🔴 [EVENTO GRATUITO] MACRO SUMMIT 2024 – FAÇA A SUA INSCRIÇÃO

Cotações por TradingView

Onde vai parar a inflação? Entenda por que o mercado ainda não conseguiu precificar os riscos derivados da alta dos preços – e dos juros

Juros e inflação devem aumentar nos próximos anos, levando várias economias a flertar com risco de recessão ou estagflação entre 2023 e 2024

10 de maio de 2022
6:37
Montagem de Jerome Powell em carro de fórmula 1 atrás da curva competindo com carro da frente com nome de inflação
O Fed, dirigido por Jerome Powell, continua atrás da curva no combate à inflação. - Imagem: Montagem Andrei Morais / Shutterstock / Divulgação

Se pensávamos que abril tinha sido um mês difícil, quem dirá o mês de maio. Os últimos dias têm sido especialmente complicados para ativos de risco ao redor do mundo inteiro, com muita volatilidade sobre os investimentos de maneira geral.

Poucos são os nomes que conseguem se salvar em meio à realização generalizada. Nem mesmo o Brasil, que até o final de março havia conseguido se desvencilhar do humor global, consegue escapar agora.

Claro, há uma tempestade perfeita de crises no ambiente global que propicia a formação de sentimento de aversão ao risco:

  • i) lockdown na China;
  • ii) guerra na Ucrânia;
  • iii) continuidade dos problemas nas cadeias de suprimentos;
  • iv) temor de recessão; e, por fim, mas não menos importante;
  • v) inflação e o aperto monetários nos países desenvolvidos, em especial nos EUA.

Investidores temem que aperto monetário leve a recessão

O quinto ponto apresentado acima talvez seja o mais relevante e de maior importância, principalmente depois da Super Quarta da semana passada, em que o Federal Reserve dos EUA e o Banco Central do Brasil movimentaram sua política monetária e se comunicaram com o mercado — buscando responder à elevação dos preços, as autoridades vêm subindo os juros e contraindo a liquidez de diferentes maneiras, como a redução do balanço de ativos.

O problema? Os investidores temem que a aceleração do ritmo de aumento das taxas de juros possa arrastar a economia para a recessão. Nesta semana, porém, mais importante do que a taxa de juros em si será a divulgação dos índices de inflação no Brasil e nos EUA.

Inflação nos EUA estaria próxima do pico

Na terra do tio Sam, a inflação está na máxima de 40 anos, e os americanos estão sentindo isso. Diferente de nós, brasileiros, os americanos não estão acostumados com a dor inflacionária, o que prejudica o sentimento do consumidor.

Felizmente, alguns investidores acreditam que o fardo pode diminuir em breve e que atingiremos um pico inflacionário por lá. Em outras palavras, parte do mercado acredita que é provável que a inflação já tenha atingido um pico por conta própria.

Portanto, salvo uma grande surpresa, a taxa básica de inflação dos EUA terá sido mais baixa em abril do que em março — mesmo a previsão mais alta submetida à pesquisa regular da Bloomberg está prevendo um declínio.

Assim, há esperança de que o ponto alto da inflação tenha finalmente sido alcançado.

Autoridades monetárias monitoram sinais de inflação

Um indício de que isso deverá acontecer foi que o núcleo do índice de gastos com consumo pessoal (excluindo os preços de alimentos e energia), que o Federal Reserve acompanha de perto para medir o preço de bens e serviços, cresceu 5,2% em março, ficando abaixo das expectativas dos economistas e caindo na comparação mensal pelo primeiro período desde outubro de 2020.

Outra evidência de apoio para um pico na inflação nos EUA veio como parte do relatório de folha de pagamento não agrícola de sexta-feira passada, que estava amplamente alinhado com as expectativas.

O crescimento médio dos ganhos por hora diminuiu muito ligeiramente, gerando esperanças de que uma espiral de preços e salários possa ser evitada, como podemos ver abaixo.

Ou seja, ainda é possível que um aumento nos salários que eleve os preços possa ser evitado. Portanto, ainda que seja muito cedo para dizer isso com confiança, a pressão do mercado de trabalho pode estar começando a melhorar nos EUA.

O que é inflação pegajosa

O Federal Reserve de Atlanta divide a inflação em duas categorias: rígida (pegajosa) e flexível. A inflação pegajosa é uma cesta de bens que tende a mudar mais lenta e permanentemente — como o custo da educação, transporte público e seguro de veículos motorizados. A inflação flexível, por sua vez, inclui itens que sobem e descem de custo mais rapidamente — gasolina, roupas, e alguns alimentos como leite e queijo.

Durante a estagflação da década de 1970, tanto a inflação rígida quanto a flexível cresceram. Até agora, porém, a inflação rígida permaneceu relativamente estável em comparação com a inflação flexível, um bom sinal de que o processo inflacionário ainda pode ser temporário.

