Enquanto uns choram, outros vendem lenços. Esse ditado é muito usado para mostrar que em momentos de crise sempre tem quem aproveite a oportunidade para se dar bem. E não é diferente quando o assunto é falência no setor financeiro. Depois da quebra do Silicon Valley Bank (SVB) e do caos que veio depois, tem bancão se dando muito bem.
Um deles é o Bank of America, que dias após a queda do SVB já acumulava mais de US$ 15 bilhões em novos depósitos.
Citigroup, JPMorgan e Wells Fargo também estão adicionando bilhões de dólares em depósitos.
Agora, os bancos correm para acelerar o processo de integração de novos clientes devido ao aumento da demanda.
A mudança massiva para os gigantes bancários ocorre apesar de os reguladores federais dos EUA garantirem os depósitos do SVB além do limite de US$ 250 mil.
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O que explica esse movimento?
A enxurrada de novos depósitos faz parte do maior movimento já visto em mais de uma década — e não é à toa.
Diante das preocupações de que outros bancos possam falir, especialmente os regionais, há uma fuga para a segurança em direção às instituições chamadas "grandes demais para falir".
Esse movimento, no entanto, vem ocorrendo sem que os grandes bancos busquem novos clientes ativamente, já que há o temor de que as saídas de depósitos possam se agravar, levando pânico generalizado ao mercado financeiro.
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SVB, a primeira fonte da crise
Os primeiros sinais de pânico vieram na semana passada, quando foi decretada a falência do SVB, um banco da Califórnia especializado em crédito para startups.
Na ocasião, o SVB divulgou uma perda de US$ 1,8 bilhão com a venda de uma carteira de títulos, desencadeando uma corrida aos bancos que se seguiu espalhou o medo por todo o setor bancário, especialmente pelos credores regionais.
Dias depois foi a vez de o Signature Bank quebrar, o que trouxe à tona os temores da repetição da crise de 2008 — que começou com o colapso de bancos menores até culminar no fechamento do Lehmann Brothers.
Nesta quarta-feira (15), as preocupações com o sistema financeiro se estenderam à Europa, com as ações do Credit Suisse caindo mais de 30% depois que um importante apoiador saudita, seu principal acionista, disse que mais investimentos não viriam.
Com isso, outras instituições também começaram a ver a entrada de novos depósitos: os clientes da Charles Schwab despejaram US$ 4 bilhões na empresa — o dobro das entradas diárias de cerca de US$ 2 bilhões que Schwab tem tido em média neste mês.
*Com informações da Bloomberg, Reuters e CNBC