Seminovos de luxo viram tendência no Brasil e podem custar mais caro que modelos zero km
Busca por status e a urgência por segurança revelam as dinâmicas do mercado de carros usados de alto padrão no Brasil

O segmento de carros seminovos de luxo e superesportivos no Brasil é um universo particular, movimentado por um público exigente e influenciado por fatores que vão além do simples preço.
Em uma conversa com o proprietário de uma das lojas mais conceituadas do setor na capital paulista, revelaram-se insights valiosos sobre as dinâmicas e tendências desse mercado.
O veículo, especialmente entre o consumidor premium, transcende a função da simples mobilidade. Ele se torna uma extensão da personalidade e do estilo de vida do proprietário.
Num momento em que a exposição vira regra, o carro de luxo se encaixa perfeitamente, refletindo o que a pessoa é e o que ela busca expressar para o mundo.

Polos de comércio de luxo no interior e outros estados
O mercado de seminovos premium, embora muitas vezes discreto, é vibrante e se concentra em áreas nobres de São Paulo.
Algumas cidades do interior paulista se destacam como polos de comércio de seminovos de luxo e superesportivos. Isso devido à concentração de renda, infraestrutura e presença de empresas de alto padrão.
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Campinas, São José do Rio Preto, Jundiaí e Sorocaba são cidades que apresentam crescimento econômico e expansão nesse segmento. Ribeirão Preto, mais conhecida pelo agronegócio, tem uma população de alto poder aquisitivo que impulsiona o comércio de bens de luxo, incluindo automóveis premium.
Outras regiões também têm forte presença nesse mercado. Santa Catarina, por exemplo, é um estado com oferta de carros de luxo e superesportivos, principalmente em Florianópolis e Balneário Camboriú.

Belo Horizonte e Rio de Janeiro contam com número significativo de lojas de seminovos de luxo, refletindo o poder econômico dessas capitais.
O Centro-Oeste, com Brasília e Goiânia, também mostra uma crescente demanda e oferta de veículos premium, com diversas lojas especializadas.
Compra inteligente
A preferência por seminovos no segmento de alto padrão é uma tendência consolidada. Muitos consumidores, adeptos da compra inteligente, não veem sentido em arcar com a alta depreciação inicial de um carro novo.
Eles optam por veículos seminovos de luxo que, frequentemente, rodaram poucos milhares de quilômetros. Na prática, isso representa um carro mais equipado e sofisticado por um preço significativamente mais vantajoso, mas sem perder a sensação de novo. Por fim, atrai um perfil de comprador que busca os benefícios de um carro de alto padrão sem o custo de um zero-km.
Na visão de Fifo Anspach, dono da Automiami, localizada na nobre Avenida Europa (SP), a pandemia trouxe uma particularidade. Foi a escassez de oferta de veículos novos, que impulsionou ainda mais o mercado de seminovos de alto padrão.

A falta de componentes e as interrupções na produção resultaram em longas filas de espera para carros zero-km. Esse cenário transformou o “second-hand” (segunda mão) em uma solução não apenas para automóveis, mas também para outros bens de luxo, como relógios e bolsas.
Seminovo, sim; mais caro também
A escassez de oferta de modelos muito procurados, como o Mercedes-Benz G63 e os Porsche 911 e GT3, levou a uma situação em que alguns seminovos de luxo com baixa quilometragem podiam ser vendidos por preço superior ao de um carro novo, especialmente se já estivessem blindados.

Fifo cita o Mercedes AMG G 63, um dos veículos mais cobiçados globalmente. Enquanto um exemplar zero-km custa cerca de R$ 2,2 milhões e demandaria mais de R$ 200 mil para blindagem, ele pode ser vendido como seminovo blindado (2024 com 3 mil km) por R$ 2,6 milhões. Isso acontece porque o cliente não está disposto a esperar dois anos pela entrega de um carro novo e sua posterior blindagem.

