O problema fiscal do Brasil não é falta de arrecadação: carga tributária é alta, mas a gente gasta muito, diz Mansueto Almeida
Para economista-chefe do BTG Pactual, o grande obstáculo fiscal continua a ser a ascensão dos gastos públicos — mas há uma medida com potencial para impactar imediatamente a desaceleração das despesas do governo

Em um Brasil onde os desafios fiscais não dão trégua, Mansueto Almeida, economista-chefe do BTG Pactual e ex-secretário do Tesouro Nacional, traça um diagnóstico: o problema fiscal do país não está na falta de arrecadação, mas no aumento desenfreado dos gastos públicos.
"Não é falta de arrecadação. A solução passa, necessariamente, por controlar os gastos públicos", afirmou, durante a Global Managers Conference, evento promovido pela BTG Pactual Asset Management.
Mansueto vê um cenário mais otimista do que nas últimas décadas, especialmente com as reformas que o Brasil vem implementando, como as recentes mudanças tributárias.
Mas o grande obstáculo fiscal continua a ser a ascensão dos gastos públicos, que, segundo ele, é o principal ponto de tensão na economia.
“Apesar da carga tributária tão alta, nós ainda enfrentamos déficits primários e nominais muito altos, o que os leva a uma trajetória de crescimento muito forte da dívida pública mesmo em um cenário de economia em expansão”, alertou o economista.
- VEJA TAMBÉM: Quer ter acesso em primeira mão às informações mais quentes do mercado? Entre para o clube de investidores do Seu Dinheiro sem mexer no seu bolso
Na visão de Mansueto, o Brasil só resolverá o seu problema fiscal quando conseguir controlar o ritmo acelerado das despesas públicas.
Leia Também
O ex-secretário do Tesouro vê uma janela de oportunidade para qualquer governo que adote uma agenda focada em desacelerar o crescimento dos gastos.
"Isso abriria o caminho para um cenário muito mais positivo para o Brasil nos próximos quatro ou cinco anos. Qualquer governo que tomar essa decisão verá a expectativa de inflação cair imediatamente. E isso cria espaço para um corte rápido nas taxas de juros”, avaliou.
De onde virá o ajuste fiscal do Brasil?
Para Mansueto Almeida, a chave para resolver o problema fiscal do Brasil não está em cortar gastos de forma drástica, mas em desacelerar o ritmo de crescimento das despesas públicas. "Pode parecer impossível, mas não é.”
Segundo o economista, justamente por conta de cerca de 90% das despesas públicas serem consideradas obrigatórias, o ajuste fiscal no Brasil deve ir além do simples corte de despesas e atacar diretamente o ritmo de crescimento dos gastos obrigatórios.
Ele explica que, ao manter o crescimento das despesas abaixo do crescimento do PIB, o país pode reduzir a proporção dos gastos em relação à expansão da economia.
Isso ajudaria a controlar a inflação e, consequentemente, a diminuir a taxa de juros.
“Hoje, temos no Brasil um problema de incerteza fiscal aguda. O crescimento dos gastos públicos está tão alto que puxa a inflação para cima, o que contamina as expectativas econômicas, inclusive os juros, tanto na ponta curta quanto na longa da curva”, disse o ex-secretário do Tesouro.
Ele acredita que, independentemente do governo, o desafio para o Brasil será controlar o crescimento do gasto público de maneira eficaz para evitar um cenário inflacionário prolongado e juros elevados.
O problema de sempre: o crescimento acelerado dos gastos públicos
Mansueto enfatiza que o Brasil vive um cenário de crescimento dos gastos públicos, mas com pouca eficiência nos programas sociais.
"Não estou culpando nenhum governo, mas essa é uma característica estrutural do Estado brasileiro que precisa ser mudada", explicou.
Ele aponta que, por muitos anos, o foco do Brasil foi criar programas sociais para reduzir a desigualdade. Porém, hoje, o desafio está em tornar esses programas mais eficazes.
