O que são os Treasurys e por que a alta das taxas nos EUA derruba a bolsa brasileira e faz o dólar disparar?
Os títulos do Tesouro norte-americano são considerados o investimento mais seguro do mundo e operam no maior patamar desde 2016

*CORREÇÃO: Por um erro da redação, a matéria original informava de forma incorreta que a dívida dos EUA é de US$ 32,3 bilhões. O correto é US$ 32,3 trilhões. Segue a íntegra da nota corrigida:
O rendimento dos Treasurys com vencimento de dez anos atingiu o maior patamar desde agosto de 2007 nesta terça-feira, a 4,7589%. O título de 30 anos também opera no nível mais alto em 16 anos, a 4,934%.
A disparada das taxas nas últimas semanas provocou um efeito-dominó no mercado e ajuda a explicar a queda da bolsa brasileira e a alta do dólar, que voltou a ser cotado na casa dos R$ 5,10.
Mas, afinal, o que são esses Treasurys? Por que as taxas não param de subir e por que os rendimentos desses papéis influenciam os mercados em todo o mundo? É o que Seu Dinheiro explica para você nesta reportagem.
O que são os Treasurys?
Os Treasurys são como são chamados os títulos do Tesouro dos Estados Unidos, ou seja, títulos da dívida do governo norte-americano.
Em linhas gerais, os Treasurys são considerados o investimento mais seguro do mundo, pelo fato de o governo dos EUA nunca ter dado calote na história e ainda ser o emissor da moeda — no caso o dólar.
Leia Também
Assim como os títulos do Tesouro brasileiro, os Treasurys possuem diferentes vencimentos, sendo os mais relevantes os de 2, 10 e 30 anos.
Ou seja, ao comprar Treasurys o investidor empresta dinheiro para o governo dos Estados Unidos, com a perspectiva de receber algum retorno financeiro nesses períodos, dada uma taxa negociada diariamente.
Essas taxas, também chamadas de yields (rendimentos) variam de acordo com a perspectiva dos investidores para a trajetória da taxa de juros da maior economia do planeta. Vale lembrar que a faixa atual dos juros está entre 5,25% a 5,50% ao ano.
Em momentos de maior incerteza nos mercados, os Treasurys costumam ser usados pelos investidores como “porto seguro”, o que também influencia os yields.
Crescimento econômico, risco político, humor do mercado, quantidade de compradores e vendedores de títulos do mercado também são alguns indicadores que refletem a confiança dos investidores.
Entre os títulos de médio e longo prazos, o rendimento de 10 anos é a referência do mercado, já que serve como parâmetro para as taxas de hipotecas e termômetro da confiança dos investidores.
Além disso, o juro norte-americano ajuda a estabelecer o valor do dólar no mercado internacional. Em linhas gerais, pode ser considerado também como custo de oportunidade de investimento em dólar.
TOUROS E URSOS - Por que o Ibovespa (ainda) não decolou? Uma entrevista exclusiva com Felipe Miranda
Por que os Treasurys estão disparando?
Em resumo, os investidores estão preocupados com o ritmo acelerado da economia norte-americana e da inflação resistente.
Esse cenário pode obrigar o Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano, a subir ainda mais os juros, que vêm em escalada depois de permanecerem perto de zero por mais de uma década.
Dado que a política monetária e as perspectivas futuras sobre a economia precificam os títulos do Tesouro, os rendimentos dos Treasurys passaram a refletir o cenário mais pessimista, com a disparada das taxas.
Mas, não é só isso. O “fantasma” do calote na dívida voltou a assombrar os investidores nas últimas semanas — o que afeta, principalmente, os títulos do Tesouro de prazos mais longos.
A dívida pública dos Estados Unidos aumentou para mais de US$ 32,3 trilhões neste ano, o que corresponde a quase 120% do Produto Interno Bruto (PIB).
No último fim de semana, o Congresso entrou em acordo, novamente, para aprovar um projeto de lei sobre os gastos do governo a tempo de evitar a paralisação das atividades. O movimento aconteceu próximo ao prazo final, de 30 de setembro.
O endividamento americano elevado, a indisciplina fiscal e a dificuldade de negociação entre os partidos Republicano e Democrata no Congresso Nacional para definir um orçamento voltaram a aumentar a aversão dos investidores à maior economia do mundo.
Em consequência, esses fatores são precificados na curva de juros e taxas de retorno (yields) dos Treasurys mais longos, como os de vencimentos para 10 e 30 anos.
“Por um lado, não há ‘falta de demanda’ para os títulos americanos nem risco efetivo no curto prazo; por outro lado, a extrapolação desse nível de endividamento e déficits fiscais em 20 ou 30 anos preocupa, e os investidores exigem um retorno maior”, afirma William Castro, estrategista-chefe da Avenue.
Por último, vale mencionar que o ajuste técnico do Fed também entra na conta, ou melhor, na precificação dos Treasurys. Como parte da política monetária, o BC norte-americano vem vendendo títulos e, consequentemente, retirando dinheiro (liquidez) do mercado.
Nos últimos meses, o Fed reduziu em cerca de US$ 700 bilhões a posição em títulos do Tesouro, segundo dados da Avenue.
Por que a alta dos títulos do Tesouro dos EUA derruba a bolsa e faz o dólar disparar?
Os Estados Unidos são a maior economia do mundo, e os títulos do Tesouro do país, principalmente os de longo prazo, são um “termômetro” dos investidores sobre a trajetória da economia norte-americana.
Mesmo com o receio em relação à dívida norte-americana, os Treasurys se mantêm como o investimento considerado mais seguro do mundo.
E quando o rendimento dos Treasurys aumenta, acaba atraindo capital de todo o planeta, inclusive aquele que está no Brasil.
O primeiro impacto disso é na bolsa. Em um cenário de juros elevados dos títulos norte-americanos, os investidores podem obter mais retorno sem precisar se expor a mercados considerados “exóticos” como o brasileiro.
Logo, os ativos de maior risco, como as ações, se tornam menos atrativos. Não por acaso, a B3 registrou, apenas em agosto, uma saída de pouco mais de R$ 13 bilhões, maior patamar desde março de 2020.
No caso do Brasil, outro fator também entra em cena: o endividamento público doméstico, em meio ao impasse de tramitação e aprovação de pautas econômicas no Congresso Nacional.
Por fim, tudo isso acaba também por fortalecer o dólar, já que a saída de recursos do país diminui o volume em circulação da moeda norte-americana no país.
O que pode acontecer agora?
A continuidade do avanço dos rendimentos dos Treasurys ou uma inversão do movimento só deve acontecer à medida que os dados econômicos dos Estados Unidos apontarem um desaquecimento mais forte, segundo os analistas ouvidos pelo Seu Dinheiro.
Ou seja, a inflação e os dados do mercado de trabalho na maior economia do mundo precisam mostrar sinais mais claros de desaceleração para o Fed se convencer de que a política “higher for longer” não será necessária.
“Uma desaceleração mais forte deve reduzir essa percepção de que os juros vão ficar altos por mais tempo. Se, de fato, apontar para uma recessão adiante, o Fed vai ter que reduzir os juros, e essa ideia do ‘higher for longer’ começa a ser relativizada”, afirma William Castro, da Avenue.
Segundo Castro, os títulos mais longos já sofreram uma correção à medida que o mercado assumiu um cenário de inflação mais elevada em nível global, de forma estrutural. Ou seja, boa parte do ajuste nas taxas dos Treasurys já aconteceu e, portanto, o espaço para novas surpresas é menor.
Para Victor Inoue, chefe de produtos na WIT Invest, no curto prazo os rendimentos dos Treasurys devem seguir em níveis altos. Enquanto isso acontecer, o dólar tende a se fortalecer em relação a uma série de moedas, incluindo o nosso real.
Isso também deve afetar a taxa terminal da Selic, no fim do ciclo de corte promovido pelo Comitê de Política Monetária (Copom). “Se antes a expectativa era de uma Selic abaixo dos dois dígitos no final de 2024, hoje as projeções são entre 9% a 10,5% ao ano.
