🔴 A TEMPORADA DE BALANÇOS DO 1T25 JÁ COMEÇOU – CONFIRA AS NOTÍCIAS, ANÁLISES E RECOMENDAÇÕES

Felipe Miranda: Riders on the storm — como ganhar da Bolsa em 2023?

O Ibovespa subiu 4,69% em 2022, por exemplo. Não bateu o CDI, mas foi um desempenho bastante razoável se julgarmos a indisposição geral a risco no ano, quando o portfólio 60/40 teve sua sétima pior performance desde 1900, de acordo com a Goldman Sachs

30 de janeiro de 2023
17:11
Alavanche de dinheiro
Imagem: Montagem: Alice Almeida

Estou entre aqueles que gostam de citar a frase atribuída a Leonardo da Vinci: “a simplicidade é a maior das sofisticações.” Simplificar é uma arte. Ou seria ciência?

A adoção de modelos representativos da realidade permeia a sistemática do método científico. O sujeito lista uma série de premissas, monta um modelo que simplifica a realidade e remete as hipóteses desse modelo ao teste empírico. A simplificação é uma necessidade material. Seria inviável testar toda a realidade num laboratório. Buscamos um modelo arquetípico capaz de descrever a realidade adequadamente.

Eis o problema. O que morre nessa simplificação? Jogamos fora o bebê junto com a água do banho ao tentarmos enquadrar a realidade na nossa representação? Não seriam justamente os detalhes, as nuances, as exceções, os cisnes negros as coisas mais importantes da realidade, tipicamente desprezados em representações amostrais genéricas?

A dita ciência econômica (e poderíamos aqui passar um bom tempo debatendo se isso é mesmo ciência) enfrenta dois agravantes do problema mais geral.

O primeiro: não é possível replicar os experimentos socioeconômicos num ambiente de laboratório. Se afirmamos, por exemplo, que a falta de persistência de Arthur Burns em apertar a política monetária nos anos 70 levou à escalada da inflação, estamos, de alguma maneira, dizendo que, se não fosse isso, a inflação teria sido debelada. Será? Como provar? Temos o contrafactual?

As ciências sociais em geral sofrem desse mal. Niall Ferguson costuma citar o problema da “filosofia da história” para descrever o mesmo fenômeno na sua área de atuação.

Leia Também

Pois, então, os economistas, justamente tentando se afastar desse soft Science para parecerem mais rigorosos do que os historiadores ou cientistas sociais, tentaram se posicionar mais próximos às ciências naturais, conferindo maior matematização e formalização a seu ferramental, o que lhes rendeu o merecido apelido de “physics envy” (os invejosos da física).

Daí decorre o segundo ponto: para poder se parecer com as ciências exatas e trabalhar com modelos matematizáveis, a Economia adotou premissas de comportamento humano e social não necessariamente alinhados à realidade. Seria muito mais difícil modelar o comportamento humano sem a hipótese de expectativas racionais, por exemplo. Como antecipar atitudes derivadas da raiva, da vingança, da euforia, do tesão, do vício e por aí vai?

Em muitas situações, simplificamos demais e perdemos justamente o que seria a essência de determinado fenômeno. O diabo está nos detalhes.

Já falei aqui esse palavrão algumas vezes e peço desculpas por repeti-lo: a realidade é não-ergódica. Não há modelos econométricos suficientemente adequados para descrevê-la.

Simplificar é ótimo. Simplificar demais é péssimo. Penso no exemplo mais besta e trivial: “Bolsa fecha em alta de x%.” Breve pausa: reconheço que o problema aqui é mais de linguagem do que propriamente de metodologia científica. Ele poderia ser facilmente corrigido pelo abandono da metonímia. Bolsa se refere ao Ibovespa; não à média das ações brasileiras.

Mas eis um problema importante de simplificação se não olhado adequadamente.

O Ibovespa subiu 4,69% em 2022, por exemplo. Não bateu o CDI, mas foi um desempenho bastante razoável se julgarmos a indisposição geral a risco no ano, quando o portfólio 60/40 teve sua sétima pior performance desde 1900, de acordo com a Goldman Sachs.

Os 4,69% de alta, no entanto, escondem um desempenho médio sofrível das ações brasileiras na Bolsa, conquistados apenas por conta da performance estelar dos setores de bancos e commodities, com pesos muito grandes no índice. Se você não estava lotado de Petrobras e Vale no ano passado (e quase ninguém estava), foi muito difícil superar o Ibovespa.

