De compacto a premium: a ousada jornada do novo Nissan Kicks
Com plataforma renovada, design marcante e foco em conforto e tecnologia, a segunda geração do Kicks redefine seu espaço no concorrido segmento de SUVs

A segunda geração do Nissan Kicks chega depois de nove anos com uma total transformação. Conhecendo de perto o novo SUV é notável que do antigo só lhe restou o nome. Ele está maior, mais espaçoso, mais tecnológico e seguro e agora com novo motor turbo.
Os números desde seu lançamento, em agosto de 2016, mostram a trajetória de sucesso do Kicks, com mais de 380 mil unidades vendidas até março de 2025 e no ano passado, mesmo após anúncio da chegada da nova geração, o SUV da Nissan cresceu 19%.

A Nissan decidiu manter a antiga geração à venda sob o codinome Kicks Play, para atender a um consumidor que busca um SUV de entrada, com preços entre R$ 118 mil e R$ 148 mil.
Pensando grande
A estratégia do novo Kicks, diante de toda a evolução, foi posicioná-lo ainda como compacto, mas em um patamar acima, de forma que a versão top de linha pode brigar com SUVs médios.
A renovação do Kicks começa pela plataforma, a CMF-B, a mesma do Nissan Juke, SUV compacto vendido na Europa. A vantagem dessa arquitetura é sua versatilidade, que permite aumento do espaço interno, mais conectividade e novas tecnologias.
Com foco em conforto e estabilidade, a engenharia da Nissan explica que essa plataforma oferece alta rigidez torcional, o que contribui para a solidez e segurança do veículo. Ainda há, contudo, elementos da suspensão que ajudam na estabilidade e dirigibilidade e calibração da direção elétrica para garantir uma resposta mais direta e agradável ao volante.
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O novo Kicks também recebeu um pacote especial de isolamento acústico para entregar uma melhor experiência de condução. Entre os elementos, há desde carpetes que absorvem vibração e ruído, revestimentos na caixa de rodas que retêm ruídos. Além disso, há desenho de rodas desenvolvido para gerar menos barulhos na rodagem, isolamento no capô e vidros laterais e para-brisa com tratamento acústico.
Maior e mais moderno
No porte, o novo Kicks cresceu não só em relação ao Kicks Play, mas também à concorrência. São 4,36 metros de comprimento, que o torna maior que Hyundai Creta, Honda HR-V, Volkswagen T-Cross e Chevrolet Tracker.
Em largura, com 1,80 m, o novo Kicks está mais largo que os concorrentes. Ele se iguala, por exemplo, ao Jeep Compass e ao Toyota Corolla Cross.
No design, o novo Nissan não só evoluiu como trouxe um frescor e se diferencia de SUVs com visual “genérico”: aqueles que você vê na rua e demora para descobrir qual é.

Na frente, o novo Kicks apresenta um desenho geométrico moderno com faróis de assinatura exclusiva e luzes diurnas de led. A traseira, por outro lado, conta com spoiler, antena tubarão e lanternas de led na moldura preta, além de dividir a tampa do porta-malas em dois segmentos.
As caixas de roda salientes destacam as rodas de aro 19 nas versões Exclusive e Platinum, uma novidade no segmento.
O espaço do porta-malas também o aproximam dos SUVs médios. Assim, com 470 litros de capacidade, ele é maior que o do Hyundai Creta, VW T-Cross, Honda HR-V e até o do Toyota Corolla Cross, um SUV maior. Por pouco, só perde para o Compass, que leva 476 litros.

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Motor é bom, mas vai gerar controvérsia
Junto com a nova plataforma, a Nissan inaugura no Kicks o motor de três cilindros 1.0 turboflex produzido em Resende (RJ). Não é nenhum desconhecido: é o mesmo motor Horse (produzido no Paraná) utilizado no Renault Kardian, marca com quem a Nissan mantém parceria, mas com acertos próprios.
Nos números são idênticos: até 125 cv de potência e 22,4 kgfm de torque – sempre com etanol. O desempenho fica mais divertido, no entanto, por conta da caixa automatizada de dupla embreagem de 6 marchas, que troca as marchas de forma ágil nas baixas rotações, solução vista em carros esportivos. O seletor é por botão no console central e quem gosta de trocar marcha conta com aletas no volante (paddle shift).

