🔴 ONDE INVESTIR EM OUTUBRO? MELHORES AÇÕES, FIIS E DIVIDENDOS – CONFIRA AQUI

Uma história sobre a rotação setorial: como as teses de crescimento podem dar lugar às de valor em 2022

Entenda o que uma tentativa de acordo de paz para evitar a Segunda Guerra Mundial tem a ver com o atual momento das bolsas dos EUA

8 de fevereiro de 2022
6:44 - atualizado às 13:30
pião rotação
Imagem: Shutterstock

Se você pudesse fazer um acordo de paz com alguém que muito provavelmente atuaria de maneira desonesta, de modo a quebrar a promessa em aproximadamente 12 meses, qual seria sua atitude?

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Acredito que boa parte dos leitores responderão que não dariam andamento às negociações; afinal, qual o benefício em negociar com um mentiroso?

Bem, foi exatamente o que o premiê britânico, Neville Chamberlain, fez em 1938.

Para contextualizar, o final da década de 30, na Europa, foi marcado, entre outras coisas, pelo início da Segunda Guerra Mundial, em 1939.

Um ano antes, entretanto, Chamberlain se encontrava com Hitler em Munique para celebrar um tratado no qual a Alemanha tomaria a região dos Sudetos da Tchecoslováquia, concordando em cessar por aí suas ambições.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Era mentira dos alemães.

Leia Também

O pior de tudo é que, conforme nos conta o longa-metragem "Munique à Beira da Guerra", de Christian Schwochow, baseado na obra de Robert Harris, o primeiro-ministro britânico provavelmente tinha em mãos as provas das verdadeiras intenções do governo alemão. Contudo, ele ainda optou por seguir com o acordo.

O motivo?

Foram três, na verdade.

O primeiro é que as lideranças mundiais queriam evitar uma nova grande guerra a qualquer custo, mesmo que isso soasse ingênuo. O povo europeu estava cansado.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

O segundo deriva de uma certa esperança de que o acordo poderia realmente dar certo. Chamberlain entendia que algo ruim poderia acontecer com a moral europeia caso a população não visse seus representantes lutando pela paz.

Por fim, mas não menos importante, um tratado, mesmo que temporário, daria chance para os aliados se prepararem para o confronto.

Foi o que aconteceu.

O Acordo de Munique rendeu mais alguns meses para o Reino Unido e seus aliados se prepararem para uma nova guerra de proporções mundiais. Naturalmente, os sinais temporários de paz enganaram bem os agentes à época, mas não foi definitivo.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Mas o que isso tem a ver com a bolsa?

Um paralelo interessante pode ser traçado com o que tem acontecido com o desempenho das Bolsas americanas nas últimas semanas.

O mês de janeiro foi destrutivo para ativos de risco no âmbito dos países desenvolvidos, em especial nos EUA. O movimento se deu por conta da precificação de um aperto monetário mais agressivo, em resposta à inflação, o que jogou para cima a taxa de juros de 10 anos nos EUA.

A taxa de juros de 10 anos é considerada a taxa livre de risco em nível global. A sua variação, portanto, é sentida em várias outras localidades do globo.

Alguns movimentos são sentidos, principalmente a rotação setorial de teses de crescimento, com múltiplos altos, para teses descontadas (valor), com múltiplos baixos.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Melhor dizendo, juros mais altos significam custos de oportunidade maiores para o investidor, que tende a continuar cada vez mais seletivo com os nomes que escolhe para compor sua carteira.

Esse fluxo, então, perpetua a dinâmica de rotação: menos “growth” e mais “value”.

Foi o que aconteceu.

De sua máxima, no dia 19 de novembro do ano passado, ao final de janeiro, o índice Nasdaq, composto predominantemente por posições de tecnologia, caiu 16,8% até a mínima. Da mínima recente, o índice vem tentando se recuperar, tendo subido aproximadamente 5% desde então, mas ainda em congestão.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Um falso acordo de paz

Em minha visão, porém, tal suspiro recente é um falso acordo de paz, tal qual foi o tratado entre o Reino Unido e a Alemanha no final da década de 30.

Se for verdade, a rotação de recursos entre setores que vimos nas últimas semanas, da nova economia para a velha economia, deve continuar a acontecer.

Para sustentar isso, observem a imagem a seguir.

Eu pergunto a vocês: alguém venderia o ativo representado abaixo se fosse um gráfico de ações? Muito provavelmente não. Acontece que a ilustração diz respeito, na verdade, ao rendimento de 10 anos dos EUA, que se encontra em seus níveis mais altos desde o final de 2019.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Fonte(s): Refinitiv

Há espaço para buscarmos os 2% nas próximas semanas, até o final do primeiro trimestre, o que ensejaria continuidade do movimento que vimos anteriormente.

Ou seja, nesse caso, a rotação para o valor pode ir ainda mais longe.

