Plano de recuperação da Americanas desagrada credores; BTG, Santander e detentores da dívida contestam estratégia da varejista
Dentre as críticas do BTG Pactual, a principal é relacionada à previsão de aumento de capital “apenas na ordem de R$ 10 bilhões”
No último dia do prazo, o BTG Pactual e o Santander Brasil apresentaram objeções ao plano de recuperação judicial da Americanas, na justiça do Rio de Janeiro. As defesas dos dois bancos argumentam que o plano não garante a viabilidade das operações da companhia e questionam o valor do aporte proposto pelos três acionistas de referência.
Assim, elas pedem, ainda, que a justiça determine a instalação de uma Assembleia Geral de Credores (AGC).
Os detentores de títulos de dívida (bonds) da empresa no exterior também se uniram aos bancos credores e demonstraram insatisfação com o tratamento diferenciado dado às instituições financeiras.
Por trás do grupo Americanas, existe o 3G Capital, grupo que inclui Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles. A soma das dívidas com bancos, fornecedores e ações trabalhistas é de R$ 43 bilhões.
O famoso trio de acionistas já ofereceu R$ 2 bilhões na forma de linha de crédito, além de um aumento de capital de curto prazo, em dinheiro, no valor de R$ 10 bilhões.
A companhia também estuda a venda de ativos, como a rede Hortifruti Natural da Terra e a participação no grupo Uni.Co.
Leia Também
O que dizem os bancões sobre a Americanas
Os advogados do Santander afirmam que o estudo da Apsis sobre a viabilidade da companhia faz uma descrição geral do contexto de operação do varejo e do comércio eletrônico brasileiros.
De acordo com a peça, o estudo não deixa claro "as razões pelas quais seria numericamente razoável esperar que as soluções propostas no plano de recuperação judicial levariam ao soerguimento das Recuperandas e/ou seriam as menos gravosas ao patrimônio de seus Credores".
Dentre as críticas do BTG Pactual, a principal é relacionada à previsão de aumento de capital "apenas na ordem de R$ 10 bilhões".
Na sequência, os advogados citam discordância em relação ao deságio de 60% previsto para as modalidades de pagamento dos credores quirografários. O documento diz ainda que esse desconto no valor das dívidas chega a 80% na modalidade de pagamento geral.
- ONDE INVESTIR NO 2º SEMESTRE: o Seu Dinheiro consultou uma série de especialistas do mercado financeiro e preparou um guia completo para te ajudar a montar uma carteira de investimentos estratégica para a segunda “pernada” de 2023. Baixe aqui gratuitamente.
Críticas ao plano
O BTG reclama ainda do prazo de pagamento de 20 anos dos credores quirografários, das previsões acerca dos créditos retardatários e do "caráter genérico" de diversas previsões do plano. Como exemplo de ponto genérico, o documento cita a "reorganização societária do Grupo Americanas", que consta no plano.
Ainda há objeções sobre a previsão de quitação com relação aos fiadores, avalistas, garantidores, sucessores e cessionários, bem como à "isenção de responsabilidade e renúncia previstas para as denominadas Partes Isentas".
Os detentores de títulos de dívida em dólar (bonds) da Americanas reclamam, por sua vez, da previsão de acesso ao pagamento de parte dos créditos com recursos da Geração de Caixa Excedente (mecanismo conhecido como cash sweep) que implica no tratamento desigual de credores.
Alegações de ilegalidade na Americanas
Os bondholders, que têm US$ 1,1 bilhão em créditos contra a Americanas, afirmam que o plano contém ilegalidades e se trata de um salvo-conduto para responsáveis por fraudes confessadas.
De acordo com eles, as ilegalidades contidas ainda "constituem potenciais violações às normas de ordem pública dos Estados Unidos da América", o que poderá levar ao seu não reconhecimento do plano no exterior.
Entre as ilegalidades, cita o compromisso de credores de não litigar contra empresa, administradores e acionistas a fim de obterem melhores condições de pagamento.
Os demais credores, que não aceitarem não litigar, "terão seus créditos automaticamente alocados em uma opção de pagamento que implica verdadeiro perdão de dívida, ou mover ação contra a empresa", diz o documento.
