🔴 E-BOOK GRATUITO: CONFIRA OS PRINCIPAIS MOMENTOS DOS 100 PRIMEIROS DIAS DO GOVERNO TRUMP – BAIXE AGORA

Ana Paula Ragazzi

LANTERNINHA

Tenda (TEND3) sem milagres: por que a incorporadora ficou (mais uma vez) para trás no rali das ações do setor?

O que explica o desempenho menor de TEND3 em relação a concorrentes como Cury (CURY3), Direcional (DIRR3) e Plano & Plano (PLPL3) e por que há ‘má vontade’ dos gestores

Ana Paula Ragazzi
22 de abril de 2025
6:00 - atualizado às 12:43
Técnico de construção no primeiro plano. Atrás, duas torres com símbolo vermelho da Tenda e prédios.
A Tenda é uma empresa de capital pulverizado, sem controlador definido. Imagem: Divulgação

As empresas que atuam no segmento imobiliário voltado à baixa renda vivem um momento favorável aos negócios e têm recomendações de compra da maioria dos analistas. Mas uma incorporadora em particular atrai um misto de interesse e ressalvas no mercado: a Tenda (TEND3).

Os papéis até que apresentam um bom desempenho nos primeiros meses do ano, com uma valorização da ordem de 20% na B3. Ainda assim, estão atrás de nomes como Cury (CURY3), Direcional (DIRR3) e Plano & Plano (PLPL3).

Aliás, a Tenda sobe menos na bolsa mesmo sendo mais barata que as concorrentes — ou seja, em tese com maior potencial de valorização.

Os papéis da companhia negociam a cerca de 4 vezes o lucro estimado para 2025. Enquanto isso, algumas das concorrentes são negociadas entre 6,5x a 8,8x.

Para entender o que acontece com a Tenda, vale a pena entender o que tem atraído o mercado para as ações das incorporadoras mesmo no atual cenário de juros altos.

Blindagem contra a alta da Selic

O BTG Pactual fez uma pesquisa com 52 investidores e identificou uma “sólida exposição” ao segmento imobiliário no Brasil: 50% deles têm mais de 6% do capital no setor.

Leia Também

A preferência por incorporadoras de baixa renda é bastante clara: elas são a principal escolha de 78% dos entrevistados. Os shoppings e propriedades aparecem na preferência de 16% e as incorporadoras de média/alta renda, de apenas 6%.

As construtoras que atuam no segmento de entrada são apontadas como uma boa oportunidade de investimentos porque a maioria delas opera hoje com um nível de endividamento baixo. Além disso, elas ainda contam com o subsídio do programa governamental Minha Casa Minha Vida (MCMV).

Segundo um analista, o setor está de certa forma “blindado” dos ventos adversos da macroeconomia. Embora os juros altos afetem a oferta e a demanda, as empresas do setor — à exceção da MRV — estão desalavancadas. Assim, o encarecimento do serviço da dívida por conta dos juros elevados não é uma questão.

Já do lado da oferta, o FGTS está à disposição “faça chuva ou sol”. Em outras palavras, a Selic mais alta praticamente não afeta as incorporadoras que possuem maior exposição a projetos do Minha Casa Minha Vida.

A “má vontade” com a Tenda (TEND3)

O cenário, portanto, favorece as ações das incorporadoras que atuam com o público de baixa renda, e isso se reflete no desempenho das ações na B3.

Mas a coisa muda de figura quando chega a hora da Tenda. O desconto que o mercado exige das ações da companhia vem de um histórico operacional mais complicado em relação às concorrentes.

O mais recente ocorreu no fim de 2021, quando a empresa enfrentou uma explosão dos custos e perda de produtividade com a disparada da inflação no pós-pandemia. Um gestor que conhece bem a longa história da Tenda na bolsa admite que tem má vontade com o papel.

“Eu não sei onde vai dar ruim, se vão errar na execução ou no custo… Mas vai dar ruim… É preconceito mesmo”, disse.

Nesse sentido, qualquer ruído pode se transformar em algo grande quando acontece com a Tenda. “Acho que a ferida da perda de credibilidade ainda está aberta. Por outro lado, é uma oportunidade…”, avalia outro gestor, mais construtivo (sem trocadilho) com a empresa.

Na visão dele, existem dois tipos de crises numa companhia: quando o modelo de negócios deixa de funcionar e a empresa precisa ser reinventada; ou quando há erros de execução, por fatores internos ou externos.

