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Bia Azevedo

Bia Azevedo

Jornalista pela Universidade de São Paulo (USP), já trabalhou como coordenadora e editora de conteúdo das redes sociais do Seu Dinheiro e Money Times. Além disso, é pós-graduada em Comunicação digital e Business intelligence pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).

O ELEFANTE NA SALA

O jogo arriscado dos Coelho Diniz no Pão de Açúcar (PCAR3): afinal, o que eles querem com a varejista?

De acordo com um gestor com quem o Seu Dinheiro conversou, a resposta é simples: comprar um player relevante a preço de banana. Mas esta é uma aposta arriscada

Bia Azevedo
Bia Azevedo
29 de agosto de 2025
7:01 - atualizado às 11:36
A imagem mostra duas lojas lado a lado. À esquerda, a fachada de uma loja com o nome "Coelho Diniz" em amarelo, destacando uma estrutura de prédio com garagens e bicicletas estacionadas. À direita, a fachada de uma loja do Pão de Açúcar, com a logo verde e uma estrutura moderna de vidro e metal, destacando a entrada e as prateleiras expostas
Imagem: Reprodução

O sonho de arrematar uma das marcas mais conhecidas do varejo brasileiro, o Pão de Açúcar (PCAR3), por um valor relativamente pequeno parece ter encantado a família Coelho Diniz, que foi chegando de mansinho até atingir uma participação de 24,6% no grupo, tentando emplacar mais nomes no conselho — além do atual representante, André Coelho Diniz.

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De acordo com um gestor com quem o Seu Dinheiro conversou, a família mineira deve estar encantada demais para ver o elefante no meio da sala: a dívida considerada impagável do GPA, que chegou a R$ 2,6 bilhões no segundo trimestre deste ano.

A alavancagem, medida pela relação entre a dívida líquida e o Ebitda Ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado, ficou em 3 vezes, patamar considerado alto pelo BTG Pactual, que classifica a tese como “uma das mais arriscadas do varejo de alimentos”. Só o encargo da dívida custou R$ 165 milhões à companhia no período.

O que os Coelho Diniz querem no Grupo Pão de Açúcar?

“Eles parecem estar encantados pelo valor do cheque. Você consegue controlar a empresa pagando pouco. Eles acham que vão conseguir arrematar um player relevante, que tem uma marca forte. Mas nisso, eles acabam levando uma dívida impagável junto”, diz o gestor.

Cabe ressaltar que a família Coelho Diniz não tem ligação com o bilionário falecido Abílio Diniz, que popularizou a rede no Brasil. É apenas uma coincidência o sobrenome ser o mesmo. Os Coelho Diniz são donos de uma rede de supermercados no interior de Minas Gerais (MG), que hoje opera mais de 20 lojas.

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O mercado também dá impressão de estar se animando com a ideia de que os Coelho Diniz possam ajudar a empresa a sair do buraco, justamente por essa experiência com o varejo alimentício.

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Na última segunda-feira (25), as ações PCAR3 fecharam o dia em alta de quase 9% após a família pedir uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) para conseguir mais cadeiras no alto escalão da companhia, além de destituir o atual conselho. 

No entanto, a visão do gestor com quem conversamos é: o negócio não é viável a não ser que alguém sente à mesa e comece a renegociar as dívidas com os credores, algo que ele não acredita ser provável.

“A empresa pode estar valendo R$ 1,7 bilhão, mas tem uma dívida de mais de R$ 2,6 bilhões. Tem que parar de achar que o valor da sua empresa significa alguma coisa quando  tem muita dívida, não significa nada, tem que colocar o bolo inteiro na conta”, diz.

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E as ações?

De acordo com um relatório do JP Morgan, por mais que a companhia esteja apresentando sinais de melhora operacional com o turnaround iniciado em 2022, a dívida ofusca os avanços. O banco tem recomendação de venda para os papéis. O UBS BB também recomenda a venda dos papéis por motivos relacionados ao endividamento.

O BTG Pactual, Itaú BBA e XP Investimentos têm recomendação neutra.

O gestor com quem conversamos ainda complementa que: “não me parece uma boa estratégia comprar a ação de peito aberto só por achar que ela deveria valer mais. A dívida está lá, tem que admitir que não consegue pagar e fazer uma recuperação extrajudicial para negociar com os credores, converter dívida em ação e assim por diante”.

Ou seja, na visão dele, o papel ainda é muito especulativo, não tem base econômica para subir e o investidor precisa tomar cuidado para não se deixar levar por esses solavancos causados pela disputa de poder que tem sido travada na companhia.