"Talvez parte do que chamamos de política de combate à pobreza não esteja, de fato, ajudando a reduzir a pobreza", observa. Para ele, o Brasil precisa de programas sociais que realmente cumpram sua função, e não apenas de expansão sem resultados concretos.
- LEIA MAIS: Quer saber como ter acesso a uma carteira de crédito privado com retornos acima do Tesouro IPCA+? O Seu Dinheiro disponibilizou gratuitamente; veja aqui
Aumento real do salário mínimo não é política pública e piora problema fiscal do Brasil, diz Mansueto Almeida
Nesse sentido, Mansueto avalia que uma mudança na política de valorização do salário mínimo teria impacto imediato na desaceleração do crescimento do gasto público.
Em termos simplificados, o aumento real no montante significa que o ganho dos trabalhadores está acima da inflação do período, garantindo o poder de compra dos brasileiros.
De acordo com Mansueto, embora seja desejável uma política social eficaz, aumentar o salário mínimo real pode levar a uma explosão nas despesas.
Isso porque os benefícios previdenciários e assistenciais são ligados ao salário mínimo — e hoje correspondem a metade do gasto público não financeiro do governo federal. Então, além do número de novos beneficiários, o crescimento real do salário mínimo também puxa esse gasto previdenciário.
O economista argumenta que, embora a política de valorização do salário mínimo seja importante para melhorar o poder de compra dos trabalhadores, ela não é uma medida de política social efetiva.
Para ele, um aumento real do salário mínimo acaba pressionando a inflação e, por consequência, aumenta os juros. "Isso acaba prejudicando os mais pobres, que são os mais afetados pela alta da inflação e pelos juros elevados", destaca.
“É muito melhor a gente ser cauteloso com essa política por alguns anos. Talvez, nós não tenhamos espaço para ter aumento real do salário mínimo, mas o governo vai continuar investindo em saúde, em educação, em segurança, em programas de combate à pobreza como Bolsa Família. Então, há diversas formas muito mais eficazes de o governo combater a pobreza. Porque, se a gente continuar com a política de aumento do salário mínimo real, isso impacta muito o crescimento do gasto, nos leva a um cenário de inflação pior e de juros mais altos, o que prejudica especialmente os mais pobres.”
O Brasil pode escapar dos impactos das tarifas de Trump: economista-chefe da ARX revela estratégias — e diz por que a retaliação não é uma delas
Segundo Gabriel Barros, Lula teria uma série de opções estratégicas para mitigar os efeitos negativos dessa medida sobre a economia; confira a visão do especialista
Tarifa de Trump sobre produtos do Brasil acirra guerra política: PT mira Eduardo Bolsonaro, e oposição culpa Lula e STF
Sobretaxa de 50% vira munição em Brasília; governo estuda retaliação e Eduardo, nos EUA, celebra medida como resposta ao ‘autoritarismo do STF’
Trump cortou as asinhas do Brasil? Os efeitos escondidos da tarifa de 50% chegam até as eleições de 2026
A taxação dos EUA não mexe apenas com o volume de exportações brasileiras, mas com o cenário macroeconômico e político do país
Dólar disparou, alerta de inflação acendeu: tarifa de Trump é cavalo de troia que Copom terá que enfrentar
Depois de meses de desvalorização frente ao real, o dólar voltou a subir diante dos novos riscos comerciais para o Brasil e tende a pressionar os preços novamente, revertendo o alívio anterior
Meta de inflação de 3% é plausível para o Brasil? Veja o que dizem economistas sobre os preços que não cedem no país
Com juros nas alturas e IPCA a 5,35%, o Banco Central se prepara para mais uma explicação oficial, sem a meta de 3% no horizonte próximo
