Justiça libera execução de garantias contra Gramado Parks; empresa deve R$ 870 milhões a securitizadora e fundos imobiliários
O desembargador argumentou que, por serem cedidos por meio de alienação fiduciária, os créditos geridos pela Fortesec não estão sujeitos aos efeitos da recuperação judicial

Os fundos imobiliários alvos de calotes da Gramado Parks (GPK) registram uma forte recuperação das cotas nos últimos dias e são destaque na B3. E esse movimento de alta pode se intensificar ainda mais com a repercussão da última novidade na recuperação judicial do grupo.
Um despacho emitido pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul autorizou a Forte Securitizadora (Fortesec) — emissora de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) da companhia — a retomar a cobrança de recebíveis e a executar as garantias dos títulos.
A decisão, assinada pelo desembargador Gelson Rolim Stocker no sábado (13), contraria a determinação anterior. Na época em que o pedido de RJ foi aceito, a Justiça ordenou que a Fortesec devolvesse os recursos vindos de empreendimentos do grupo e impediu o acionamento das garantias.
VEJA TAMBÉM — “A Bet365 travou meu dinheiro!”: este caso pode colocar o site de apostas na justiça; entenda o motivo
Dívida do grupo com a Fortesec chega a R$ 870 milhões
O desembargador argumentou que, por serem cedidos por meio de alienação fiduciária — contrato no qual a posse de um bem do devedor é transferida ao credor para garantir a dívida —, os créditos geridos pela Fortesec não estão sujeitos aos efeitos da recuperação judicial.
O montante devido à securitizadora corresponde a 72%, ou R$ 870 milhões, do endividamento total do processo. As três holdings do grupo que estão atualmente em RJ somam R$ 1,2 bilhão em dívidas.
“Não se tem dúvida que as recuperandas assumiram as consequências das operações de créditos e das garantias dadas e, agora, querer ‘esquecer’ isso e usar o dinheiro da principal credora para seus intentos recuperacionais não parece sustentável”, diz o desembargador.
Leia Também
Para a Fortesec, o novo despacho prestigia a devida aplicação da Lei de Recuperação e Falência de Empresas e é importante para retomar o ambiente de segurança jurídica esperado pelos investidores que aportam suas economias no mercado de capitais.
- Você investe em ações, renda fixa, criptomoedas ou FIIs? Então precisa saber como declarar essas aplicações no seu Imposto de Renda 2023. Clique aqui e acesse um tutorial gratuito, elaborado pelo Seu Dinheiro, com todas as orientações sobre o tema.
A securitizadora destaca ainda que a decisão “acaba por evidenciar a contradição existente nas causas da suposta crise financeira das recuperandas”. De acordo com a empresa, a Gramado Parks distribuiu mais de R$ 240 milhões em dividendos entre 2018 e 2020.
“Anderson Caliari, administrador da companhia, recebeu mais de R$ 63 milhões em dividendos em 2020, ano em que eclodiu a pandemia de Covid-19, cujos supostos impactos para o negócio do grupo foram utilizados para justificar o pedido de recuperação judicial”, cita a Fortesec.
Procurada, a Gramado Parks afirma que respeita a decisão, mas entende que o “efeito suspensivo concedido neste momento é prejudicial para o processo de recuperação judicial e a manutenção da operação”.
A companhia diz que toma as medidas judiciais cabíveis para demonstrar “a verdade dos fatos”. “A empresa está comprometida em seus esforços de reestruturação, buscando preservar as atividades do grupo, seus mais de 2.000 empregos e os interesses de clientes, fornecedores, parceiros e investidores.”
Decisão deve beneficiar fundos imobiliários que investem em CRIs da Gramado Parks
Essa é a segunda vitória da Fortesec no embate com a Gramado Parks. Uma assembleia de credores de CRIs cujas empresas devedoras ainda não haviam solicitado o socorro judicial também aprovou a execução de garantias contra calotes.
E a decisão de hoje não é benéfica apenas para a empresa, mas também deve aliviar a pressão sobre os fundos imobiliários que detêm CRIs da Gramado Parks no portfólio e tiveram seus dividendos afetados pela inadimplência.
FIIs que já confirmaram a exposição à empresa lideram as perdas do ano entre os ativos que fazem parte do IFIX. Veja abaixo as maiores quedas do índice até agora:
Fundo | Desempenho no ano* |
Tordesilhas EI (TORD11) | -46,96% |
Hectare CE (HCTR11) | -35,76% |
Versalhes RI (VSLH11) | -35,02% |
Brazilian Graveyard and Death Care (CARE11) | -28,37% |
XP Properties (XPPR11) | -23,55% |
Devant Recebíveis Imobiliários (DEVA11) | -23,25% |
Banestes Recebíveis Imobiliários (BCRI11) | -10,15% |
Riza Terrax (RZTR11) | -7,64% |
BlueMacaw Logística (BLMG11) | -7,64% |
Os primeiros colocados da lista ainda lidam com mais uma particularidade que gerou temores no mercado: Devant Recebíveis Imobiliários (DEVA11), Hectare CE (HCTR11), Tordesilhas EI (TORD11) e Versalhes RI (VSLH11) estavam interligados ao grupo GPK por meio da holding RTSC.
O portfólio da RTSC é formado por diversas empresas do mercado financeiro, incluindo três gestoras — Devant Asset, Hectare e RCAP Asset — responsáveis pelos fundos em questão e a Forte Securitizadora.
A RCAP Asset também fazia a gestão do FII Serra Verde (SRVD11), acionista da Gramado Parks. Essa ligação entre o fundo e a holding RTSC foi cortada no início do mês, com a substituição da RCAP Asset pela Catalunya Gestão de Recursos na função.
A troca foi aprovada em assembleia geral extraordinária e a identidade dos investidores que propuseram a mudança não foi divulgada. Mas vale destacar que a família Caliari, fundadora da Gramado Parks, é uma das acionistas do FII.
Compensação de prejuízos para todos: o que muda no mecanismo que antes valia só para ações e outros ativos de renda variável
Compensação de prejuízos pode passar a ser permitida para ativos de renda fixa e fundos não incentivados, além de criptoativos; veja as regras propostas pelo governo
Com o pé na pista e o olho no céu: Itaú BBA acredita que esses dois gatilhos vão impulsionar ainda mais a Embraer (EMBR3)
Após correção nas ações desde as máximas de março, a fabricante brasileira de aviões está oferecendo uma relação risco/retorno mais equilibrada, segundo o banco
Ações, ETFs e derivativos devem ficar sujeitos a alíquota única de IR de 17,5%, e pagamento será trimestral; veja todas as mudanças
Mudanças fazem parte da MP que altera a tributação de investimentos financeiros, publicada ontem pelo governo; veja como ficam as regras
Banco do Brasil (BBAS3) supera o Itaú (ITUB4) na B3 pela primeira vez em 2025 — mas não do jeito que o investidor gostaria
Em uma movimentação inédita neste ano, o BB ultrapassou o Itaú e a Vale em volume negociado na B3
Adeus, dividendos isentos? Fundos imobiliários e fiagros devem passar a ser tributados; veja novas regras
O governo divulgou Medida Provisória que tira a isenção dos dividendos de FIIs e Fiagros, e o investidor vai precisar ficar atento às regras e aos impactos no bolso
Fim da tabela regressiva: CDBs, Tesouro Direto e fundos devem passar a ser tributados por alíquota única de 17,5%; veja regras do novo imposto
Governo publicou Medida Provisória que visa a compensar a perda de arrecadação com o recuo do aumento do IOF. Texto muda premissas importantes dos impostos de investimentos e terá impacto no bolso dos investidores
Gol troca dívida por ação e muda até os tickers na B3 — entenda o plano da companhia aérea depois do Chapter 11
Mudança da companhia aérea vem na esteira da campanha de aumento de capital, aprovado no plano de saída da recuperação judicial
Petrobras (PETR4) não é a única na berlinda: BofA também corta recomendação para a bolsa brasileira — mas revela oportunidade em uma ação da B3
O BofA reduziu a recomendação para a bolsa brasileira, de “overweight” para “market weight” (neutra). E agora, o que fazer com a carteira de investimentos?
