Varejistas puxam Ibovespa para cima e índice ignora queda das commodities; juros recuam, mas dólar avança
O fechamento da curva de juros se sobrepôs à cautela com a economia chinesa e o Ibovespa encerrou o dia em alta
Há pouco mais de dois meses, quando conversei com diversos analistas e gestores de mercado sobre as expectativas para o segundo semestre, poucos foram aqueles que apostaram nos setores de grande exposição à economia doméstica como boas alternativas para a segunda metade do ano.
Não que empresas ex-queridinhas como Magazine Luiza (MGLU3), Via (VIIA3) e Americanas (AMER3) — que acumulam fortes quedas no último ano — tenham entrado de vez para o time de “párias” da bolsa. É que com o nevoeiro que impedia uma leitura mais acertada sobre o cenário macroeconômico, ficava difícil arriscar.
Até então, pouco se sabia sobre os planos de fim do ciclo de aperto monetário por parte do Banco Central brasileiro e a inflação americana se tratava de uma verdadeira incógnita. Nas últimas duas semanas, no entanto, as coisas mudaram.
No Brasil, a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e a subsequente ata do encontro deixaram no mercado a certeza de que a taxa de juros chegou ao seu limite de alta neste ciclo.
Já nos Estados Unidos, os últimos indicadores de inflação divulgados mostraram uma desaceleração no ritmo de alta, acalmando o coração dos economistas quanto à possibilidade de um pulso mais firme do Federal Reserve, o BC americano, para conter a escalada de preços.
Os sinais de desaceleração global que chegam da China derrubaram a cotação de commodities como o petróleo e o minério de ferro. E apesar de ser uma notícia ruim para as principais empresas do Ibovespa e ter deixado o índice a maior parte do dia no vermelho, a perspectiva de uma inflação menor e o sonho de que os juros fiquem menos tempo nas máximas animaram.
Para os investidores, esses podem ser os sinais que indicam que os olhares podem se voltar novamente para o varejo e consumo — que dispararam mais de 10%, levando o principal índice da bolsa brasileira a acompanhar a sutil melhora em Nova York e subir aos 113.002 pontos, alta de 0,21%. O dólar à vista seguiu refletindo uma cautela maior com os dados chineses e também avançou 0,35%, a R$ 5,0916.
Confira o comportamento do mercado de juros:
CÓDIGO | NOME | ULT | FEC |
DI1F23 | DI jan/23 | 13,71% | 13,71% |
DI1F25 | DI Jan/25 | 11,64% | 11,78% |
DI1F26 | DI Jan/26 | 11,39% | 11,56% |
DI1F27 | DI Jan/27 | 11,38% | 11,58% |
O tombo das commodities
A política de tolerância zero contra o coronavírus na China segue repercutindo nos indicadores econômicos. Durante a madrugada, novos dados foram divulgados, e as vendas no varejo e a produção industrial cresceram em julho, mas menos que o esperado.
Ainda, o Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês) reduziu algumas taxas de juros de maneira inesperada e fez uma injeção de liquidez nos mercados.
Com uma atividade mais lenta do gigante asiático, as commodities levaram um novo tombo — o minério de ferro e o petróleo recuaram cerca de 3%.
Apesar do alívio nas projeções de inflação, o cenário preocupa por afetar empresas de grande peso para o Ibovespa.
A Petrobras (PETR4), no entanto, escapou de uma queda maior após anunciar um novo corte nos preços da gasolina.