O peso de 1.366 kg não contribui para o consumo. Com etanol ele faz 8,3 e 9,9 km/l (cidade e estrada) e com gasolina, 11,7 e 14,3 km/l.
Não dá para comparar o Kicks com o Kardian, que pesa 200 kg a menos. Aliás, o motor é um dos trunfos do Renault.
Em avaliação, principalmente em trechos de estrada, o Kicks não decepciona, mas não empolga. Ele leva 12,4 segundos para chegar a 100 km/h, enquanto seus rivais ficam na casa dos 8 segundos ou menos, por exemplo.
A Nissan deve desenvolver em um segundo momento uma opção híbrida, que pode melhorar o desempenho, mas por ora toda a gama do novo Kicks virá com este motor turboflex.
Quem aprecia um comportamento dinâmico irrepreensível, com boa estabilidade e uma direção direta vai gostar das respostas deste SUV.
Monumento tecnológico e conforto
Por dentro, o novo Nissan Kicks reforça sua superioridade: a Nissan chama seu painel de “monólito” tecnológico. Isso porque integra em uma única peça o quadro de instrumentos e multimídia em uma área de 24,6 polegadas ou 12,3” cada tela. Nas duas versões de entrada, o cluster é menor, de 7”.

A conexão com Apple Car Play e Android Auto no multimídia é sem fio, há quatro tomadas USB-C, além de um carregador por indução.
O sistema de som da versão Platinum conta com dez alto-falantes. A imersão sonora é aprimorada pelos apoios de cabeça dos bancos dianteiros com alto-falantes embutidos, uma experiência surround única no segmento.

O carro também pode ser acionado a distância, assim como o ar-condicionado, para esfriar a cabine em dias mais quentes, por exemplo.
Capricho e estudo da Nasa
Em geral, o novo Kicks tem acabamento caprichado e com materiais macios ao toque. Na versão avaliada Platinum, aliás, a parte de baixo do painel tem revestimento de tecido, recurso que deixa o interior mais aconchegante e ajuda a abafar os ruídos externos.
Uma iluminação suave em linha contínua, que inicia nas laterais das portas dianteiras e percorre toda a extensão do painel, confere um diferencial ao interior da Platinum.
Outro destaque da cabine na versão topo de linha é o amplo teto solar panorâmico. Ele amplia o ambiente, tornando-se, portanto, um item valorizado na revenda.

O espaço é um dos melhores da categoria: o novo Kicks possui distância entre-eixos de 2,65 m, o que garante bom espaço e conforto no banco traseiro. Contudo, embora traga duas tomadas USB-C, a Nissan falha pela ausência de saídas do ar-condicionado.
A cabine possui 19 compartimentos para objetos e porta-copos capazes de acomodar garrafas de até 1 litro tanto nas portas quanto no console central.
Todos os assentos contam com a tecnologia Zero Gravity, desenvolvida pela Nissan com base em estudos da Nasa. Desta forma, ele utiliza espumas que distribuem o peso e a pressão para reduzir a fadiga e aumentar o conforto, além de evitar que os passageiros deslizem. Na prática, pode ser pouco perceptível, mas essa tecnologia ajuda muito em viagens longas.
Sistemas inéditos de segurança
O pacote de tecnologias é completado pela oferta de itens de assistências ao motorista e segurança, sempre se referindo ao modelo topo de linha Platinum.
Para se ter ideia, o Kicks tem o maior nível de sistema Adas permitido no Brasil, portanto ele dispõe com recursos como alerta de colisão frontal, tráfego cruzado, atenção do motorista e mudança de faixa.
Conta também com assistências à condução. É o caso, por exemplo, de faróis ajustáveis, monitoramento de pressão dos pneus, visão 360 graus, detector de objetos em movimento e sensores de estacionamento.

Seus sistemas avançados possuem monitoramento de ponto cego com intervenção, assistente de centralização em faixa e frenagem automática com detecção de pedestres.
Pela primeira vez, a Nissan oferece o inovador sistema de condução semi-autônoma ProPilot, que opera no nível 2 da norma SAE.
O ProPilot ajuda a prevenir acidentes ao manter o veículo alinhado às faixas, além de operar a partir de 32 km/h e ajustar a direção conforme o tráfego. Além disso, o veículo possui controle de cruzeiro adaptativo, seis airbags, sistema inteligente de partida em rampa, freio eletrônico com auto hold e alerta de objetos no banco traseiro.
Preço e estratégia
Além do motor, que para alguns pode ser fraco numa versão topo de linha, o anúncio dos preços decepcionou. Embora fosse esperado algo a partir de R$ 150 mil, por causa da versão mais cara do Kicks Play (R$ 148 mil), a estratégia da Nissan foi justamente mirar o alto e colocar seu novo Kicks num patamar intermediário.
É preciso olhar para a frente: em 2026 é esperada a chegada de mais uma novidade, desta vez, abaixo do Kicks. Um crossover de entrada ou subcompacto, aí sim bem próximo do porte do Renault Kardian.
O novo Nissan Kicks chega às lojas no dia 3 de julho, em quatro versões: Sense (R$ 164.990, por promocionais R$ 159.990), Advance (R$ 175.990 que custará no lançamento R$ 167.990), Exclusive (R$ 182.490, na estreia sairá por R$ 177.990) e Platinum (R$ 199 mil). Esta, inclusive, já em pré-venda.
Na versão de entrada Sense, o novo Kicks vem com faróis full led, rodas de 17”, multimídia de 12,3”, painel de instrumentos de 7” e sensor de estacionamento traseiro.

