Incertezas com economia global e Previdência pesam nos mercados
Temor de desaceleração do crescimento global eleva aversão ao risco no exterior e influencia os negócios locais, impactados, também, pela piora na saúde do presidente

O mercado financeiro chega ao fim da primeira semana deste mês com um cenário bem mais nebuloso do que o projetado em janeiro. Após a euforia que embalou os ativos globais no mês passado, em meio a um maior apetite por risco, fevereiro já dá sinais de que eram exageradas as expectativas em relação à reforma da Previdência e à guerra comercial.
Bastaram alguns dias para os negócios locais se darem conta de que o processo de apreciação das novas regras para a aposentadoria no Congresso Nacional será bem mais longo - com riscos de diluição do texto original, o qual ainda nem se conhece. Da mesma forma, os mercados lá fora perceberam que o conflito entre Estados Unidos e China vai muito além do comércio.
Com o Congresso aberto e com o prazo para o fim da trégua tarifária entre as duas maiores economias do mundo se aproximando, a volatilidade dos ativos tende a aumentar. A diferença é que aqui ainda se espera a aprovação de alguma reforma previdenciária, daqui a alguns meses, talvez, enquanto lá fora cresce o temor de uma desaceleração global.
Além da perda de tração da economia chinesa, os dados fracos sobre a atividade na Alemanha mostram um cenário desafiador na Europa, que já está sofre com as incertezas sobre a saída do Reino Unido do bloco comum europeu. Já França e Itália entram em rota de colisão diplomática, após os piores ataques verbais de Roma “desde o fim da Guerra”.
Ao mesmo tempo, pesam nos mercados relatos de que os líderes Donald Trump e Xi Jinping não irão se encontrar para tratar da questão comercial antes do fim da trégua tarifária, no início de março. Com isso, devem entrar em vigor no próximo mês a sobretaxa de 25% em US$ 200 bilhões de produtos chineses, elevando a tensão entre os dois países.
Exterior tenso
As renovadas preocupações com as negociações comerciais sino-americana e os novos temores quanto ao crescimento econômico mundial por causa dos sinais vindos da Europa abalam os mercados internacionais nesta sexta-feira. As bolsas asiáticas encerraram em queda, com Hong Kong voltando aos negócios após a pausa pela festividade de ano-novo.
Leia Também
Mas as perdas foram mais pronunciadas em Tóquio e Seul, ao passo que na Oceania, Sydney também fechou no vermelho. No Ocidente, os índices futuros das bolsas de Nova York apontam para mais uma sessão negativa hoje, após o pessimismo sobre a questão comercial e com a economia global pressionar Wall Street ontem.
A falta de progresso em pontos delicados sobre o comércio envolvendo EUA e China cerca as incertezas de uma resolução, o que aumenta a busca por proteção em ativos seguros, fortalecendo o dólar e os bônus norte-americanos. O ouro também avança. Já o petróleo é cotado abaixo de US$ 53, enquanto o minério de ferro alcançou o maior nível desde 2014, em meio à crise envolvendo a Vale, que reduz a oferta global do metal básico.
Fora de combate
Esse desempenho negativo no exterior pode puxar um novo recuo da Bolsa brasileira e uma nova valorização do dólar hoje, com os negócios locais também impactados pela cautela frente à ausência de novidades sobre a reforma da Previdência. Aos olhos do mercado, a piora na saúde do presidente também pode afetar o andamento da agenda de reformas.
Com Jair Bolsonaro ainda “fora de combate”, o cenário político tende a ficar ainda mais nebuloso, elevando a postura defensiva dos investidores e pressionando os ativos domésticos. Ainda mais após detectarem uma pneumonia bacteriana, que irá prolongar a permanência do presidente no hospital.
Não há nova previsão de alta, após 11 dias de internação. A detecção da pneumonia pode prolongar o afastamento do presidente por, no mínimo, mais sete dias. Inicialmente, a equipe responsável pela operação estimava dez dias de internação, completados na quarta-feira. Mas a forte febre que ele teve no último domingo já havia adiado esse prazo.
Com isso, a versão definitiva para a reforma da Previdência fica em suspense, já que Bolsonaro dará a palavra final sobre temas-centrais, como a idade mínima para se aposentar. Além disso, a demora do presidente em retornar às atividades em Brasília cria margem para ruídos e incertezas sobre a agenda do governo e o estado de saúde do presidente, tornando um terreno fértil para especulações.
Ao mesmo tempo, a equipe econômica vai soltando outros “balões de ensaio”, de modo a medir a aceitação dos diversos públicos (mercado, político e população) às medidas que estão sendo analisadas. É o caso da carteira de trabalho verde e amarela, na qual o trabalhador poderá “escolher” os direitos que quer ter.
O problema é que ao ventilar essa possibilidade, sem detalhar como seria tal sistema alternativo, o ministro Paulo Guedes (Economia) acaba criando muitos assuntos de interesse e dividindo as atenções, ao invés de focar em um tema por vez. Afinal, a questão é igualmente polêmica e não fará parte da proposta (PEC) de reforma da Previdência.
IPCA em destaque
A agenda econômica desta sexta-feira traz como destaque a leitura oficial da inflação ao consumidor brasileiro em janeiro. A previsão é de que o IPCA tenha um resultado “salgado”, pressionado pelos reajustes nas tarifas de ônibus urbanos e também no grupo Educação. Com isso, a taxa mensal deve ganhar força em relação a dezembro e subir 0,4%.
Ainda assim, a taxa acumulada em 12 meses deve seguir em nível confortável, distante da meta perseguida pelo Banco Central neste ano (4,25%), em 3,8%. Os números efetivos serão divulgados às 9h, juntamente com dados sobre o custo na construção civil e sobre o desempenho da indústria regional. Já no exterior, o calendário do dia está esvaziado.
