Balanço da Direcional (DIRR3) agrada analistas e mostra como construtoras podem superar desafios do setor. Então, por que as ações não reagiram?
Mesmo pressionada pela alta nos custos da construção e pelo avanço da taxa Selic, a construtora manteve as margens sólidas, mas números não garantiram alta hoje
Depois que o balanço da Tenda (TEND3) surpreendeu negativamente o mercado na semana passada, o temor de que outras construtoras da B3 também apresentassem resultados ruins espalhou-se como fogo em palha pela B3.
Mas os números da Direcional Engenharia (DIRR3) vieram à público ontem e mostraram que não há motivos para pânico. A companhia, que também atua no segmento de baixa e média renda, provou que é possível afugentar os fantasmas que assombram o setor e entregar um desempenho sólido.
Mesmo pressionada pela alta nos custos da construção e pelo avanço da taxa Selic, a construtora manteve a margem bruta em 36,5%, um patamar “forte” para os analistas do Bank of America, Genial Investimentos e XP.
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Só elogios para a Direcional (DIRR3)
“A Direcional apresentou resultados sólidos no 4T21 e, em sua maioria, em linha com nossas estimativas e mantendo as margens brutas sólidas após resultados fracos de Tenda na semana passada”, destaca o BofA em relatório divulgado nesta terça-feira (15).
Os analistas da Genial também reforçam que a companhia “tem sido capaz de manter suas margens resilientes e em patamar que rivaliza com as de construtoras de alta renda”.
Para eles, o feito é possível graças ao mix de produtos oferecido pela controlada Riva, voltada para renda média, e uma postura mais agressiva nas vendas.
O Bank of America concorda que o aumento da exposição ao segmento de renda média — fora do foco da Direcional no programa habitacional Casa Verde e Amarela — é favorável às margens, “dada a melhor flexibilidade de preços em face das pressões persistentes de preços sobre materiais”.
Com essa avaliação, os analistas das três casas mantiveram a recomendação de compra para as ações DIRR3, com preço-alvo de R$ 17,00 para BofA e XP. O valor indica um potencial de alta de 53,3% em relação à cotação atual das ações.
Direcional (DIRR3) desce e Tenda (TEND3) sobe: quem explica as construtoras no mercado?
Mas, mesmo com o balanço elogiado, os papéis da Direcional recuaram hoje na B3, enquanto Tenda disparou e MRV também subiu forte. Veja abaixo as cotações de fechamento:
- Direcional (DIRR3): R$ 11,09 (-0,27%);
- MRV (MRVE3): R$ 10,34 (+2,48%);
- Tenda (TEND3): R$ 8,60 (+6,17%);
O comportamento das ações mostra que números sólidos nem sempre são o suficiente para agradar os investidores. Vale lembrar que o mercado de renda variável reflete uma série de fatores além dos qualitativos.
Portanto, não é possível cravar os motivos por trás das cotações. Mas uma análise dos múltiplos das ações indica que o comportamento do mercado hoje pode ser explicado por uma opção dos investidores pelo papel com maior desconto.
Ação | P/L |
DIRR3 | 7,85x |
MRVE3 | 6,37x |
TEND3 | -4,56x |
Múltiplos mais baixos são desejados por indicarem empresas mais baratas em relação ao valor gerado. Números negativos, porém, apontam prejuízo e podem ser um sinal de alerta.
Esse é o caso da Tenda. O indicador de P/L — que representa a relação entre preço e lucro de uma ação —, por exemplo, estava na casa de 8x até a semana passada. Após o balanço da construtora revelar prejuízo líquido em 2021, o múltiplo caiu para -4,56x.
Além disso, mesmo com a alta registrada hoje, as ações da Tenda ainda recuam 17,4% desde a divulgação dos números do quarto trimestre, um possível fator de atração para os investidores em busca de pechinchas no setor.
Com o balanço da Direcional mostrando que há esperança para as construtoras de baixa renda, a queda pode ganhar ares de oportunidade com a possibilidade de uma recuperação da Tenda nos próximos meses.
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