Lotofácil, Quina e Dupla Sena dividem os holofotes com 8 novos milionários (e um quase)
Enquanto isso, começa a valer hoje o reajuste dos preços para as apostas na Lotofácil, na Quina, na Mega-Sena e em outras loterias da Caixa
De Lula aos representantes das indústrias: as reações à tarifa de 50% de Trump sobre o Brasil
O presidente brasileiro promete acionar a lei de reciprocidade brasileira para responder à taxa extra dos EUA, que deve entrar em vigor em 1 de agosto
Tarifa de 50% de Trump contra o Brasil vem aí, derruba a bolsa, faz juros dispararem e provoca reação do governo Lula
O Ibovespa futuro passou a cair mais de 2,5%, enquanto o dólar para agosto renovou máxima a R$ 5,603, subindo mais de 2%
Não adianta criticar os juros e pedir para BC ignorar a meta, diz Galípolo: “inflação ainda incomoda bastante”
O presidente do Banco Central participou de uma audiência pública na Câmara dos Deputados e ressaltou que a inflação na meta é objetivo indiscutível
Lotofácil deixa duas pessoas mais próximas do primeiro milhão; Mega-Sena e Quina acumulam
Como hoje só é feriado no Estado de São Paulo, a Lotofácil, a Quina e outras loterias da Caixa terão novos sorteios hoje
Horário de verão pode voltar para evitar apagão; ONS explica o que deve acontecer agora
Déficit estrutural se aprofunda e governo pode decidir em agosto sobre retorno da medida extinta em 2019
Galípolo diz que dorme tranquilo com Selic em 15% e que o importante é perseguir a meta da inflação
Com os maiores juros desde 2026, Galípolo dispensa faixa e flores: “dificilmente vamos ganhar o torneio de Miss Simpatia no ano de 2025”
Investidores sacam R$ 38 bilhões de fundos no ano, e perdem a oportunidade de uma rentabilidade de até 35,8% em uma classe
Dados da Anbima mostram que a sangria dos multimercados continua, mas pelo menos a rentabilidade foi recuperada, superando o CDI com folga
Cury (CURY3): ações sobem na bolsa depois da prévia operacional do segundo trimestre; bancos dizem o que fazer com os papéis
Na visão do Itaú BBA, os resultados vieram neutros com algumas linhas do balanço vindo abaixo das expectativas. O BTG Pactual também não viu nada de muito extraordinário
Bolsa, dólar ou juros? A estratégia para vencer o CDI com os juros a 15% ao ano
No Touros e Ursos desta semana, Paula Moreno, sócia e co-CIO da Armor Capital, fala sobre a estratégia da casa para ter um retorno maior do que o do benchmark
Lotofácil inicia a semana com um novo milionário; Quina acumula e Mega-Sena corre hoje valendo uma fortuna
O ganhador ou a ganhadora do concurso 3436 da Lotofácil efetuou sua aposta em uma casa lotérica nos arredores de São Luís do Maranhão
Cruzar do Atlântico ao Pacífico de trem? Brasil e China dão primeiro passo para criar a ferrovia bioceânica; entenda o projeto
O projeto pretende unir as ferrovias de Integração Oeste-Leste (Fiol) e Centro-Oeste (Fico) e a Ferrovia Norte-Sul (FNS) ao recém-inaugurado porto de Chancay, no Peru.
Primeira classe só para Haddad: Fazenda suspende gastos em 2025; confira a lista de cortes da pasta
A medida acontece em meio à dificuldade do governo de fechar as contas públicas dentro da meta fiscal estabelecida para o ano
Bolsa, bancos, Correios e INSS: o que abre e fecha no feriado de 9 de julho em São Paulo
A pausa pela Revolução Constitucionalista de 1932 não é geral; saiba como funciona a Faria Lima, os bancos e mais
Agenda econômica: IPCA, ata do Fed e as tarifas de Trump; confira o que deve mexer com os mercados nos próximos dias
Semana marcada pelo fim do prazo para as tarifas dos EUA em 9 de julho, divulgação das atas do Fed e do BoE, feriado em São Paulo e uma série de indicadores-chave para orientar os mercados no Brasil e no mundo