Ibovespa e títulos atrelados à inflação são os melhores investimentos de março; dólar, ouro e bitcoin são os piores. Veja o ranking completo
Fluxo estrangeiro puxou o Ibovespa e derrubou o dólar, enquanto queda nos juros futuros e na pressão inflacionária impulsionou NTN-Bs

Recuperando terreno na reta final do mês, os títulos públicos atrelados à inflação (Tesouro IPCA+ ou NTN-B), notadamente os de longo prazo, tiveram alguns dos melhores desempenhos de março.
Dividindo o pódio com os papéis do Tesouro Direto, como já esperado, a bolsa brasileira ocupa o segundo lugar no ranking dos melhores investimentos do mês, terminando o período com uma alta de 6,06%, aos 119.999 pontos. É... bateu na trave!
No ano, o Ibovespa acumula ganhos de quase 15%, sagrando-se, até agora, como o investimento mais rentável de 2022. O mesmo não pode ser dito dos títulos atrelados à inflação, porém, que vinham sofrendo fortes desvalorizações já há algum tempo.
Na ponta oposta do ranking, os únicos ativos que terminaram o mês de março com desempenho negativo foram o bitcoin, o ouro e o dólar. A moeda americana, que caiu quase 8% no mês e acumula perda de cerca de 15% no ano, terminou março a R$ 4,74, na cotação à vista, e R$ 4,76, na cotação PTAX, do Banco Central.
Em todos esses casos, porém, foi o fortalecimento da moeda brasileira ante o dólar que levou ao mau desempenho dos ativos em real. Em dólares, o bitcoin teve ganho de 2,63% em março, e o ouro ficou de lado. Já a moeda americana se valorizou levemente ante outras moedas fortes.
Veja a seguir os melhores e piores investimentos do mês de março:
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Os melhores investimentos de março
Investimento | Rentabilidade no mês | Rentabilidade no ano |
Tesouro IPCA+ 2045 | 6,78% | -5,22% |
Ibovespa | 6,06% | 14,48% |
Tesouro IPCA+ 2035 | 4,58% | -1,38% |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2040 | 4,00% | 0,44% |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2032 | 3,60% | - |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2055 | 3,06% | -0,84% |
Índice de Debêntures Anbima - IPCA (IDA - IPCA)* | 3,02% | 3,26% |
Tesouro IPCA+ 2026 | 2,93% | 3,18% |
Índice de Debêntures Anbima Geral (IDA - Geral)* | 1,91% | 3,07% |
IFIX | 1,42% | -0,88% |
Tesouro Selic 2025 | 0,90% | 2,68% |
CDI* | 0,84% | 2,38% |
Tesouro Selic 2027 | 0,73% | 2,83% |
Tesouro Prefixado 2025 | 0,56% | 0,37% |
Poupança antiga** | 0,50% | 1,69% |
Poupança nova** | 0,50% | 1,69% |
Tesouro Prefixado 2029 | 0,49% | - |
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2033 | 0,46% | - |
Bitcoin | -3,21% | -16,16% |
Ouro | -4,89% | -11,52% |
Dólar à vista | -7,65% | -14,61% |
Dólar PTAX | -7,80% | -15,09% |
Todos os desempenhos estão cotados em real. A rentabilidade dos títulos públicos considera o preço de compra na manhã da data inicial e o preço de venda na manhã da data final, conforme cálculo do Tesouro Direto.
Fontes: Banco Central, Anbima, Tesouro Direto, Broadcast e Coinbase, Inc..
Alívio nos juros futuros impulsiona Tesouro IPCA+
Com os juros futuros pressionados pela escalada da Selic, a perspectiva de aperto monetário nos Estados Unidos e depois pelo início da guerra na Ucrânia - que pressiona a inflação mundial e levou o mercado a esperar aumentos de juros ainda mais fortes pelos bancos centrais -, os títulos públicos atrelados à inflação e prefixados vinham apresentando desempenhos ruins, com queda nos seus preços de mercado.
Ao mesmo tempo, as taxas pagas por esses papéis aumentavam cada vez mais. No caso dos Tesouro IPCA+, beiraram os 6% ao ano mais inflação, em alguns vencimentos. Afinal, a alta dos juros futuros derruba os preços desses títulos, mas aumenta a rentabilidade paga pelas novas aplicações.
Na reta final de março, no entanto, os juros futuros mais longos passaram por um certo alívio com a queda do dólar no mercado internacional e a consequente redução das perspectivas inflacionárias.
O barril do tipo Brent ainda terminou o mês em alta, tendo saído da faixa dos US$ 100 para US$ 105 nesta quinta-feira (31). Porém, no pior momento do mês, em 23 de março, a cotação chegou a bater mais de US$ 120.
Apenas hoje, o recuo do preço da commodity foi de 6%, depois que os Estados Unidos anunciaram que vão utilizar suas reservas especiais para tentar conter os preços dos combustíveis.