Sequóia III Renda Imobiliária (SEQR11) consegue inquilino para imóvel vago há mais de um ano, mas cotas caem
O galpão presente no portfólio do FII está localizado na Penha, no Rio de Janeiro, e foi construído sob medida para a operação da Atento, empresa de atendimento ao cliente
Bolsa brasileira pode saltar 30% até o fim de 2025, mas sem rali de fim de ano, afirma André Lion. Essas são as 5 ações favoritas da Ibiuna para investir agora
Em entrevista exclusiva ao Seu Dinheiro, o sócio da Ibiuna abriu quais são as grandes apostas da gestora para o segundo semestre e revelou o que poderia atrapalhar a boa toada da bolsa
Cinco bancos perdem juntos R$ 42 bilhões em valor de mercado — e estrela da bolsa puxa a fila
A terça-feira (19) foi marcada por fortes perdas na bolsa brasileira diante do aumento das tensões entre Estados Unidos e o Brasil
As cinco ações do Itaú BBA para lucrar: de Sabesp (SBSP3) a Eletrobras (ELET3), confira as escolhidas após a temporada de resultados
Banco destaca empresas que superaram as expectativas no segundo trimestre em meio a um cenário desafiador para o Ibovespa
Dólar abaixo de R$ 5? Como a vitória de Trump na guerra comercial pode ser positiva para o Brasil
Guilherme Abbud, CEO e CIO da Persevera Asset, fala sobre os motivos para ter otimismo com os ativos de risco no Touros e Ursos desta semana
Exclusivo: A nova aposta da Kinea para os próximos 100 anos — e como investir como a gestora
A Kinea Investimentos acaba de revelar sua nova aposta para o próximo século: o urânio e a energia nuclear. Entenda a tese de investimento
Entra Cury (CURY3), sai São Martinho (SMTO3): bolsa divulga segunda prévia do Ibovespa
Na segunda prévia, a Cury fez sua estreia com 0,210% de peso para o período de setembro a dezembro de 2025, enquanto a São Martinho se despede do índice
Petrobras (PETR4), Gerdau (GGBR4) e outras 3 empresas pagam dividendos nesta semana; saiba quem recebe
Cinco companhias listadas no Ibovespa (IBOV) entregam dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) aos acionistas na terceira semana de agosto
Howard Marks zera Petrobras e aposta na argentina YPF — mas ainda segura quatro ações brasileiras
A saída da petroleira estatal marca mais um corte de exposição brasileira, apesar do reforço em Itaú e JBS
Raízen (RAIZ4) e Braskem (BRKM5) derretem mais de 10% cada: o que movimentou o Ibovespa na semana
A Bolsa brasileira teve uma ligeira alta de 0,3% em meio a novos sinais de desaceleração econômica doméstica; o corte de juros está próximo?
Ficou barata demais?: Azul (AZUL4) leva puxão de orelha da B3 por ação abaixo de R$ 1; entenda
Em comunicado, a companhia aérea informou que tem até 4 de fevereiro de 2026 para resolver o problema
Nubank dispara 9% em NY após entregar rentabilidade maior que a do Itaú no 2T25 — mas recomendação é neutra, por quê?
Analistas veem limitações na capacidade de valorização dos papéis diante de algumas barreiras de crescimento para o banco digital
TRXF11 renova apetite por aquisições: FII adiciona mais imóveis no portfólio por R$ 98 milhões — e leva junto um inquilino de peso
Com a transação, o fundo imobiliário passa a ter 72 imóveis e um valor total investido de mais de R$ 3,9 bilhões em ativos
Banco do Brasil (BBAS3): Lucro de quase R$ 4 bilhões é pouco ou o mercado reclama de barriga cheia?
Resultado do segundo trimestre de 2025 veio muito abaixo do esperado; entenda por que um lucro bilionário não é o bastante para uma instituição como o Banco do Brasil (BBAS3)
FII anuncia venda de imóveis por R$ 90 milhões e mira na redução de dívidas; cotas sobem forte na bolsa
Após acumular queda de mais de 67% desde o início das operações na B3, o fundo imobiliário vem apostando na alienação de ativos do portfólio para reduzir passivos
“Basta garimpar”: A maré virou para as small caps, mas este gestor ainda vê oportunidade em 20 ações de ‘pequenas notáveis’
Em meio à volatilidade crescente no mercado local, Werner Roger, gestor da Trígono Capital, revelou ao Seu Dinheiro onde estão as principais apostas da gestora em ações na B3
Dólar sobe a R$ 5,4018 e Ibovespa cai 0,89% com anúncio de pacote do governo para conter tarifaço. Por que o mercado torceu o nariz?
O plano de apoio às empresas afetadas prevê uma série de medidas construídas junto aos setores produtivos, exportadores, agronegócio e empresas brasileiras e norte-americanas
Outra rival para a B3: CSD BR recebe R$ 100 milhões do Citi, Morgan Stanley e UBS para criar nova bolsa no Brasil
Investimento das gigantes financeiras é mais um passo para a empresa, que já tem licenças de operação do Banco Central e da CVM
HSML11 amplia aposta no SuperShopping Osasco e passa a deter mais de 66% do ativo
Com a aquisição, o fundo imobiliário concluiu a aquisição adicional do shopping pretendida com os recursos da 5ª emissão de cotas
Bolsas no topo e dólar na base: estas são as estratégias de investimento que o Itaú (ITUB4) está recomendando para os clientes agora
Estrategistas do banco veem um redirecionamento global de recursos que pode chegar ao Brasil, mas existem algumas condições pelo caminho