Ainda faz sentido se expor à Bolsa americana? Inflação e alta dos juros desafiam busca por novos recordes em 2022
Apesar das incertezas relacionadas à pandemia e à inflação, índices de ações dos EUA renovaram recordes dezenas de vezes ao longo de 2021

Diferentemente do que aconteceu com as ações brasileiras, o mercado americano não cansou de bater recordes no ano passado. Setenta foi o número de vezes que o S&P 500 fechou em sua máxima histórica ao longo de 2021, um sinal da capacidade consistente do mercado de continuar pressionando, apesar da incerteza significativa sobre os aumentos de preços e o coronavírus.
Exemplo caricato da alta vivida pelas ações americanas é a Apple, que encostou brevemente ao longo do pregão de ontem no valor de mercado de US$ 3 trilhões, sendo a primeira empresa a ostentar tal marca.
O clube do trilhão
Trata-se de um número surpreendente, considerando que toda a capitalização de mercado do S&P 500 é de aproximadamente US$ 38,7 trilhões. Assim, as ações da Apple agora representam cerca de 8% do benchmark.
O marco ocorre menos de um ano e meio desde a ultrapassagem do nível de US$ 2 trilhões e menos de quatro anos após atingir US$ 1 trilhão. Não muito atrás da Apple está a Microsoft, que vale cerca de US$ 2,6 trilhões. Alphabet e Amazon são as próximas da fila, ambas com valuations acima de US$ 1 trilhão.
O que pode dar errrado?
Com tamanha robustez do índice e de alguns nomes específicos, que em grande parte sustentam a alta, muitos se perguntam se em 2022 teremos mais um ano bom.
O grande desafio? A inflação e o aperto monetário ao redor do mundo.
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O risco inflacionário
A inflação talvez seja a maior preocupação econômica do ano, uma vez que muitos já não confiam no que estão escutando de membros dos bancos centrais.
Nos EUA, por exemplo, no início de 2021, a previsão era que os americanos fechariam o ano com inflação de 2%, mas, em vez disso, ficou perto de 7%, forçando a expectativa de três altas de juros já em 2022.
Pelo menos até agora, porém, a inflação de 2021 não resultou no descontrole de preços da década de 1970, ou no alto desemprego da década de 1930. De todo modo, o maior risco é que as expectativas sobre a inflação continuem subindo e, quanto mais aumentam, mais difícil é administrar essas expectativas, assim como aconteceu com o Brasil.
Notadamente, deveremos ver uma desaceleração gradual da inflação ao longo de 2022; mesmo assim, o aperto monetário decorrente deste movimento não será brincadeira.
O aperto monetário
Brevemente, as autoridades monetárias elevam os juros para combater a alta dos preços, que gera instabilidade. Existem algumas consequências negativas que podem surgir se os bancos centrais deixarem de reagir de forma adequada ao atual aumento da inflação.
Se o banco for forçado a movimentos de política monetária mais extremos, valuations elevados podem sofrer. Por isso, se hoje precificamos três altas de juros ao longo do ano, eventuais mudanças podem ter efeito sobre as ações.
Se o aperto monetário americano de 2013 serve de exemplo, até podemos observar uma correção dos preços, mas que acabou sendo seguida por fortes ganhos para as ações. Após os comentários de Ben Bernanke em maio de 2013, as ações caíram 5,8% no mês seguinte, mas, no restante daquele ano, o mercado subiu 17,5%.
No fim do dia, um aumento real das taxas de juros seria um sinal de um desenvolvimento positivo em termos de onde estamos no ciclo econômico, principalmente se continuarmos a verificar aprimoramentos no mercado de trabalho lá fora.
Outros riscos
Outro desdobramento negativo de mais inflação e mais juros?
Menor crescimento econômico, que, por sua vez, machuca os lucros das empresas e, subsequentemente, a performance de seus ativos. Aqui, o pior de todos os cenários é a estagflação, contexto que entendo ser pouco provável nos EUA, ainda que seja uma realidade para o Brasil.
Existem também outros fatores macroeconômicos, como restrições renovadas contra a pandemia, a exemplo da política de Covid zero na China, país que impulsionou cerca de 30% do crescimento global na última década.
Mas não tem nada positivo?
Vale reforçar, entretanto, que ainda se espera um crescimento robusto para 2022 nos EUA, da ordem de 3,5% no ano, mas mudanças de rumos, em especial na política monetária, pode ter um efeito devastador.
Adicionalmente, apesar da grande possibilidade de aumento dos juros, os custos dos empréstimos ainda estão extremamente baixos para os padrões históricos.
Claro, não teremos mais os apoios gigantescos do Fed para nos ajudar, mas isso não necessariamente é o fim do mundo. Se os lucros corporativos seguirem crescendo, o resultado líquido poderá ser positivo para mais um ano de alta para a Bolsa dos EUA.
A volatilidade fará parte do cardápio, sem dúvidas, principalmente em meio às remoções de estímulos por parte do Fed. Mas estamos longe do fim do mundo, provavelmente. Algumas grandes instituições financeiras, como o Credit Suisse, por exemplo, projetam um S&P 500 na casa de 5.200, cerca de 9% acima de onde terminou em 2021, enquanto o Morgan Stanley espera uma alta de 5%.
A ideia é que isso represente um ganho saudável, em linha com o crescimento dos lucros.
Logo, para termos certeza, não podemos deixar de acompanhar em 2022:
- as temporadas de resultados, para confirmamos o crescimento dos lucros;
- o nível de inflação, de modo a identificarmos eventuais picos de preço;
- as sinalizações dos Bancos Centrais, em especial do Federal Reserve;
- o grau de contágio e de mortalidade da Covid-19; e
- as eleições de meio de mandato, que poderá acarretar perdas para Joe Biden.
Se conseguirmos monitorar os cinco pontos acima com responsabilidade, entendo haver espaço para exposição na Bolsa americana, principalmente se o leitor ainda não estiver investido. Tudo isso, claro, feito sob o devido dimensionamento das posições, conforme seu perfil de risco, e a devida diversificação de carteira, com as respectivas proteções associadas.
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