Já Advance adiciona rack no teto, retrovisor externo rebatível, revestimento premium nos bancos e no painel, partida remota do motor e câmeras 360°, entre outros.
A partir da Exclusive, os faróis full led possuem projetores, rodas de 19”, sensor de estacionamento dianteiro, seis alto-falantes e iluminação ambiente.
A topo de linha Platinum traz o pacote mais completo de segurança com 23 assistências, sistema de auxílio à condução ProPilot, dez alto-falantes e teto solar panorâmico.
Os principais concorrentes são o Honda HR-V (que recebe um facelift em julho, aliás), Volkswagen T-Cross e, principalmente, o Hyundai Creta, atualizado na linha 2025. Acima, fica o Jeep Compass, que também pode ser colocado na briga com a versão top de linha Platinum, por exemplo.
Os perfis mapeados pela Nissan
Antes do lançamento de um veículo, a montadora se baseia em minuciosas pesquisas de mercado, inclusive com dados compartilhados de outras fabricantes.
Os SUVs compactos fazem parte de um dos segmentos que mais cresce no Brasil e hoje já possui quase 30% do mercado.
A ideia de oferecer dois tipos de SUVs (o Kicks antigo e o novo) é alcançar o maior número de interessados nesse tipo de veículo.
Um consumidor de entrada, por exemplo, valoriza a marca e a experiência, o design externo, conforto e segurança e busca uma compra mais racional. Por isso, avalia o preço (comparado aos hatches compactos) e o custo total de posse (revisões, seguro, etc.). Para esse é oferecido o Kicks Play.
O perfil aspiracional, contudo, é voltado àquele consumidor que valoriza os elementos anteriores e soma desempenho e espaço interno, para os quais a Nissan apresenta as versões Sense e Advance do novo Kicks.
Por fim, a um perfil “emocional”, que busca qualidade de construção, tecnologia e preço competitivo aos SUVs médios é direcionada a versão premium Platinum. Por isso, vale até a briga com os SUVs maiores.
Brasil é ‘chave’ em fase de reestruturação
O novo Nissan Kicks é uma aposta ambiciosa. Ela mira o futuro com a chegada de um novo SUV subcompacto também fabricado em Resende para 2026 e agregando volume ao manter o Kicks Play à venda.

Em nível global, porém, a Nissan passa por uma crise sem precedentes, com cortes de custos e fechamento de fábricas pelo mundo.
Enquanto o Brasil recebe investimentos de R$ 2,8 bilhões para dois novos veículos e readequação da planta fluminense – com a contratação de 400 novos postos de trabalho e aumento da produção diária de 24 para 32 unidades –, a Argentina perderá sua fábrica em Córdoba e a produção da picape Frontier será direcionada para o México.
Além disso, uma fusão com a Honda anunciada no fim de 2024 não vingou e a empresa segue em busca de futuras parcerias.
Por isso, o Brasil torna-se um estratégico mercado nas Américas e entregar ao consumidor produtos desejáveis é um passo importante.
O lançamento do Kicks reflete os investimentos da Nissan no País, mas também seu reconhecimento do mercado local como fundamental para seu crescimento global, sendo crucial para consolidar sua posição diante de futuras novidades na linha de SUVs.
Conclusão
O novo Nissan Kicks representa uma guinada estratégica para a marca, posicionando-se não apenas como um SUV compacto renovado, mas como um player ambicioso no mercado automotivo brasileiro.

Com sua plataforma moderna, maior porte, design arrojado e um interior recheado de tecnologia e conforto, o Kicks de segunda geração eleva o patamar da experiência de condução.
A montadora busca atender a um público diversificado, desde o consumidor de entrada até aquele que almeja um carro premium, rivalizando, portanto, até mesmo com SUVs médio e fortalecendo sua presença no segmento de SUVs no Brasil.
Apesar de contar com motor 1.0 turboflex com potência aquém dos rivais, o carro destaca-se pelo pacote tecnológico avançado, interior confortável e sistemas de segurança, incluindo o inovador ProPilot.
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