🔴 ONDE INVESTIR EM OUTUBRO? MELHORES AÇÕES, FIIS E DIVIDENDOS – CONFIRA AQUI

Como uma possível invasão da Ucrânia pela Rússia pode afetar seus investimentos

Não se trata de uma situação trivial e dificilmente haverá um desfecho pacífico, mas um cenário catastrófico é improvável

15 de fevereiro de 2022
6:08 - atualizado às 13:30
Bandeiras da Ucrânia e da Rússia com armas, simbolizando as tensões entre os dois países
Bandeiras da Ucrânia e da Rússia com armas, simbolizando as tensões entre os dois países - Imagem: FabrikaPhoto/Envato

Não se fala sobre outra coisa. A crise na fronteira entre Rússia e Ucrânia, que na verdade já existe desde 2014, se aprofundou consideravelmente nas últimas semanas, em especial mais recentemente, quando o conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan, alertou que uma invasão russa poderia ocorrer “a qualquer momento”.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Uma ligação durante o fim de semana entre o presidente Joe Biden e Vladimir Putin não produziu nenhum avanço significativo sobre a situação. Os EUA não estão cedendo às exigências russas e, com isso, entendem que uma invasão pode ser iminente.

Foi o suficiente para que muitos investidores ao redor do mundo colocassem seus chapéus de especialistas em geopolítica avançada para opinar sobre os diferentes cenários que se apresentam para a situação. Não é trivial; aliás, muito pelo contrário, o tema é extremamente complexo e delicado. Neste sentido, não podemos ser levianos ao tratarmos dele.

Em busca de um entendimento coeso

Tenho me debruçado junto de meus colegas sobre os posicionamentos dos verdadeiros estudiosos do tema, de modo a formarmos um entendimento coeso, coerente e robusto o suficiente para suportar eventuais elucubrações relacionadas aos desdobramentos sobre os mercados financeiros globais. É tal parecer que quero expor neste texto.

Antes de prosseguirmos, vale recapitular um pouco o que está acontecendo.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O governo russo vem acumulando mais de 130 mil soldados ao longo dos últimos dias na fronteira ucraniana, mesmo que ainda negue que esteja planejando algo.

Leia Também

Mas qual a razão disso?

Não se trata de uma simplista ambição expansionista, até mesmo porque a Rússia já é o maior país do mundo em extensão territorial. Neste caso, listei a seguir alguns motivos que provocam a movimentação agressiva de Putin frente ao vizinho, desafiando a estabilidade internacional.

i) Reafirmar a influência russa perdida com o colapso da União Soviética;

A Ucrânia foi membro da União Soviética até 1991 e, desde então, tem sido uma democracia soberana dotada de uma política externa que oscila entre posições pró-russas e pró-europeias. A seguir, um mapa do The Washington Post ilustrando o tamanho da antiga URSS.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Fonte: The Washington Post

ii) Impedir que os governos ocidentais, particularmente os EUA, aumentem sua influência pró-democracia e pró-valores ocidentais na Europa Oriental, com o compromisso de que a Ucrânia nunca se juntará à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan);

A Rússia enxerga a Ucrânia como um importante pivô da influência da Otan na região. Lembre-se de que maior influência sobre a região do Leste Europeu pode se traduzir em maior influência sobre a Eurásia.

Diluir um maior alinhamento da Ucrânia à União Europeia e à Otan, ao mesmo tempo que expande o território russo em uma região tão estratégica, é extremamente interessante para Putin.

A seguir, note como a Otan vem avançando sobre as proximidades do território russo desde a queda da União Soviética.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Fonte: The Economist

iii) De todas as ex-repúblicas soviéticas, a Ucrânia é a mais culturalmente ligada à Rússia, e Putin até afirmou que a Rússia e a Ucrânia são “uma só nação”;

Como podemos ver a seguir, a Rússia teria controle étnico relevante de boa parte da Ucrânia — de acordo com um censo de 2001 (o mais recente), mais de 50% da população da Crimeia e de Donetsk identificou o russo como sua língua nativa. O número deve ter crescido com os incidentes dos últimos dez anos.

Naturalmente, há laços históricos, culturais e econômicos com o país, que estava sob o domínio russo durante o governo soviético (historicamente, aliás, Kiev foi a primeira capital dos russos).

Fontes: Censo demográfico ucraniano de 2001; The Washington Post

iv) Por fim, temos o interesse de domínio sobre o poderio econômico e, principalmente, energético da região.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A Rússia é um dos maiores produtores mundiais de petróleo e gás natural. Com isso, os investidores estão preocupados que o conflito com a Ucrânia possa danificar a infraestrutura de energia na região e que as sanções à Rússia por nações ocidentais possam afetar as exportações do país, até mesmo porque a Ucrânia é rota para alimentar a Europa com gás.

Dessa forma, há preocupações de que Putin possa usar as exportações de petróleo e gás para pressionar a Europa, que depende da Rússia para seus suprimentos de energia (a Rússia fornece cerca de 40% do fornecimento de gás natural da UE via gasoduto). A situação é especialmente delicada, dada a tensão já existente nos mercados de petróleo.

Olhando para a frente

Avançando para as últimas semanas, os avisos de que a Rússia poderia iniciar uma ação militar na Ucrânia “a qualquer momento” chamaram a atenção para como os mercados poderiam reagir, especialmente nos preços da energia. São três os cenários mais plausíveis com os quais os especialistas têm trabalhado:

  • i) Invasão direta a Kiev cujo objetivo seria a troca do governo: tomar a capital é tomar o país, com a consequente queda do governo. Seria a situação mais agressiva, com a possibilidade, inclusive, de o exército ucraniano resistir.
  • ii) Confirmar aquilo que na prática já existe (anexar regiões já tomadas por separatistas): seria parecido com o que foi feito em 2014, quando a sucessão de crises iniciada em novembro de 2013 culminou na anexação da Crimeia pela Rússia em março de 2014. Notadamente, seria o cenário mais fácil para os russos, dado que se trata de regiões já controladas por rebeldes. Contudo, se fosse esse o objetivo, toda a movimentação do Putin estaria além do salutar.
  • iii) Criar um corredor que ligasse Rostov até a Crimeia: a ideia seria a de estabelecer contiguidade territorial entre a Rússia e a Crimeia, circundando o Mar de Azov. O problema é que, se fosse o objetivo principal, já teria acontecido, e a narrativa seria prevalecente entre os diplomatas russos, o que não parece ser o caso.

As consequências para os mercados

Se a invasão se concretizasse, os europeus de repente estariam vivendo em um mundo no qual a Rússia teria o direito de intervir em qualquer lugar próximo sempre que sentisse que interesses importantes estavam em jogo. É por isso que os líderes ocidentais têm tentado freneticamente elaborar uma solução diplomática para o problema.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Em resposta, os EUA continuam a ameaçar com sanções econômicas caso Moscou avance com uma invasão, embora não envie tropas em caso de conflito.

Os piores dos casos seriam cortar a Rússia do sistema internacional de pagamentos SWIFT e o impedimento completo do Nord Stream 2 — um gasoduto que sai direto da Rússia em direção à Alemanha e dobra a capacidade do pipeline Nord Stream 1 já em uso, enfraquece relativamente a Ucrânia (o gás antes tinha que passar pela Ucrânia e pela Polônia para chegar à Europa Ocidental, o que encarecia o custo do gás).

Vendo tais desdobramentos, Kiev alertou que Moscou já havia iniciado uma "guerra híbrida", que inclui ataques cibernéticos, pressão econômica e falsas ameaças.

Incerteza deixa mercados financeiros no limite

No setor de energia, por exemplo, os preços do gás europeu subiram até 14% na segunda-feira devido a preocupações de que um conflito possa abalar a oferta, enquanto o petróleo bruto continuou a subir, superando os US$ 95 pela primeira vez desde 2014, devendo buscar em breve os US$ 100 por barril.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Entretanto, gás, petróleo e pressões inflacionárias são os desdobramentos mais fáceis de verificarmos. Há também as consequências sobre os mercados agrícolas, já que a Rússia e Ucrânia correspondem a 29% de todo o mercado global de trigo, e no segmento de minerais, uma vez que a Rússia exporta muito alumínio, paládio e níquel para grande parte do mundo — eventuais sanções poderiam afetar o mundo inteiro, que depende de tais materiais russos.

