Com ferida exposta pelo caso Americanas (AMER3), temporada de balanços do 4º trimestre coloca varejistas no foco dos investidores
Tradicionalmente um dos setores mais populares da bolsa brasileira, o varejo será analisado com mais rigor após o escândalo da Americanas (AMER3)
Toda temporada de balanços concentra, tradicionalmente, o foco dos investidores nas empresas de maior peso dentro do Ibovespa, como Petrobras (PETR4), Vale (VALE3) e os grandes bancos. Mas a ferida exposta pelo rombo contábil bilionário da Americanas (AMER3) deve atrair uma atenção ainda maior do mercado pelos resultados das companhias no quarto trimestre de 2022.
A Cielo (CIEL3) abre a temporada de balanços nesta quinta-feira (26) — confira aqui a agenda de divulgação com mais de 200 empresas. Entre os focos dos investidores certamente estará o setor de varejo, em especial as concorrentes da Americanas, como Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3).
A expectativa é que as empresas tragam informações suficientes nos balanços para afastar qualquer indício de alguma contabilidade criativa nos números.
Afinal, o próprio Sérgio Rial, ex-CEO da Americanas, disse durante teleconferência feita às pressas em 12 de janeiro que os erros cometidos pela companhia eram uma prática comum em todo o setor desde a década de 90.
"Uma dúvida que fica na nossa cabeça é se de fato os números que vieram nos balanços de todas essas empresas são consistentes e verdadeiros. Afinal, nós também achávamos que estava tudo certo com Americanas e não estava. E se mais alguém estiver fazendo isso?", questiona um gestor que preferiu não ser identificado.
Logo após a revelação do rombo contábil na Americanas, a Via — dona das redes Casas Bahia e Ponto Frio — enviou comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para demonstrar como contabiliza as operações de financiamento dos fornecedores. Já o Magazine Luiza informou que não comentaria o assunto quando procurado pela reportagem do Seu Dinheiro.
Leia Também
Na avaliação de Sérgio Goldman, head de research da Esh Capital, as questões macroeconômicas evidentemente já pesavam no balanço dessas empresas. Mas, agora, o cenário conseguiu ficar pior após o evento da Americanas.
"O mercado vai prestar muita atenção em Via e Magazine Luiza, digamos que os balanços serão analisados com lente de lupa desta vez", diz.
- Como investir em 2023? Com o início do novo governo Lula, a guerra entre Ucrânia e Rússia e o medo de uma recessão nas principais economias do mundo, é normal que o investidor não saiba muito o que fazer agora. Por isso, este material exclusivo do Seu Dinheiro revela as melhores oportunidades de investimento nas principais classes de ativos para quem não quer perder dinheiro em 2023. CONFIRA AQUI GRATUITAMENTE
Vale lembrar que o setor de varejo já estava sob desconfiança do mercado desde o ano passado, com a alta de juros, o endividamento das famílias e a baixa confiança do consumidor entre os maiores desafios das varejistas brasileiras. E nada disso mudou.
Antes da divulgação dos resultados referentes ao terceiro trimestre de 2022, o consenso era de que tempos melhores para o grupo só viriam ao longo de 2023.
Por outro lado, as ações de Magazine Luiza e Via acumulam forte alta na B3 desde a revelação do rombo contábil na Americanas. A aposta é que a “saída de cena” da varejista, que pediu recuperação judicial na semana passada, diminua a forte concorrência entre as plataformas de comércio eletrônico.
Seja como for, a cautela prevalece e boa parte do mercado prefere permanecer longe dos papéis do setor. Talvez a única exceção seja o Mercado Livre (MELI34), já que, além de manter seu bom histórico de resultados fortes e um balanço saudável, é apontada como a empresa mais preparada para captar parte da fatia deixada pela Americanas no mercado.
Nem tudo está perdido nos balanços do varejo
Se ampliarmos nossa análise para outras companhias além do comércio eletrônico, ainda há nomes que podem trazer resultados positivos quando pensamos no varejo. Entre as principais apostas estão Arezzo (ARZZ3) e Assaí (ASAI3).
No caso da primeira, as projeções mais positivas do mercado se justificam conforme a empresa expande seu próprio mercado, aumenta sua presença no segmento e mantém seu histórico de boas aquisições, a exemplo da compra da Vicenza recentemente.
Já a rede de “atacarejo” vem sendo elogiada pelo bom ritmo de abertura de lojas (foram 44 novas unidades no terceiro trimestre de 2022), a boa execução da conversão das lojas Extra em Assaí e boa estratégia no repasse de preços, além de previsão de desalavancagem para esse ano.
"O que ainda dará o tom desta temporada são os fatores macroeconômicos que resultam numa confiança menor por parte dos consumidores e também redução da renda disponível. Diria que apenas um ou outro setor trará resultados realmente bons", afirma José Luiz Torres, sócio e analista de ações da Apex Capital.
Papel e celulose: a grande aposta da temporada de balanços
Entre os poucos destaques seguramente bons, o setor de papel e celulose é citado entre aqueles com maiores chances de brilhar na temporada de resultados do quarto trimestre.
O que deve impulsionar a Suzano (SUZB3) e a Klabin (KLBN11) são o bom controle de custos, um aumento nos volumes vendidos e, principalmente, o preço da celulose.
Ao longo de 2022, o preço da matéria-prima chegou ao recorde de US$ 910 por tonelada no mês de julho e fechou o ano na média de US$ 860 por tonelada. Com a abertura da China, analistas apontam que a demanda deve se manter aquecida, enquanto o preço da commodity deve seguir no mesmo nível.
A receita em dólares também ajuda a impulsionar os resultados.
Apesar do momento mais positivo, em relatório recente, o Bank of America (BofA) alterou a recomendação da Klabin para venda, de olho nas maiores pressões de custo quando comparada com a concorrente. O banco também informou ter preocupações em relação à alocação de capital da companhia.
Já a Suzano é a favorita dos analistas do BofA no setor.
O que esperar das demais empresas de commodities
Falar de bolsa brasileira ou principalmente do Ibovespa é falar sobre commodities.
Sendo assim, a empresa que concentra atenções durante a temporada de balanços é a Vale (VALE3), que apesar da fama não deve trazer maiores surpresas no resultado do quarto trimestre de 2022.
Calma, isso não quer dizer que o balanço virá ruim, apenas em linha com aquilo que já vimos no resultado do terceiro trimestre do ano passado, incluindo pressão pelo aumento de custos e os efeitos parciais das dificuldades econômicas na China.
No entanto, o mercado anda bastante otimista com a mineradora, especialmente após a reabertura do mercado chinês. Em relatório recente, esse foi um dos motivos elencados pelo BTG Pactual como um dos motivos para ter Vale na carteira, além do bom desempenho operacional e múltiplos atraentes.
Nos cálculos da equipe do BTG, hoje a Vale negocia a um múltiplo preço/lucro de 6 vezes para 2023, classificado como "comprimido". Ou seja, existe a possibilidade de o papel da mineradora se valorizar ainda mais, principalmente se o preço do minério de ferro ficar na casa dos US$ 110 por tonelada em 2023 — algo provável, de acordo com os analistas.
Outras siderúrgicas também tendem a trazer números que traduzem a pressão dos custos e a menor demanda chinesa, mas especialmente a Gerdau (GGBR4) pode trazer dados um pouco melhores no balanço, já que possui menor exposição ao minério de ferro.
E Petrobras (PETR4)?
Além da Vale, a Petrobras (PETR4) está sempre na lista dos investidores como empresa que precisa ser acompanhada de perto. Mas neste trimestre o foco não está tanto nos resultados, mas sim no futuro da companhia.
Para a maioria dos gestores, os números da estatal devem vir bons e saudáveis, a exemplo dos resultados mais recentes e do trabalho tido como bem feito pela última gestão. Na semana passada, por exemplo, a companhia anunciou que conseguiu bater sua meta de produção para 2022, com o resultado ficando dentro da margem esperada pela direção — ou seja, tudo vai conforme o esperado.
O que todo mundo quer saber mesmo nesta divulgação — e qualquer pista será valiosa — é como ficará a distribuição de dividendos da Petrobras, tema amplamente questionado pelo atual governo; e como será a gestão do senador Jean Paul Prates (PT) à frente da companhia.
E, claro, se você chegou até aqui deve estar se perguntando como serão os resultados dos bancos, que ajudam a fechar o grupo das empresas com maior peso dentro do Ibovespa e estão entre os maiores credores da Americanas.
Mas isso você ficará sabendo numa matéria especial com as prévias dos grandes bancos que será publicada nos próximos dias pelo Seu Dinheiro.
Nubank busca licença bancária, mas sem “virar banco” — e ainda pode seguir com imposto menor; entenda o que está em jogo
A corrida do Nubank por uma licença bancária expõe a disputa regulatória e tributária que divide fintechs e bancões
Petrobras (PETR4) detalha pagamento de R$ 12,16 bilhões em dividendos e JCP e empolga acionistas
De acordo com a estatal, a distribuição será feita em fevereiro e março do ano que vem, com correção pela Selic
Quem é o brasileiro que será CEO global da Coca-Cola a partir de 2026
Henrique Braun ocupou cargos supervisionando a cadeia de suprimentos da Coca-Cola, desenvolvimento de novos negócios, marketing, inovação, gestão geral e operações de engarrafamento
Suzano (SUZB3) vai depositar mais de R$ 1 bilhão em dividendos, anuncia injeção de capital bilionária e projeções para 2027
Além dos proventos, a Suzano aprovou aumento de capital e revisou estimativas para os próximos anos. Confira
Quase R$ 3 bilhões em dividendos: Copel (CPLE5), Direcional (DIRR3), Minerva (BEEF3) e mais; confira quem paga e os prazos
A maior fatia dessa distribuição é da elétrica, que vai pagar R$ 1,35 bilhão em proventos aos acionistas
Cade aprova fusão entre Petz (PETZ3) e Cobasi com exigência de venda de lojas em SP
A união das operações cria a maior rede pet do Brasil. Entenda os impactos, os “remédios” exigidos e a reação da concorrente Petlove
Crise nos Correios: Governo Lula publica decreto que abre espaço para recuperação financeira da estatal
Novo decreto permite que estatais como os Correios apresentem planos de ajuste e recebam apoio pontual do Tesouro
Cyrela (CYRE3) propõe aumento e capital e distribuição bilionária de dividendos, mas ações caem na bolsa: o que aconteceu?
A ideia é distribuir esses dividendos sem comprometer o caixa da empresa, assim como fizeram a Axia Energia (AXIA3), ex-Eletrobras, e a Localiza, locadora de carros (RENT3)
Telefônica Brasil (VIVT3) aprova devolução de R$ 4 bilhões aos acionistas e anuncia compra estratégica em cibersegurança
A Telefônica, dona da Vivo, vai devolver R$ 4 bilhões aos acionistas e ainda reforça sua presença em cibersegurança com a compra da CyberCo Brasil
Brasil registra recorde em 2025 com abertura de 4,6 milhões de pequenos negócios; veja quais setores lideram o crescimento
No ano passado, pouco mais de 4,1 milhões de empreendimentos foram criados
Raízen (RAIZ4) vira penny stock e recebe ultimato da B3. Vem grupamento de ações pela frente?
Com RAIZ4 cotada a centavos, a B3 exige plano para subir o preço mínimo. Veja o prazo que a bolsa estipulou para a regularização
Banco Pan (BPAN4) tem incorporação pelo BTG Pactual (BPAC11) aprovada; veja detalhes da operação e vantagens para os bancos
O Banco Sistema vai incorporar todas as ações do Pan e, em seguida, será incorporado pelo BTG Pactual
Dividendos e JCP: Ambev (ABEV3) anuncia distribuição farta aos acionistas; Banrisul (BRSR6) também paga proventos
Confira quem tem direito a receber os dividendos e JCP anunciados pela empresa de bebidas e pelo banco, e veja também os prazos de pagamento
Correios não devem receber R$ 6 bilhões do Tesouro, diz Haddad; ajuda depende de plano de reestruturação
O governo avalia alternativas para reforçar o caixa dos Correios, incluindo a possibilidade de combinar um aporte com um empréstimo, que pode ser liberado ainda este ano
Rede de supermercados Dia, em recuperação judicial, tem R$ 143,3 milhões a receber do Letsbank, do Banco Master
Com liquidação do Master, há dúvidas sobre os pagamentos, comprometendo o equilíbrio da rede de supermercados, que opera queimando caixa e é controlada por um fundo de Nelson Tanure
Nubank avalia aquisição de banco para manter o nome “bank” — e ainda pode destravar vantagens fiscais com isso
A fintech de David Vélez analisa dois caminhos para a licença bancária no Brasil; entenda o que está em discussão
Abra Group, dona da Gol (GOLL54) e Avianca, dá mais um passo em direção ao IPO nos EUA e saída da B3; entenda
Esse é o primeiro passo no processo para abertura de capital, que possibilita sondar o mercado antes de finalizar a proposta
Por que a Axia Energia (AXIA3), ex-Eletrobras, aprovou um aumento de capital de R$ 30 bilhões? A resposta pode ser boa para o bolso dos acionistas
O objetivo do aumento de capital é manter o equilíbrio financeiro da empresa ao distribuir parte da reserva de lucros de quase R$ 40 bilhões
Magazine Luiza (MGLU3) aposta em megaloja multimarcas no lugar da Livraria Cultura para turbinar faturamento
Com cinco marcas sob o mesmo teto, a megaloja Galeria Magalu resgata a memória da Livraria Cultura, cria palco para conteúdo e promete ser a unidade mais lucrativa da varejista
Dividendos e bonificação em ações: o anúncio de mais de R$ 1 bilhão da Klabin (KLBN11)
A bonificação será de 1%, terá como data-base 17 de dezembro e não dará direito aos dividendos anunciados
