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Eduardo Campos
Eduardo Campos
Jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo e Master In Business Economics (Ceabe) pela FGV. Cobre mercado financeiro desde 2003, com passagens pelo InvestNews/Gazeta Mercantil e Valor Econômico cobrindo mercados de juros, câmbio e bolsa de valores. Há 6 anos em Brasília, cobre Banco Central e Ministério da Fazenda.
A política como ela é

Congresso mostra os dentes ao tirar Coaf de Sergio Moro, mas redes sociais rugem de volta

Congresso tenta impor derrota ao governo, mas atinge mesmo o popular ministro da Justiça e atiça a ira dos apoiadores do ex-juiz da Lava Jato. Bolsonaro espera que mudança seja revertida

Eduardo Campos
Eduardo Campos
9 de maio de 2019
16:13 - atualizado às 19:30
Sergio Moro
Sérgio Moro - Imagem: Sérgio Castro/Estadão Conteúdo

Ao longo da semana acompanhei encafifado as manobras para retirada do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) das mãos do ministro da Justiça, Sergio Moro. Estava tentando entender a questão utilizando da lógica do mundo normal, me esquecendo da lógica política de certas movimentações.

Dentro do que chamo de lógica normal, me perguntava qual seria o motivo de tanta celeuma com um órgão eminentemente técnico, de baixo orçamento, onde um punhado de servidores analisa milhões e milhões de dados.

Se perguntarmos aos parlamentares, creio que grande parte não faz ideia de como funciona o Coaf. Assim, tanto faz essa estrutura estar no Ministério da Justiça ou de volta ao Ministério da Fazenda, agora Economia, onde esteve desde 1998, ou mesmo ficar separado em qualquer outro lugar.

Mas na lógica da política meus questionamentos pouco importam. O que os parlamentares querem com isso é mostra força, impor um desgaste ao governo Jair Bolsonaro, que precisa negociar e barganhar votos para aprovar suas Medidas Provisórias, projetos de lei e reformas.

Sergio Moro pode ser visto como um “selo de ética” do governo, figura respeitada e admirada pela população, sendo mais popular, por grande margem, que o próprio presidente. Atacar e impor uma derrota a uma figura desses é uma grande demonstração de força.

Cutucando as redes com vara curta

No entanto, essa estratégia de desgastar o Bolsonaro via Moro pode se virar contra o próprio Congresso, já que a reação das redes sociais, muito acompanhadas pelo governo, é de claro apoio ao ex-juiz da Lava Jato e de repúdio aos congressistas que votaram pela mudança na comissão que analisa a matéria.

Assim como os parlamentares, creio que grande parte da opinião pública não entende como funciona o Coaf, mas isso pouco importa. O que importa aqui é que Sergio Moro está sob ataque e precisa ser defendido. Não por acaso, o tema é o mais comentado no “Twitter”, superando 90 mil menções.

Aos olhos da política, é sim um desgaste para o governo, que não conseguiu defender um de seus principais ministros. Mas sob o olhar da opinião pública, a culpa é do Congresso.

Pode ser que essa pressão sobre os parlamentares diminuía e que prevaleça a visão política, mas também poderemos ver uma mudança de postura do Congresso quando a medida for aos plenários da Câmara e Senado. Há uma medição de forças acontecendo, resta saber para que lado a corda arrebentará.

Em live no "Facebook", na noite de quinta-feira, Bolsonaro fez um breve comentário sobre o assunto, esclarecendo que a decisão foi tomada pela comissão e dizendo esperar que os plenários da Câmara e do Senado "mantenham o Coaf lá na mão do Sergio Moro", pois é um órgão importante para combater a corrupção e lavagem de dinheiro.

Para o leitor que quiser entender o funcionamento do Coaf, fica aqui o link da matéria que fiz quanto a sigla entrou em destaque depois do caso envolvendo Flávio Bolsonaro e o ex-assessor Fabrício Queiroz. Aliás, uma das razões para parte dos parlamentares se oporem à mudança e falarem que teríamos um "órgão policialesco".

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