As principais economias do mundo não estão oficialmente em recessão, e os menos otimistas indicam que a situação só deve mudar de cara na virada de 2022 para 2023, mas nem por isso o mercado financeiro consegue desviar a sua atenção do cenário que começa a ganhar ares de inevitável.
Em outros tempos, era possível que a notícia de que a China começou a colocar um fim na política de “covid zero” fosse suficiente para sustentar uma rodada de ganhos no mercado financeiro, mas falta segurança para Wall Street e nem mesmo a alta das commodities conseguiu ajudar o Ibovespa a manter o patamar dos 102 mil pontos alcançado pela manhã.
Ao longo do dia, alguns dirigentes do Federal Reserve voltaram a se posicionar de forma dura com relação ao aperto monetário que está por vir. A divulgação da confiança do consumidor no pior nível desde fevereiro de 2021 elevou os temores de que uma contração da economia se aproxima.
O Ibovespa recuou 0,17%, a 100.591 pontos, mas as bolsas em Nova York apresentaram perdas mais significativas – o S&P 500 caiu 2,01%, enquanto o Nasdaq e o Dow Jones tiveram queda de 2,98% e 1,56%, respectivamente.
As commodities salvaram a B3 de um prejuízo maior, mas as conversas sobre potenciais mudanças na PEC dos combustíveis trouxe uma sensação de maior risco fiscal, pressionando o mercado de juros e o câmbio.
Em meio aos rumores de que o parecer do texto seria adiado e que pode contar com um vale-caminhoneiro de até R$ 1 mil, o dólar à vista encerrou o dia em alta de 0,60%, a R$ 5,2660, e o mercado de juros fechou nas máximas.
Fim da “covid zero”
Ao contrário do que ocorreu em outros países do mundo, a China vinha adotando uma política restritiva contra o coronavírus mesmo com a forte queda no número de casos e o avanço da aplicação das vacinas contra o vírus.
Na maior parte do tempo, um ou dois novos casos já eram suficientes para que o governo decretasse um lockdown severo – não importando se a região era economicamente significativa ou não.
Ao longo de 2022, a prática trouxe preocupação para o mercado, não só por deixar a segunda maior economia do mundo mais enfraquecida, mas também por reduzir a demanda pelas principais commodities do mundo.
De acordo com a Comissão Nacional de Saúde chinesa, a partir desta terça-feira, o período de quarentena exigido para viajantes internacionais será bem menor. No início da semana, o governo já havia anunciado que algumas atividades comerciais e industriais podem começar a retornar na região de Xangai.
Sobe e desce do Ibovespa
O alívio nas medidas restritivas na China levou as commodities a um dia de forte recuperação, que também foi seguida por empresas como Vale (VALE3), Petrobras (PETR3; PETR4) e Bradespar (BRAP4).
Os melhores desempenhos do dia, no entanto, ficaram atrelados a uma série de revisões feitas por bancos de investimentos – as ações do BB Seguridade (BBSE3) avançaram após o Itaú BBA indicar que a companhia é a favorita no setor, e o GPA passou por uma revisão de preço. Confira as maiores altas do dia no Ibovespa:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
PCAR3 | GPA ON | R$ 16,99 | 3,47% |
BBSE3 | BB Seguridade ON | R$ 25,43 | 2,05% |
VALE3 | Vale ON | R$ 79,34 | 1,65% |
VBBR3 | VIBRA energia ON | R$ 17,03 | 1,98% |
BRKM5 | Braskem PNA | R$ 39,66 | 1,95% |
A Hapvida (HAPV3) também reagiu a um novo relatório divulgado pelo Credit Suisse. Os analistas do banco mantiveram a recomendação de compra, mas reduziram o preço-alvo em mais de 40%.
A pressão extra no mercado de juros também penalizou os setores de varejo e tecnologia, mais sensíveis ao aperto monetário. Confira as maiores quedas do dia:
CÓDIGO | NOME | VALOR | VARIAÇÃO |
HAPV3 | Hapvida ON | R$ 5,22 | -5,78% |
POSI3 | Positivo Tecnologia ON | R$ 5,97 | -5,54% |
CVCB3 | CVC ON | R$ 7,71 | -4,93% |
VIIA3 | Via ON | R$ 2,09 | -5,00% |
AMER3 | Americanas S.A | R$ 13,37 | -4,70% |