Para o Brasil, além desse quadro, que já poderia ser problemático, temos a questão do potássio, do qual a Rússia é grande exportadora e que serve de base para a fabricação de fertilizantes.

Restrições no mercado internacional de potássio pressionariam outras commodities, principalmente as alimentícias (fertilizantes mais caros), afetando nosso país.

Dito isso, o que fazer?

Naturalmente, haveria uma migração para os tradicionais portos seguros, como metais preciosos, a exemplo do ouro, que já voltou a ser demandado nos últimos dias por investidores europeus. Adicionalmente, vemos aqui um mundo no qual as commodities continuarão em bom momento de preço, com grande espaço para valorização.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Gosto do investimento em commodities, em especial as energéticas (petróleo e gás), com destaque para a compra de fluxo de caixa nas matérias-primas; isto é, comprar empresas que se beneficiam da alta dos preços e que estão baratas para os padrões atuais. Neste contexto, tais companhias poderiam até mesmo se beneficiar da rotação setorial em meio à maior inflação.

Aliás, em um contexto de continuidade dos preços altos, nossos títulos indexados à inflação (os famosos IPCA+) continuam bastante apetitosos para o momento atual. Tudo isso, claro, feito sob o devido dimensionamento das posições, conforme seu perfil de risco, e a devida diversificação de carteira, com as respectivas proteções associadas.

A situação da Ucrânia não é trivial e dificilmente terá um desfecho pacífico. Ainda assim, dificilmente estamos falando aqui de um horizonte catastrófico. Há espaço para que a deterioração da percepção atual seja normalizada até o final do ano.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A fome de aquisições de um FII que superou a crise da Americanas e tudo que mexe com o seu bolso nesta quarta (15)

15 de outubro de 2025 - 7:47

A história e a estratégia de expansão do GGRC11, prestes a se tornar um dos cinco maiores FIIs da bolsa, são os destaques do dia; nos mercados, atenção para a guerra comercial, o Livro Bege e balanços nos EUA

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Um atalho para a bolsa: os riscos dos IPOs reversos, da imprevisibilidade de Trump e do que mexe com o seu bolso hoje

14 de outubro de 2025 - 8:08

Reportagem especial explora o caminho encontrado por algumas empresas para chegarem à bolsa com a janela de IPOs fechada; colunista Matheus Spiess explora o que está em jogo com a nova tarifa à China anunciada por Trump

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

100% de tarifa, 0% de previsibilidade: Trump reacende risco global com novo round da guerra comercial com a China

14 de outubro de 2025 - 7:48

O republicano voltou a impor tarifas de 100% aos produtos chineses. A decisão foi uma resposta direta ao endurecimento da postura de Pequim

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Perdidos no espaço-tempo

13 de outubro de 2025 - 19:58

Toda a Ordem Mundial dos últimos anos dá lugar a uma nova orientação, ao menos, por enquanto, marcada pela Desordem

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Abuse, use e invista: C&A queridinha dos analistas e Trump de volta ao morde-assopra com a China; o que mexe com o mercado hoje?

13 de outubro de 2025 - 7:40

Reportagem especial do Seu Dinheiro aborda disparada da varejista na bolsa. Confira ainda a agenda da semana e a mais nova guerra tarifária do presidente norte-americano

TRILHAS DE CARREIRA

ThIAgo e eu: uma conversa sobre IA, autenticidade e o futuro do trabalho

12 de outubro de 2025 - 7:04

Uma colab entre mim e a inteligência artificial para refletir sobre três temas quentes de carreira — coffee badging, micro-shifting e as demissões por falta de produtividade no home office

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A pequena notável que nos conecta, e o que mexe com os mercados nesta sexta-feira (10)

