Sem medo de Trump: BC dos EUA banca previsão de dois cortes de juros este ano e bolsas comemoram decisão
O desfecho da reunião desta quarta-feira (19) veio como o esperado: os juros foram mantidos na faixa entre 4,25% e 4,50% ao ano, mas Fed mexe no ritmo de compra de títulos
É pau, é pedra... Águas de Março bem que poderia embalar a política monetária conduzida pelo Federal Reserve (Fed) sob o governo de Donald Trump. Nesta quarta-feira (19), o banco central norte-americano manteve, como amplamente esperado, os juros na faixa entre 4,25% e 4,50% ao ano, mas enviou sinais importantes ao mercado.
“A incerteza em torno da perspectiva econômica aumentou”, diz o comunicado com a decisão. “O comitê está atento aos riscos para ambos os lados de seu mandato duplo”, acrescenta o documento, fazendo referência ao mandato duplo determinado pelo Congresso de estabilidade de preços — que significa inflação em 2% — e pleno emprego.
Embora não tenha mexido nos juros agora, o comitê de política monetária (Fomc, na sigla em inglês) alterou o ritmo de reinvestimento do Fed em títulos: o resgate passará de US$ 25 bilhões mensais para US$ 5 bilhões a partir de abril no caso dos títulos do Tesouro. No caso das hipotecas — os chamados MBs —, o montante de US$ 35 bilhões por mês foi mantido.
Durante a pandemia, o banco central norte-americano forneceu liquidez aos mercados por meio da compra de títulos do Tesouro e dos MBs. Quando a situação se normalizou, a autoridade monetária passou a enxugar o balanço vendendo — ou deixando esses papéis vencer sem reinvestir — em quantias programadas para não provocar distorções no mercado.
Ao diminuir o volume desses resgates na decisão de hoje, o Fed volta a dar algum suporte aos mercados, cuja reação inicial à decisão de hoje foi positiva.
Em Wall Street, o Dow Jones acelerou a alta para 0,57%, enquanto o S&P 500 passou a subir 0,83% e o Nasdaq, 1,20%.
Leia Também
Na renda fixa, o yield (rendimento) dos títulos do Tesouro dos EUA de dez anos — referência para o mercado — renovou a mínima do dia e chegou a 4,270%. O T-note de dois anos, mais sensíveis a mudanças na política monetária, também recuaram a 4,030%.
Por aqui, o Ibovespa acompanhou o avanço de Nova York e também acelerou os ganhos: +0,71%, aos 132.407,40 pontos, por volta de 15h20.
No mercado de câmbio, o dólar à vista acelerou a queda: -0,41%, cotado a R$ 5,6490.
- Vale destacar que as decisões de hoje não foram unânimes. O diretor do Fed, Christopher Waller, concordou na manutenção dos juros, mas votou pela continuidade da redução do balanço da autoridade monetária.
Corte de juros: é o fim do caminho?
Apenas 1% do mercado esperava um desfecho diferente para a reunião de hoje. De acordo com a ferramenta FedWatch do CME Group, 99% apostavam na manutenção dos juros agora — por isso, o que importa mesmo dessa decisão é o que vem com as águas de março: projeções atualizadas e declarações de Jerome Powell, presidente do Fed, na coletiva.
Embora o próprio Powell reafirme que são os indicadores econômicos e não as previsões dos membros do Fomc que abrem o caminho para decisões futuras do Fed, elas dão uma boa indicação do que está por vir.
E, no centro dessas projeções, está o dot plot. O famoso gráfico de pontos do Fed mostra que o banco central norte-americano se mantém no caminho de cortar os juros duas vezes este ano — a mesma previsão feita em dezembro, mês da última atualização das projeções dos membros do comitê.
O Fomc, no entanto, passou a prever uma aceleração da inflação em 2025: a previsão anterior era de 2,5% e agora é de 2,7%.
E mais: embora não preveja recessão como o mercado andou antecipando, as projeções indicam que a economia norte-americana vai crescer menos este ano: 1,7% e não mais 2,1% como antecipado em dezembro.
Dá para entender a mudança. A política comercial de Trump colocou uma incerteza enorme sobre a trajetória dos preços e da própria economia dos EUA.