O panorama talvez seja diferente para 2023, pois há contingências objetivas ameaçando a performance de algumas das ações com maior peso no Ibovespa.

Os caminhos possíveis da Bolsa

Comecemos pela maior delas: Vale. Gosto da empresa, sem muita dúvida. Eficiência operacional clara, baixa alavancagem, minério de alta concentração, toda essa “agenda Rubens” (vale prestar atenção especial nessa história de cavidades). Pega abertura de China na veia e esse é um grande catalisador.

Mas, nesses níveis, perto da máxima, é difícil ver grande upside. Talvez 5%, 10%… quem sabe (supondo os atuais patamares de câmbio e minério de ferro), mais 10% de dividendo. Além disso, parece improvável. Uma combinação razoável de risco e retorno, mas sem ser capaz de puxar muito o índice.

Petrobras é obviamente muito barato, mas quem vai topar ficar na frente desse trem (des)governado por um governo desenvolvimentista e com declarações contundentes em prol do maior uso das estatais para fazer política? O barato pode ficar caro rapidinho se os lucros forem deteriorados por mudanças na política de preços, novas refinarias ou diretorias muito criativas nas áreas de eólica e solar.

Olhando para os bancos, o cenário já não era propriamente auspicioso diante da alta da inadimplência e das restrições à renda disponível dos correntistas. Então, veio a hecatombe de Americanas. Além do impacto em si dificultando o crescimento de lucros neste ano, possivelmente contrai carteira de crédito e prêmios de risco. Se não cresce e as incertezas macro são de toda sorte, difícil haver um grande re-rating.

WEG, por sua vez, é ótima, mas a recente MP dos preços de transferência pode tirar algo próximo a 10% dos lucros da companhia. Como a referência de valuation aqui costuma ser o Preço sobre Lucro, temos uma espada de Dâmocles sobre ela. Algo parecido vale para Suzano.

Então, temos cerca de metade do índice sob ameaças particulares. Alguns caminhos possíveis em Bolsa são o cíclico doméstico barato, como Iguatemi, Aliansce Sonae, Cosan, Localiza; um ou outro nome de consumo, tipo Arezzo, Soma e Vivara; uma jogada mais defensiva em utilities, com Equatorial, Energisa, Eneva ou Coelce (para pegar o evento societário); além das empresas privadas de petróleo (minha favorita é 3R) e alguma coisa no agro (SLC, Brasil Agro ou 3 Tentos).

Se 2022 exigiu um milagre para se bater o Ibovespa, neste ano jogar parado talvez seja suficiente. Para dirigir numa tempestade, é sempre bom olhar pra frente, com a devida cautela. Os ganhadores dos últimos 12 meses podem ser bem diferentes dos que estão por vir.

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Planos pré-feriado: Ibovespa se prepara para semana mais curta, mas cheia de indicadores e balanços

28 de abril de 2025 - 8:06

Dados sobre o mercado de trabalho no Brasil e nos EUA, balanços e 100 dias de Trump são os destaques da semana

conteúdo EQI

FI-Infras apanham na bolsa, mas ainda podem render acima da Selic e estão baratos agora, segundo especialistas; entenda

26 de abril de 2025 - 12:00

A queda no preço dos FI-Infras pode ser uma oportunidade para investidor comprar ativos baratos e, depois, buscar lucros com a valorização; entenda

DEPOIS DO BALANÇO DO 1T25

Vale (VALE3) sem dividendos extraordinários e de olho na China: o que pode acontecer com a mineradora agora; ações caem 2%

25 de abril de 2025 - 13:14

Executivos da companhia, incluindo o CEO Gustavo Pimenta, explicam o resultado financeiro do primeiro trimestre e alertam sobre os riscos da guerra comercial entre China e EUA nos negócios da empresa

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Deixa a bolsa me levar: Ibovespa volta a flertar com máxima histórica em dia de IPCA-15 e repercussão de balanço da Vale

25 de abril de 2025 - 8:23

Apesar das incertezas da guerra comercial de Donald Trump, Ibovespa está a cerca de 2% de seu recorde nominal

SEXTOU COM O RUY

Hypera (HYPE3): quando a incerteza joga a favor e rende um lucro de mais de 200% — e esse não é o único caso

25 de abril de 2025 - 6:03

A parte boa de trabalhar com opções é que não precisamos esperar maior clareza dos resultados para investir. Na verdade, quanto mais incerteza melhor, porque é justamente nesses casos em que podemos ter surpresas agradáveis.

