A maior paralisação da história dos EUA acabou, mas quem vai pagar essa conta bilionária?
O PIB norte-americano deve sofrer uma perda de pelo menos um ponto percentual no quarto trimestre de 2025, mas os efeitos do shutdown também batem nos juros e nos mercados
Já passava da meia-noite (de Brasília) quando Donald Trump assinou o projeto de lei que garantia o financiamento do governo norte-americano até o fim de janeiro de 2026. Acabava ali a maior paralisação da história dos EUA — mas a fatura do shutdown ainda precisa ser paga e é bilionária.
De acordo com cálculos do Escritório de Orçamento do Congresso (CBO), o impacto negativo do shutdown de 43 dias será revertido em partes, mas, mesmo assim, haverá uma perda de cerca de US$ 18 bilhões, ou mais de um ponto percentual, no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) real norte-americano do quarto trimestre de 2025.
- Durante a paralisação, estima-se que 750 mil funcionários federais foram colocados em licença não remunerada, segundo o CBO. Além disso, trabalhadores essenciais, incluindo policiais, agentes do FBI e controladores de tráfego aéreo, foram obrigados a continuar trabalhando sem receber.
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Assim como o retorno desses funcionários não se dará automaticamente, a divulgação de dados econômicos importantes também segue comprometida mesmo depois do fim do shutdown — e este é um grande problema para o mercado.
O ponto cego dos EUA
O relatório mensal de empregos do Departamento de Estatísticas do Trabalho (BLS, na sigla em inglês) referente a outubro não foi divulgado, como normalmente deveria ter sido, durante a paralisação do governo. Além disso, a divulgação dos principais dados de inflação referentes a meados de outubro foi adiada.
Nesta quarta-feira (12), a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que é provável que esses dados ainda não sejam divulgados mesmo após o fim da paralisação, pois, segundo ela, o shutdown impediu que os pesquisadores fossem a campo coletar dados brutos e urgentes.
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Isso significa que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) não terá acesso a indicadores normalmente usados para definir os juros e orientar a política econômica nos EUA.
Soma-se a isso o fato de os investidores e empresas também não terem dados essenciais para fazer previsões — nos registros históricos, os dados de outubro de 2025 criarão um ponto cego, distorcendo a análise de tendências futuras.
“Embora isso seja uma notícia bem-vinda para o Fed, alertamos que os dados de outubro podem estar sujeitos a revisões maiores, principalmente se houver limitações na coleta de dados em decorrência da paralisação”, disse Thomas Feltmate, diretor e economista-chefe da TD Economics.
Ele lembra que os contratos futuros dos fed funds atribuem uma probabilidade de 65% a outro corte da taxa na reunião dos dias 9 e 10 de dezembro — praticamente inalterada em relação à semana passada —, “mas essa probabilidade pode mudar rapidamente após a divulgação dos dados econômicos dos EUA”.
“Há uma chance muito real de recebermos poucos ou nenhum dado oficial do governo antes da reunião de 10 de dezembro. Teremos pesquisas empresariais de terceiros e números de emprego, juntamente com o Livro Bege do Fed, então os formuladores de política monetária não estarão completamente às cegas”, disse James Knightley, economista-chefe internacional do ING.
“Mas o obstáculo para a ação foi levantado, com vários membros [do Fed] indicando que não estão convencidos da necessidade de mais afrouxamento monetário. A principal questão é a escassez de indicadores de inflação”, acrescenta.
Revolução ou bolha? A verdade sobre a febre da inteligência artificial
O que a paralisação tem a ver com o boom da IA nos mercados?
Alguns especialistas chamam atenção para o efeito da bifurcação entre os consumidores norte-americanos — um fenômeno exacerbado pelo shutdown.
Nele, os 20% mais ricos estão em excelente situação financeira e continuam gastando agressivamente, enquanto os 60% mais pobres estão enfrentando dificuldades devido à inflação, preocupações com o emprego e exposição limitada à valorização de ativos.
“A paralisação do governo está contribuindo para essas tendências. Estamos observando uma maior bifurcação na economia em geral entre os setores relacionados à tecnologia, em que o boom da IA [inteligência artificial] está impulsionando gastos e lucros, e os setores não tecnológicos, nos quais o investimento é muito mais fraco”, diz Knightley, do ING.
A avaliação acontece em um momento no qual os gastos impulsionados pela inteligência artificial estão levando a negócios e avaliações recordes, e alimentando preocupações de que uma bolha está prestes a estourar.
Bolhas econômicas acontecem com uma rápida ascensão nos valores de mercado e nos preços dos ativos em uma área específica, frequentemente alimentada pela especulação, seguida por um colapso durante o qual o dinheiro é rapidamente retirado.
Dados da CB Insights mostram que mais de 1.300 startups de IA têm avaliações acima de US$ 100 milhões, com 498 unicórnios, ou empresas com avaliações de US$ 1 bilhão ou mais.
A euforia com negócios e gastos com IA está sendo comparada à bolha da internet do final da década de 1990 e até mesmo à crise financeira de 2008.
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