Cemig (CMIG4), Rumo (RAIL3), Allos (ALOS3) e Rede D’Or (RDOR3) pagam quase R$ 4 bilhões em dividendos e JCP; veja quem tem direito a receber
A maior fatia é da Cemig, cujos proventos são referentes ao exercício de 2024; confira o calendário de todos os pagamentos
Fundo Verde: Stuhlberger segue zerado em ações do Brasil e não captura ganhos com bolsa dos EUA por “subestimar governo Trump”
Em carta mensal, gestora criticou movimentação do governo sobre o IOF e afirmou ter se surpreendido com recuo rápido do governo norte-americano em relação às tarifas de importação
Santander Renda de Aluguéis (SARE11) está de saída da B3: cotistas aprovam a venda do portfólio, e cotas sobem na bolsa hoje
Os investidores aceitaram a proposta do BTG Pactual Logística (BTLG11) e, com a venda dos ativos, também aprovaram a liquidação do FII
Fundo imobiliário do segmento de shoppings vai pagar mais de R$ 23 milhões aos cotistas — e quem não tem o FII na carteira ainda tem chance de receber
A distribuição de dividendos é referente a venda de um shopping localizado no Tocantins. A operação foi feita em 2023
Meu medo de aviões: quando o problema está na bolsa, não no céu
Tenho brevê desde os 18 e já fiz pouso forçado em plena avenida — mas estou fora de investir em ações de companhias aéreas
Bank of America tem uma ação favorita no setor elétrico, com potencial de alta de 23%
A companhia elétrica ganhou um novo preço-alvo, que reflete as previsões macroeconômicas do Brasil e desempenho acima do esperado
Sem dividendos para o Banco do Brasil? Itaú BBA mantém recomendação, mas corta preço-alvo das ações BBSA3
Banco estatal tem passado por revisões de analistas depois de apresentar resultados ruins no primeiro trimestre do ano e agora paga o preço
Santander aumenta preço-alvo de ação que já subiu mais de 120% no ano, mas que ainda pode se valorizar e pagar dividendos
De acordo com analistas do banco, essa empresa do ramo da construção civil tem uma posição forte, sendo negociada com um preço barato mesmo com lucros crescendo em 24%
Dividendos e recompras: por que esta empresa do ramo dos seguros é uma potencial “vaca leiteira” atraente, na opinião do BTG
Com um fluxo de caixa forte e perspectiva de se manter assim no médio prazo, esta corretora de seguros é bem avaliada pelo BTG
“Caixa de Pandora tributária”: governo quer elevar Imposto de Renda sobre JCP para 20% e aumentar CSLL. Como isso vai pesar no bolso do investidor?
Governo propõe aumento no Imposto de Renda sobre JCP e mudanças na CSLL; saiba como essas alterações podem afetar seus investimentos
FIIs e fiagros voltam a entrar na mira do Leão: governo quer tirar a isenção de IR e tributar rendimentos em 5%; entenda
De acordo com fontes ouvidas pelo Valor Econômico, a tributação de rendimentos de FIIs e fiagros, hoje isentos, entra no pacote de medidas alternativas ao aumento do IOF
UBS BB considera que essa ação entrou nos anos dourados com tarifas de Trump como um “divisor de águas”
Importações desse segmento já estão sentindo o peso da guerra comercial — uma boa notícia para essa empresa que tem forte presença no mercado dos EUA