“Nesse último caso não é caso de reestruturar o negócio, mas sim de ajeitar a execução e melhorar controles. E esta última situação foi a que viveu a Tenda em 2022. A empresa não mudou o modelo de negócios, não passa por uma reestruturação”, disse.

A provisão da discórdia

De certo modo, o mercado parecia disposto a dar um voto de confiança conforme a Tenda avançou na reestruturação após a crise no fim da pandemia.

A percepção de risco diminuiu de forma considerável após a divulgação dos resultados do terceiro trimestre de 2024 — logo depois disso, a ação chegou a superar os R$ 17.

Mas a alegria durou pouco.

Quando saíram os números do quarto trimestre, aconteceu o inverso. Isso porque a Tenda decidiu aumentar a provisão de inflação refletida em seus orçamentos, que passou de 5% para 7% ao ano.

Além disso, a incorporadora lançou R$ 12,7 milhões em “provisões adicionais de eventuais e investimentos em inovação, visando mitigar o impacto da mão de obra nos custos de construção”. As provisões afetaram negativamente a margem e o lucro. 

Pagando pelo conservadorismo?

Na visão de um gestor mais otimista com a Tenda, a companhia desta vez está sendo punida pelo conservadorismo.

“A companhia é criticada por ser muito agressiva e desta vez tentou dar uma sinalização positiva, de que se acontecesse algo como ocorreu em 2021 já estaria preparada, mas acabou sendo mal compreendida.”

No ano passado, com o temor de que a alta do dólar impactasse fortemente os preços de matérias-primas, como o aço e o concreto, o mercado estava muito preocupado com a possibilidade de que uma alta do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) levasse a um novo estouro de custos. 

Para o analista de uma gestora, a gestão da Tenda fez o provisionamento para dizer ao mercado: “meu lucro está bom, estou dentro do guidance, podem ficar despreocupados porque estou deixando uma gordura aqui para queimar, caso o INCC volte a ficar acima de 10%.”

Segundo ele, pensar assim faz sentido para a Tenda. Só que nenhuma outra companhia lançou qualquer provisão adicional. “Depois daquele estresse todo, o dólar voltou para R$ 5,80 e sumiu a discussão de preço de materiais.”

Quando a pressão sobre o dólar diminuiu e mesmo assim a Tenda veio com as provisões, parte do mercado interpretou o movimento como um sinal de que algo mais pode estar errado com a companhia.

“Essa leitura fez o papel descolar dos pares. As pessoas têm receio de qualquer coisa que saia do script”, disse o analista.

Tira-teima vem agora

Com a situação atual, de câmbio mais controlado e preço das commodities recuando, a expectativa é que a Tenda reverta essa provisão e as margens venham melhores no balanço do primeiro trimestre.

“Não existe problema no negócio outra vez. O caixa da empresa está aí para não deixar qualquer confusão na cabeça do mercado. O caixa não mente”, disse uma fonte de mercado.

A geração de caixa da Tenda no quarto trimestre foi recorde, de R$ 83,6 milhões, o que contribuiu para a redução do endividamento da companhia. A alavancagem medida pela relação entre dívida líquida corporativa e patrimônio líquido fechou o 4T24 em -10,3%, frente a um limite fixo de 15%. O resultado do primeiro trimestre sai em 8 de maio.

Prévia positiva

A prévia de resultados operacionais do primeiro trimestre divulgada pela Tenda no último dia 8 de abril não tira a razão de quem se mantém mais esperançoso com o papel. 

A empresa registrou números fortes, com crescimento de 13% nas vendas líquidas e alta nos lançamentos — foram 10 novos projetos durante o trimestre, totalizando R$ 921 milhões, uma alta de 21%.

“Continuamos confiantes na trajetória da empresa, pois observamos sinais claros de que o pior já passou: a alavancagem está diminuindo, as margens e o ROE estão melhorando, e a Alea [braço para a construção de casas de madeira] está ganhando escala”, escreveram os analistas do BTG Pactual, reiterando recomendação de compra.

Eles também destacaram que a Tenda transferiu R$ 772 milhões em recebíveis para bancos no 1T25, “o que deve suportar uma forte geração de caixa para o trimestre”.

Os analistas do Itaú BBA, destacaram que a velocidade de vendas da Tenda atingiu 26% no primeiro trimestre de 2025, ante 23% no trimestre anterior, com lançamentos 15% acima do esperado.