Ibovespa bate máxima histórica nesta quinta-feira (8), apoiado pelos resultados do Bradesco (BBDC4) e decisões da Super Quarta
Antes, o recorde intradiário do índice era de 137.469,27 pontos, alcançado em 28 de agosto do ano passado
Bradesco (BBDC4) salta 15% na B3 com balanço mais forte que o esperado, mas CEO não vê “surpresas arrebatadoras” daqui para frente. Vale a pena comprar as ações do banco?
Além da surpresa com rentabilidade e lucro, o principal destaque positivo do balanço veio da margem líquida — em especial, o resultado com clientes. É hora de colocar BBDC4 na carteira?
Não há escapatória: Ibovespa reage a balanços e Super Quarta enquanto espera detalhes de acordo propalado por Trump
Investidores reagem positivamente a anúncio feito por Trump de que vai anunciar hoje o primeiro acordo no âmbito de sua guerra comercial
Itaú Unibanco (ITUB4) será capaz de manter o fôlego no 1T25 ou os resultados fortes começarão a fraquejar? O que esperar do balanço do bancão
O resultado do maior banco privado do país está marcado para sair nesta quinta-feira (8), após o fechamento dos mercados; confira as expectativas dos analistas
Mesmo com apetite ao risco menor, Bradesco (BBDC4) supera expectativas e vê lucro crescer quase 40% no 1T25, a R$ 5,9 bilhões
Além do aumento na lucratividade, o banco também apresentou avanços na rentabilidade, com inadimplência e provisões contidas; veja os destaques
Klabin (KLBN11) avança entre as maiores altas do Ibovespa após balanço do 1T25 e anúncio de R$ 279 milhões em dividendos
Analistas do Itaú BBA destacaram a geração de fluxo de caixa livre (FCF) e a valorização do real frente ao dólar como motores do otimismo
Balanço fraco da RD Saúde (RADL3) derruba ações e aumenta pressão sobre rede de farmácias. Vale a pena comprar na queda?
Apesar das expectativas mais baixas para o trimestre, os resultados fracos da RD Saúde decepcionaram o mercado, intensificando a pressão sobre as ações
Bola de cristal monetária: Ibovespa busca um caminho em dia de Super Quarta, negociações EUA-China e mais balanços
Investidores estão em compasso de espera não só pelas decisões de juros, mas também pelas sinalizações do Copom e do Fed
Balanço da BB Seguridade (BBSE3) desagrada e ações caem forte na B3. O que frustrou o mercado no 1T25 (e o que fazer com os papéis agora)?
Avaliação dos analistas é que o resultado do trimestre foi negativo, pressionado pela lucratividade abaixo das expectativas; veja os destaques do balanço
Selic em alta atrai investidor estrangeiro para a renda fixa do Brasil, apesar do risco fiscal
Analistas também veem espaço para algum ganho — ou perdas limitadas — em dólar para o investidor estrangeiro que aportar no Brasil
Rafael Ferri vai virar o jogo para o Pão de Açúcar (PCAR3)? Ação desaba 21% após balanço do 1T25 e CEO coloca esperanças no novo conselho
Em conferência com os analistas após os resultados, o CEO Marcelo Pimentel disse confiar no conselho eleito na véspera para ajudar a empresa a se recuperar
É recorde: Ações da Brava Energia (BRAV3) lideram altas do Ibovespa com novo salto de produção em abril. O que está por trás da performance?
A companhia informou na noite passada que atingiu um novo pico de produção em abril, com um aumento de 15% em relação ao volume visto em março
Expectativa e realidade na bolsa: Ibovespa fica a reboque de Wall Street às vésperas da Super Quarta
Investidores acompanham o andamento da temporada de balanços enquanto se preparam para as decisões de juros dos bancos centrais de Brasil e EUA
Um recado para Galípolo: Analistas reduzem projeções para a Selic e a inflação no fim de 2025 na semana do Copom
Estimativa para a taxa de juros no fim de 2025 estava em 15,00% desde o início do ano; agora, às vésperas do Copom de maio, ela aparece em 14,75%
Smart Fit (SMFT3) e Direcional (DIRR3) entram no Ibovespa a partir de hoje; veja quem sai para dar lugar a elas
A nova composição é válida para o período de maio a agosto de 2025
Espírito olímpico na bolsa: Ibovespa flerta com novos recordes em semana de Super Quarta e balanços, muitos balanços
Enquanto Fed e Copom decidem juros, temporada de balanços ganha tração com Itaú, Bradesco e Ambev entre os destaques
Semana mais curta teve ganhos para a Bolsa brasileira e o real; veja como foram os últimos dias para Ibovespa e dólar
O destaque da semana que vem são as reuniões dos comitês de política monetária do Brasil e dos Estados Unidos para decidir sobre as taxas de juros dos seus países, na chamada “Super Quarta”
Fim do sufoco? Gol (GOLL4) fecha novo acordo com credores e avança para sair da recuperação judicial nos EUA
Companhia aérea avança no processo do Chapter 11 com apoio financeiro e mira retomada das operações com menos dívidas; ações avançam na bolsa brasileira
Um mês da ‘libertação’: guerra comercial de Trump abalou mercados em abril; o que esperar desta sexta
As bolsas ao redor do mundo operam em alta nesta manhã, após a China sinalizar disposição de iniciar negociações tarifárias com os EUA
Ibovespa deu uma surra no S&P 500 — e o mês de abril pode ter sido apenas o começo
O desempenho do Ibovespa em abril pode ser um indício de que estamos diante de uma mudança estrutural nos mercados internacionais, com implicações bastante positivas para os ativos brasileiros