10 de outubro de 2025 - 7:59

No Brasil, investidores avaliam embate após a queda da MP 1.303 e anúncio de novos recursos para a construção civil; nos EUA, todos de olho nos índices de inflação

SEXTOU COM O RUY

Esta ação subiu mais de 50% em menos de um mês – e tem espaço para ir bem mais longe

10 de outubro de 2025 - 6:03

Por que a aquisição da Desktop (DESK3) pela Claro faz sentido para a compradora e até onde pode ir a Microcap

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Menos leão no IR e mais peru no Natal, e o que mexe com os mercados nesta quinta-feira (9)

9 de outubro de 2025 - 8:06

No cenário local, investidores aguardam inflação de setembro e repercutem derrota do governo no Congresso; nos EUA, foco no discurso de Powell

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: No news is bad news

8 de outubro de 2025 - 19:59

Apuração da Bloomberg diz que os financistas globais têm reclamado de outubro principalmente por sua ausência de notícias

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Pão de queijo, doce de leite e… privatização, e o que mexe com os mercados nesta quarta-feira (8)

8 de outubro de 2025 - 8:10

No Brasil, investidores de olho na votação da MP do IOF na Câmara e no Senado; no exterior, ata do Fomc e shutdown nos EUA

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

O declínio do império americano — e do dólar — vem aí? Saiba também o que mexe com os mercados hoje

7 de outubro de 2025 - 8:26

No cenário nacional, investidores repercutem ligação entre Lula e Trump; no exterior, mudanças políticas na França e no Japão, além de discursos de dirigentes do Fed

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

O dólar já não reina sozinho: Trump abala o status da moeda como porto seguro global — e o Brasil pode ganhar com isso

7 de outubro de 2025 - 7:37

Trump sempre deixou clara sua preferência por um dólar mais fraco. Porém, na prática, o atual enfraquecimento não decorre de uma estratégia deliberada, mas sim de efeitos colaterais das decisões que abalaram a confiança global na moeda

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Lições de uma semana em Harvard

6 de outubro de 2025 - 20:00

O foco do curso foi a revolução provocada pela IA generativa. E não se engane: isso é mesmo uma revolução

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Tudo para ontem — ou melhor, amanhã, no caso do e-commerce — e o que mexe com os mercados nesta segunda-feira (6)

6 de outubro de 2025 - 7:54

No cenário local, investidores aguardam a balança comercial de setembro; no exterior, mudanças de premiê na França e no Japão agitam as bolsas

DÉCIMO ANDAR

Shopping centers: é melhor investir via fundos imobiliários ou ações?

5 de outubro de 2025 - 8:00

Na última semana, foi divulgada alteração na MP que trata da tributação de investimentos antes isentos. Com o tema mais sensível retirado da pauta, os FIIs voltam ao radar dos investidores

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A volta do campeão na ação do mês, o esperado caso da Ambipar e o que move os mercados nesta sexta-feira (3)

3 de outubro de 2025 - 8:06

Por aqui, investidores ainda avaliam aprovação da isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil; no exterior, todos de olho no shutdown nos EUA, que suspendeu a divulgação de dados econômicos

SEXTOU COM O RUY

Tragédia anunciada: o que a derrocada da Ambipar (AMBP3) ensina sobre a relação entre preço e fundamento

3 de outubro de 2025 - 7:03

Se o fundamento não converge para o preço, fatalmente é o preço que convergirá para o fundamento, como no caso da Ambipar

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

As críticas a uma Petrobras ‘do poço ao posto’ e o que mexe com os mercados nesta quinta-feira (2)

2 de outubro de 2025 - 8:04

No Brasil, investidores repercutem a aprovação do projeto de isenção do IR e o IPC-Fipe de setembro; no exterior, shutdown nos EUA e dados do emprego na zona do euro

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: Bolhas de pus, bolhas de sabão e outras hipóteses

1 de outubro de 2025 - 20:00

Ainda que uma bolha de preços no setor de inteligência artificial pareça improvável, uma bolha de lucros continua sendo possível

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar