Os preços estão caindo: recuo da inflação deve impactar mais alimentos do que combustíveis — saiba por quê
No terceiro trimestre, o índice oficial de inflação (IPCA) mostrou recuo de 1,33% nos preços, o que derrubou a inflação acumulada no ano
A forte queda da inflação nos últimos três meses, quando o Brasil teve o maior recuo de preços — ou seja, deflação —já registrado nas estatísticas, aliviou mais o bolso das famílias de classe média do que o dos brasileiros mais pobres.
Enquanto a deflação nas camadas de renda média superou 1,5% entre julho e setembro, a queda nos preços dos produtos consumidos pelas famílias de renda considerada muito baixa — que recebem menos de R$ 1,73 mil por mês — foi de menos da metade: 0,67%.
Os números foram calculados, a pedido do Estadão/Broadcast, pelo grupo de estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
No terceiro trimestre, o índice oficial de inflação (IPCA) mostrou deflação de 1,33%, derrubando para 7,17% a inflação em 12 meses, que estava em dois dígitos. A descompressão veio, principalmente, da queda nos preços de combustíveis, após o governo conseguir aprovar no Congresso um limite ao ICMS.
A partir da medida, e com os repasses de recuos do petróleo no mercado internacional, a gasolina, que também conta com a zeragem de tributos federais, ficou 35% mais barata. Como o produto é mais consumido pela classe média do que pelas famílias de baixa renda, a intensidade da deflação foi menor para os que ganham menos.
O alívio em gastos com transportes, assim como energia e telecomunicação — também desonerados —, foi, em grande parte, anulado na baixa renda por produtos e serviços que, embora em desaceleração, ainda sobem. É o caso dos alimentos consumidos em domicílio, que ocupam grande espaço no orçamento dos mais pobres e tiveram alta de 0,62% no trimestre.
O preço dos alimentos segue preocupando. "Nossas coletas indicam que o movimento se reverteu e, em outubro, os preços da alimentação em domicílio voltam a subir 0,7%. Produtos como batata e tomate estão subindo muito no atacado", diz João Savignon, economista da Kínitro Capital.
Inflação: comida deve subir menos do que combustível
Daqui para frente, a alta dos alimentos, conforme analistas de mercado, tende a ser menor do que a dos combustíveis, já que a defasagem da gasolina frente ao exterior leva a uma necessidade de correção estimada em algo entre 5% e 10%.
A expectativa no mercado é de que os reajustes represados nas refinarias da Petrobras sejam anunciados após as eleições.
Já do lado dos alimentos, condições climáticas e preços de insumos agrícolas, as duas variáveis que catapultaram os preços neste ano, devem se tornar mais favoráveis aos produtores agrícolas.
Apesar disso, com a expansão dos programas sociais, é possível que o alívio no orçamento dos mais pobres seja contido pelo efeito demanda, tanto nas proteínas que não vinham sendo consumidas por falta de dinheiro, como a carne bovina, quanto em outras categorias de produtos, como vestuário.
No conjunto, a inflação de roupas, calçados e acessórios continuou em aceleração — saindo de 16,61%, em junho, para 19,16% em 12 meses até setembro —, apesar da desinflação abrupta dos últimos três meses.
Nas previsões de Andrea Damico, sócia e economista-chefe da Armor Capital, depois de três anos de muita pressão, a inflação da alimentação em domicílio, em 3,5%, voltará a ficar no ano que vem abaixo do resultado agregado do IPCA: 4,7% no prognóstico da economista.
"Pelo menos no curto prazo, a gente deve ver certa inversão, com possível aumento dos preços de combustíveis e uma trajetória melhor nos preços dos alimentos", comenta Damico.
Ela cita uma aguardada estabilidade nos preços internacionais por conta da desaceleração da economia global, com impacto no padrão de consumo de proteínas, e retomada das exportações de grãos da Ucrânia, permitida por um acordo com a Rússia.
A economista observa ainda que a melhora dos preços de alimentos no atacado a partir de abril ainda não foi completamente repassada pelos produtores aos consumidores finais.
"O viés das nossas previsões é de baixa, sendo grande a chance de a inflação na alimentação nos domicílios terminar o ano mais perto de 12%", diz Damico. Nos últimos doze meses, a inflação nesse grupo de produtos foi de 13,28%.
Eletrobras (ELET3) arremata quatro lotes em leilão da Aneel; EDP também vence três disputas por linhas de transmissão de energia
A previsão é que sejam investidos R$ 18,2 bilhões em 69 empreendimentos, com a geração de 34,9 mil empregos diretos
Bitcoin, ouro e fundos imobiliários são os melhores investimentos de março; veja o ranking completo
Ibovespa fecha em queda novamente e títulos públicos indexados à inflação de prazos mais longos ficam na lanterna
Campos Neto vai puxar o freio da Selic? Presidente do BC diz por que “mudou a letra” sobre o ritmo de corte dos juros
RCN esclareceu um trecho da ata da última reunião do Copom que indicou mudanças no ritmo do afrouxamento monetário
Maré de azar? Principais loterias federais não tem ganhador e Lotofácil, Quina e Lotomania acumulam e prêmios chegam a R$ 9,2 milhões
Vale lembrar que a Mega-Sena teve um ganhador no sorteio de terça-feira (26) e o próximo concurso corre no sábado (30)
O carro elétrico não é essa coisa toda — e os investidores já começam a desconfiar de uma bolha financeira e ambiental
Dúvidas sobre eficiência do carro elétrico na transição energética e concorrência chinesa se refletem nas ações da Tesla, que perdem 30% do valor em 2024
Com juros em queda, vendas do Tesouro Direto recuam em fevereiro — mas título atrelado à Selic ainda é o favorito dos investidores
O mês passado foi marcado por algumas instabilidades no mercado financeiro global, o que reduziu o interesse de alguns investidores
Lula e Macron lançam programa de investimentos de mais de R$ 5 bilhões; fotos dos presidentes viram meme na internet
O objetivo é levantar os recursos com aportes públicos e privados em bioeconomia nos próximos quatro anos; entenda como o acordo deve funcionar
Cenário apocalíptico, crise bilionária e centenas de lojas fechadas: o que está acontecendo com os Supermercados Dia?
Mais um capítulo da crise no varejo brasileiro ganhou vida nos últimos dias, quando a rede espanhola de supermercados Dia entrou com um pedido de recuperação judicial no Brasil. Com um resultado negativo atrás de outro, a rede já havia anunciado o fechamento de mais de 340 lojas no país. Por isso, no mais recente […]
A B3 vai abrir na Semana Santa? Confira o funcionamento da bolsa brasileira, dos bancos, Correios e transporte público no feriado
O feriado da Semana Santa deve movimentar os principais serviços do Brasil e o Seu Dinheiro foi atrás do que abre e fecha durante a folga
Veja as 3 medidas da MP do ‘Protege Brasil’, proposta de hedge cambial para destravar crédito no Brasil, segundo Haddad
A conversa ocorreu no dia seguinte à divulgação das contas do Governo Central, que ficaram no vermelho em fevereiro
Leia Também
Mais lidas
-
1
O carro elétrico não é essa coisa toda — e os investidores já começam a desconfiar de uma bolha financeira e ambiental
-
2
Ações da Casas Bahia (BHIA3) disparam 10% e registram maior alta do Ibovespa; 'bancão' americano aumentou participação na varejista
-
3
Acordo bilionário da Vale (VALE3): por que a mineradora pagou US$ 2,7 bilhões por 45% da Cemig GT que ainda não tinha