Americano SVB, o banco das startups do Vale do Silício, tem falência decretada em apenas dois dias com temor de contágio
Em crise e sofrendo uma corrida bancária, instituição financeira focada em empresas de tecnologia teve intervenção decretada pelo governo dos EUA na última sexta (10)

A ameaça de a turbulência do californiano Silicon Valley Bank (SVB) se espalhar e contaminar bancos menores nos Estados Unidos levou o governo americano a fechar suas portas em apenas dois dias.
Com US$ 209 bilhões em ativos, o que dá mais de R$ 1 trilhão e equivale ao tamanho do Santander no Brasil, o SVB é a maior instituição financeira do país a quebrar desde a crise internacional de 2008.
Apesar da rápida ação do governo dos EUA, a falência deve deixar um rastro de perdas a empresas startups, principais clientes do SVB, grupo que inclui até mesmo novatas brasileiras.
Além disso, não elimina o risco de que outros dominós no setor bancário dos EUA venham a cair, sobretudo, bancos de menor porte, embora especialistas acreditem que o caso não é suficiente para desencadear uma "crise sistêmica".
Em Wall Street, a rápida derrocada do SVB levou a mais um dia de tensão e perdas. Ações de bancos como First Republic, PacWest e Signature fecharam com queda de dois dígitos, entre 14,65% e 37,91%.
Horas depois de negociação das ações da controladora do SBV ter sido interrompida na Nasdaq na manhã de ontem, a Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), uma espécie de Fundo Garantidor de Créditos (FGC) dos EUA, surpreendeu e decretou a falência do banco.
Leia Também
O SVB detinha US$ 209,0 bilhões em ativos e cerca de US$ 175,4 bilhões em depósitos totais, considerando dados de dezembro de 2022. No posto de 16º maior banco dos EUA, equivalia a cerca de um terço do Lehman Brothers, quando o mesmo quebrou, em 2008.
- Você investe em ações, renda fixa, criptomoedas ou FIIs? Então precisa saber como declarar essas aplicações no seu Imposto de Renda 2023. Clique aqui e acesse um tutorial gratuito, elaborado pelo Seu Dinheiro, com todas as orientações sobre o tema.
SVB sofreu uma corrida bancária
A crise do SVB se iniciou na última quarta-feira, dia 08, quando o banco anunciou um plano de capital para cobrir um rombo de cerca de US$ 2 bilhões com a venda de títulos. O movimento assustou startups, suas principais clientes e desencadeou uma corrida de saques junto à instituição.
Embora a instituição já enfrentasse uma situação delicada, sua falência pegou todos de surpresa. "Ninguém imaginava que ia quebrar", diz o estrategista da Guide Investimentos e ex-analista do Federal Reserve de Nova York (Fed, o banco central dos EUA), Alex Lima, em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Estadão.
Curiosamente, poucos dias antes de ter sua falência decretada, a instituição comemorava o fato de estar no ranking da Forbes dos melhores bancos americanos pelo quarto ano consecutivo.
Além disso, analistas ainda estavam começando a mudar suas recomendações para as ações da instituição após o plano para levantar capital quando veio o anúncio da falência. Em novembro do ano passado, o JP Morgan via o SVB como overweight, ou seja, com desempenho acima do mercado, recomendação equivalente a compra.
Para Lima, da Guide, a rapidez da ação regulatória surpreendeu, mas ainda é cedo para saber o tamanho das perdas que o SVB deixará pelo caminho. A FDIC garante US$ 250 mil por depositante. Ou seja, quem estiver fora desses critérios, entra para a massa falida do banco, que pode levar anos para ser resolvida.
"Em condições normais, não deveriam deixar o banco quebrar, não se sabe o que vai acontecer com a massa falida, como ocorreu com a do Lehman Brothers, com os últimos estágios no ano passado", diz Lima.
Além de o tamanho ser preocupante, o especialista vê risco de contágio, uma vez que o problema que desencadeou a crise do SVB também afeta outros bancos de menor porte nos EUA.
O setor tem sofrido com a marcação a mercado de Treasuries, que são títulos do Tesouro norte-americano, e de Mortgages, as hipotecas, em meio à subida de juros no país para controlar a inflação, que derrubou os preços dos títulos.
"Os bancos estão sofrendo com custo de funding, financiamento mais caro e travado em rentabilidade de juros menores. É uma situação desconfortável", alerta o ex-analista do Fed de Nova York.
Há risco de contágio?
Antes de o governo dos EUA anunciar o fechamento do SVB e assumir o seu controle como forma de proteger os clientes do banco, figurões do mercado já alertavam para a necessidade de um socorro caso a venda à iniciativa privada não fosse bem-sucedida.
O megainvestidor de Wall Street Bill Ackman disse que uma intervenção do governo dos EUA era necessária para conter o risco de perdas aos clientes do SVB, não aos acionistas e gestores.
"O risco de falhas e perdas por depósitos está próximo, bancos menos capitalizados estão diante de uma corrida e falhas e dominós continuam a cair", disse o dono da gestora Pershing Square Capital Holdings.
Já o ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos Larry Summers reforçou o coro para os riscos à contabilidade bancária em um mundo de juros mais altos, uma vez que os bancos tomam recursos no curto prazo e emprestam em períodos mais extensos. Para ele, que atuou no governo do ex-presidente Barack Obama durante a crise financeira de 2008, reguladores podem ter de lidar com riscos à frente.
Apesar disso, Summers não vê risco sistêmico e considerou a reação dos mercados acionários exagerada. Ontem, os quatro maiores bancos dos EUA chegaram a perder US$ 52 bilhões em valor de mercado, impactados pela crise do SVB.
Bancos em Wall Street como Morgan Stanley e UBS não esperam que o caso desencadeie um "contágio financeiro generalizado". "No entanto, é um lembrete oportuno de que, quando o Fed está exclusivamente focado em reduzir a inflação aumentando as taxas de juros, muitas vezes acaba quebrando as coisas", alerta a britânica Capital Economics.
Veja também: Magalu e Via vão de Americanas? O que esperar das varejistas após resultados de 2022 e más notícias sobre governança
Alguém está errado: Ibovespa chega embalado ao último pregão de abril, mas hoje briga com agenda cheia em véspera de feriado
Investidores repercutem Petrobras, Santander, Weg, IBGE, Caged, PIB preliminar dos EUA e inflação de gastos com consumo dos norte-americanos
Como fica a rotina no Dia do Trabalhador? Veja o que abre e fecha nos dias 1º e 2 de maio
Bancos, bolsa, Correios, INSS e transporte público terão funcionamento alterado no feriado, mas muitos não devem emendar; veja o que muda
Santander (SANB11) bate expectativas do mercado e tem lucro de R$ 3,861 bilhões no primeiro trimestre de 2025
Resultado do Santander Brasil (SANB11) representa um salto de 27,8% em relação ao primeiro trimestre de 2024; veja os números
Nova Ordem Mundial à vista? Os possíveis desfechos da guerra comercial de Trump, do caos total à supremacia da China
Michael Every, estrategista global do Rabobank, falou ao Seu Dinheiro sobre as perspectivas em torno da guerra comercial de Donald Trump
Donald Trump: um breve balanço do caos
Donald Trump acaba de completar 100 dias desde seu retorno à Casa Branca, mas a impressão é de que foi bem mais que isso
Trump: “Em 100 dias, minha presidência foi a que mais gerou consequências”
O Diário dos 100 dias chega ao fim nesta terça-feira (29) no melhor estilo Trump: com farpas, críticas, tarifas, elogios e um convite aos leitores do Seu Dinheiro
Quando o plano é não ter plano: Ibovespa parte dos 135 mil pontos pela primeira vez em 2025 em dia de novos dados sobre mercado de trabalho dos EUA
Investidores também se preparam para o relatório de produção e vendas da Petrobras e monitoram entrevista coletiva de Galípolo
Salão de Xangai 2025: BYD, elétricos e a onda chinesa que pode transformar o mercado brasileiro
O mundo observa o que as marcas chinesas trazem de novidades, enquanto o Brasil espera novas marcas
Trump quer brincar de heterodoxia com Powell — e o Fed que se cuide
Criticar o Fed não vai trazer parceiros à mesa de negociação nem restaurar a credibilidade que Trump, peça por peça, vem corroendo. Se há um plano em andamento, até agora, a execução tem sido tudo, menos coordenada.
Tony Volpon: EUA, novo mercado emergente
Não tenham dúvidas: chegamos todos na beira do abismo neste mês de abril. Por pouco não caímos.
Trump vai jogar a toalha?
Um novo temor começa a se espalhar pela Europa e a Casa Branca dá sinais de que a conversa de corredor pode ter fundamento
S&P 500 é oportunidade: dois motivos para investir em ações americanas de grande capitalização, segundo o BofA
Donald Trump adicionou riscos à tese de investimento nos EUA, porém, o Bank Of America considera que as grandes empresas americanas são fortes para resistir e crescer, enquanto os títulos públicos devem ficar cada vez mais voláteis
Acabou para a China? A previsão que coloca a segunda maior economia do mundo em alerta
Xi Jinping resolveu adotar uma postura de esperar para ver os efeitos das trocas de tarifas lideradas pelos EUA, mas o risco dessa abordagem é real, segundo Gavekal Dragonomics
Haddad prepara investida para atrair investimentos em data centers no Brasil; confira as propostas
Parte crucial do processamento de dados, data centers são infraestruturas que concentram toda a tecnologia de computação em nuvem e o ministro da Fazenda quer colocar o Brasil no radar das empresas de tecnologias
Bitcoin (BTC) rompe os US$ 95 mil e fundos de criptomoedas têm a melhor semana do ano — mas a tempestade pode não ter passado
Dados da CoinShares mostram que produtos de investimento em criptoativos registraram entradas de US$ 3,4 bilhões na última semana, mas o mercado chega à esta segunda-feira (28) pressionado pela volatilidade e à espera de novos dados econômicos
Huawei planeja lançar novo processador de inteligência artificial para bater de frente com Nvidia (NVDC34)
Segundo o Wall Street Journal, a Huawei vai começar os testes do seu processador de inteligência artificial mais potente, o Ascend 910D, para substituir produtos de ponta da Nvidia no mercado chinês
Próximo de completar 100 dias de volta à Casa Branca, Trump tem um olho no conclave e outro na popularidade
Donald Trump se aproxima do centésimo dia de seu atual mandato como presidente com taxa de reprovação em alta e interesse na sucessão do papa Francisco
Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços
Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana
Agenda econômica: Balanços, PIB, inflação e emprego estão no radar em semana cheia no Brasil e no exterior
Semana traz IGP-M, payroll, PIB norte-americano e Zona do Euro, além dos últimos balanços antes das decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos de maio
Agenda intensa: semana tem balanços de gigantes, indicadores quentes e feriado
Agenda da semana tem Gerdau, Santander e outras gigantes abrindo temporada de balanços e dados do IGP-M no Brasil e do PIB nos EUA