Americanas (AMER3) fica atrás da Oi (OIBR3) e é a quarta maior recuperação judicial da história do Brasil; entenda como funciona o processo
Tomando como base os R$ 43 bilhões em dívidas que a Americanas diz ter, a varejista fica atrás de Odebrecht, Oi e Samarco no ranking das RJs

A recuperação judicial (RJ) é um tema que sempre permeia o mercado corporativo e voltou à pauta do nos últimos dias após a descoberta de um rombo contábil bilionário na Americanas (AMER3).
A inconsistência nos balanços da empresa disparou gatilhos para o vencimento antecipado de diversas dívidas da varejista, e o mercado já esperava um pedido de socorro à Justiça.
E a oficialização do movimento, que ocorreu nesta quinta-feira (19) por volta das 14h, não deixou de despertar dúvidas sobre a recuperação judicial. A relação com a falência, a possibilidade de calotes nos credores e seu impacto sobre as ações da empresa são algumas das mais comuns
Para responder a essas perguntas, primeiro é preciso entender como funciona esse processo. Segundo os analistas da XP, é possível resumir o complexo e demorado arcabouço da RJ em cinco etapas principais.
O passo a passo da recuperação judicial
Como o objetivo da RJ é evitar a falência da empresa, o processo inicia-se com o prazo de blindagem, um período de 180 dias — contados a partir da solicitação e sanção — no qual a execução de dívidas fica suspensa.
Essa janela pode ser prorrogada por mais seis meses, caso necessário. Contudo, a proteção tem um custo: companhias nessa situação não podem fazer parte de nenhum índice acionário. Ou seja, serão removidas do Ibovespa ou de qualquer outro índice da B3.
Leia Também
Ainda de acordo com a XP, a retirada costuma ocorrer no dia seguinte ao anúncio. Vale destacar que a Americanas faz parte de vários índices além do Ibovespa, como o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), Índice de Consumo (ICON) e Índice Valor (IVBX), entre outros.
Passadas as duas etapas iniciais, o próximo passo é a apresentação do plano de recuperação judicial, em até 60 dias. Esse é o documento no qual a empresa detalha as medidas que tomará para a reestruturação e balanceamento da estrutura de capital.
VEJA TAMBÉM - Americanas não é o único grande fracasso na história de Lemann e sócios: veja outros 3 desastres na história do trio
Plano de recuperação inclui negociação de dívidas e venda de ativos
O plano costuma incluir três frentes de ação: gestão de passivos — incluindo a negociação das dívidas atuais —, injeção de capital e desinvestimentos.
No caso da Americanas, o total de dívidas chega a R$ 43 bilhões e a varejista já havia proposto a conversão das obrigações financeiras em ações AMER3, além de confirmar que estuda a venda de ativos do portfólio.
A expectativa do mercado é que a empresa se desfaça do Hortifruti Natural da Terra, adquirido em 2021 por R$ 2,1 bilhões. A Americanas ainda pode vender o Grupo Uni.co, que inclui as marcas Puket e Imaginarium, e a Vem Conveniência, uma joint venture com a Vibra Energia
Mas não basta apresentar estratégias e seguir para o próximo passo. Os credores da companhia têm um prazo de 30 dias para apresentar objeções — e, normalmente, levantam várias contestações.
Após os ajustes, o documento deve ser avaliado em uma assembleia de credores. Esta é a última etapa antes que o plano de reestruturação possa entrar em prática.
Quando termina a recuperação judicial?
Apesar do período de blindagem durar 180 dias — prorrogáveis por igual período —, não há um prazo oficial para o encerramento da recuperação judicial.
Processos bem-sucedidos levam, em média, de dois a três anos; casos que terminam em falência tendem a durar de três a quatro anos, de acordo com o Banco Central.
Acionistas e credores da Americanas esperam que a empresa se enquadre na primeira categoria, mas não há como prever quanto tempo durará a recuperação judicial das varejistas.
Exemplos recentes de outras companhias brasileiras podem deixar até o mais otimista dos investidores preocupados. A RJ da Oi (OIBR3), encerrada no final do ano passado, levou seis anos até a conclusão.
Quem tem prioridade para receber?
A própria Americanas diz, na petição de recuperação judicial, que possui mais de 16 mil credores. Mas qual deles tem prioridade para receber os eventuais pagamentos, de acordo com a Justiça?
A ordenação não é feita de acordo com o montante de créditos a serem recebidos por cada credor, mas sim a um critério definido em lei. Em geral, há cinco categorias — veja abaixo qual a prioridade:
- Detentores de créditos trabalhistas (até 150 salários mínimos ou relacionados a acidentes de trabalhos);
- Créditos garantidos por direitos reais;
- Donos de créditos tributários;
- Créditos quirográficos;
- Outros.
E os acionistas da companhia? Bem, quem tem papéis AMER3 não está na lista de credores — um investidor do mercado de ações entra como sócio da empresa, ainda que numa porcentagem ínfima.
Portanto, num eventual cenário de falência, acionistas vêm depois de todos os credores na lista de recebimento de quaisquer débitos.
As maiores recuperações judiciais do Brasil
Tomando como base os R$ 43 bilhões em dívidas que a Americanas diz ter, a varejista vai direto para o quarto lugar no ranking das maiores recuperações judiciais do Brasil.
A já citada Oi, com mais de R$ 65 bilhões em compromissos financeiros à época da protocolação do pedido, é uma das que está à frente; além dela, a Odebrecht e a Samarco também superam a Americanas.
Veja abaixo a lista com as oito maiores recuperações judiciais do Brasil, já incluindo a Americanas:
- Odebrecht: R$ 98,5 bilhões
- Oi: R$ 65,4 bilhões
- Samarco: R$ 50 bilhões
- Americanas: R$ 43 bilhões
- Sete Brasil: R$ 19,3 bilhões
- OGX: R$ 12 bilhões
- OAS: R$ 11,2 bilhões
- Grupo João Santos: R$ 11 bilhões
Dividendos e JCP: saiba quanto a Multiplan (MULT3) vai pagar dessa vez aos acionistas e quem pode receber
A administradora de shopping center vai pagar proventos aos acionistas na forma de juros sobre capital próprio; confira os detalhes
Compra do Banco Master: BRB entrega documentação ao BC e exclui R$ 33 bi em ativos para diminuir risco da operação
O Banco Central tem um prazo de 360 dias para analisar a proposta e deliberar pela aprovação ou recusa
Prio (PRIO3): Santander eleva o preço-alvo e vê potencial de valorização de quase 30%, mas recomendação não é tão otimista assim
Analistas incorporaram às ações da petroleira a compra da totalidade do campo Peregrino, mas problemas em outro campo de perfuração acende alerta
Estreia na Nyse pode transformar a JBS (JBSS32) de peso-pesado brasileiro a líder mundial
Os papéis começaram a ser negociados nesta sexta-feira (13); Citi avalia catalisadores para os ativos e diz se é hora de comprar ou de esperar
Minerva (BEEF3) entra como terceira interessada na incorporação da BRF (BRFS3) pela Marfrig (MRFG3); saiba quais são os argumentos contrários
Empresa conseguiu autorização do Cade para contribuir com dados e pareceres técnicos
“Com Trump de volta, o greenwashing perde força”, diz o gestor Fabio Alperowitch sobre nova era climática
Para o gestor da fama re.capital, retorno do republicano à Casa Branca acelera reação dos ativistas legítimos e expõe as empresas oportunistas
Dividendos e JCP: Telefônica (VIVT3), Copasa (CSMG3) e Neoenergia (NEOE3) pagam R$ 1 bilhão em proventos; veja quem tem direito a receber
A maior fatia é da B3, a operadora da bolsa brasileira, que anunciou na noite desta quinta-feira (11) R$ 378,5 milhões em juros sobre capital próprio
Radar ligado: Embraer (EMBR3) prevê demanda global de 10,5 mil aviões em 20 anos; saiba qual região é a líder
A fabricante brasileira de aviões projeta o valor de mercado de todas as novas aeronaves em US$ 680 bilhões, avanço de 6,25% em relação ao ano anterior
Até o Nubank (ROXO34) vai pagar a conta: as empresas financeiras mais afetadas pelas mudanças tributárias do governo
Segundo analistas, os players não bancários, como Nubank, XP e B3, devem ser os principais afetados pelos novos impostos; entenda os efeitos para os balanços dos gigantes do setor
Dividendo de R$ 1,5 bilhão da Rumo (RAIL3) é motivo para ficar com o pé atrás? Os bancos respondem
O provento representa 70% do lucro líquido do último ano e é bem maior do que os R$ 350 milhões distribuídos na última década. Mas como fica a alavancagem?
O sinal de Brasília que faz as ações da Petrobras (PETR4) operarem na contramão do petróleo e subirem mais de 1%
A Prio e a PetroReconcavo operam em queda nesta quinta-feira (12), acompanhando os preços mais baixos do Brent no mercado internacional
Dia dos Namorados: por que nem a solteirice salva apps de relacionamento como Tinder e Bumble da crise de engajamento
Após a pandemia, dating apps tiveram uma queda grande no número de “pretendentes”, que voltaram antigo método de conhecer pessoas no mundo real
Bradesco (BBDC4) surpreende, mas o pior ficou para trás na Cidade de Deus? Mercado aumenta apostas nas ações e diretor revela o que esperar
Ações disparam após balanço e, dentro da recuperação “step by step”, banco mira retomar níveis de rentabilidade (ROE) acima do custo de capital
Despedida da Wilson Sons (PORT3) da bolsa: controladora registra OPA; veja valor por ação
Os acionistas que detém pelo menos 10% das ações em circulação têm 15 dias para requerer a realização de nova avaliação sobre o preço da OPA
A Vamos (VAMO3) está barata demais? Por que Itaú BBA ignora o pessimismo do mercado e prevê 50% de valorização nas ações
Após um evento com os executivos, os analistas do banco reviram suas premissas e projetam crescimento de lucro para 2025 e 2026
A notícia que derruba a Braskem (BRKM5) hoje e coloca as ações da petroquímica entre as maiores baixas do Ibovespa
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, e o empresário Nelson Tanure falaram sobre o futuro da companhia e preocuparam os investidores
T4F (SHOW3) propõe pagar R$ 1,5 milhão para encerrar processo sobre trabalho análogo à escravidão no Lollapalooza, mas CVM rejeita
Em 2023, uma fiscalização identificou que cinco funcionários da Yellow Stripe, contratada da T4F para o festival, estavam dormindo no local em colchonetes de papelão
Em meio ao ânimo com o Minha Casa Minha Vida, CEO da Direcional (DIRR3) fala o que falta para apostar mais pesado na Faixa 4
O Seu Dinheiro conversou com o CEO Ricardo Gontijo sobre a Faixa 4 do Minha Casa Minha Vida, expectativas para a empresa, a Riva, os principais desafios para a companhia e o cenário macro
Petrobras (PETR4) respira: ações resistem à queda do petróleo e seguem entre as maiores altas do Ibovespa hoje
No dia anterior, a estatal foi rebaixada por grandes bancos, que estão de olho das perspectivas para os preços das commodity
AgroGalaxy (AGXY3) reduz prejuízo no 1T25, mas receita despenca 80% em meio à recuperação judicial
Tombo no faturamento decorre do cancelamento da carteira de pedidos da safrinha de milho, tradicionalmente o principal negócio do período para distribuidoras de insumos agrícolas