Dias de curto-circuito na Light (LIGT3): a distribuidora de energia, que já vinha sofrendo com a desconfiança do mercado quanto à capacidade de cumprir seus compromissos financeiros — e que reportou um prejuízo bilionário no quarto trimestre de 2022 —, agora precisa lidar com mais um rebaixamento de uma agência de classificação de risco.
A Moody's cortou o rating da Light, de 'B3' para 'Caa1', com perspectiva negativa. Na prática, isso significa que a agência agora atribui à empresa um "risco de crédito muito alto"; a nota anterior colocava a empresa carioca numa categoria apenas "especulativa".
Vale lembrar que, na última semana, a Fitch promoveu ação semelhante, cortando as notas da Light de 'CCC+' para 'CC', um patamar ainda mais próximo do que seria considerado um calote — foi o segundo rebaixamento promovido pela agência em cerca de dois meses.
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O que a Moody's diz sobre a Light
Em relatório, a Moody's afirma que o corte na nota da Light (LIGT3) reflete o plano da companhia para abrir negociações com os credores, de modo a obter um "congelamento" das dívidas — a ideia é proteger o caixa da empresa e viabilizar a continuidade das operações, dada a necessidade de manutenção da rede sob sua administração.
"Esse anúncio foi divulgado junto ao resultado consolidado da Light em 2022; o balanço mostrou uma deterioração ainda maior na posição de liquidez da companhia, em meio às altas taxas de juros e condições desafiadoras de refinanciamento", diz a agência.
O rating 'Caa3' em si implica numa "alta probabilidade de não pagamento das dívidas, com uma taxa média de recuperação do investimento por parte dos credores na faixa de 65% a 80%". A perspectiva negativa, por sua vez, reflete as incertezas que rondam os detentores de dívida e uma eventual piora na situação financeira da companhia.
Ao fim do ano passado, a Light tinha uma posição de caixa de pouco mais de R$ 2 bilhões, uma cifra "apertada" dada a necessidade contínua de investimentos para manter a qualidade da concessão e fazer jus ao serviço da dívida, de R$ 1,2 bilhão em 2023 e R$ 2,6 bilhões em 2024.
"Sem uma injeção externa de dinheiro, a Moody's estima que a posição de caixa poderia dar suporte às obrigações financeiras da companhia somente até setembro de 2023", afirma a agência.