Blindagem de credores
Os bondholders alegam ainda que o plano foi "cuidadosamente desenhado com o objetivo de eximir aqueles que — seja por dolo, culpa ou violação de seus deveres fiduciários em geral — contribuíram para a defraudação das demonstrações financeiras das recuperandas ao longo de muitos anos".
Os advogados afirmam que com esse objetivo foi criada uma segunda camada de proteção para blindar terceiros que têm influência na apresentação do plano (acionistas e administradores, principalmente) — e que sabem que estão expostos — com a inclusão de tais previsões no Plano".
Objeções contra a Americanas
O sócio do SDS Advogados, Ricardo Del Sole, chama a atenção para o fato de que foram apresentadas objeções não apenas contra o racional econômico e financeiro do plano de recuperação judicial da companhia, tais como prazos de pagamentos muito longos, deságios excessivos, mas também de muitas disposições de cunho jurídico.
"Exemplos das objeções sob o aspecto jurídico são os tratamentos diferenciados dados a instituições financeiras e a credores de mesma classe, a cláusula do compromisso de não litigar contra o Grupo Americanas, e a declaração de concordância com a isenção de responsabilidade por atos realizados antes ou depois da RJ pelo Grupo Americanas", diz Del Sole.
Ele explica que as objeções são utilizadas para provocar a convocação da Assembleia de Credores, mas também podem servir como uma fotografia do momento da negociação e quais são os principais pontos que precisarão ser melhor discutidos entre devedor e principais credores.
O BTG é representado pelo Galdino & Coelho e pelo Ferro, Castro Neves, Daltro & Gomide Advogados. O Santander é representado pelo Gustavo Tepedino Advogados e pelo Fux Advogados. Já os bondholders, são representados pelo escritório Padis-Mattar.
A Americanas responde
Na noite desta sexta-feira (21), a Americanas divulgou comunicado ao mercado em resposta aos questionamentos da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a respeito das objeções apresentadas pelo BTG e Santander ao seu plano de recuperação judicial.
A companhia confirmou o recebimento do protocolo com as objeções e o pedido de convocação de Assembleia Geral de Credores (AGC) pelo BTG e reforça que "tais fatos não causam qualquer reflexo direto no regular andamento da recuperação judicial".
A varejista esclarece ainda que o plano de recuperação judicial citado na imprensa "refletia uma primeira proposta apresentada e espera que seja alterado para refletir a evolução das negociações com os credores".
Azul (AZUL4) dá sinal verde para aporte de American e United, enquanto balanço do 3T25 mostra prejuízo mais de 1100% maior
Em meio ao que equivale a uma recuperação judicial nos EUA, a Azul dá sinal verde para acordo com as norte-americanas, enquanto balanço do terceiro trimestre mostra prejuízo ajustado de R$ 1,5 bilhão
BHP é considerada culpada por desastre em Mariana (MG); entenda por que a Vale (VALE3) precisará pagar parte dessa conta
A mineradora brasileira estima uma provisão adicional de aproximadamente US$ 500 milhões em suas demonstrações financeiras deste ano
11.11: Mercado Livre, Shopee, Amazon e KaBuM! reportam salto nas vendas
Plataformas tem pico de vendas e mostram que o 11.11 já faz parte do calendário promocional brasileiro
Na maratona dos bancos, só o Itaú chegou inteiro ao fim da temporada do 3T25 — veja quem ficou pelo caminho
A temporada de balanços mostrou uma disputa desigual entre os grandes bancos — com um campeão absoluto, dois competidores intermediários e um corredor em apuros
Log (LOGG3) avalia freio nos dividendos e pode reduzir percentual distribuído de 50% para 25%; ajuste estratégico ou erro de cálculo?
Desenvolvedora de galpões logísticos aderiu à “moda” de elevar payout de proventos, mas teve que voltar atrás apenas um ano depois; em entrevista ao SD, o CFO, Rafael Saliba, explica o porquê
Natura (NATU3) só deve se recuperar em 2026, e ainda assim com preço-alvo menor, diz BB-BI
A combinação de crédito caro, consumo enfraquecido e sinergias atrasadas mantém a empresa de cosméticos em compasso de espera na bolsa
Hapvida (HAPV3) atinge o menor valor de mercado da história e amplia programa de recompra de ações
O desempenho da companhia no terceiro trimestre decepcionou o mercado e levou a uma onda de reclassificação os papéis pelos grandes bancos
Nubank (ROXO34) tem lucro líquido quase 40% maior no 3T25, enquanto rentabilidade atinge recorde de 31%
O Nubank (ROXO34) encerrou o terceiro trimestre de 2025 com um lucro líquido de US$ 782,7 milhões; veja os destaques
Quem tem medo da IA? Sete em cada 10 pequenos e médios empreendedores desconfiam da tecnologia e não a usam no negócio
Pesquisa do PayPal revela que 99% das PMEs já estão digitalizadas, mas medo de errar e experiências ruins com sistemas travam avanço tecnológico
Com ‘caixa cheio’ e trimestre robusto, Direcional (DIRR3) vai antecipar dividendos para fugir da taxação? Saiba o que diz o CEO
A Direcional divulgou mais um trimestre de resultados sólidos e novos recordes em algumas linhas. O Seu Dinheiro conversou com o CEO Ricardo Gontijo para entender o que impulsionou os resultados, o que esperar e principalmente: vem dividendo aí?
Banco do Brasil (BBAS3) não saiu do “olho do furacão” do agronegócio: provisões ainda podem aumentar no 4T25, diz diretor
Após tombo do lucro e rentabilidade, o BB ainda enfrenta ventos contrários do agronegócio; executivos admitem que novas pressões podem aparecer no balanço do 4º trimestre
Allos (ALOS3) entrega balanço morno, mas promete triplicar dividendos e ações sobem forte. Dá tempo de surfar essa onda?
Até então, a empresa vinha distribuindo proventos de R$ 50 milhões, ou R$ 0,10 por ação. Com a publicação dos resultados, a companhia anunciou pagamentos mensais de R$ 0,28 a R$ 0,30
Na contramão da Black Friday, Apple lança ‘bolsinha’ a preço de celular novo; veja alternativas bem mais em conta que o iPhone Pocket
Apple lança bolsinha para iPhone em parceria com a Issey Miyake com preços acima de R$ 1,2 mil
Todo mundo odeia o presencial? Nubank enfrenta dores de cabeça após anunciar fim do home office, e 14 pessoas são demitidas
Em um comunicado interno, o CTO do banco digital afirmou que foram tomadas ações rápidas para evitar que a trama fosse concluída
Família Diniz vende fatia no Carrefour da França após parceria de 10 anos; veja quem são os magnatas que viraram os principais acionistas da rede
No lugar da família Diniz no Carrefour, entrou a família Saadé, que passa a ser a nova acionista principal da companhia. Família franco-libanesa é dona de líder global de logística marítima
Itaú vs. Mercado Pago: quem entrega mais vantagens na Black Friday 2025?
Com descontos de até 60%, cashback e parcelamento ampliado, Itaú e Mercado Pago intensificam a disputa pelo consumidor na Black Friday 2025
Casas Bahia (BHIA3) amplia prejuízo para R$ 496 milhões no terceiro trimestre, mas vendas sobem 8,5%
O e-commerce cresceu 12,7% entre julho e setembro deste ano, consolidando o quarto trimestre consecutivo de alta
O pior ainda não passou para a Americanas (AMER3)? Lucro cai 96,4% e vendas digitais desabam 75% no 3T25
A administração da varejista destacou que o terceiro trimestre marca o início de uma nova fase, com o processo de reestruturação ficando para trás
Acionistas do Banco do Brasil (BBAS3) não passarão fome de proventos: banco vai pagar JCP mesmo com lucro 60% menor no 3T25
Apesar do lucro menor no trimestre, o BB anunciou mais uma distribuição de proventos; veja o valor que cairá na conta dos acionistas
Lucro do Banco do Brasil (BBAS3) tomba 60% e rentabilidade chega a 8% no 3T25; veja os destaques
O BB registrou um lucro líquido recorrente de R$ 3,78 bilhões entre julho e setembro; veja os destaques do balanço