Caso Americanas: Fundo Verde dispara contra Lemann e sócios e se diz vítima de fraude
Desempenho do fundo Verde foi parcialmente afetado pela debacle da Americanas em janeiro devido a um investimento em debênture da varejista

Quase um mês após as “inconsistências contábeis” bilionárias da Americanas serem reveladas, parte do mercado ainda se vê em dúvida sobre se o caso se trata de fraude deliberada ou erro honesto. Mas, para a Verde Asset, de Luis Stuhlberger, não há dúvida.
Na carta mais recente que comenta o desempenho do fundo estrelado da casa, a gestora afirma categoricamente: “fomos vítimas de uma fraude”. Nem o trio de acionistas de referência da companhia formado por Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles escapou da artilharia da gestora.
A Verde detalha que em junho de 2022 investiu numa debênture da Americanas que julgou haver um “excesso de spread” em relação a outras empresas similares. O fundo alocou cerca de 15 pontos-base do capital nessas debêntures, o que se transformou numa perda de 14 pontos-base na cota do fundo quando a Americanas colapsou no dia seguinte à publicação do fato relevante que informava sobre o rombo bilionário.
“Quem investe em crédito sabe que este tipo de risco existe. O processo de diligência bem-feito deveria mitigá-lo, mas nunca é possível escapar totalmente do risco da fraude”, diz a carta.
A gestora também classificou como “inacreditável” que a Americanas só tenha afastado alguém da companhia 23 dias depois da publicação do derradeiro fato relevante - a companhia afastou três diretores na sexta-feira (3).
“Temos a maior fraude da história corporativa do Brasil, um buraco de mais de R$ 20 bilhões, e a gestão financeira da companhia (com exceção da recém-empossada CFO) continuou sendo feita pelas mesmas pessoas durante todo o período seguinte”, afirma a Verde na carta.
Leia Também
Foco em educação: Potencia Ventures faz aporte de R$ 1,5 milhão na UpMat
Mais Americanas:
- Além da Americanas (AMER3): a fila de empresas endividadas aumenta com Oi (OIBR3), Light (LIGT3) e CVC (CVCB3)
- Mais um tubarão abocanhou uma participação maior na Americanas (AMER3); veja quem
- Americanas (AMER3): pedido de busca e apreensão vira disputa “Rio-São Paulo” na Justiça
Sobrou para Lemann…
A gestora também aproveitou para criticar a conduta dos acionistas de referência da Americanas, o trio formado por Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles. Segundo a Verde, os três tinham dois caminhos possíveis para tomar após o caso ser revelado.
“Diante da escolha entre aportes para reparar um pedaço substancial da fraude, ou preservar sua reputação/legado, têm ficado silentes, mas claramente escolheram a opção financeira”, disse a Verde.
Para a gestora, a recuperação judicial da Americanas será um processo longo e ruidoso, no qual os únicos ganhadores serão os advogados envolvidos. E, conforme ele for se arrastando, menor a chance de haver uma recuperação relevante para a varejista e todos que fazem parte de seu ecossistema - funcionários, fornecedores, credores e acionistas.
… e também para Lula
Fora da esfera Americanas, a Verde também criticou as oportunidades desperdiçadas pelo governo brasileiro de se aproveitar da melhora no ambiente global neste início de ano.
A gestora de Stuhlberger aponta que o mês de janeiro acelerou um processo de questionamento sobre a avaliação geral de que os EUA entrariam em recessão no primeiro semestre. A Verde aponta que as grandes economias globais dão sinais de resiliência, enquanto os dados de inflação surpreendem para baixo.
“O Brasil deveria se beneficiar muito deste quadro, mas como tem sido praxe desde o fim da eleição, o novo governo não perde uma oportunidade de perder oportunidades”, diz a carta.
Na avaliação da Verde, os questionamentos do presidente Lula à meta de inflação e à independência do Banco Central fazem os prêmios de risco na curva de juros se manterem altos.
O Verde em janeiro, apesar da Americanas
No mês passado, o fundo Verde teve desempenho positivo de 2,74%, enquanto o CDI avançou 1,12%. O fundo obteve ganhos nas posições de commodities (especialmente ouro), na posição comprada em Real, nas posições de juros globais e em inflação implícita no Brasil.
As perdas vieram da posição de bolsa no Brasil e do livro de crédito local devido ao caso Americanas.
Ao final de janeiro, o Verde manteve exposição na bolsa brasileira e zerou as proteções na bolsa americana, passando a adotar uma pequena posição comprada em ações globais.
Além disso, o fundo manteve a posição comprada em inflação implícita no Brasil, além do risco tomado em juros na Europa, ou seja, apostando na alta das taxas.
O Verde também continua comprado em ouro e petróleo e vendido no Euro contra compra de Real.