Em outras palavras, se os rendimentos reais continuarem a se normalizar à medida que a inflação se normalizar, as teses de valor (economia tradicional descontada) continuarão a ter um desempenho superior (destaque para os setores de energia, materiais e finanças).

Adicionalmente, os múltiplos de valuation para os setores de valor ainda não se recuperaram totalmente aos níveis pré-pandemia. Embora as ações de duration longo (fluxos de caixa muito no futuro) já tenham corrigido bastante, ainda vejo desvantagens se os rendimentos dos títulos continuarem subindo.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Desdobramentos práticos

Para mim, portanto, os desdobramentos práticos são os seguintes:

  • Yields (rendimentos) mais altos não devem perturbar estruturalmente o universo das ações, mas, sim, apoiar continuamente a rotação de crescimento para valor;
  • Precisamos diferenciar as big techs (Amazon, Alphabet, Apple e Microsoft, por exemplo) das “non-profitable tech” (companhias de tecnologia que ainda não lucro, as quais só faziam sentido em meio a juros baixos) — as primeiras têm valuations razoavelmente convidativos, balanço muito forte, enorme geração de caixa e negociam a múltiplos de lucros não impeditivos;
  • Gosto de posições de commodities, com fluxo de caixa no presente, tangíveis e devidamente mensuráveis (não são promessas), em especial as energéticas, como o petróleo — a forte demanda por óleo deve continuar em 2022;
  • Se é pra vender o que foi bem e para comprar o que foi mal, o Brasil pode ser um grande vencedor — mercados emergentes são campeões tradicionais da rotação setorial, o que me deixa levemente animado com os ativos de risco domésticos.
  • As ações cíclicas domésticas podem se multiplicar (aquelas com lucro, claro) — destaque aqui para varejo de moda, shoppings, indústrias e incorporadoras.

Tudo isso, claro, feito sob o devido dimensionamento das posições, conforme seu perfil de risco, e a devida diversificação de carteira, com as respectivas proteções associadas.

O espaço para a rotação

Vale notar que, mesmo com as pessoas começando a comprar uma rotação de valor em larga escala, com um movimento violento nas primeiras semanas do ano, as teses de valor (descontadas) permanecem ainda abaixo de sua antiga linha de tendência versus crescimento, como podemos ver a seguir.

Para estar em paridade com seu nível anterior, de quando os juros de 10 anos foram para além de 1,75%, como é o caso agora, o valor precisaria subir mais de 30% em relação ao crescimento dos níveis atuais.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Outra interpretação ainda mais otimista é de que imediatamente após a grande crise financeira de 2008, os juros de 10 anos estavam próximos dos níveis atuais, mas as posições de value (valor) eram pelo menos o dobro mais caras.

Portanto, ainda há espaço para uma rotação considerável.


Fonte: Jefferies

Continuo a enxergar as ações de maior duration em risco devido a taxas de juros mais altas, especialmente porque continuam caras. Resumidamente, com isso, “it's value time”. Vendemos o que é growth, tecnologia e promessas de resultado futuro, para comprar o que é bom e barato.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

COMPARTILHAR

Whatsapp Linkedin Telegram
VISAO 360

Como nasceu a ideia de R$ 60 milhões que mudou a história do Seu Dinheiro — e quais as próximas apostas

19 de outubro de 2025 - 8:00

Em 2016, quando o Seu Dinheiro ainda nem existia, vi um gráfico em uma palestra que mudou minha carreira e a história do SD

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A Eletrobras se livrou de uma… os benefícios da venda da Eletronuclear, os temores de crise de crédito nos EUA e mais

17 de outubro de 2025 - 7:55

O colunista Ruy Hungria está otimista com Eletrobras; mercados internacionais operam no vermelho após fraudes reveladas por bancos regionais dos EUA. Veja o que mexe com seu bolso hoje

SEXTOU COM O RUY

Venda da Eletronuclear é motivo de alegria — e mais dividendos — para os acionistas da Eletrobras (ELET6)

17 de outubro de 2025 - 6:07

Em um único movimento a companhia liberou bilhões para investir em outros segmentos que têm se mostrado bem mais rentáveis e menos problemáticos, além de melhorar o potencial de pagamento de dividendos neste e nos próximos anos

VONTADE DOS CÔNJUGES

Projeto aprovado na Câmara permite divórcio após a morte de um dos cônjuges, com mudança na divisão da herança

16 de outubro de 2025 - 15:22

Processos iniciados antes do falecimento poderão ter prosseguimento a pedido dos herdeiros, deixando cônjuge sobrevivente de fora da herança

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A solidez de um tiozão de Olympikus: a estratégia vencedora da Vulcabras (VULC3) e o que mexe com os mercados hoje

16 de outubro de 2025 - 8:09

Conversamos com o CFO da Vulcabras, dona das marcas Olympikus e Mizuno, que se tornou uma queridinha entre analistas e gestores e paga dividendos mensais

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: O que o Nobel nos ensina sobre decisões de capex?