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A redução na perspectiva de inflação reduziu também a estimativa de aperto monetário por parte dos bancos centrais, derrubando os juros futuros.
Além disso, recentemente o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sinalizou que a Selic só deve enfrentar mais uma alta de 1 ponto percentual, terminando seu ciclo de alta em 12,75%. Ou seja, a escalada dos juros parece mesmo estar chegando ao fim.
Ao mesmo tempo que agora a estimativa do mercado não é mais de um completo descontrole inflacionário, os preços ainda devem sim ficar pressionados por um bom tempo, mantendo os índices de preços elevados.
Assim, vimos os títulos que oferecem proteção contra a inflação valorizarem mais do que os prefixados, alternativas que se beneficiam mais de um cenário de inflação e juros futuros em queda.
Papéis mais longos, como é o caso das NTN-Bs que aparecem no topo do ranking, também são mais voláteis, subindo mais em momentos positivos, mas também recuando mais forte em momentos negativos.
No entanto, na maioria dos vencimentos oferecidos hoje no Tesouro Direto, as fortes altas de março ainda não foram suficientes para reverter o desempenho negativo no acumulado do ano.
Lembre-se, contudo, que os prejuízos com títulos públicos só são realizados se o investidor vender o papel antes do vencimento em um mau momento de mercado. Caso fique com ele até o fim do prazo, o investidor recebe exatamente a rentabilidade contratada na hora da compra.
Assim, tanto quem comprou esses títulos no começo do ano quanto quem comprar agora, ainda receberá, no vencimento, remunerações bastante elevadas. Veja quanto estão pagando os títulos públicos negociados no Tesouro Direto atualmente.
Fluxo estrangeiro segue impulsionando o Ibovespa e derrubando o dólar
Ainda que as cotações do petróleo tenham visto certo alívio no fim do mês e apesar dos temores em relação à atividade econômica da China, que ainda se debate com medidas de restrição contra o coronavírus, o fluxo de recursos estrangeiros para a bolsa brasileira continuou positivo em março, totalizando ingresso líquido de R$ 27 bilhões no mês. No ano, a entrada líquida de dinheiro gringo na B3 já chega a R$ 86,6 bilhões.
Atualização: no dia 1º de abril de 2022, a B3 informou que havia um erro na sua base de dados, e que o ingresso líquido de recursos estrangeiros na bolsa brasileira no ano até o fim de março na verdade totalizava R$ 64,1 bilhões. Leia mais detalhes a respeito aqui.
Os gringos que querem investir em mercados emergentes buscam economias com grande exposição a commodities, dada a pressão inflacionária mundial, ambiente que tende a ser positivo para as matérias-primas. Assim, encontram no Brasil, atualmente o mais estável e barato dos grandes emergentes, um mercado atrativo.
Embora as ações de algumas petroleiras do Ibovespa, como Petrobras e PetroRio, tenham visto desvalorizações em março, a maioria das grandes produtoras de commodities - e a maior parte das ações do índice em geral - terminaram o mês no azul. Em verdade, apenas 17 das 92 ações do índice tiveram desempenho negativo em março.
Em adição à questão das commodities, a perspectiva de término do ciclo de alta de juros em breve, ainda que a Selic permaneça elevada por algum tempo, traz maior previsibilidade aos investidores e também favorece os ativos de risco.
O ingresso de recursos estrangeiros na bolsa é um dos responsáveis pela valorização do real ante o dólar, mas não só. A disparada recente da taxa Selic, enquanto o banco central americano mantém seu ritmo controlado de aperto monetário, aumentou fortemente o diferencial entre os juros dos dois países, o que torna os títulos públicos brasileiros bastante atrativos para os investidores estrangeiros que querem ganhos rápidos em mercados de taxas altas.
Veja a seguir as maiores altas e maiores quedas do Ibovespa em março:
Melhores desempenhos do Ibovespa
Empresa | Ação | Variação |
SulAmérica | SULA11 | 38,58% |
CVC | CVCB3 | 32,99% |
Cogna | COGN3 | 25,66% |
Qualicorp | QUAL3 | 24,81% |
3R Petroleum | RRRP3 | 23,52% |
JHSF | JHSF3 | 22,72% |
Gerdau | GGBR4 | 21,64% |
Assaí | ASAI3 | 20,80% |
Cemig | CMIG4 | 20,65% |
Rumo | RAIL3 | 20,52% |
Piores desempenhos do Ibovespa
Empresa | Ação | Variação |
Embraer | EMBR3 | -14,60% |
Braskem | BRKM5 | -7,40% |
PetroRio | PRIO3 | -7,36% |
Fleury | FLRY3 | -6,45% |
Azul | AZUL4 | -5,58% |
Usiminas | USIM5 | -4,83% |
Marfrig | MRFG3 | -3,88% |
Ultrapar | UGPA3 | -3,08% |
Petrobras ON | PETR3 | -2,78% |
Hapvida | HAPV3 | -2,56% |
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