TRUMP ESTÁ EMPURRANDO OS EUA PARA UMA RECESSÃO? China, Brasil e Europa "grandes de novo"?
O Fed divulga projeções a cada três meses — a última vez que isso aconteceu foi em dezembro. Confira o que mudou de lá para cá segundo as atualizações de hoje:
Juros
- 2025: mantido em 3,9%
- 2026: mantido em 3,4%
- 2027: mantido em 3,1%
- Longo prazo: mantido em 3,0%
PIB dos EUA
- 2025: 1,7% de 2,1% previstos em dezembro
- 2026: 1,8% de 2,0% previstos em dezembro
- 2027: 1,8% de 1,9% previstos em dezembro
- Longo prazo: mantido em 1,8%
Inflação medida pelo PCE
- 2025: 2,7% de 2,5% previstos em dezembro
- 2026: 2,2% de 2,1% previstos em dezembro
- 2027: mantido em 2,0%
- Longo prazo: mantido em 2,0%
Taxa de desemprego
- 2025: 4,4% de 4,3% previstos em dezembro
- 2026: mantido em 4,3%
- 2027: mantido em 4,3%
- Longo prazo: mantida em 4,2%
Com a manutenção das projeções dos membros do Fomc para os juros nesta reunião, o mercado firmou a aposta de que o primeiro corte do ano virá em junho: 63,4% enxergam a chance de uma redução de 0,25 ponto percentual (pp) da taxa, de acordo com dados do CME Group.
Powell fechando o verão
Se as águas de março fecham o verão por aqui, é Powell que fecha o dia da política monetária nos EUA — vale lembrar que temos a decisão do Copom ainda hoje.
O presidente do Fed começou suas declarações, sendo claro: as expectativas de inflação subiram recentemente e as tarifas do governo de Trump são determinantes para esse movimento.
"A incerteza sobre as mudanças na política e seus efeitos econômicos é alta, mas estamos bem posicionados para esperar maior clareza", disse ele, reafirmando que o Fed tem espaço para esperar para ver o que pode acontecer com a economia norte-americana sob o efeito das tarifas de Trump.
Powell voltou a repetir que boa parte da aceleração da inflação será transitória. Vale lembrar que, no pós-pandemia, o Fed dizia que a aceleração da inflação naquele momento era transitória. A leitura foi considerada equivocada por parte do mercado, que acusou o BC dos EUA de agir tardiamente para controlar os preços e, por isso, foi forçado a adotar um ritmo agressivo de aumento dos juros a partir de março de 2022.
De acordo com Powell, a atividade econômica segue forte nos EUA, mas chamou a atenção para consumidores mais contidos no país. "Indicadores recentes apontam para uma moderação nos gastos dos consumidores", afirmou.
O bilionário que tem mais de 100 filhos em 12 países diferentes — e que promete dividir sua herança com todos eles
Fundador do Telegram, Pavel Durov afirma ser pai de mais de 100 crianças em ao menos 12 países e diz que qualquer filho que comprove vínculo genético terá direito à herança
Bolsas de NY fecham em alta na véspera de Natal; S&P 500 e Dow Jones renovam recordes
Um dos destaques foi a Nike, que avançou quase 5% depois que o CEO da Apple, Tim Cook, comprou 50 mil ações da fabricante de calçados
Após taxa de US$ 100 mil, EUA mudam regras para obtenção de visto H-1B; entenda como vai funcionar
A medida reforça uma política de resistência progressiva da Casa Branca à imigração, e coloca no centro do controle do governo os trabalhadores especializados
Ouro em US$ 6 mil é possível: saiba até aonde o metal precioso pode chegar com os novos recordes e o que fazer agora
O ouro voltou a renovar máximas nesta terça-feira (23), pelo segundo dia consecutivo, e foi seguido de perto pela prata, que superou os US$ 70 por onça
‘Gripe K’: O que sabemos sobre nova variante do vírus H3N2 que acaba de chegar ao Brasil
Nova variante mostrou-se predominante na ‘temporada de gripe’ do hemisfério norte, e chegou ao Brasil com 4 casos confirmados recentemente; entenda
Fusão bilionária faz fortuna de Trump crescer US$ 400 milhões em um único dia