O imediatismo se tornou um fator-chave: consumidores com alto poder aquisitivo desejam a gratificação imediata, muitas vezes após um ganho financeiro expressivo. Entre a clientela de Fifo, ricos tradicionais, novos ricos, jogadores de futebol, influenciadores e até “o pessoal das bets”.
O domínio dos blindados e a busca por segurança
Dentro do segmento de superluxo, o mercado de veículos blindados é um pilar fundamental para a loja de Anspach. Ela representa uma fatia significativa de 85% de suas vendas.
Isso demonstra a intensa demanda por segurança entre os consumidores de alto poder aquisitivo no Brasil. Mesmo que outras lojas de luxo não atinjam essa mesma porcentagem, estima-se que a participação de blindados no segmento seja de, no mínimo, 50% em outras operações.

A praticidade de adquirir um carro já blindado é um diferencial crucial. Clientes não querem esperar meses por um processo de blindagem, desejam o veículo pronto para uso imediato.
Além disso, a necessidade de um blindado pode surgir de forma urgente. Muitas vezes ocorre após um incidente pessoal ou uma crescente percepção de risco, levando à busca por uma solução pronta que se encaixe no orçamento. A triste realidade da segurança pública no Brasil, com assaltos cada vez mais audaciosos – inclusive dentro de aplicativos de transporte –, reforça a urgência por essa camada de proteção.
Busca por exclusividade
A Porsche tem se consolidado como a marca de luxo mais relevante no Brasil nos últimos anos, com uma política de preços agressiva, que a torna proporcionalmente mais acessível do que em outros mercados globais.
Contudo, com a “popularização” da marca de Stuttgart no Brasil, surge uma demanda por exclusividade: clientes buscam alternativas como Porsches antigos de coleção, Aston Martin ou Ferraris para se diferenciar.

“Se todo mundo tem Porsche, do que adianta postar a minha Porsche?”, segundo diz Fifo sobre o questionamento de alguns clientes. Ele exemplifica que há uma busca por “carros que não tenham quatro iguais estacionados na porta do restaurante”.
Desafio dos elétricos de luxo
Entre os carros elétricos de luxo, o mercado enfrenta um desafio considerável. Embora os modelos 100% elétricos de entrada tenham ganhado espaço no mercado, os mais caros estão “micados”, ou seja, com vendas estagnadas.
A falta de infraestrutura de recarga para viagens mais longas, a autonomia ainda limitada de alguns modelos e uma percepção negativa generalizada (“todo mundo fala mal do elétrico”) contribuem para essa dificuldade de venda.
Modelos como o Porsche Taycan e o BYD Tan (apesar de ser um carro de viagem) ficam parados no estoque.
“A indústria automobilística de luxo, inclusive, está repensando suas estratégias e, em alguns casos, mantendo a produção de modelos a combustão ou atrasando o lançamento de elétricos devido à baixa demanda, como observado com o Porsche Macan e o Volvo EX90”, explica Fifo.
Reputação é tudo
A credibilidade é o alicerce fundamental nesse tipo de negócio. Em um mercado onde a reputação de vendedores de carros usados já foi historicamente questionada, a honestidade e a transparência são as chaves para o sucesso.

O cliente de luxo, em particular, valoriza a confiança e as indicações de pessoas em seu círculo. Muitos contatos e vendas começam nas redes sociais, sobretudo o Instagram, onde a consistência da oferta de veículos de alto valor e as recomendações de amigos em comum constroem a reputação. Para esse perfil de cliente, portanto, a confiança e a segurança de uma compra bem-feita superam uma pequena diferença de preço.
O mercado de carros seminovos de luxo e superesportivos continua em evolução. Para os interessados em hipercarros (como Lamborghini, Ferrari, McLaren), existem outros grandes nomes no país que são referência nas vendas de veículos exclusivos, inclusive online, provando que a localização física perdeu um pouco de importância diante do comércio digital.

Além da Automiami, outras lojas como Paíto Motors, de Araras (SP), e Avantgarde (BH) são referências nesse segmento. Se a preferência for por carros antigos premium, a loja L’Art (SP) é especializada em clássicos.
A confiança e a reputação, construídas ao longo do tempo, são, em última análise, os maiores ativos nesse segmento, permitindo que o negócio prospere em um mercado tão nichado e de alto valor.
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