Será que o preço de uma ação importa tanto assim? Saiba o que é necessário para avaliar investimentos
Seja comprando algo barato que pode ficar caro, seja comprando algo caro que pode encarecer ainda mais, saber a hora de comprar e vender é o atributo mais importante de um investidor
O último episódio do Market Makers – o qual eu tive a alegria de ter participado – foi uma aula sobre como encontrar ações baratas na bolsa.
Esse é um daqueles temas que eu gosto de debater. Todo mundo sabe (ou deveria saber) que o preço é a variável fundamental de qualquer investimento.
Ninguém quer comprar algo por mais do que vale e isso vale para tudo: carro, casa, relógio, quadro etc.
O preço de uma ação
Com uma ação não é diferente: o retorno de um investimento em ação é uma variável do preço que se paga por ela. Apesar da sua extrema importância, analisar o preço de forma isolada não quer dizer muita coisa.
Um mesmo carro pode ter preços diferentes se um deles tiver a cor preta e outro tiver a cor roxa. Duas casas iguais de 100 metros quadrados podem ter preços diferentes se uma for localizada em um bairro nobre e a outra numa periferia.
E pagar barato não necessariamente pode ser um bom investimento já que o carro roxo pode ser difícil de vender e a violência na periferia pode desvalorizar a casa, por exemplo.
A grande conclusão disso é: seja comprando algo barato que pode ficar caro, seja comprando algo caro que pode encarecer ainda mais, saber a hora de comprar e vender é o atributo mais importante de um investidor. Ponto.
A análise de múltiplos na escolha de uma ação
Diante dessa necessidade, um dos atalhos mais usados para avaliar se um investimento é atrativo ou não é através da análise de múltiplos, principalmente o Preço sobre Lucro (P/L). Falei bastante sobre o múltiplo P/L aqui.
Tornando curta uma história longa, quanto menor o múltiplo, mais barata a ação e, quanto maior o múltiplo, mais cara a ação.
O porém dessa curta história é que o múltiplo reflete a expectativa que os investidores possuem em relação a trajetória de lucros de uma empresa. Por conta disso, empresas que crescem acima da média com elevado retorno sobre o capital investido tendem a negociar com múltiplos maiores e isso não significa que estão caras.
A Bia trouxe aqui uma provocação mind-blowing sobre essa dinâmica de múltiplo ao falar de Localiza:
“Se você tivesse pago 80 vezes o lucro da Localiza há 10 anos, você teria ganhado do mercado.”
Leia Também
Ao final de 2012, a Localiza negociava a 19x o lucro líquido de 2013. Se você tivesse comprado Localiza nesse preço e vendido ontem, o retorno ao ano teria sido equivalente a 23% ao ano, contra o Ibovespa na casa dos 6,3% ao ano (888% vs 96% no período).
Agora, se você tivesse comprado Localiza a 80 vezes o lucro líquido de 2023 – que foi de R$ 384 milhões – seu retorno teria sido menor, mas ainda acima do Ibovespa (8,3% ao ano).
Ou seja, mesmo que você tivesse pagado um valor surreal por uma empresa de qualidade, ainda assim teria batido o mercado nesta janela.
Isso porque a Localiza cresceu receita e lucro - já contando a expectativa do mercado para 2023 - a uma taxa composta assombrosa de 23% e 25% ao ano nesse período de 11 anos, respectivamente. É muita coisa.
A DINHEIRISTA - Taxada na Shein: “Meu reembolso está mais de um mês atrasado. E agora?” I Irmão golpista coloca pais no Serasa
Quanto é caro pagar por uma ação que cresce?
A Bia já havia dado esse insight aos membros da Comunidade Market Makers: em maio fizemos uma imersão de mais de três horas com a Studio em que falamos bastante sobre filosofia de investimentos e ainda fomos apresentados às maiores teses da carteira da gestora. A conversa está lá, gravada, e ontem eu a assisti novamente.
Na apresentação ela trouxe o gráfico a seguir da Fundsmith, gestora inglesa fundada por Terry Smith. O gráfico traz a mesma provocação: quanto é caro pagar por uma empresa que cresce?
Curiosamente, você poderia ter pagado quase 281 vezes na L’oreal que ainda assim você teria tido um CAGR de 7% ao ano. Se tivesse pagado zero na Avon teria perdido dinheiro.
Ou seja, mais do que olhar apenas o preço (ou múltiplo) de uma ação, é preciso entender para onde vai o lucro e a qual velocidade.
Essa é justamente a reflexão principal que o episódio #51 me trouxe.
Um abraço,
Matheus Soares
A sucessão no Fed: o risco silencioso por trás da queda dos juros
A simples possibilidade de mudança no comando do BC dos EUA já começou a mexer na curva de juros, refletindo a percepção de que o “jogo” da política monetária em 2026 será bem diferente do atual
Tony Volpon: Bolhas não acabam assim
Wall Street vivencia hoje uma bolha especulativa no mercado de ações? Entenda o que está acontecendo nas bolsas norte-americanas, e o que a inteligência artificial tem a ver com isso
As lições da Black Friday para o universo dos fundos imobiliários e uma indicação de FII que realmente vale a pena agora
Descontos na bolsa, retorno com dividendos elevados, movimentos de consolidação: que tipo de investimento realmente compensa na Black Friday dos FIIs?