Desaceleração da atividade na China deve mudar dinâmica de preços das commodities

Outra razão para otimismo em relação à inflação é que os preços das commodities podem estar começando a mudar. Hoje, tais preços começaram a arrefecer por conta da desaceleração da atividade chinesa, exacerbada pelas paralisações da política de "zero Covid", que reduziu a demanda por metais no gigante asiático, como ilustrado pelo gráfico abaixo (queda de demanda do minério de ferro, especificamente).

Ainda assim, mesmo que esta semana tenhamos o pico dos índices de preço, a inflação está atualmente muito acima de qualquer nível que um banco central possa tolerar por muito tempo. O Fed e outros bancos centrais precisam ver um declínio rápido, e não apenas um pico, antes de desistirem de seu atual caminho agressivo de aumentos de taxas.

No Brasil, inflação só deve voltar para uma região aceitável em 2023 ou 2024

No Brasil, contudo, devemos ter mais alguma continuidade da inflação em abril, mês em que as expectativas esperam 12,07% de inflação, uma aceleração frente aos 11,30% de março. O pico por aqui deverá ser encontrado ainda no primeiro semestre, mas a normalização de volta para uma região aceitável se dará apenas entre 2023 e 2024, como podemos ver abaixo.

Minha leitura é que vivemos uma quebra de paradigma em âmbito global. Não víamos tais patamares de inflação há muito tempo, o que muda um pouco a dinâmica sobre as políticas de juro baixo.

Os próximos anos deverão ser de mais juros e mais inflação, flertando com a possibilidade de recessão ou estagflação em várias economias entre 2023 e 2024. Portanto, para os mercados financeiros, devemos ter mais alguns meses de instabilidade e volatilidade até que consigamos precificar isso de maneira apropriada.

Compartilhe

TAXA NEGATIVA

Há chance de deflação recorde no terceiro trimestre? Analistas preveem maior queda do IPCA desde o início do Plano Real

11 de setembro de 2022 - 14:41

Após dois meses seguidos de queda dos preços, economistas agora monitoram a chance de uma nova taxa negativa em setembro

ANOTE NO CALENDÁRIO

Agenda econômica: inflação no mundo e atividade no Brasil são os destaques da semana

11 de setembro de 2022 - 8:06

A inflação medida pelo IPCA é o principal dado da agenda econômica local; no exterior, atenção para o BCE e os juros da zona do euro

PREVISÕES PARA O COPOM

Um dos maiores especialistas em inflação do país diz que não há motivos para o Banco Central elevar a taxa Selic em setembro; entenda

10 de setembro de 2022 - 16:42

Heron do Carmo, economista e professor da FEA-USP, prevê que o IPCA registrará a terceira deflação consecutiva em setembro

O PREÇO DA CRISE

Putin envia fatura de trilhões à Europa e conta de luz deve chegar a R$ 2,5 mil por mês

6 de setembro de 2022 - 16:36

Goldman Sachs calcula que as contas de energia para os lares europeus aumentarão em 2 trilhões de euros quando atingirem o pico, no início do próximo ano

Reportagem especial

A gasolina baixou — mas, para os brasileiros, ainda vale a pena cruzar a fronteira e encher o tanque na Argentina

6 de setembro de 2022 - 6:06

A desvalorização cambial na Argentina, somada ao preço ainda alto da gasolina no Brasil, eleva o fluxo de motoristas na fronteira dos países

ANOTE NO CALENDÁRIO

Agenda econômica: inflação no Brasil e juros na Europa são destaques de semana mais curta

4 de setembro de 2022 - 7:42

A inflação medida pelo IPCA é o principal dado da agenda econômica local; no exterior, atenção para o BCE e os juros da zona do euro

E AGORA, BETINHA?

Um dragão no colo da rainha! Britânicos podem encarar inflação de 22% — e o grande vilão dessa história é bem conhecido

30 de agosto de 2022 - 17:24

Além de uma inflação de 22,4% para o próximo ano, o Produto Interno Bruto (PIB) britânico pode cair 3,4%, segundo projeções do Goldman Sachs

A CASA BRANCA GOSTOU

Efeito Fed? Biden diz que os norte-americanos já sentem o alívio dos preços altos

26 de agosto de 2022 - 16:37

Mais cedo, o Departamento do Comércio dos EUA informou que o dado preferido do Fed para medir a inflação recuou 0,1% em julho ante junho, mas Powell não está satisfeito; entenda por quê

ANOTE NO CALENDÁRIO

Agenda econômica: simpósio de Jackson Hole é destaque; semana também conta com dados de inflação no Brasil e nos EUA

20 de agosto de 2022 - 7:11

O simpósio de Jackson Hole deve trazer sinalizações importantes por parte do Federal Reserve (Fed) quanto ao futuro dos juros no país

ANOTE NO CALENDÁRIO

Agenda econômica: ata do Fed, dados de varejo nos EUA e inflação na zona do euro são os destaques da semana

13 de agosto de 2022 - 8:11

A ata da última reunião do Fed é o principal dado da agenda econômica; a inflação ao consumidor (CPI) na Europa também é destaque

Fechar
Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies