Gestor de um dos fundos mais voláteis — e rentáveis — do mercado teme “terceiro turno” na disputa entre Lula e Bolsonaro
Gestor-trader Cláudio Coppola calcula probabilidade de 20% de Bolsonaro pedir recontagem após segundo turno acirrado contra Lula

Não existe terceiro turno oficial nas eleições brasileiras, mas uma parte do mercado financeiro tem se referido a uma possível recontagem de votos dessa maneira.
Isso porque a disputa eleitoral entre o ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro já se mostra acirrada e a expectativa é de que termine com uma diferença muito pequena de votos.
No episódio 6 do Market Makers, o gestor-trader Cláudio Coppola, do fundo multimercado R&C FIM, um dos mais voláteis da indústria, calcula uma probabilidade de 20% do lado perdedor pedir recontagem.
Aos apresentadores Thiago Salomão e Renato Santiago, Coppola destacou que, caso esse cenário se torne real, o mercado passará por uma grande turbulência.
“Imagina o investidor estrangeiro vendo recontagem de voto? O Brasil sempre teve um histórico de votação que quando dá meia-noite, ‘passa a faixa’”, disse o gestor.
Mais Market Makers:
- Episódio #05 - Brasil vive situação esquizofrênica na economia e incerteza não vai se dissipar até eleições, diz Rodrigo Azevedo, da Ibiuna
- Episódio #04 - Dahlia conta por que vendeu ações da Natura (NTCO3) e do Magalu (MGLU3) e SFA explica como a Sinqia (SQIA3) virou a maior posição do fundo
Com atitude de daytrader, Coppola faz gestão ativa de maneira descorrelacionada da indústria, mas revela que está sempre comprado em dólar - às vezes mais, às vezes menos.
Leia Também
Rodolfo Amstalden: Falta pouco agora
Tony Volpon: EUA, novo mercado emergente
Seu jeito de trabalhar acumula um rendimento de 750.000% em 17 anos de história — contra 395% do CDI e 285% do Ibovespa no período. Mas todo esse retorno veio às custas de uma volatilidade que poucos investidores suportam. Por exemplo, em janeiro de 2021, a cota caiu 25%, mas no mês seguinte saltou 72,5%.
Coppola é o único cotista do fundo, mas o produto já ganhou irmãos mais novos, o R&C Hedge e o R&C Plus, de rentabilidade e volatilidade mais moderadas.
O episódio contou também com a participação especial de José Raymundo Faria Jr, consultor da Wagner Investimentos, que trouxe uma análise menos óbvia da macroeconomia dos Estados Unidos.
Ouça a íntegra da edição do podcast Market Makers:
Bolsonaro se prepara para 3º turno
No diagnóstico de Coppola sobre o panorama eleitoral, ele diz duvidar que a diferença de intenção de voto entre Lula e Bolsonaro seja tão grande como as pesquisas vêm mostrando.
Ele ressaltou, ainda, que a Proposta de Emenda à Constituição que cria e amplia uma série de benefícios sociais, apelidada de PEC Kamikaze, deve garantir votos ao atual presidente.
Além disso, ele vê Bolsonaro indo cada vez mais para o embate.
“A escolha do [general] Braga Netto como vice não é por acaso. Ele [Bolsonaro] abriu mão de uma mulher como vice para pegar um cara fechado com todas as bases do Exército por trás”, analisou Coppola. “Então o Exército está fechado com o Bolsonaro”, concluiu.
Mas não é a possibilidade de um “terceiro turno” que faz o gestor ficar comprado em dólar.
A posição está fundamentada em duas frentes: nos indícios de que a inflação nos EUA não vai cair, o que implica em juros mais altos na economia americana e um dólar mais forte; e na situação fiscal ruim do Brasil.
Porém, um segundo turno que termine com o placar de 52 a 48 pode “apimentar uma crise” e dar mais ímpeto ao dólar - e, consequentemente, impulsionar os ganhos com a posição.
Em meio a todo esse risco, Coppola nega ser Lula ou Bolsonaro, admite já ter votado em ambos no passado e deve seguir com o atual presidente.
“Queria votar na direita, essa é a minha vontade, mas fiquei decepcionado com Bolsonaro. Mas vai ser o caminho, não tem jeito”, disse.
Veja o Episódio #06 do Market Makers também no YouTube:
Por que o ouro se tornou o porto seguro preferido dos investidores ante a liquidação dos títulos do Tesouro americano e do dólar?