Os futuros dividendos da Estapar (ALPK3), o plano da Petrobras (PETR3), as falas de Galípolo e o que mais move o mercado
Com mudanças contábeis, Estapar antecipa pagamentos de dividendos. Petrobras divulga seu plano estratégico, e presidente do BC se mantém duro em sua política de juros
Jogada de mestre: proposta da Estapar (ALPK3) reduz a espera por dividendos em até 8 anos, ações disparam e esse pode ser só o começo
A companhia possui um prejuízo acumulado bilionário e precisaria de mais 8 anos para conseguir zerar esse saldo para distribuir dividendos. Essa espera, porém, pode cair drasticamente se duas propostas forem aprovadas na AGE de dezembro.
A decisão de Natal do Fed, os títulos incentivados e o que mais move o mercado hoje
Veja qual o impacto da decisão de dezembro do banco central dos EUA para os mercados brasileiros e o que deve acontecer com as debêntures incentivadas, isentas de IR
Corte de juros em dezembro? O Fed diz talvez, o mercado jura que sim
Embora a maioria do mercado espere um corte de 25 pontos-base, as declarações do Fed revelam divisão interna: há quem considere a inflação o maior risco e há quem veja a fragilidade do mercado de trabalho como a principal preocupação
Rodolfo Amstalden: O mercado realmente subestima a Selic?
Dentro do arcabouço de metas de inflação, nosso Bacen dá mais cavalos de pau do que a média global. E o custo de se voltar atrás para um formulador de política monetária é quase que proibitivo. Logo, faz sentido para o mercado cobrar um seguro diante de viradas possíveis.
As projeções para a economia em 2026, inflação no Brasil e o que mais move os mercados hoje
Seu Dinheiro mostra as projeções do Itaú para os juros, inflação e dólar para 2026; veja o que você precisa saber sobre a bolsa hoje
Os planos e dividendos da Petrobras (PETR3), a guerra entre Rússia e Ucrânia, acordo entre Mercosul e UE e o que mais move o mercado
Seu Dinheiro conversou com analistas para entender o que esperar do novo plano de investimentos da Petrobras; a bolsa brasileira também reflete notícias do cenário econômico internacional
Felipe Miranda: O paradoxo do banqueiro central
Se você é explicitamente “o menino de ouro” do presidente da República e próximo ao ministério da Fazenda, é natural desconfiar de sua eventual subserviência ao poder Executivo
Hapvida decepciona mais uma vez, dados da Europa e dos EUA e o que mais move a bolsa hoje
Operadora de saúde enfrenta mais uma vez os mesmos problemas que a fizeram despencar na bolsa há mais dois anos; investidores aguardam discurso da presidente do Banco Central Europeu (BCE) e dados da economia dos EUA
CDBs do Master, Oncoclínicas (ONCO3), o ‘terror dos vendidos’ e mais: as matérias mais lidas do Seu Dinheiro na semana
Matéria sobre a exposição da Oncoclínicas aos CDBs do Banco Master foi a mais lida da semana; veja os destaques do SD
A debandada da bolsa, pessimismo global e tarifas de Trump: veja o que move os mercados hoje
Nos últimos anos, diversas empresas deixaram a B3; veja o que está por trás desse movimento e o que mais pode afetar o seu bolso
Planejamento, pé no chão e consciência de que a realidade pode ser dura são alguns dos requisitos mais importantes de quem quer ser dono da própria empresa
Milhões de brasileiros sonham em abrir um negócio, mas especialistas alertam que a realidade envolve insegurança financeira, mais trabalho e falta de planejamento
Rodolfo Amstalden: Será que o Fed já pode usar AI para cortar juros?
Chegamos à situação contemporânea nos EUA em que o mercado de trabalho começa a dar sinais em prol de cortes nos juros, enquanto a inflação (acima da meta) sugere insistência no aperto
A nova estratégia dos FIIs para crescer, a espera pelo balanço da Nvidia e o que mais mexe com seu bolso hoje
Para continuarem entregando bons retornos, os Fundos de Investimento Imobiliários adaptaram sua estratégia; veja se há riscos para o investidor comum. Balanço da Nvidia e dados de emprego dos EUA também movem os mercados hoje
O recado das eleições chilenas para o Brasil, prisão de dono e liquidação do Banco Master e o que mais move os mercados hoje
Resultado do primeiro turno mostra que o Chile segue tendência de virada à direita já vista em outros países da América do Sul; BC decide liquidar o Banco Master, poucas horas depois que o banco recebeu uma proposta de compra da holding Fictor
Eleição no Chile confirma a guinada política da América do Sul para a direita; o Brasil será o próximo?
Após a vitória de Javier Milei na Argentina em 2023 e o avanço da direita na Bolívia em 2025, o Chile agora caminha para um segundo turno amplamente favorável ao campo conservador
Os CDBs que pagam acima da média, dados dos EUA e o que mais movimenta a bolsa hoje
Quando o retorno é maior que a média, é hora de desconfiar dos riscos; investidores aguardam dados dos EUA para tentar entender qual será o caminho dos juros norte-americanos