A TECH É BIG

Dona do Google vai pagar mais dividendos e recomprar US$ 70 bilhões em ações após superar projeção de receita e lucro no trimestre

24 de abril de 2025 - 17:59

A reação dos investidores aos números da Alphabet foi imediata: as ações chegaram a subir mais de 4% no after market em Nova York nesta quinta-feira (24)

COMPRAR OU VENDER

Subir é o melhor remédio: ação da Hypera (HYPE3) dispara 12% e lidera o Ibovespa mesmo após prejuízo

24 de abril de 2025 - 16:06

Entenda a razão para o desempenho negativo da companhia entre janeiro e março não ter assustado os investidores e saiba se é o momento de colocar os papéis na carteira ou se desfazer deles

FUNDOS DE HEDGE

O que está derrubando Wall Street não é a fuga de investidores estrangeiros — o JP Morgan identifica os responsáveis

24 de abril de 2025 - 12:06

Queda de Wall Street teria sido motivada pela redução da exposição dos fundos de hedge às ações disponíveis no mercado dos EUA

TÁ CHEGANDO

OPA do Carrefour (CRFB3): com saída de Península e GIC do negócio, o que fazer com as ações? 

24 de abril de 2025 - 10:45

Analistas ouvidos pelo Seu Dinheiro indicam qual a melhor estratégia para os pequenos acionistas — e até uma ação alternativa para comprar com os recursos

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar

24 de abril de 2025 - 8:11

China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Seu frouxo, eu mando te demitir, mas nunca falei nada disso

23 de abril de 2025 - 20:01

Ameaçar Jerome Powell de demissão e chamá-lo de frouxo (“a major loser”), pressionando pela queda da taxa básica, só tende a corromper o dólar e alimentar os juros de longo prazo

ILUMINADA

Ação da Neoenergia (NEOE3) sobe 5,5% após acordo com fundo canadense e chega ao maior valor em cinco anos. Comprar ou vender agora?

23 de abril de 2025 - 16:22

Bancos que avaliaram o negócio não tem uma posição unânime sobre o efeito da venda no caixa da empresa, mas são unânimes sobre a recomendação para o papel

MERCADOS HOJE

Bolsa nas alturas: Ibovespa sobe 1,34% colado na disparada de Wall Street; dólar cai a R$ 5,7190 na mínima do dia

23 de abril de 2025 - 12:44

A boa notícia que apoiou a alta dos mercados tanto aqui como lá fora veio da Casa Branca e também ajudou as big techs nesta quarta-feira (23)

DE MALAS PRONTAS

JBS (JBSS3) aprova assembleia para votar dupla listagem na bolsa de Nova York e prevê negociações em junho; confira os próximos passos

23 de abril de 2025 - 9:45

A listagem na bolsa de valores de Nova York daria à JBS acesso a uma base mais ampla de investidores. O processo ocorre há alguns anos, mas ainda restam algumas etapas pela frente

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia

23 de abril de 2025 - 8:06

Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell

MERCADOS

Ibovespa pega carona nos fortes ganhos da bolsa de Nova York e sobe 0,63%; dólar cai a R$ 5,7284

22 de abril de 2025 - 17:20

Sinalização do governo Trump de que a guerra tarifária entre EUA e China pode estar perto de uma trégua ajudou na retomada do apetite por ativos mais arriscados

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Orgulho e preconceito na bolsa: Ibovespa volta do feriado após sangria em Wall Street com pressão de Trump sobre Powell

22 de abril de 2025 - 8:11

Investidores temem que ações de Trump resultem e interferência no trabalho do Fed, o banco central norte-americano

DIA 92

Trump x Powell: uma briga muito além do corte de juros

21 de abril de 2025 - 17:12

O presidente norte-americano seguiu na campanha de pressão sobre Jerome Powell e o Federal Reserve e voltou a derrubar os mercados norte-americanos nesta segunda-feira (21)

METAL MAIS QUE PRECIOSO

É recorde: preço do ouro ultrapassa US$ 3.400 e já acumula alta de 30% no ano

21 de abril de 2025 - 15:01

Os contratos futuros do ouro chegaram a atingir US$ 3.433,10 a onça na manhã desta segunda-feira (21), um novo recorde, enquanto o dólar ia às mínimas em três anos

MERCADO EXTERNO

A última ameaça: dólar vai ao menor nível desde 2022 e a culpa é de Donald Trump

21 de abril de 2025 - 10:26

Na contramão, várias das moedas fortes sobem. O euro, por exemplo, se valoriza 1,3% em relação ao dólar na manhã desta segunda-feira (21)

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar