Você piscou e a Petrobras tem um novo presidente. José Mauro Ferreira Coelho acaba de ser dispensado do cargo pelo Ministério de Minas e Energia (MME) após passar apenas 40 dias no comando da estatal – menos do que qualquer contrato de experiência em regime CLT.
Em nota divulgada nesta noite (23), o MME fez questão de agradecer José Mauro “ pelos resultados alcançados em sua gestão frente à Petrobras". Durante esse período, a companhia realizou reajustes no preço dos combustíveis apenas uma vez – no dia 9 de maio.
O novo nome indicado pelo governo Bolsonaro ao cargo é de Caio Mario Paes de Andrade, chefe da Secretaria Especial de Desburocratização e membro do conselho de administração da EMBRAPA e da Pré-Sal Petróleo (PPSA).
Andrade será a terceira intervenção do atual governo no comando da Petrobras e chega com uma missão clara à cadeira de presidente – mitigar os efeitos da alta do petróleo no preço dos combustíveis.
No anúncio da demissão de José Mauro, o MME destaca que o Brasil vive um “momento desafiador decorrente dos efeitos da extrema volatilidade dos hidrocarbonetos nos mercados internacionais” e que é preciso manter as “ condições necessárias para o crescimento do emprego e renda dos brasileiros” ao fortalecer a capacidade de investimentos na área energética, gerando benefícios para a sociedade.
Já antecipando uma possível reação negativa do mercado, o governo fez questão de salientar que o novo chefe da estatal tem as qualificações necessárias para fazer os aprimoramentos necessários para o aprimoramento da empresa,”sem descuidar das responsabilidades de governança, ambiental e, especialmente, social da Petrobras”.
O ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, foi substituído no comando da pasto por Adolfo Sachsida. O novo ministro e o chefe da Economia, Paulo Guedes, defenderam publicamente a privatização da Petrobras.
Andrade ainda precisa passar pela aprovação do conselho de administração da companhia, mas o nome não deve encontrar grandes objeções já que o governo tem maioria para aprovar a indicação.
O match perfeito para a Petrobras?
A insatisfação do governo Bolsonaro com o comando da estatal não é nenhuma novidade.
A pandemia do coronavírus e a guerra na Ucrânia levaram a inflação dos combustíveis a um patamar elevado, causando incômodo e atingindo diretamente a popularidade do presidente.
Em abril de 2021, Roberto Castello Branco foi substituído pelo general da reserva Joaquim Silva e Luna, que ficou no comando da estatal até 28 de março deste ano.
Silva e Luna e José Mauro Ferreira Coelho foram bem recebidos pelo mercado, já que possuíam experiência no setor e mostraram comprometimento com a política de preços da companhia, que segue a paridade internacional com o preço do petróleo Brent.
Ficha técnica
Caio Mario Paes de Andrade é formado em Comunicação Social pela Universidade Paulista, pós-graduado em Administração e Gestão pela Harvard University e Mestre em Administração de Empresas pela Duke University. É membro do governo desde 2019.