Multiplan (MULT3): após recompra bilionária de ações, CFO diz que alavancagem não preocupa e que está sempre de olho em oportunidades
Em entrevista ao Seu Dinheiro, Armando D’Almeida Neto fala também sobre o impacto dos juros altos no negócio e o desafio de antever para onde as cidades vão crescer
Nos anos 1980, quando tudo era mato (literalmente) na zona oeste do Rio, a Multiplan (MULT3) entendeu que era para lá que sopravam os ventos de crescimento da cidade maravilhosa. Começou, então, a adquirir terrenos e levantar empreendimentos por lá.
A estreia foi com o BarraShopping, inaugurado em outubro de 1981. Hoje, a empresa tem na região que mais cresce no Rio um total de cinco shopping centers, dois centros médicos, além de prédios de escritórios e torres residenciais.

“Quando a gente abre shoppings que são icônicos, como o MorumbiShopping, o BarraShopping, o Park Shopping Brasília, o BH Shopping, que foi o nosso primeiro, eles não ficavam no meio de tantos prédios, numa área tão nobre, tão rica”, explica Armando D’Almeida Neto, vice-presidente financeiro e de relações com investidores da Multiplan.
“Muitas vezes são áreas remotas, afastadas, mas nós soubemos identificar que eram vetores de crescimento para a cidade. E isso para nós é fundamental: achar essas oportunidades de crescer e vetores de crescimento.”

Fundada em 1974, a administradora Multiplan tem hoje 20 shoppings em seis estados do país e no Distrito Federal, com foco nas regiões Sul e Sudeste. Por eles, circulam 520 mil pessoas por dia. A empresa promove nesta terça-feira (17) seu Investor Day, junto ao MorumbiShopping, em São Paulo.
Destaques do 1T25 e foco no longo prazo
O executivo começou a trabalhar em bancos em 1981 e ficou no mercado financeiro até 2008, quando migrou para a Multiplan — pouco depois do IPO da companhia, em julho de 2007 —, a convite do fundador, José Isaac Peres.
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Em conversa com o Seu Dinheiro, D’Almeida ressalta repetidas vezes que o negócio da empresa é de longo prazo. Por isso, ele evita comentar resultados pontuais — de um trimestre, por exemplo.
Quando questionado sobre o balanço do 1T25, o executivo destaca a trajetória que a empresa vem apresentando desde a abertura de capital: “O ponto mais relevante: [foi] mais um bom trimestre. É essa continuidade, essa capacidade que a gente tem de crescer em cima do crescimento, recorde em cima de recorde, e continuar crescendo a despeito dos desafios.”
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Os resultados, segundo D’Almeida, têm sempre ficado acima dos registrados pelos shoppings em geral, de acordo com números da Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers). Em 2019, as vendas da companhia representavam 8,5% do total reportado pela Abrasce; em 2024, esse percentual subiu para 12,1%.
Nos primeiros três meses deste ano, as vendas totais dos lojistas nos shoppings da Multiplan alcançaram a cifra de R$ 5,5 bilhões, um avanço de 7,9% em relação ao 1T24 e o maior valor já registrado para um primeiro trimestre na história da empresa.
O BarraShopping, citado no início do texto, por sinal, continua sendo o ativo mais relevante da empresa e cresceu 14,9% em vendas, totalizando R$ 833,6 milhões no período.
Impacto dos juros altos
Um dos principais desafios da atualidade para os negócios, reconhece D’Almeida, é o alto nível da Selic, mas ele lembra que já viu juros na casa dos 4% ao dia nos anos 1980 e 1990.
“Você pega de julho de 2007, abertura de capital, até agora, com exceção da pandemia, nós crescemos. Você pega e coloca os ciclos de política monetária, de subida e queda de juros, e vai ver que, a despeito desses ciclos, principalmente de aperto monetário, que é mais restritivo, [o negócio] cresce, cresce, cresce.”
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Mas, sim, a Selic no atual patamar acaba impactando os investimentos, admite. “É um impedimento para investir? É. Podia investir mais se tivesse um juro menor? Podia. É fácil conviver com a incerteza se os juros vão parar em 14,75% ou vão subir para mais do que isso? Sim. Cria uma incerteza que faz com que você seja mais cauteloso em colocar dinheiro para trabalhar, principalmente nos investimentos.”

Mas em termos de impacto no consumo, não tem sido significativo para a Multiplan. Segundo o CFO, isso tem a ver com os hábitos do brasileiro, mais parecidos com os dos EUA que os do Japão, por exemplo. Soma-se a isso que o brasileiro normalmente só olha se o valor da parcela cabe no bolso, e ignora os juros embutidos nas transações.
E, finalmente, porque a empresa tem maior exposição aos integrantes da classe média para cima. D’Almeida aponta que, com a Selic alta, esse público deixa de lado grandes tíquetes, como comprar um carro novo ou um apartamento, mas, no dia-a-dia, não deixa de fazer compras no shopping nem sair para comer fora.
Recompra de ações e alavancagem
No fim do ano passado, entre outubro e novembro, a Multiplan decidiu lançar um programa de recompra de ações da ordem de R$ 2 bilhões. Isso, por sua vez, acabou impactando os números de alavancagem da companhia.
O executivo conta que, no ano passado, a empresa foi se desalavancando e se preparando para eventuais oportunidades. “Apareceu a oportunidade de a gente recomprar um pedacinho de cada um dos nossos shoppings, que é a recompra de ações, só que com uma taxa de desconto muito maior do que comprar um shopping terceiro. Foi uma oportunidade única para nós.”
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“O objetivo qual era? Gerar valor aos acionistas. E isso a gente conseguiu. Nós compramos aquelas ações ali a um preço de R$ 22,21”, conta o CFO. A ação MULT3 fechou esta segunda-feira (16) cotada a R$ 25,95, e acumula valorização de 26,40% só neste ano.
“Claramente, você vê a geração do valor, apesar da subida nas taxas de juros. A gente conseguiu gerar, nos últimos 12 meses, um lucro por ação 44% maior.”
Sobre pagamento de proventos aos acionistas, D’Almeida diz que a empresa segue o mínimo obrigatório por lei para as sociedades anônimas, que é de 25%. “Agora, historicamente, nós temos retornado para o investidor cerca de 50% do lucro após-reserva. Esse tem sido o nosso desempenho ao longo de muitos, muitos anos.”
Sempre de olho em oportunidades
Perguntado se a alavancagem é um assunto que lhe tira o sono, ele nega. “Ao contrário. A gente tem espaço para alavancar mais a companhia e aproveitar oportunidades. Bem mais.”
Sobre aquisição ou venda de ativos, o executivo diz que a opção “está sempre na mesa”. “Tem que olhar. Tem que avaliar tudo. A gente tem que fazer conta, ver o que é a melhor geração de valor para o acionista o tempo todo, seja quando a gente vai investir, seja quando vai desinvestir.”
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O crescimento da empresa, destaca ele, muitas vezes tem se dado por meio da expansão de shoppings que já estão em seu portfolio. No ano passado, por exemplo, a Multiplan vendeu 25% do Jundiaí Shopping — cerca de 9 mil metros quadrados.
Em contrapartida, entregou duas expansões: uma no Parque Shopping Barigui, em Curitiba, que adicionou 14 mil metros quadrados de área bruta locável, e outra no Diamond Mall, em Belo Horizonte, que adicionou mais 6 mil metros quadrados.
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