Perda de credibilidade dos ativos americanos e proteção contra a inflação levam o ouro a se destacar neste início de ano
Fim da linha para o dólar? Moeda ainda tem muito a cair, diz economista-chefe do Goldman Sachs
Desvalorização pode vir da relutância dos investidores em se exporem a investimentos dos EUA diante da guerra comercial com a China e das incertezas tarifárias, segundo Jan Hatzius
Tudo tem um preço: Ibovespa tenta manter o bom momento, mas resposta da China aos EUA pode atrapalhar
China nega que esteja negociando tarifas com os Estados Unidos e mercados internacionais patinam
Agora 2025 começou: Ibovespa se prepara para seguir nos embalos da festa do estica e puxa de Trump — enquanto ele não muda de ideia
Bolsas internacionais amanheceram em alta nesta quarta-feira diante dos recuos de Trump em relação à guerra comercial e ao destino de Powell
Como declarar fundos de investimento no imposto de renda 2025
O saldo e os rendimentos de fundos devem ser informados na declaração de IR. Saiba como declará-los
Ibovespa pega carona nos fortes ganhos da bolsa de Nova York e sobe 0,63%; dólar cai a R$ 5,7284
Sinalização do governo Trump de que a guerra tarifária entre EUA e China pode estar perto de uma trégua ajudou na retomada do apetite por ativos mais arriscados
Banco Central acionou juros para defender o real — Galípolo detalha estratégia monetária brasileira em meio à guerra comercial global
Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Gabriel Galípolo detalhou a estratégia monetária do Banco Central e sua visão sobre os rumos da guerra comercial
Bitcoin engata alta e volta a superar os US$ 90 mil — enfraquecimento do dólar reforça tese de reserva de valor
Analistas veem sinais de desacoplamento entre bitcoin e o mercado de ações, com possível aproximação do comportamento do ouro
Orgulho e preconceito na bolsa: Ibovespa volta do feriado após sangria em Wall Street com pressão de Trump sobre Powell
Investidores temem que ações de Trump resultem e interferência no trabalho do Fed, o banco central norte-americano
A última ameaça: dólar vai ao menor nível desde 2022 e a culpa é de Donald Trump
Na contramão, várias das moedas fortes sobem. O euro, por exemplo, se valoriza 1,3% em relação ao dólar na manhã desta segunda-feira (21)
A coisa está feia: poucas vezes nas últimas décadas os gestores estiveram com tanto medo pelo futuro da economia, segundo o BofA
Segundo um relatório do Bank of America (BofA), 42% dos gestores globais enxergam a possibilidade de uma recessão global
Powell na mira de Trump: ameaça de demissão preocupa analistas, mas saída do presidente do Fed pode ser mais difícil do que o republicano imagina
As ameaças de Donald Trump contra Jerome Powell adicionam pressão ao mercado, mas a demissão do presidente do Fed pode levar a uma longa batalha judicial
Sobrevivendo a Trump: gestores estão mais otimistas com a Brasil e enxergam Ibovespa em 140 mil pontos no fim do ano
Em pesquisa realizada pelo BTG, gestores aparecem mais animados com o país, mesmo em cenário “perde-perde” com guerra comercial
Dólar volta a recuar com guerra comercial entre Estados Unidos e China, mas ainda é possível buscar lucros com a moeda americana; veja como
Uma oportunidade ‘garimpada’ pela EQI Investimentos pode ser caminho para diversificar o patrimônio em meio ao cenário desafiador e buscar lucros de até dólar +10% ao ano
Que telefone vai tocar primeiro: de Xi ou de Trump? Expectativa mexe com os mercados globais; veja o que esperar desta quinta
Depois do toma lá dá cá tarifário entre EUA e China, começam a crescer as expectativas de que Xi Jinping e Donald Trump possam iniciar negociações. Resta saber qual telefone irá tocar primeiro.
Até tu, Nvidia? “Queridinha” do mercado tomba sob Trump; o que esperar do mercado nesta quarta
Bolsas continuam de olho nas tarifas dos EUA e avaliam dados do PIB da China; por aqui, investidores reagem a relatório da Vale
Dividendos da Petrobras (PETR4) podem cair junto com o preço do petróleo; é hora de trocar as ações pelos títulos de dívida da estatal?
Dívida da empresa emitida no exterior oferece juros na faixa dos 6%, em dólar, com opções que podem ser adquiridas em contas internacionais locais
Respira, mas não larga o salva-vidas: Trump continua mexendo com os humores do mercado nesta terça
Além da guerra comercial, investidores também acompanham balanços nos EUA, PIB da China e, por aqui, relatório de produção da Vale (VALE3) no 1T25
Vai dar para ir para a Argentina de novo? Peso desaba 12% ante o dólar no primeiro dia da liberação das amarras no câmbio
A suspensão parcial do cepo só foi possível depois que o governo de Javier Milei anunciou um novo acordo com o FMI no valor de US$ 20 bilhões
Alívio na guerra comercial injeta ânimo em Wall Street e ações da Apple disparam; Ibovespa acompanha a alta
Bolsas globais reagem ao anúncio de isenção de tarifas recíprocas para smartphones, computadores e outros eletrônicos