15 de outubro de 2025 - 19:57

Bebendo do alicerce teórico de Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt se destacaram por estudar o papel das inovações tecnológicas nas economias modernas

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A fome de aquisições de um FII que superou a crise da Americanas e tudo que mexe com o seu bolso nesta quarta (15)

15 de outubro de 2025 - 7:47

A história e a estratégia de expansão do GGRC11, prestes a se tornar um dos cinco maiores FIIs da bolsa, são os destaques do dia; nos mercados, atenção para a guerra comercial, o Livro Bege e balanços nos EUA

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Um atalho para a bolsa: os riscos dos IPOs reversos, da imprevisibilidade de Trump e do que mexe com o seu bolso hoje

14 de outubro de 2025 - 8:08

Reportagem especial explora o caminho encontrado por algumas empresas para chegarem à bolsa com a janela de IPOs fechada; colunista Matheus Spiess explora o que está em jogo com a nova tarifa à China anunciada por Trump

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

100% de tarifa, 0% de previsibilidade: Trump reacende risco global com novo round da guerra comercial com a China

14 de outubro de 2025 - 7:48

O republicano voltou a impor tarifas de 100% aos produtos chineses. A decisão foi uma resposta direta ao endurecimento da postura de Pequim

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Perdidos no espaço-tempo

13 de outubro de 2025 - 19:58

Toda a Ordem Mundial dos últimos anos dá lugar a uma nova orientação, ao menos, por enquanto, marcada pela Desordem

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Abuse, use e invista: C&A queridinha dos analistas e Trump de volta ao morde-assopra com a China; o que mexe com o mercado hoje?

13 de outubro de 2025 - 7:40

Reportagem especial do Seu Dinheiro aborda disparada da varejista na bolsa. Confira ainda a agenda da semana e a mais nova guerra tarifária do presidente norte-americano

TRILHAS DE CARREIRA

ThIAgo e eu: uma conversa sobre IA, autenticidade e o futuro do trabalho

12 de outubro de 2025 - 7:04

Uma colab entre mim e a inteligência artificial para refletir sobre três temas quentes de carreira — coffee badging, micro-shifting e as demissões por falta de produtividade no home office

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

A pequena notável que nos conecta, e o que mexe com os mercados nesta sexta-feira (10)

10 de outubro de 2025 - 7:59

No Brasil, investidores avaliam embate após a queda da MP 1.303 e anúncio de novos recursos para a construção civil; nos EUA, todos de olho nos índices de inflação

SEXTOU COM O RUY

Esta ação subiu mais de 50% em menos de um mês – e tem espaço para ir bem mais longe

10 de outubro de 2025 - 6:03

Por que a aquisição da Desktop (DESK3) pela Claro faz sentido para a compradora e até onde pode ir a Microcap

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Menos leão no IR e mais peru no Natal, e o que mexe com os mercados nesta quinta-feira (9)

9 de outubro de 2025 - 8:06

No cenário local, investidores aguardam inflação de setembro e repercutem derrota do governo no Congresso; nos EUA, foco no discurso de Powell

EXILE ON WALL STREET

Rodolfo Amstalden: No news is bad news

8 de outubro de 2025 - 19:59

Apuração da Bloomberg diz que os financistas globais têm reclamado de outubro principalmente por sua ausência de notícias

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

Pão de queijo, doce de leite e… privatização, e o que mexe com os mercados nesta quarta-feira (8)

8 de outubro de 2025 - 8:10

No Brasil, investidores de olho na votação da MP do IOF na Câmara e no Senado; no exterior, ata do Fomc e shutdown nos EUA

O MELHOR DO SEU DINHEIRO

O declínio do império americano — e do dólar — vem aí? Saiba também o que mexe com os mercados hoje

7 de outubro de 2025 - 8:26

No cenário nacional, investidores repercutem ligação entre Lula e Trump; no exterior, mudanças políticas na França e no Japão, além de discursos de dirigentes do Fed

INSIGHTS ASSIMÉTRICOS

O dólar já não reina sozinho: Trump abala o status da moeda como porto seguro global — e o Brasil pode ganhar com isso

7 de outubro de 2025 - 7:37

Trump sempre deixou clara sua preferência por um dólar mais fraco. Porém, na prática, o atual enfraquecimento não decorre de uma estratégia deliberada, mas sim de efeitos colaterais das decisões que abalaram a confiança global na moeda

EXILE ON WALL STREET

Felipe Miranda: Lições de uma semana em Harvard

6 de outubro de 2025 - 20:00

O foco do curso foi a revolução provocada pela IA generativa. E não se engane: isso é mesmo uma revolução

Menu

Usamos cookies para guardar estatísticas de visitas, personalizar anúncios e melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossas políticas de cookies

Fechar