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“Se fizéssemos um exercício hipotético com a ação do Pão de Açúcar, para ela ser viável de imediato, teria que haver uma conversão de dívida de quase R$ 3 bilhões. Isso implica que a empresa teria que valer mais do que isso. Mas o valor atual está bem abaixo. Portanto, a ação teria que cair. A situação é bem mais complexa do que imaginam, já vi casos de investidores perdendo dinheiro ao tentar simplificar o que não é simples”, diz o gestor.

Em outras palavras, para resolver a dívida da empresa, seria necessário convertê-la em ações, emitindo uma quantidade massiva de novos papéis. Isso faria com que os acionistas fossem fortemente diluídos. Ou seja, a empresa não tem valor de mercado o bastante para suportar essa conversão.

  • De acordo com dados do TradeMap e do Google, o valor de mercado atual do GPA está em cerca de R$ 1,76 bilhão.

Como chegamos até aqui? 

Como o Pão de Açúcar deixou de ser aquele colosso que você provavelmente tem na memória, para se tornar uma empresa tão endividada? Essa história pode ser dividida em duas frentes: macro e micro. 

Começando pelo primeiro ponto: o comportamento do consumidor mudou. Com a consolidação dos atacarejos no país, que oferecem preços mais competitivos, ainda que com estrutura mais simples, uma parcela relevante do público migrou em busca de economia. 

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Ao mesmo tempo, outros players passaram a ocupar o nicho de maior qualidade, como os hortifrutis, que praticam preços mais altos, mas entregam padrão elevado. Além disso, redes menores e mais eficientes foram ganhando força nesse quesito: Saint Marché, Mambo e assim por diante.

Assim, o Pão de Açúcar acabou ficando em um meio termo perigoso. Nem mesmo os planos de acelerar a ampliação do Minuto Pão de Açúcar vingaram tanto, uma vez que o braço dos negócios viria a enfrentar a competição implacável do Oxxo.

“Aí que começa a entrar o aspecto micro. A empresa olhou para essa mudança de hábito e não se ajustou. O negócio estava piorando, e as dívidas aumentaram. Isso aconteceu porque não tem dono, né?”, diz o gestor. 

No final da década de 1990, o grupo francês comprou um quarto do capital da rede de supermercados brasileira que o bilionário falecido Abílio Diniz fez tornar-se gigante no país. Em 2005, essa participação subiu para 50%.

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O empresário brasileiro e o Casino foram sócios e dividiram o controle do GPA, até 2012, quando o grupo francês aumentou sua participação e assumiu o controle total.

Diniz permaneceu como presidente do conselho até 2013, quando teve um desentendimento com Jean Charles Naouri, então presidente-executivo do Casino, após o empresário brasileiro negociar uma fusão com o Carrefour — maior rival da holding francesa — sem avisá-lo.

No entanto, o francês já vinha enfrentando problemas lá fora, graças à competição feroz — justamente com o Carrefour — e em razão de sua estratégia agressiva de expansão por meio de aquisições. Isso fez com que o grupo acumulasse uma dívida de 7 bilhões de euros, algo que começou a chamar a atenção do mercado por volta de 2015.

Cabe lembrar que, em seu auge, o GPA detinha controle sobre uma série de marcas relevantes no varejo brasileiro. Entre elas, destacam-se Pão de Açúcar, Extra, Assaí, Minuto Pão de Açúcar, Drogaria Extra e a participação na Via Varejo, que reunia Casas Bahia e Ponto Frio.

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Com a pressão dos credores lá fora, o Casino teve que começar a vender os negócios que compunham o GPA. 

“E o Pão de Açúcar era só mais um e o pior de todos. Ninguém queria comprá-lo, então os negócios foram sendo separados e vendidos. O controlador foi deixando tudo que é ruim e que não queriam comprar nele. Então o Pão de Açúcar acabou virando o ‘saco de maldade’ do embelezamento dessas outras empresas que foram sendo separadas”, destaca o gestor.

Em 2022, o GPA encerrou o ano com prejuízo de mais de R$ 1 bilhão. Foi quando a marca começou seu processo de turnaround, sob liderança de um novo CEO, o Marcelo Pimentel, para focar no core business da companhia, os supermercados. A varejista encerrou 2024 com um prejuízo líquido de R$ 2,4 bilhões. O custo da dívida, atrelada à Selic, foi de R$ 583 milhões.

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