Por que o Mercado Livre (MELI34) vai investir R$ 34 bilhões no Brasil em 2025? Aporte só não é maior que o de Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3)
Com o valor anunciado pela varejista online, seria possível comprar quatro vezes Magalu, Americanas e Casas Bahia juntos; conversamos com o vice-presidente e líder do Meli no Brasil para entender o que a empresa quer fazer com essa bolada
O ativo que Luis Stuhlberger gosta em meio às tensões globais e à perda de popularidade de Lula — e que está mais barato que a bolsa
Para o gestor do fundo Verde, Brasil não aguenta mais quatro anos de PT sem haver uma “argentinização”
Luis Stuhlberger: ‘Brasil saiu muito beneficiado’ após tarifas de Trump; dos ativos globais, bitcoin e ouro saem ganhando, e uma moeda se destaca
Em evento da Icatu Seguros, o gestor do fundo Verde analisou o impacto das tarifas recíprocas anunciadas ontem nos mercados globais e apontou ganhadores e perdedores
Trump-palooza: Alta tensão com tarifaço dos EUA força cautela nas bolsas internacionais e afeta Ibovespa
Donald Trump vai detalhar no fim da tarde de hoje o que chama de tarifas “recíprocas” contra países que “maltratam” os EUA
Ex-CEO da Americanas (AMER3) na mira do MPF: Procuradoria denuncia 13 antigos executivos da varejista após fraude multibilionária
Miguel Gutierrez é descrito como o principal responsável pelo rombo na varejista, denunciado por crimes como insider trading, manipulação e organização criminosa
Vale tudo na bolsa? Ibovespa chega ao último pregão de março com forte valorização no mês, mas de olho na guerra comercial de Trump
O presidente dos Estados Unidos pretende anunciar na quarta-feira a imposição do que chama de tarifas “recíprocas”
O e-commerce das brasileiras começou a fraquejar? Mercado Livre ofusca rivais no 4T24, enquanto Americanas, Magazine Luiza e Casas Bahia apanham no digital
O setor de varejo doméstico divulgou resultados mistos no trimestre, com players brasileiros deixando a desejar quando o assunto são as vendas online
Nem tudo é verdade: Ibovespa reage a balanços e dados de emprego em dia de PCE nos EUA
O PCE, como é conhecido o índice de gastos com consumo pessoal nos EUA, é o dado de inflação preferido do Fed para pautar sua política monetária
CEO da Americanas vê mais 5 trimestres de transformação e e-commerce menor, mas sem ‘anabolizantes’; ação AMER3 desaba 25% após balanço
Ao Seu Dinheiro, Leonardo Coelho revelou os planos para tirar a empresa da recuperação e reverter os números do quarto trimestre
Esporte radical na bolsa: Ibovespa sobe em dia de IPCA-15, relatório do Banco Central e coletiva de Galípolo
Galípolo concederá entrevista coletiva no fim da manhã, depois da apresentação do Relatório de Política Monetária do BC
Agenda econômica: Ata do Copom, IPCA-15 e PIB nos EUA e Reino Unido dividem espaço com reta final da temporada de balanços no Brasil
Semana pós-Super Quarta mantém investidores em alerta com indicadores-chave, como a Reunião do CMN, o Relatório Trimestral de Inflação do BC e o IGP-M de março
B3 convoca empresas para nova votação para aprovação de mudanças no Novo Mercado. O que está em discussão agora?
A expectativa da B3 é encerrar o processo em abril, com aval de pelo menos dois terços das companhias listadas no Novo Mercado
XP rebate acusações de esquema de pirâmide, venda massiva de COEs e rentabilidade dos fundos
Após a repercussão no mercado, a própria XP decidiu tirar a limpo a história e esclarecer todas as dúvidas e temores dos investidores; veja o que disse a corretora
Contradições na bolsa: Ibovespa busca reação em dia de indicadores de atividade no Brasil e nos EUA
Investidores também reagem ao andamento da temporada de balanços, com destaque para o resultado da Casas Bahia
“As ações da nossa carteira têm capacidade para até triplicar de valor”, diz gestor de fundo que rende mais que o dobro do Ibovespa desde 2008
Cenário de juros em alta, risco fiscal e incerteza geopolítica parece pouco convidativo, mas representa oportunidade para o investidor paciente, diz Pedro Rudge, da Leblon Equities
Americanas (AMER3) cobra indenização de ex-CEO e diretores acusados de fraude em novo processo arbitral; ações sobem na B3
O objetivo da ação é “ser integralmente ressarcida de todos os danos materiais e imateriais sofridos em decorrência dos atos ilícitos praticados”, segundo a varejista
Sem exceções: Ibovespa reage à guerra comercial de Trump em dia de dados de inflação no Brasil e nos EUA
Analistas projetam aceleração do IPCA no Brasil e desaceleração da inflação ao consumidor norte-americano em fevereiro
É o fim da “era de ouro” da renda fixa? Investidores sacam quase R$ 10 bilhões de fundos em fevereiro — mas outra classe teve performance ainda pior, diz Anbima
Apesar da performance negativa no mês passado, os fundos de renda fixa ainda mantêm captação líquida positiva de R$ 32,2 bilhões no primeiro bimestre de 2025
Stuhlberger tem bola de cristal? Verde foge do risco e zera parte importante da alocação em bolsa — e a culpa é de Trump
Sobre o Brasil, a equipe de gestores do fundo diz que a piora sensível dos indicadores de Lula, e “a aparente incapacidade de mudar a trajetória do governo, vide a recente reforma ministerial, antecipam as discussões” eleitorais de 2026
Um olhar pelo retrovisor: Ibovespa tenta manter alta com investidores de olho em balanços e Petrobras em destaque
Além dos números da Petrobras, investidores repercutem balanços da Ambev, do IRB, da Klabin e da WEG, entre outros