O Itaú BBA tem recomendação market perform (equivalente a neutra) para as ações da companhia, com preço-alvo de R$ 15.

Para o Citi e o JP Morgan, os dados operacionais do primeiro trimestre mostraram um início de ano promissor. O relatório do Citi destacou que as unidades canceladas na Tenda mantiveram estabilidade, ficando em 9,7%, e apresentaram alívio na Alea, indo de 29,5% no fim de 2024 para 16,2%. “O desempenho alivia, desta forma, um ponto de preocupação do último trimestre”, escreveram os analistas.

O Citi tem recomendação de compra/alto risco para as ações da Tenda. O JP Morgan está overweight, também equivalente a compra

Desde a divulgação da prévia, as ações da Tenda sobem 10% e na quinta-feira (17) fecharam a R$ 15,95.

O fator confiança

Mesmo assim, boa parte do mercado segue com o pé atrás: “Depois que quebrou a confiança, fica difícil de acreditar de novo. Alguns heróis ficam comprando o discurso da empresa de que está barato. Não acho que vale o risco”, disse outro gestor. 

A Tenda é uma empresa de capital pulverizado, sem controlador definido. O principal acionista é a gestora de recursos Polo Capital, com 25,09% das ações. Outros investidores relevantes são Total Return Investment (7,18%) e Santander Brasil (6,27%). A empresa vale aproximadamente R$ 1,8 bilhão na bolsa.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
SONHO CANCELADO

Senado da Itália aprova decreto-lei que dificulta cidadania italiana para brasileiros; quais os próximos passos?

15 de maio de 2025 - 18:18

Proposta passou por algumas mudanças, mas mantém o item mais polêmico: o limite geracional dos pedidos de documentação

NOVA MÁXIMA

Mais um recorde para conta: Ibovespa fecha acima dos 139 mil pontos pela primeira vez; dólar cai a R$ 5,68

15 de maio de 2025 - 18:12

A moeda norte-americana recuou 0,80% e terminou a quinta-feira (13) cotada a R$ 5,6831, enquanto o Ibovespa subiu 0,66% e encerrou o dia aos 139.334,38 mil pontos

COMO É QUE É?

Trump dá ‘bronca’ em Tim Cook, CEO da Apple, por produção de iPhone fora da China; entenda essa história

15 de maio de 2025 - 17:41

Apple tenta mascarar os efeitos das tarifas enquanto procura alternativas para evitar os danos da guerra comercial entre EUA e China

15 ANOS DE LUTA

Ressarcimento por perdas na poupança com planos Bresser, Verão e Collor volta ao centro do debate no STF após anos de espera

15 de maio de 2025 - 17:33

Ministros retomam julgamento nesta sexta-feira (16) de ação que começou em 2009, com brasileiros pedindo a correção justa de suas aplicações nos anos 1980 e 1990

PAGANDO AS CONTAS

FTX vai distribuir mais de US$ 5 bilhões em nova fase de reembolsos; confira quem tem direito

15 de maio de 2025 - 17:24

Segunda etapa de reembolsos começa em 30 de maio; valores devem ser creditados nas contas em um prazo de 1 a 3 dias úteis

RECORDE ATRÁS DE RECORDE

Ação da Moura Dubeux (MDNE3) atinge o maior valor desde a estreia na bolsa — comprar ou vender agora? 

15 de maio de 2025 - 17:10

Saiba o que os grandes bancos recomendam depois dos resultados dos três primeiros meses do ano e do atual ambiente de juros altos

O VILÃO FOI O COELHO

Americanas (AMER3): prejuízo de R$ 496 milhões azeda humor e ação cai mais de 8%; CEO pede ‘voto de confiança’

15 de maio de 2025 - 16:31

A varejista, que enfrenta uma recuperação judicial na esteira do rombo bilionário, acabou revertendo um lucro de R$ 453 milhões obtido no primeiro trimestre de 2024

GATILHO A CAMINHO?

