Azul (AZUL4): Mais uma agência de risco corta nota de crédito da aérea em meio a incertezas sobre futuro da empresa
A Moody’s cortou ratings de dívida corporativa da aérea devido ao perfil de liquidez rígido de Azul e à dependência da empresa de renegociações adicionais com arrendadores de aeronaves
As turbulências na Azul (AZUL4) parecem longe de acabar. Em meio a temores sobre a sustentabilidade financeira da companhia aérea, mais uma agência de classificação de risco acaba de rebaixar a perspectiva para a empresa.
- VEJA TAMBÉM: Banco do Brasil (BBAS3) volta para carteira recomendada do BTG; veja outras 9 ações para comprar em setembro
Segundo fato relevante enviado à CVM na noite do último domingo (22), a Moody’s cortou na semana passada uma série de ratings de dívida corporativa da companhia aérea.
Confira os novos ratings:
- “Família corporativa” (que considera as dívidas da holding) : de Caa1 para Caa2 — apenas dois níveis acima do patamar mínimo considerado “calote” pela agência;
- Dívida sênior garantida por “primeira garantia” (first lien debt): de B3 para Caa1 — a três níveis do nível de calote;
- Dívidas seniores garantidas da Azul Sufued Finance LLP: de Caa1 para Caa2;
- Nota sênior não segurada da Azul Investments LLP: de Caa2 para Caa3 — um nível antes do calote.
Vale destacar que as obrigações classificadas como “Caa” são consideradas especulativas com baixo posicionamento e estão sujeitas a risco de crédito muito elevado.
Além dos ratings mais baixos, as perspectivas para os emissores também foram alteradas de positivas para negativas.
“A perspectiva negativa reflete o perfil de liquidez rígido de Azul e a dependência da empresa de renegociações adicionais com arrendadores ou iniciativas adicionais de refinanciamento que podem ser consideradas trocas angustiadas para permanecer solvente”, escreveu a agência.
Leia Também
Vale lembrar que a Moody’s não foi a única agência a cortar o rating de crédito da Azul. No início do mês, a S&P Global Ratings rebaixou a classificação de crédito de emissor em escala global e nacional, com perspectivas negativas.
O peso das incertezas sobre as finanças da Azul também se faz sentir na bolsa brasileira.
As ações AZUL4 iniciaram o pregão desta segunda-feira (23) em forte queda de 7,79%, a R$ 4,85, e acumulam desvalorização de 68% na B3 desde o início do ano. A companhia atualmente é avaliada em pouco mais de R$ 1,6 bilhão.
Por que a Moody’s rebaixou a Azul (AZUL4)
Segundo a Moody’s, o rebaixamento das classificações de Azul (AZUL4) vem na esteira de resultados mais fracos em 2024 com consistente queima de caixa, que aumentaram os riscos de liquidez da companhia.
A aérea gerou R$ 1,2 bilhão em Ebit (lucro antes de juros e impostos) — indicador usado para mensurar a geração de caixa — durante o primeiro semestre de 2024.
No entanto, as altas necessidades de capital de giro, o ônus da dívida e as despesas levaram a uma queima de caixa acumulada bilionária, de acordo com a agência.
“A Azul possui um balanço altamente alavancado e uma fraca cobertura de juros, que limitam a geração de fluxo de caixa livre (FCF) da empresa. A capacidade da companhia de aumentar a liquidez, refinanciar suas obrigações financeiras e controlar as necessidades de queima de caixa ou dinheiro permanecerá fundamental para avaliar sua classificação”, destacou a Moody’s.
A classificação também reflete a exposição da Azul à volatilidade do setor aéreo e os crescentes riscos macroeconômicos — e outro ponto que pressiona a visão da Moody’s é a exposição ao câmbio e aos preços de combustível.
Isso porque a maior parte da dívida e dos custos da Azul — e das empresas áreas de modo geral — é lastreada em dólar. Por esse motivo, uma depreciação da moeda local resulta em impactos diretos na companhia.
A situação financeira da Azul
A Azul atualmente encontra-se em "negociações ativas" com arrendadores de aeronaves para reestruturar dívidas.
As conversas fazem parte de um plano de otimização do capital acordado no ano passado, "cujos termos envolvem, dentre outros, uma potencial substituição de tal dívida por participação societária na Azul".
Em meados de setembro, a Reuters informou que a Azul teria oferecido as ações da empresa aos credores como pagamento de cerca de US$ 600 milhões em dívidas.
O novo acordo também pode abrir as portas para novas captações de recursos com bondholders, detentores de títulos de dívida da companhia negociados no mercado internacional.
O que esperar da aérea
Nas contas da Moody’s, a Azul deve registrar uma geração de caixa operacional entre R$ 3,5 bilhões e R$ 5 bilhões até 2025, enquanto a empresa gerenciará a saída de caixa, atrasando a entrega de aeronaves para reduzir os gastos de capital e gerenciar a geração de caixa.
No entanto, a empresa ainda precisará refinanciar seus vencimentos de dívida para evitar uma queima de caixa significativa nos próximos anos.
A agência destacou que há possibilidade de revisão das classificações — desde que os riscos e incertezas fossem “significativamente” reduzidos e a demanda de passageiros exceda os níveis pré-pandemia de forma sustentável.
A companhia também precisaria continuar a melhorar a estrutura de capital, manter a liquidez adequada, com caixa consistente acima de 15% da receita e alavancagem abaixo de 6 vezes a relação dívida líquida sobre Ebitda.
A fortuna de Silvio Santos: perícia revela um patrimônio muito maior do que se imaginava
Inventário do apresentador expõe o tamanho real do império construído ao longo de seis décadas
UBS BB rebaixa Raízen (RAIZ4) para venda e São Martinho (SMTO3) para neutro — o que está acontecendo no setor de commodities?
O cenário para açúcar e etanol na safra de 2026/27 é bastante apertado, o que levou o banco a rever as recomendações e preços-alvos de cobertura
Vale (VALE3): as principais projeções da mineradora para os próximos anos — e o que fazer com a ação agora
A companhia deve investir entre US$ 5,4 bilhões e US$ 5,7 bilhões em 2026 e cerca de US$ 6 bilhões em 2027. Até o fim deste ano, os aportes devem chegar a US$ 5,5 bilhões; confira os detalhes.
Mesmo em crise e com um rombo bilionário, Correios mantêm campanha de Natal com cartinhas para o Papai Noel
Enquanto a estatal discute um empréstimo de R$ 20 bilhões que pode não resolver seus problemas estruturais, o Papai Noel dos Correios resiste
Com foco em expansão no DF, Smart Fit compra 60% da rede de academias Evolve por R$ 100 milhões
A empresa atua principalmente no Distrito Federal e, segundo a Smart Fit, agrega pontos comerciais estratégicos ao seu portfólio
Por que 6 mil aviões da Airbus precisam de reparos: os detalhes do recall do A320
Depois de uma falha de software expor vulnerabilidades à radiação solar e um defeito em painéis metálicos, a Airbus tenta conter um dos maiores recalls da sua história
Os bastidores da crise na Ambipar (AMBP3): companhia confirma demissão de 35 diretores após detectar “falhas graves”
Reestruturação da Ambipar inclui cortes na diretoria e revisão dos controles internos. Veja o que muda até 2026
As ligações (e os ruídos) entre o Banco Master e as empresas brasileiras: o que é fato, o que é boato e quem realmente corre risco
A liquidação do Banco Master levantou dúvidas sobre possíveis impactos no mercado corporativo. Veja o que é confirmado, o que é especulação e qual o risco real para cada companhia
Ultrapar (UGPA3) e Smart Fit (SMFT3) pagam juntas mais de R$ 1,5 bilhão em dividendos; confira as condições
A maior fatia desse bolo fica com a Ultrapar; a Smartfit, por sua vez, também anunciou a aprovação de aumento de capital
RD Saúde (RADL3) anuncia R$ 275 milhões em proventos, mas ações caem na bolsa
A empresa ainda informou que submeterá uma proposta de aumento de capital de R$ 750 milhões
Muito além do Itaú (ITUB4): qual o plano da Itaúsa (ITSA4) para aumentar o pagamento de dividendos no futuro, segundo a CFO?
Uma das maiores pagadoras de dividendos da B3 sinaliza que um novo motor de remuneração está surgindo
Petrobras (PETR4) amplia participação na Jazida Compartilhada de Tupi, que detém com Shell e a portuguesa Petrogal
Os valores a serem recebidos pela estatal serão contabilizados nas demonstrações financeiras do quarto trimestre de 2025
Americanas (AMER3) anuncia troca de diretor financeiro (CFO) quase três anos após crise e traz ex-Carrefour e Dia; veja quem assume
Sebastien Durchon, novo diretor financeiro e de Relações com Investidores da Americanas, passou pelo Carrefour, onde conduziu o IPO da varejista no Brasil e liderou a integração do Grupo Big, e pelo Dia, onde realizou um plano de reestruturação
Essa empresa aérea quer que você pague mais de R$ 100 para usar o banheiro do avião
Latam cria regras para uso do banheiro dianteiro – a princípio, apenas passageiros das 3 primeiras fileiras terão acesso ao toalete
Ambipar (AMBP3): STJ suspende exigência de depósito milionário do Deutsche Bank
Corte superior aceitou substituir a transferência dos R$ 168 milhões por uma carta de fiança e congelou a ordem do TJ-RJ até a conclusão da arbitragem
Sinal verde: Conselho dos Correios dá aval a empréstimo de R$ 20 bilhões para reestruturar a estatal
Com aprovação, a companhia avança para fechar o financiamento bilionário com cinco bancos privados, em operação que ainda depende do Tesouro e promete aliviar o caixa e destravar a reestruturação da empresa
Oi (OIBR3) consegue desbloqueio de R$ 517 milhões após decisão judicial
Medida permite à operadora acessar recursos bloqueados em conta vinculada à Anatel, enquanto ações voltam a oscilar na bolsa após suspensão da falência
WEG (WEGE3) pagará R$ 1,9 bilhão em dividendos e JCP aos acionistas; veja datas e quem recebe
Proventos refletem o desempenho resiliente da companhia, que registrou lucro em alta mesmo em cenário global incerto
O recado da Petrobras (PETR4) para os acionistas: “Provavelmente não teremos dividendos extraordinários entre 2026 e 2030”
Segundo o diretor financeiro da companhia, Fernando Melgarejo, é preciso cumprir o pré-requisito de fluxo de caixa operacional robusto, capaz de deixar a dívida neutra, para a distribuição de proventos adicionais
A ação do Assaí virou um risco? ASAI3 cai mais de 6% com a chegada dos irmãos Muffato; saiba o que fazer com o papel agora
Na quinta-feira (27), companhia informou que fundos controlados pelos irmãos Muffato adquiriram uma posição acionária de 10,3%