Sobe e desce do Ibovespa
Confira as maiores altas do dia:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VAR |
AMER3 | Americanas S.A | R$ 15,29 | 17,98% |
VIIA3 | Via ON | R$ 3,66 | 15,09% |
CASH3 | Méliuz ON | R$ 1,52 | 13,43% |
MGLU3 | Magazine Luiza ON | R$ 4,04 | 12,85% |
CVCB3 | CVC ON | R$ 7,85 | 9,79% |
Confira as maiores quedas do dia:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VAR |
IRBR3 | IRB ON | R$ 2,10 | -9,09% |
BRKM5 | Braskem PNA | R$ 34,35 | -4,58% |
CSNA3 | CSN ON | R$ 15,97 | -4,31% |
RRRP3 | 3R Petroleum ON | R$ 33,50 | -3,74% |
SUZB3 | Suzano ON | R$ 48,84 | -2,65% |
Acionistas da Zamp (BKBR3) recusam-se a ceder a coroa do Burger King ao Mubadala; veja quem rejeitou a nova oferta
Detentores de 22,5% do capital da Zamp (BKBR3) já rechaçaram a nova investida do Mubadala, fundo soberano dos Emirados Árabes Unidos
Inflação americana segue sendo o elefante na sala e Ibovespa cai abaixo dos 110 mil pontos; dólar vai a R$ 5,23
O Ibovespa acompanhou o mau humor das bolsas internacionais e segue no aguardo dos próximos passos do Fed
Esquenta dos mercados: Cautela prevalece e bolsas internacionais acompanham bateria de dados dos EUA hoje; Ibovespa aguarda prévia do PIB
As bolsas no exterior tentam emplacar alta, mas os ganhos são limitados pela cautela internacional
Wall Street se recupera, mas Ibovespa cai com varejo fraco; dólar vai a R$ 5,17
O Ibovespa não conseguiu acompanhar a recuperação das bolsas americanas. Isso porque dados do varejo e um desempenho negativo do setor de mineração e siderurgia pesaram sobre o índice.
Esquenta dos mercados: Depois de dia ‘sangrento’, bolsas internacionais ampliam quedas e NY busca reverter prejuízo; Ibovespa acompanha dados do varejo
Os futuros de Nova York são os únicos que tentam emplacar o tom positivo após registrarem quedas de até 5% no pregão de ontem
Inflação americana derruba Wall Street e Ibovespa cai mais de 2%; dólar vai a R$ 5,18 com pressão sobre o Fed
Com o Nasdaq em queda de 5% e demais índices em Wall Street repercutindo negativamente dados de inflação, o Ibovespa não conseguiu sustentar o apetite por risco
Esquenta dos mercados: Bolsas internacionais sobem em dia de inflação dos EUA; Ibovespa deve acompanhar cenário internacional e eleições
Com o CPI dos EUA como o grande driver do dia, a direção das bolsas após a divulgação dos dados deve se manter até o encerramento do pregão
CCR (CCRO3) já tem novos conselheiros e Roberto Setubal está entre eles — conheça a nova configuração da empresa
Além do novo conselho de administração, a Andrade Gutierrez informou a conclusão da venda da fatia de 14,86% do capital da CCR para a Itaúsa e a Votorantim
Expectativa por inflação mais branda nos Estados Unidos leva Ibovespa aos 113.406 pontos; dólar cai a R$ 5,09
O Ibovespa acompanhou a tendência internacional, mas depois de sustentar alta de mais de 1% ao longo de toda a sessão, o índice encerrou a sessão em alta
O Mubadala quer mesmo ser o novo rei do Burger King; fundo surpreende mercado e aumenta oferta pela Zamp (BKBR3)
Valor oferecido pelo fundo aumentou de R$ 7,55 para R$ 8,31 por ação da Zamp (BKBR3) — mercado não acreditava em oferta maior
Leia Também
Mais lidas
-
1
O carro elétrico não é essa coisa toda — e os investidores já começam a desconfiar de uma bolha financeira e ambiental
-
2
Ações da Casas Bahia (BHIA3) disparam 10% e registram maior alta do Ibovespa; 'bancão' americano aumentou participação na varejista
-
3
Acordo bilionário da Vale (VALE3): por que a mineradora pagou US$ 2,7 bilhões por 45% da Cemig GT que ainda não tinha