Bank of America muda o preço-alvo para as ações da JBS (JBSS3) após teleconferência de resultados do 1T25; veja o que fazer com os papéis

15 de maio de 2025 - 16:29

A reavaliação acontece sob a luz de novos argumentos relacionados à dupla listagem da JBS na bolsa brasileira e americana

CACD 2025

Itamaraty abre 50 vagas para diplomata com salário de R$ 22,5 mil — veja como participar do concurso

15 de maio de 2025 - 16:27

As inscrições para um dos concursos mais difíceis e disputados do país começam nesta sexta-feira (16) e vão até 4 de junho

ÀS COMPRAS

Com lugar no conselho, Família Diniz amplia fatia no Pão de Açúcar (PCAR3); ação chega a subir 8%

15 de maio de 2025 - 15:22

A Família Diniz agora detém 10% do capital social da empresa, depois de ter conquistado um assento no Conselho de Administração

INVESTIMENTO RESPONSÁVEL

Sai WEG (WEGE3), entra Cosan (CSAN3): confira as mudanças na carteira ESG do BTG Pactual em maio

15 de maio de 2025 - 15:03

A carteira investe em ativos com valuation atrativo e é focada em empresas que se beneficiam ou abordam temas ambientais, sociais e de governança

CASAMENTO DE GIGANTES

Por que Uber e iFood decidiram unir forças e compartilhar serviços em seus aplicativos

15 de maio de 2025 - 15:01

A integração dos serviços começará em cidades selecionadas no segundo semestre, com expansão para todo o país prevista em seguida

IR 2025

Rendimentos isentos vs. rendimentos tributáveis: quais são os tipos de renda segundo a tributação e o que é o tal imposto retido na fonte

15 de maio de 2025 - 14:00

Tipo de tributação influencia na forma de declarar cada rendimento. Conheça os rendimentos isentos, os que têm imposto de renda retido na fonte e os sujeitos ao ajuste anual

A TURBULÊNCIA CONTINUA

Azul (AZUL4): dívida alta e desempenho abaixo do esperado preocupam bancões; veja o que fazer com as ações

15 de maio de 2025 - 13:57

A Azul reportou um prejuízo líquido ajustado de R$ 1,816 bilhão no 1T25, salto de 460,4%ante os R$ 324,2 milhões registrado no mesmo período de 2024

AÇÕES EM DISPARADA

Ser Educacional (SEER3) tem o melhor dia de sua história na bolsa — mas talvez você não devesse comprar as ações. Entenda por quê

15 de maio de 2025 - 13:27

Apesar da reversão do prejuízo registrado no primeiro trimestre de 2024 e da receita acima das expectativas, BTG, Santander e JP Morgan não acham que seja hora de comprar as ações. Veja os números e entenda os motivos

CONTRA A MUDANÇA CLIMÁTICA

De Maya Gabeira a Marina Grossi: conheça os 30 enviados especiais escolhidos para mobilizar os debates da COP30

15 de maio de 2025 - 13:21

Os enviados especiais devem ajudar a mobilizar atores importantes e levar suas ideias e demandas para a liderança da COP30

CIBERSEGURANÇA

Coinbase é vítima de vazamento de dados e se recusa a pagar US$ 20 milhões a criminosos; veja que informações foram expostas

15 de maio de 2025 - 13:11

Criminosos subornaram funcionários para obter dados sensíveis; corretora promete ressarcir os clientes afetados e criou um fundo de recompensa de US$ 20 milhões por informações que levem à prisão dos responsáveis

DEPOIS DO CALVÁRIO

Ação da Oi chega a subir mais de 20% e surge entre as maiores altas da bolsa. O que o mercado gostou tanto no balanço do 1T25?

15 de maio de 2025 - 13:03

A operadora de telefonia ainda está em recuperação judicial, mas recebeu uma ajudinha para reverter as perdas em um lucro bilionário nos primeiros três meses do ano

SETE ANOS NOS TRIBUNAIS

Fim da disputa pela Eldorado: J&F compra a fatia da Paper Excellence e retoma controle total da empresa; entenda

15 de maio de 2025 - 12:06

Em 2017, a J&F vendeu a Eldorado por R$ 15 milhões para a Paper Excellence; depois, no entanto, as empresas passaram a trocar acusações que impediram a conclusão do negócio

PODIA SER PIOR

Eletrobras (ELET3) decepciona no primeiro trimestre e ações caem mais de 3%, mas nem tudo está perdido e analistas veem luz no fim do túnel

15 de maio de 2025 - 11:37

Preços mais baixos de energia no Norte e Nordeste pesaram sobre o balanço, mas controle de custos e provisões foi surpresa positiva e dá ânimo para a Eletrobras no curto prazo

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar