EUA vetam proposta de cessar-fogo humanitário entre israelenses e palestinos — entenda por que é tão difícil um consenso sobre temas espinhosos no CS da ONU
Proposta articulada pelo Brasil contou com o apoio de 12 dos 15 membros do Conselho de Segurança da ONU, mas poder de veto dos EUA impediu aprovação

Os Estados Unidos vetaram nesta quarta-feira (18) a resolução proposta pelo Brasil com o objetivo de estabelecer um cessar-fogo humanitário no conflito entre israelenses e palestinos.
A votação da proposta de resolução chegou a ser adiada duas vezes antes da votação de hoje pelo Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU).
O motivo foi a tentativa isolada do governo norte-americano de abrir um corredor humanitário para a Faixa de Gaza.
Em meio aos adiamentos, o teor da proposta chegou a ser atenuado em uma última tentativa de obtenção do apoio de Washington. Sem sucesso.
O que propunha o texto apresentado pelo Brasil na ONU
O texto articulado pelo governo brasileiro propunha uma paralisação das hostilidades para que fosse possível prestar socorro a milhares de civis confinados entre as bombas dos grupos armados palestinos e os mísseis de Israel.
A proposta de resolução condenava toda a violência praticada contra civis, bem como atos qualificados como terrorismo, e defendia a libertação imediata e incondicional de todos os reféns.
Leia Também
Os EUA vão virar a Turquia? O cenário traçado por Paul Krugman, bancos e corretoras após crise no Fed
O que está em jogo para Trump com a demissão de Lisa Cook, diretora do Fed?
A medida precisava dos votos de pelo menos nove dos 15 integrantes do CS da ONU. Conseguiu 12. Dois países se abstiveram.
O problema é que o único voto contrário veio de um dos cinco membros com poder de veto.
Resultado não surpreende
Qualificar o resultado como um fracasso da diplomacia brasileira é apressado — e irreal.
Desde 2016, nenhuma resolução relacionada ao conflito entre israelenses e palestinos é aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU.
A última resolução contendo um plano de ação relevante com vistas ao fim do conflito data de meio século atrás.
No caso específico da resolução de hoje, pesou o alinhamento diplomático entre Washington e Tel-Aviv. O mesmo alinhamento inviabiliza os esforços diplomáticos norte-americanos junto aos vizinhos de Israel.
Diante desse cenário, surpreendente seria se a resolução tivesse sido aprovada.
- ‘É a melhor empresa do Brasil’: Ação já decolou 4.200% desde o IPO, é líder de mercado e está barata
Embora a proposta brasileira seja amplamente vista como uma medida de bom senso, quando falamos em relações internacionais, os interesses de cada ente envolvido costumam sobrepujar o bom senso.
Como presidente de turno do CS da ONU, porém, o mínimo que o governo brasileiro poderia ter feito era essa tentativa.
Mas por que é tão difícil aprovar resoluções sobre temas espinhosos no Conselho de Segurança da ONU?
O Conselho de Segurança é a mais alta instância decisória da ONU.
Ele é composto por 15 países.
Dez dos 15 membros são rotativos, com mandatos não-renováveis de dois anos cada.
Além do Brasil, atual presidente de turno do Conselho de Segurança, o órgão tem como membros rotativos no momento os seguintes países: Albânia, Emirados Árabes Unidos, Equador, Gabão, Gana, Japão, Malta, Moçambique e Suíça.
Já os outros cinco membros são permanentes: China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia.
Mas a cadeira permanente não é o único privilégio do quinteto.
Esses cinco países têm poder de veto sobre qualquer proposta de resolução levada ao CS da ONU.
E construir consenso entre cinco potências com interesses tão antagônicos é tão difícil hoje quanto durante a Guerra Fria.
Também não existe um alinhamento automático da França e do Reino Unido com os EUA nem da Rússia com a China.
A votação desta quarta-feira é um bom exemplo disso. Enquanto os EUA vetaram a resolução, a China e a França votaram a favor dela. Já a Rússia e o Reino Unido se abstiveram.
Reforma do Conselho de Segurança da ONU está na pauta há décadas
Não é de hoje que se discute uma reforma do Conselho de Segurança da ONU.
Afinal, a configuração do organismo reflete ainda hoje o cenário geopolítico vigente ao fim da Segunda Guerra Mundial.
O equilíbrio de poder no mundo mudou muito desde então.
Especialmente depois do fim da Guerra Fria, potências econômicas como Alemanha e Japão e países emergentes como Brasil, Índia e África do Sul passaram a reivindicar uma reforma no sistema da ONU — bem como na composição do Conselho de Segurança.
O mais recente desdobramento nesse sentido ocorreu durante a última cúpula do BRICS, em agosto. Na ocasião, o bloco do qual Rússia e China fazem parte apoiou abertamente o pleito de Brasil, Índia e África do Sul.
PODCAST TOUROS E URSOS - Israel em chamas: o impacto do conflito com Hamas nos investimentos
O fato é que a incapacidade de construção de consenso em relação a temas espinhosos frequentemente suscita questionamentos em relação à relevância da ONU na busca por soluções para conflitos internacionais.
No início do ano passado, por exemplo, a Rússia usou seu poder de veto para barrar uma resolução condenando a invasão da Ucrânia.
Grande parte da derrocada na credibilidade do CS da ONU nas últimas décadas ainda é consequência de sua incapacidade de evitar a invasão do Iraque pelos Estados Unidos em 2003.
Vinte anos depois, mesmo com mais de 4 mil civis mortos em poucos dias de guerra — 1.400 israelenses em atentados do Hamas e mais de 3 mil palestinos na reação de Israel —, o modelo de funcionamento do CS da ONU continua se mostrando insuficiente para lidar com os conflitos mais importantes da atualidade.
Mísseis hipersônicos: Como os EUA ficaram para trás no mais novo estágio da corrida armamentista com China e Rússia
A guerra entre Ucrânia e Rússia revela contrastes geopolíticos, com destaque para o uso de mísseis hipersônicos no conflito
Lançamento da Starship está previsto para este domingo (24); entenda por que este teste da SpaceX é tão decisivo e saiba como assistir
Após falhas explosivas, o colossal foguete de Elon Musk decola neste domingo em uma missão crucial para os planos do empresário de chegar à Lua e a Marte
Quem é Lisa Cook, a diretora do Fed acusada de fraude pelo governo Trump
Confirmada pelo Senado em 2023 para um mandato que se estende até 2038, Cook se juntou ao banco central em 2022 vinda de uma carreira como pesquisadora acadêmica
Mais um marco na carreira: Roger Federer é o mais novo bilionário do pedaço — e foi graças a um tênis
Mesmo tendo se aposentado em 2022, o tenista continua faturando alto com os negócios fora da quadra
US Open 2025: onde assistir aos jogos de Bia Haddad Maia e João Fonseca na busca pelo título inédito
O US Open 2025 terá a maior premiação da história de uma competição de tênis
R$ 50 bilhões a mais na conta em poucas horas e sem fazer nada: Elon Musk dá a receita
Os mais ricos do mundo ficaram ainda mais ricos nesta sexta-feira após o discurso de Jerome Powell, do Fed; veja quanto eles ganharam
China tenta “furar barreira” dos navios dos EUA na Venezuela com um investimento bilionário
A China Concord Resources Corp (CCRC) iniciou o desenvolvimento de dois importantes campos de petróleo na Venezuela. A ideia é obter 60 mil barris de petróleo bruto por dia até o final de 2026.
Gatilho para os mercados: o maior evento de política monetária dos EUA deve abrir oportunidades de ganho na bolsa
Jerome Powell usou o Simpósio de Jackson Hole para chegar o mais perto até agora de declarar o início do afrouxamento monetário nos EUA e isso pode mexer muito com o seu bolso; entenda como
Powell em Jackson Hole: um resumo dos principais pontos do discurso que abalou os mercados globais
Powell se despediu do evento mais importante da política monetária como presidente do Fed com uma sinalização sobre o corte de juros, um recado para Trump e as lições aprendidas sobre a inflação
“Missão: Impossível – O Acerto Final” já está nos streamings, mas o último episódio da franquia estrelada por Tom Cruise ainda está longe de pagar as contas
Estreia digital em Prime Vídeo, Apple TV e Google Play, mas o filme ainda não cobre os custos milionários
O que Powell pode revelar em Jackson Hole: os três cenários mais prováveis para o investidor não ser pego de surpresa
Às 11h (de Brasília) desta sexta-feira (22), Powell deve fazer o que quase certamente será seu último discurso principal no conclave anual do Fed, que está sendo marcado por um dos períodos mais tumultuados de sua história
É o fim do reinado da Nvidia (NVDC34)? China fixa meta e traça plano para autossuficiência em chips
A DeepSeek já deu o primeiro passo e lançou uma atualização de seu principal modelo de IA apoiado em componentes fabricados no país
Do elogio ao bronzeado ao caso de amor bilionário: os detalhes do acordo entre Trump e a Europa que fixou tarifas em 15%
O acordo foi firmado no mês passado, mas novos detalhes sobre a estrutura desse entendimento só foram revelados agora e incluem tarifas sobre produtos farmacêuticos e semicondutores
Trump já comprou mais de US$ 100 milhões em títulos públicos e debêntures desde que chegou à Casa Branca
Algumas das empresas e instituições cujas dívidas agora pertencem a Donald Trump foram diretamente impactadas por suas políticas ou por decisões ligadas a seus negócios
O que pensam os dois dirigentes do Fed que remaram contra a maré e votaram pelo corte de juros nos EUA
Em uma divergência histórica, Michelle Bowman e Christopher Waller defenderam o corte de juros em 0,25 ponto percentual na reunião de julho
A mensagem do Fed sobre os juros que mudou os rumos da bolsa em Nova York
A ata da reunião de política monetária de julho foi divulgada nesta quarta-feira (20) e traz pistas sobre o que o mercado pode esperar do discurso de Powell em um dos eventos mais importantes realizados por um banco central
“Trump vai para o tudo ou nada no Fed de uma maneira que nunca vimos na vida”, diz Luis Stuhlberger
Segundo o gestor do fundo Verde, diante das perspectivas de queda do payroll, a política monetária será o grande trunfo de Trump; entenda o que ele quer dizer
Alô, Macron? O que Lula falou por quase uma hora com o presidente francês — e que pode tirar Trump do sério
A ligação do petista para o presidente francês faz parte de uma iniciativa para mostrar que o Brasil não está isolado em meio às tensões com os EUA
De peças automotivas a assentos infantis: mais de 400 itens entram na lista de tarifas de 50% sobre aço e alumínio de Trump
Com critérios de seleção pouco transparentes, itens como plásticos, partes de móveis, motocicletas e utensílios de mesa estão passam a ser tarifados pelos EUA
Bolsas na Europa celebram chance de encontro entre Putin e Zelensky, mas há muito em jogo — inclusive para Trump
Os principais mercados europeus fecharam esta terça-feira (19) com ganhos — a exceção do setor de defesa, que recuou — mas pode ser cedo demais para comemorar qualquer avanço na direção do fim do conflito entre Rússia e Ucrânia