Alta de mais de 36% nas ações da Trump Media após anúncio de fusão bilionária impulsionou o patrimônio estimado de Donald Trump
Como vão ser as regras de trânsito para os carros voadores da China — e que podem virar modelo para o Brasil e para o mundo
País lançou um sistema unificado para controlar voos de baixa altitude de carros voadores e eVTOL, criando um “código de trânsito do céu” antes da popularização da tecnologia
De trenó, de skate e até de helicóptero: como o Papai Noel se vira pelo mundo para entregar os presentes
Sem neve, sem renas e sem chaminés: os trajetos improváveis do Papai Noel ao redor do planeta
Ganhar dinheiro com juros nos EUA, na Europa e até no México: as novas opções da B3 para quem quer investir de olho no exterior
A controladora da bolsa brasileira lançou três opções com base em decisões de política monetária do Fed, do BCE e do Banxico; entenda como funcionam
Pré-indicados ao Oscar 2026: Brasil aparece em quatro categorias; confira os filmes da shortlist
Produções brasileiras aparecem em diferentes frentes na disputa pelo Oscar 2026; anúncio oficial dos indicados será apenas em janeiro
Final do Intercontinental 2025: veja horário e onde assistir a Flamengo x PSG
Flamengo x PSG disputam a final da Copa Intercontinental 2025 no Catar, em duelo que vale título mundial e premiação milionária
Não uma, mas várias bolhas da IA: Deutsche Bank aponta os exageros e o que realmente pode dar errado a partir de agora
Além das bandeiras vermelhas e verdes ligadas às ações de empresas de inteligência artificial, o banco alemão também acende o sinal amarelo sobre o setor
O dólar vai subir na Argentina? Banco Central anuncia mudança de regime cambial e programa de compra de reservas
A escassez contribuiu para uma corrida contra o peso em outubro, com investidores temendo que a Argentina ficasse sem dólares para sustentar as bandas cambiais
Saída de Warren Buffett e dança das cadeiras representam o fim da Berkshire Hathaway como a conhecemos?
Movimentações no alto escalão da empresa de investimentos do Oráculo de Omaha indicam que a companhia está deixando para trás sua cultura descentralizada e migrando para uma estrutura mais tradicional
Vem aí acordo de paz entre Rússia e Ucrânia? Zelensky abre mão de ingressar na Otan com início das negociações em Berlim
O presidente ucraniano disse que, em conjunto com os europeus e os EUA, está analisando um plano de 20 pontos e que, ao final disso, há um cessar-fogo
Na corrida da IA, Kinea diz que só uma big tech é realmente magnífica e não é a Nvidia — ganho no ano beira 50%
Se a big tech que mais brilhou em 2025 até aqui teve um ganho acumulado de quase 50%, na contramão, a que foi ofuscada perdeu quase 7%
CEO da Nvidia é eleito ‘Pessoa do Ano’ pelo Financial Times e diz se vai ter bolha da IA
A fabricante de chips se tornou a primeira empresa pública do mundo a atingir US$ 5 trilhões em valor de mercado; seus papéis acumulam valorização de 36% no ano em Nova York
EUA tomam petroleiro na costa da Venezuela — o que pode acontecer com os preços de petróleo?
As cotações operam em queda nesta quinta-feira (11), com os investidores concentrados nas negociações de paz entre Ucrânia e Rússia; entenda o que mexe com o mercado agora
Os juros caíram nos EUA: as janelas de oportunidade que se abrem para o investidor brasileiro
Entenda por que a decisão do Fed desta quarta-feira (10) — que colocou a taxa na faixa entre 3,50% e 3,75% ao ano — importa, e como montar uma carteira de olho nos juros norte-americanos
A última do ano: Fed atende chamado do mercado e corta juros em 0,25 pp; a projeção para 2026 é de uma redução
No comunicado, o BC norte-americano indica que a incerteza sobre as perspectivas econômicas permanece elevada nos EUA e que os riscos negativos para o emprego aumentaram nos últimos meses