo Copom, de 0,50 ponto, foi maior que o adotado pelo Fed, de 0,25 ponto.

Com isso, há um apelo menor para o chamado carry trade, operação em que investidores estrangeiros aplicam dinheiro no Brasil para lucrar com os juros bem mais elevados que os vistos nos EUA. Com a Selic cada vez menor e mais próxima às taxas americanas, ocorre o movimento contrário: a segurança do dólar é mais atrativa.

Em segundo, também há uma estratégia defensiva por parte dos agentes financeiros: com a bolsa em níveis elevados, muitos investidores optam por aumentar suas posições em dólar: caso o noticiário traga instabilidade aos mercados e provoque um correção nas bolsas, o dólar funcionará como um mecanismo de proteção para a carteira.

Juros em queda

As curvas de juros passaram por um forte movimento de ajustes negativos nos últimos dois dias, em meio às sinalizações emitidas pelo Copom de que o processo de cortes na Selic tende a continuar no futuro próximo.

Nesse cenário, os DIs para janeiro de 2021 caíram de 5,02% para 4,98% nesta sexta-feira; na ponta longa, as curvas com vencimento em janeiro de 2023 recuaram de 6,19% para 6,08%, e as para janeiro de 2025 foram de 6,81% para 6,70%.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
TCHAU, QUERIDA?

Balanço da Weg (WEGE3) frustra expectativa e ação despenca 10% na bolsa; o que fazer com a ação agora

30 de abril de 2025 - 12:48

Lucro líquido da companhia aumentou 16,4% na comparação anual, mas cresceu menos que o mercado esperava

ABRINDO A TEMPORADA

Santander (SANB11) divulga lucro de R$ 3,9 bi no primeiro trimestre; o que o CEO e o mercado têm a dizer sobre esse resultado?

30 de abril de 2025 - 11:58

Lucro líquido veio em linha com o esperado por Citi e Goldman Sachs e um pouco acima da expectativa do JP Morgan; ações abriram em queda, mas depois viraram

TREINO ATIVO

Mexendo o esqueleto: B3 inclui Smart Fit (SMFT3) e Direcional (DIRR3) na última prévia do Ibovespa para o próximo quadrimestre; veja quem sai para dar lugar a elas

30 de abril de 2025 - 11:08

Se nada mudar radicalmente nos próximos dias, as duas ações estrearão no Ibovespa em 5 de maio

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado

30 de abril de 2025 - 8:03

Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos

DERRETENDO

Azul (AZUL4) volta a tombar na bolsa; afinal, o que está acontecendo com a companhia aérea?

29 de abril de 2025 - 17:09

Empresa enfrenta situação crítica desde a pandemia, e resultado do follow-on, anunciado na semana passada, veio bem abaixo do esperado pelo mercado

DIA 7 A SELIC SOBE

Para Gabriel Galípolo, inflação, defasagens e incerteza garantem alta da Selic na próxima semana

29 de abril de 2025 - 15:26

Durante a coletiva sobre o Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do segundo semestre de 2024, o presidente do Banco Central reafirmou o ciclo de aperto monetário e explicou o raciocínio por trás da estratégia

EM ALTA

Prio (PRIO3): banco reitera recomendação de compra e eleva preço-alvo; ações chegam a subir 6% na bolsa

29 de abril de 2025 - 12:02

Citi atualizou preço-alvo com base nos resultados projetados para o primeiro trimestre; BTG também vê ação com bons olhos

GOVERNANÇA CORPORATIVA

Tupy (TUPY3): Com 95% dos votos a distância, minoritários devem emplacar Mauro Cunha no conselho

29 de abril de 2025 - 8:30

Acionistas se movimentam para indicar Cunha ao conselho da Tupy após polêmica troca do CEO da metalúrgica

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA

29 de abril de 2025 - 8:25

Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo

Insights Assimétricos

Trump quer brincar de heterodoxia com Powell — e o Fed que se cuide

29 de abril de 2025 - 6:06

Criticar o Fed não vai trazer parceiros à mesa de negociação nem restaurar a credibilidade que Trump, peça por peça, vem corroendo. Se há um plano em andamento, até agora, a execução tem sido tudo, menos coordenada.

EXILE ON WALL STREET

Tony Volpon: EUA, novo mercado emergente

28 de abril de 2025 - 20:00

Não tenham dúvidas: chegamos todos na beira do abismo neste mês de abril. Por pouco não caímos.

VOO BAIXO

Azul (AZUL4) chega a cair mais de 10% (de novo) e lidera perdas do Ibovespa nesta segunda-feira (28)

28 de abril de 2025 - 14:43

O movimento de baixa ganhou força após a divulgação, na última semana, de uma oferta pública primária

VAI PAUSAR OU AUMENTAR?

Copom busca entender em que nível e por quanto tempo os juros vão continuar restritivos, diz Galípolo, a uma semana do próximo ajuste

28 de abril de 2025 - 14:02

Em evento, o presidente do BC afirmou que a política monetária precisa de mais tempo para fazer efeito e que o cenário internacional é a maior preocupação do momento

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços

28 de abril de 2025 - 8:06

Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana

ABRINDO OS TRABALHOS

Nova temporada de balanços vem aí; saiba o que esperar do resultado dos bancos

28 de abril de 2025 - 6:05

Quem abre as divulgações é o Santander Brasil (SANB11), nesta quarta-feira (30); analistas esperam desaceleração nos resultados ante o quarto trimestre de 2024, com impactos de um trimestre sazonalmente mais fraco e de uma nova regulamentação contábil do Banco Central 

Conteúdo Empiricus

Ibovespa: Dois gatilhos podem impulsionar alta da bolsa brasileira no segundo semestre; veja quais são

25 de abril de 2025 - 14:58

Se nos primeiros quatro meses do ano o Ibovespa tem atravessado a turbulência dos mercados globais em alta, o segundo semestre pode ser ainda melhor, na visão estrategista-chefe da Empiricus

AGORA TEM FONTE

Se errei, não erro mais: Google volta com o conversor de real para outras moedas e adiciona recursos de segurança para ter mais precisão nas cotações

25 de abril de 2025 - 14:00

A ferramenta do Google ficou quatro meses fora do ar, depois de episódios nos quais o conversor mostrou a cotação do real bastante superior à realidade

TCHAU, B3!

OPA do Carrefour (CRFB3): de ‘virada’, acionistas aprovam saída da empresa da bolsa brasileira

25 de abril de 2025 - 13:42

Parecia que ia dar ruim para o Carrefour (CRFB3), mas o jogo virou. Os acionistas presentes na assembleia desta sexta-feira (25) aprovaram a conversão da empresa brasileira em subsidiária integral da matriz francesa, com a consequente saída da B3

DEPOIS DO BALANÇO DO 1T25

Vale (VALE3) sem dividendos extraordinários e de olho na China: o que pode acontecer com a mineradora agora; ações caem 2%

25 de abril de 2025 - 13:14

Executivos da companhia, incluindo o CEO Gustavo Pimenta, explicam o resultado financeiro do primeiro trimestre e alertam sobre os riscos da guerra comercial entre China e EUA nos negócios da empresa

RUMO AOS EUA

JBS (JBSS3) avança rumo à dupla listagem, na B3 e em NY; isso é bom para as ações? Saiba o que significa para a empresa e os acionistas

25 de abril de 2025 - 10:54

Próximo passo é votação da dupla listagem em assembleia marcada para 23 de maio; segundo especialistas, dividendos podem ser afetados

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar